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sábado, 19 de maio de 2018

POEMA: HINO NACIONAL - CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE - COM GABARITO

Poema: HINO NACIONAL
              Carlos Drummond de Andrade


Precisamos descobrir o Brasil!
Escondido atrás das florestas,
Com a água dos rios no meio,
O Brasil está dormindo, coitado.
Precisamos colonizar o Brasil.

O que faremos importando francesas
Muito louras, de pele macia,
Alemãs gordas, russas nostálgicas para
Garçonetes dos restaurantes noturnos.
E virão sírias fidelíssimas.
Não convém desprezar as japonesas...

Precisamos educar o Brasil.
Compraremos professores e livros,
Assimilaremos finas culturas,
Abriremos dancings e subvencionaremos as elites.

Cada brasileiro terá sua casa
Com fogão e aquecedor elétricos, piscina,
Salão para conferências científicas.
E cuidaremos do Estado Técnico.

Precisamos louvar o Brasil.
Não é só um pais sem igual.
Nas revoluções são bem maiores
Do que quaisquer outras; nossos erros também.
E nossas virtudes? A terra das sublimes paixões...
Os Amazonas inenarráveis... os incríveis João-Pessoas...

Precisamos adorar o Brasil!
Se bem que seja difícil caber tanto oceano e tanta solidão
No pobre coração já cheio de compromissos...
Se bem que seja difícil compreender o que querem esses homens,
Por que motivo eles se ajuntaram e qual a razão de seus sofrimentos.

Precisamos, precisamos esquecer o Brasil!
Tão majestoso, tão sem limites, tão despropositado,
Ele quer repousar de nossos terríveis carinhos.
O Brasil não quer! Está farto de nós!
Nosso Brasil é no outro mundo. Este não é o Brasil.
Nenhum Brasil existe. E acaso existirão os brasileiros?

                                                                       Carlos Drummond de Andrade


Entendendo o poema:

01 – No texto de Drummond, o tratamento dado ao nacionalismo ufanista é:
     a) Apoiá-lo socialmente.
     b) Criticá-lo ironicamente.
     c) Adotá-lo no título do poema.
     d) Assimilá-lo em finas culturas.

02 – “Precisamos descobrir o Brasil”
      Este verso inicial é repetido no poema de Drummond cinco outras vezes, trocando-se o verbo descobrir, respectivamente, por colonizar, educar, louvar, adorar e esquecer. Há ainda, na última delas, a repetição da forma verbal precisamos, buscando enfatizar o apelo do poema.
     Tal estrutura poética, que consiste em repetir versos inteiros com pequenas alterações vocabulares, é caracterizada como:
     a) Recurso formal de valor expressivo.
     b) Intenção crítica de finalidade social.
     c) Paralelismo tipicamente modernista.
     d) Estribilho reiterativo das mesmas afirmativas.

03 – Analisando o texto, é correto afirmar que uma de suas características estruturais é:
     a) A simetria das estrofes.
     b) O ritmo de seus versos.
     c) A forma fixa de soneto.
     d) O emprego de rimas emparelhadas.
     
     04 - Que análise podemos fazer do primeiro verso da primeira estrofe?
         O primeiro verso da primeira estrofe já começa com uma exclamação (Precisamos descobrir o Brasil!). O poeta conclama pessoas (afinal quem são esses “nós”?) no sentido de descobrir o Brasil. A preocupação com a coletividade é tão maior que o poeta não se vale de um “eu” para expressar as questões sociais, mas sim de um “nós”.





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