POEMA: ESTE INFERNO DE AMAR
Este inferno
de amar – como eu amo! –
Quem mo pôs
aqui n’alma... quem foi?
Esta chama
que alenta e consome,
Que é a vida
– e que a vida destrói –
Como é que
se veio a atear,
Quando – ai
quando se há de apagar?
Eu não sei,
não me lembro: o passado,
A outra vida
que dentes vivi
Era um sonho
talvez... – foi um sonho –
Em que paz
tão serena a dormi!
Oh! que doce
era aquele sonhar...
Quem me
veio, ai de mim! despertar?
Só me lembro
que um dia formoso
Eu passei...
dava o Sol tanta luz!
E os meus
olhos, que vagos giravam,
Em seus
olhos ardentes os pus.
Que fez ela?
eu que fiz? – Não no sei;
Mas nessa
hora a viver comecei...
GARRETT, A. Folhas caídas. Lisboa, Portugália, 1955.
1 – Qual é o
tempo verbal predominante na primeira estrofe e o que ele caracteriza?
Justifique com exemplos do texto.
É o presente,
caracterizando um tempo de sofrimento: “inferno”, “consome”, “destrói”.
2 – Aos
poucos, o poeta volta ao passado e o relembra. Descreva esse tempo. Em que
contrasta com o presente?
O passado era um tempo de sonho, de paz,
de serenidade. Contrasta com o presente tormentoso, em que falta harmonia.
O presente, porque o amor é a vida.
4 – A
atmosfera do poema baseia-se na situação amorosa “que alenta e consome”.
Explique essa situação e relacione-a ao título do texto.
Na verdade, o par
“amor / sofrimento” é a base do Romantismo. Em Este inferno de amar faz-se
menção ao sofrimento causado pelo amor, que é, porém, razão de viver.
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