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quinta-feira, 1 de junho de 2017

CONTO: MARINA, A INTANGÍVEL - MURILO RUBIÃO - COM GABARITO

CONTO – MARINA, a intangível
Murilo Rubião
[...]
        Abri a janela, que dava para o jardim, a fim de sentir melhor o perfume das rosas. Talvez elas me ajudassem.
        Porém, ao descerrar as venezianas, deparei com a fisionomia de um desconhecido. Rapidamente afastei os olhos noutra direção. Aquela cara me incomodava. Toda ela era ocupada por um nariz grosso e curvo. Tornei a observar o intruso e vi que me olhava com insistência.
        Sem alterar o semblante, ou mover os músculos da face, disse-me:
        - Recebi o seu recado, José Ambrósio. Aqui estou.
        Imobilizei-me ao contemplar-lhe o rosto sem movimento, a cabeça desproporcionada, tomando boa parte do espaço da janela.
        Recuperando-me do espanto que a sua presença me trouxera, retruquei com vigor:
        - Não o conheço, nem disponho de tempo para atendê-lo.
        Em seguida, fiz-lhe um sinal para se afastar. A sua figura desajeitada e estranha atormenta-me, impedia que tentasse elaborar um novo texto.
        Penso que interpretou o meu gesto como um convite para entrar, pois deu umas passadas miúdas e penetrou na sala pela porta principal.
        Deteve-se a alguns passos da minha escrivaninha e continuou a encarar-me.
[...]
                                                                                                      
Entendendo o texto

1 – Para que espécie de trabalho o narrador buscava ajuda do perfume das rosas quando foi interrompido?
       Ele estava procurando inspiração enquanto escrevia e elaborava um texto.

2 – Como se deu essa interrupção?
       Ao descerrar as venezianas, a aparição de um homem estranho espantou o narrador.

3 – Imagine alguma ação do desconhecido que possa dar continuidade à situação de surpresa. Escreva um parágrafo final para o texto, que narre essa ação?
        Mas com um parágrafo que narra algo inusitado, como, por exemplo, puxar o papel e ele mesmo escrever algo; fazer algum gesto violento, etc.

4 – Releia o texto, agora completado pelo seu final, e avalie a função das sequências que descrevem o desconhecido. Por que ele foi assim descrito?
        Mas a descrição tem de causar espanto para criar o clima de espanto na narrativa.



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