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quinta-feira, 24 de maio de 2018

LENDA: O SOL E A LUA - DANIELE KUSS - COM GABARITO

Lenda: O SOL E A LUA

   O Sol tinha acabado de passar um pouco de curare em suas flechas e guardava e zarabatana bem à mão, pronto para atirar das árvores, prestando atenção ao menor movimento das folhas. De repente, ouviu uma gargalhada que o fez voltar-se. Sem perceber, acabara de passar por um garoto que estava sentado ao pé de uma árvore com dois magníficos papagaios.
       O Sol se deteve e resolveu descansar um pouco junto deles. Nem viu o tempo passar, e, quando se deu conta, o dia já estava acabando. Não conseguia sair de perto dos dois papagaios que tanto o divertiam.
         Assim, propôs ao menino levar os dois papagaios em troca de seu calar de plumas. O garoto estava muito preocupado com sua aparência, pois acabara de completar dez anos. Agora já poderia pintar o corpo com urucum e jenipapo. Seus cabelos acabavam de ser cortados, e, quando crescessem de novo ele teria direito de prendê-los ou fazer tranças. Seria um rapazinho...
         Já tinha as maçãs do rosto pintadas.  Imaginava-se entrando na aldeia com aquele cocar de plumas. Aceitou com alegria o oferecimento do Sol e lá se foi, dançando, em direção à aldeia.
         O Sol também estava com pressa, louco para mostrar a seu amigo Lua os dois papagaios.  O amigo ficou maravilhado com a beleza e plumagem dos pássaros e se divertiu muito com as palavras engraçadas que eles diziam. Assim, resolveu adotar um deles.
         Escolheu o verde de cabeça amarela e o deixou colocar em sua oca, empoleirado num pedaço de pau que enfiou no chão.
         O Sol também fez um poleiro para seu papagaio e o alimentou com grãos e sementes de todo tipo.
         Na manhã seguinte, os amigos Lua e Sol foram pescar levaram o arco e a flecha, e também arpões, para o caso de encontrarem pirarucu, que era o seu peixe favorito, mas dificílimo de pegar. Ao anoitecer, voltando para casa, estavam muitos cansados e não tiveram forças para preparar os peixes que haviam pescado. Deitaram-se nas esteiras e logo dormiram.
         Os papagaios pareciam triste por vê-los assim, e naquela noite ficaram em silêncio. Nos dias que se seguiram, o Sol e seu companheiro Lua não conseguiam entender por que os papagaios estavam tão tristes. Quando os pegavam nas mãos para que se empoleirassem nos dedos, tentando ensiná-los a falar, os pássaros pareciam não mais se divertir.
         Mas um dia, ao voltarem da caça, tiveram uma dupla surpresa. Primeiro, os papagaios foram ao encontro deles, falando como nunca. Saltitavam de um ombro para outro, como se quisessem cantar e dançar. Dentro da oca, uma surpresa ainda maior os aguardavam: junto ao fogo havia duas grandes vasilhas com cassaripe fumegante! Quem teria preparado a comida? Eles se sentaram, comeram todo o delicioso pirão e se deitaram. Mas não conseguiam dormir. Que mistério! Os papagaios os olhavam com um ar divertido. Se pudessem falar, será que podiam contar o que havia acontecido?
         No dia seguinte, quando foram caçar, os dois tinham a cabeça cheia de perguntas sem respostas. Enquanto isso, na oca, acontecia uma cena estranha.
         Os dois papagaios se transformaram pouco a pouco em duas moças encantadoras, de cabelos longos, pretos e brilhantes como a noite sob a chuva. Quando a metamorfose se completou, uma delas se escondeu perto da porta para ver quando os dois amigos voltavam, enquanto a outra preparava a refeição.
         -- Depressa, não temos muito tempo! Hoje eles disseram que chegariam mais cedo. Temos que acabar antes que voltem. Quando chegam da caça, eles vêm tão cansados!
         E que surpresa tiveram os dois mais uma vez! Resolveram que, no dia seguinte, voltariam mais cedo e entrariam escondidos pelos fundos. Dito e feito: deslumbrados com a beleza das duas moças, apaixonaram-se por elas e suplicaram que nunca mais se transformassem em papagaios de novo. Fizeram uma grande festa para celebrar os casamentos. Mas a casa havia ficado pequena demais para quatro pessoas, e por isso decidiram se revezar para ocupá-la. O Sol e a mulher escolheram o dia. Lua aceitou a noite. É por isso que nunca vemos o Sol e a Lua ao mesmo tempo no céu.    

KUSS, Daniele. A Amazônia, mitos e lendas.
  Tradução Ana Maria Machado. São Paulo: Ática, 1995. p.12.    

Entendendo a lenda:

01 – Qual o significado do título?
      Era o nome de dois amigos índios.

02 – O Sol estava caçando, e o que ele ouviu dentro da mata?
      Uma gargalhada que fez ele voltar.

03 – O que ele encontrou?
      Encontrou um garoto e dois papagaios.

04 – O Sol ofereceu um colar de plumas em troca dos papagaios, o garoto aceitou, por quê?
      Porque ele já tinha 12 anos, já podia pintar o corpo, e com o colar ficaria bem melhor.

05 – Qual era alimentação oferecida aos papagaios?
      Era alimentados com grãos e sementes de todo tipo.

06 – O Sol e a Lua, saíram pra caçar, e quando chegaram tiveram duas surpresas, quais são?
·        Primeiro, os papagaios foram ao encontro deles, falando como nunca. Saltitavam de um ombro para outro, como se quisessem cantar e dançar.
·        Segundo, dentro da oca encontraram junto ao fogo duas grandes vasilhas com cassaripe fumegante.

07 – Qual é a cena estranha que aconteceu dentro da oca?
      Os dois papagaios se transformaram pouco a pouco em duas moças encantadoras, de cabelos longos, pretos e brilhantes como a noite sob a chuva.

08 – Quando o Sol e a Lua chegaram na oca, encontraram uma nova surpresa, o que era?
      Eles ficaram deslumbrados com a beleza das duas moças, apaixonaram-se por elas e suplicaram que nunca mais se transformassem em papagaios de novo.

09 – Como a casa tinha ficado pequena para quatro pessoas, qual foi o acordo feito entre eles?
      Que o Sol e a mulher escolheram o dia. E a Lua com a mulher ficariam com a noite.

10 – Por causa do acordo feito entre eles, o que aconteceu?
      Por isso que nunca vemos o Sol e a Lua ao mesmo tempo no céu.
      

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