POEMA: MITOLOGIA DO
ONÇA
Carlos Drummond de Andrade
Que lugar diferente dos lugares
O Onça!
Custo a crer que exista além da boca,
Faladeira de sonhos.
No entanto viajantes vêm do Onça,
Apeiam, amarram suas mulas
Na argola do mourão
E
contam, pachorrentos, da viagem.
Contam de sua gente, de seus matos
E seus rios.
O Onça Grande, o Onça Pequeno
Me perturbam.
São rios feitos de onça, águas ferozes
De onça encachoeirada?
Nas ruas do Onça passam onças
E pessoas caminham junto a elas?
Uma onça maior governa o Onça,
Cada dia um menino é mastigado
Em sua mesa rubra a escorrer sangue?
Riem de mim os viajantes
Se lhes faço perguntas. Não pergunto.
Não riem. Ouço apenas
As estórias do Onça, corriqueiras.
No Onça não há onças.
É calma tudo lá. Em mim, tremor.
Em mim é que elas bramem, noite negra.
Carlos Drummond de Andrade.
Esquecer para Lembrar.
pág.
16, Editora José Olympio, Rio, 1979.
1 – No texto, o autor se
refere a fatos ocorridos na sua:
(X) Infância. (
) Mocidade. ( ) Velhice.
2 – Para o menino, o Onça
era um lugar diferente, estranho:
(
) Devido aos costumes de seus moradores.
(X) Por causa de seu nome (Onça).
(
) Porque lá havia onças em toda parte.
3 – O menino achava o nome
tão estranho que chegava a duvidar da existência desse lugar. Talvez não
passasse de invenção de gente faladeira e sonhadora. Copie a frase que informa
isso.
Custo a crer que
existia além da boca, faladeira de sonhos.
4 – Entretanto, havia uma
prova de que o Onça existia mesmo Qual era?
Viajantes vinham
de lá e falavam da gente e das coisas desse lugar.
5 – O trecho que vai do
verso 13 ao 19 revela as coisas espantosas que, ao ouvir os nomes Onça, Onça grande, Onça Pequeno,
a criança:
(
) Perguntava aos viajantes.
(X) Imaginava ou “dizia com os seus botões”,
perguntava a si mesma.
6 – Por que o menino não
perguntava essas coisas aos viajantes?
Porque os
viajantes iam rir (ou caçoar) dele.
7 – As estórias que a
criança ouvia os viajantes contar eram:
(
) Casos impressionantes, aterradores, de onças comendo gente.
(X) Casos banais sobre a vida e as coisas do
Onça.
8 – Complete de acordo com o
texto:
Embora tivesse certeza de que o Onça não
havia onças, o menino sentia medo, sobretudo durante a noite.
9 – Esse poema de Carlos
Drummond de Andrade está composto:
(X) Em versos modernos e sem rimas.
(
) Em versos tradicionais e com rimas.
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