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quarta-feira, 22 de novembro de 2017

POEMA: MOTIVO - CECÍLIA MEIRELES - COM GABARITO

POEMA: MOTIVO
                  CECÍLIA MEIRELES


Neste poema, o eu lírico trata do significado do fazer poético. 

Eu canto porque o instante existe
E a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
Sou poeta.
Irmão das coisas fugidias,
Não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
No vento.


Se desmorono ou se edifico,
Se permaneço ou me desfaço,
— não sei, não sei. Não sei se fico
Ou passo.
Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
— mais nada.

MEIRELES, Cecília. Viagem. In: Obra poética.
Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1991. p. 228.

1.Segundo o eu lírico, o que define um poeta?
      Poeta é alguém que não é “alegre nem triste”, que canta “porque o instante existe” e cuja vida “está completa”.

Como pode ser entendida a palavra instante no poema? Ela está relacionada apenas a tempo?
      “Instante”, no poema, não está relacionado apenas a tempo, mas a circunstâncias especiais que o poeta muitas vezes é capaz de captar e que registra em seus poemas.

2. Nos versos a seguir, porque é uma conjunção explicativa. De que maneira ela retoma o sentido do título do poema?
“Eu canto porque o instante existe 
E a minha vida está completa.” 
      A conjunção explica qual é o motivo de o eu lírico cantar: as experiências singulares vividas a cada instante.

O uso dessa conjunção gera duas possibilidades de leitura do segundo verso. Quais são elas?
      O verso pode ser interpretado como uma segunda explicação para o canto: “Eu canto porque minha vida está completa”. Também pode ser lido como a consequência de o “instante” existir: a vida do eu lírico fica completa (porque o instante existe, minha vida está completa).

3.Explique a relação de causa e consequência estabelecida entre as informações apresentadas nos dois primeiros versos da segunda estrofe.
      Como é irmão das coisas fugidias, o eu lírico não sente gozo nem tormento, ou seja, como aceita o fato de tudo ser efêmero, o começar e o terminar das coisas não o abalam.

De que maneira a palavra fugidias, associada à existência do “instante”, define o que é “ser poeta” para o eu lírico?
      Os dois termos revelam que o peta é aquele que canta o momento presente, vivido em sua plenitude. Por isso, ele se define como irmão do que é efêmero.                 

4. Qual o tempo e qual o modo em que estão todos os verbos do poema com exceção de “estarei”?
      Todos os verbos estão no presente do indicativo (canto, existe, sou, sinto, atravesso, etc.).

Como o uso desse tempo verbal se relaciona ao tema do poema?
      O uso do presente enfatiza a ideia do “instante” que determina o canto do presente, do instante. Por meio dos verbos, o eu lírico evidencia sua relação com o momento, que motiva o seu canto.

5. Na terceira estrofe, o eu lírico apresenta várias antíteses. Quais são elas e o que simbolizam no poema?
      Desmorono / edifico; permaneço / me desfaço; se fico / passo. Podemos dizer que as antíteses representam as dúvidas ou as incertezas do eu lírico, ou ainda o que ele não consegue ou não quer definir sobre se mesmo.

Elas encaminham a conclusão do poema: a única certeza que o eu lírico tem sobre si mesmo. Qual é ela?
      A certeza de seu canto e de que “a canção é tudo”. O eu lírico também sabe que um dia estará mudo. Podemos dizer que ele se define a partir de seu fazer poético: sugere que a única coisa que importa na sua existência é a criação poética.


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