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segunda-feira, 9 de abril de 2018

TEXTO: O PLANO (FRAGMENTO - O GUARANI) JOSÉ DE ALENCAR - COM GABARITO

TEXTO: O PLANO

        José Martiniano de Alencar é o principal ficcionista do Romantismo no Brasil. Explorou a lenda, a história, os costumes dos brancos e índios, a política e a vida colonial. Seus romances são divididos em 4 grupos: indianista, histórico, urbano e regionalista. A obra O Guarani, da qual retiramos o texto, faz parte do grupo indianista, onde explora o encontro/confronto entre a civilização europeia e a indígena, de que resultaria uma pretensa civilização brasileira.

O Plano 
        O fidalgo, livre do pesar de perder um amigo, assumira a sua costumada severidade, sempre que se tratava de uma falta grave.
        - Cometeste uma grande imprudência, disse ao índio; fizeste sofrer teus amigos; expuseste a vida daqueles que te amam; não precisas de outra punição além desta.
        - Peri ia salvar-te!
        - Entregando-te nas mãos do inimigo?
        - Sim!
        - Fazendo-te matar por eles?
        - Matar e…
        O índio calou-se.
        - É preciso explicares-te, para que não julguemos que o amigo inteligente e dedicado de outrora tornou-se um louco e um rebelde.
        A palavra era dura; e o tom em que foi dita ainda agravava mais a repreensão severa que ela encerrava.
        Peri sentiu uma lágrima umedecer-lhe as pálpebras:
        - Obrigas Peri a dizer tudo!
        - Deves fazê-lo, se desejas reabilitar-te na estima que te votava, e que sinto perder.
        - Peri vai falar.
        Álvaro entrava nesse momento tendo deixado no alto da esplanada os seus companheiros já livres do perigo, e quites por algumas feridas que não eram felizmente muito graves.
        Cecília apertou a mão do moço com reconhecimento; Isabel enviou-lhe num olhar toda a sua alma. As pessoas presentes se gruparam ao redor da poltrona de D. Antônio, em face do qual Peri, de pé, com a cabeça baixa, confuso e envergonhado como um criminoso, ia justificar-se.
        Dir-se-ia que confessava uma ação indigna e vil; ninguém adivinhava que su-blime heroísmo, que concepção gigantesca havia nesse ato, que todos condenavam como uma loucura.
        Ele começou:
        “Quando Ararê deitou o seu corpo sobre a terra para não tornar a erguê-lo, chamou Peri e disse:
        “Filho de Ararê, teu pai vai morrer; lembra-te que tua carne é a minha carne; que teu sangue é meu sangue. Teu corpo não deve servir o banquete do inimigo.
        “Ararê disse, e tirou suas contas de frutos que deu a seu filho: estavam cheias de veneno; tinham nelas a morte. “Quando Peri fosse prisioneiro, bastava quebrar um fruto, e ria do vencedor que não se animaria a tocar no seu corpo.
        “Peri viu que a senhora sofria, e olhou as suas contas; teve uma ideia; a herança de Ararê podia salvar a vida de todos. “Se tu deixasses fazer o que queria, quando a noite viesse não acharia um ini-migo vivo; os brancos e os índios não te ofenderiam mais.” Toda a família ouvia esta narração com uma surpresa extraordinária; compreendiam dela que havia em tudo isto uma arma terrível, – o veneno; mas não podiam saber os meios de que o índio se servira ou pretendia servir-se para usar desse agente de destruição.
        - Acaba! disse D. Antônio; por que modo contavas então destruir o inimigo?
        - Peri envenenou a água que os brancos bebem, e o seu corpo, que devia servir ao banquete dos Aimorés!
        Um grito de horror acolheu essas palavras ditas pelo índio em um tom simples e natural.
        O plano que Peri combinara para salvar seus amigos acabava de revelar-se em toda a sua abnegação sublime, e com o cortejo de cenas terríveis e monstruosas que deviam acompanhar a sua realização.

             JOSÉ DE ALENCAR. O Guarani.
   Editora Martin Claret, 2004, São Paulo, SP. 

Entendendo o texto:
01 –
O episódio narrado nos assegura que seu protagonista é:
a. ( ) D.Antonio                     b. ( ) Cecília
c. (X) Peri                             d. ( ) Álvaro.

02 – O fidalgo considera o índio Peri como um:
a. ( ) adversário                    b. ( ) aliado
c. ( ) empregado                   d. (X) amigo.

03 – O índio cometeu uma falta:
a. ( ) fugindo ao combate              b. (X) lutando sozinho
c. ( ) abandonando a família.        d. ( ) expondo os amigos.

04 – As reticências da resposta do índio (Matar e…) devem completar-se com o verbo:
a. ( ) comer                           b. ( ) beber
c. ( ) envenenar                    d. (X) morrer.

05 – O índio expôs a vida dos companheiros:
a. ( ) abandonando-os
b. ( ) diminuendo o número de combatentes
c. ( ) chamando para perto os inimigos
d. (X) obrigando os amigos a salvá-lo.
06 – O fidalgo impôs ao índio um castigo:
a. ( ) físico                                b. ( ) mental
c. (X) moral                              d. ( ) religioso.

07 – Desejando calar o que fizera, o ato do índio revela:
a. (X) heroísmo                         b. ( ) orgulho
c. ( ) vaidade                             d. ( ) temeridade.

08 – O índio foi salvo por um grupo chefiado por:
a. ( ) Ararê                                b. ( ) D. Antônio
c. (X) Álvaro                              d. ( ) um aimoré.

09 – A cena nos deixa descobrir que há um casal de apaixonados:
a. ( ) Álvaro e Cecília                b. (X) Álvaro e Isabel
c. ( ) Dom Antônio e Isabel       d. ( ) Peri e Isabel.

10 – O grupo inimigo era composto por:
a. ( ) brancos                            b. ( ) guaranis
c. ( ) aimorés                            d. (X) brancos e aimorés.

11 – Na prática da sua façanha, Peri valeu-se de um costume dos:
a. ( ) brancos                           b. ( ) negros
c. (X) índios                              d. ( ) europeus.




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