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sexta-feira, 1 de dezembro de 2017

POESIA: DESTES PENHASCOS FEZ A NATUREZA- CLÁUDIO MANUEL COSTA- COM GABARITO

POESIA :Destes penhascos fez a natureza
                 Cláudio Manuel Costa

 Nestes versos, a paisagem de Minas Gerais desempenha papel muito importante no desenvolvimento do soneto.

Destes penhascos fez a natureza
O berço em que nasci: oh! quem cuidara


Que entre penhas tão duras se criara
Uma alma terna, um peito sem dureza.

Amor, que vence os tigres, por empresa
Tomou logo render-me; ele declara
Contra o meu coração guerra tão rara,
Que não me foi bastante a fortaleza.

Por mais que eu mesmo conhecesse o dano,
A que dava ocasião minha brandura,
Nunca pude fugir ao cego engano:

Vós, que ostentais a condição mais dura,
Temei, penhas, temei, que Amor tirano,
Onde há mais resistência, mais se apura.

           Costa, Cláudio Manuel da. In: Proença Filho, Domício (Org.).
      A poesia dos inconfidentes. Rio de Janeiro: Aguilar, 1996. p. 95.
Interpretação do texto:

01 – Na segunda estrofe, ocorre uma personificação do Amor. Como ele é apresentado?
      O Amor é apresentado como um guerreiro forte, que vence os tigres, e que toma como objetivo render o eu lírico, declarando-lhe guerra ao coração.

a)   Qual é a imagem utilizada na terceira estrofe pelo eu lírico para se referir a esse Amor? Explique o uso dessa imagem.
O eu lírico se refere ao sentimento amoroso como um “cego engano”, do qual ele não conseguiu fugir. Ao utilizar essa imagem, o eu lírico associa o Amor a algo que lhe causa sofrimento, mas que, mesmo assim acaba por vencê-lo.

02 – Quem é i interlocutor a quem o eu lírico se dirige na última estrofe? O que o eu lírico lhe diz?
      O eu lírico dirige-se às pedras. Ele diz para temerem a ferocidade do Amor (caracterizado como “tirano”), que mais se empenha onde há mais resistência.

03 – No soneto transcrito, o poeta evidencia uma forte característica de sua obra: a incorporação de elementos da paisagem local ao cenário árcade. Qual é o elemento local presente no texto?
      O elemento da paisagem local (Minas Gerais) incorporado é o cenário rochoso (penhascos e penhas).

a)   Que relação, o eu lírico estabelece, na primeira estrofe, entre esse cenário e si mesmo? Explique.
O eu lírico marca a oposição entre o cenário e sua alma: seria de esperar que entre as rochas que caracterizam o cenário se encontrasse um “peito forte”, mas entre as “penhas” se criou uma “alma terna” e um “peito sem dureza”, que não consegue resistir à guerra que o Amor declara contra ele.

04 – A apresentação do cenário é importante para o desenvolvimento do tema do soneto. Explique de que maneira o eu lírico relaciona o cenário em que nasceu a esse tema.
      O eu lírico opõe a dureza do cenário à força do Amor. Nem mesmo um cenário como esse garantiu sua proteção contra o sentimento que o tomou, conforme se observa na segunda estrofe do soneto final, o eu lírico alerta as “penhas” sobre a tirania do amor que será mais forte quanto mais resistência houver. Poderíamos dizer que, nessa estrofe, o eu lírico sugere que cenário “duro” é o que determina a força maior que o Amor empregará para vencer seu adversário.

05 – De acordo com o soneto, o que significa as palavras abaixo:
·        Penha: rocha.
·        Render: sujeitar, dominar, vencer.
·        Apurar-se: esmerar-se, esforçar-se, aplicar-se.

06 – Qual é a causa da perplexidade do sujeito lírico, expressa na primeira estrofe?
      A causa da sua perplexidade é a constatação da diferença entre a ternura de sua alma e a dureza da paisagem de pedra, onde ele se criou.

07 – Quase duzentos anos depois, em 1940, outro poeta da mesma região de Minas Gerais publicou os seguintes versos:
        “Alguns anos vivi em Itabira.
        Principalmente nasci em Itabira.
        Por isso sou triste, orgulhoso: de ferro.
        Noventa por cento de ferro nas calçadas.
        Oitenta por cento de ferro nas almas.
        E esse alheamento do que na vida é porosidade e comunicação.”
                                                     Carlos Drummond de Andrade

a)   Qual é a semelhança entre o soneto de Cláudio e os versos de Drummond?
Ambos estabelecem relações entre a alma e a paisagem da terra natal.

b)   Qual é a diferença entre as comparações feitas pelos dois poetas?
Para Cláudio, a alma é terna, contrastando com a dureza da paisagem de pedra.
Para Drummond, a alma tem quase o mesmo teor de ferro que as pedras de Itabira.

08 – Cláudio utilizou os elementos convencionais da paisagem neoclássica (locus amoenus)? Justifique sua resposta.
      Não. Os elementos que compõem a paisagem neoclássica são suaves, idealizados e artificiais, como um jardim; os elementos utilizados pelo poeta são duros, grosseiros e realistas – a paisagem rochosa de Minas.

09 – Utilizando uma convenção literária neoclássica, o poeta personifica o Amor.
a)   Qual foi a decisão tomada pelo Amor, em relação ao sujeito lírico?
O Amor decidiu dominá-lo.

b)   Segundo a última estrofe, a dureza da pedra seria defesa suficiente contra o Amor? Por quê?
Não. Porque o Amor se torna mais forte em quem mais resiste a ele.
       




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