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segunda-feira, 8 de maio de 2017

POEMA: CAVADOR DO INFINITO - CRUZ E SOUSA - COM GABARITO

POEMA:  CAVADOR DO INFINITO
               Cruz e Sousa

Com a lâmpada do Sonho desce aflito
E sobe aos mundos mais imponderáveis,
Vai abafando as queixas implacáveis,
Da alma o profundo e soluçado grito.


Ânsias, desejos, tudo a fogo escrito
Sente, em redor, nos astros inefáveis
Cava nas fundas eras insondáveis
O cavador do trágico infinito.

E quanto mais belo infinito cava
Mais o infinito se transforma em lava
E o cavador se perde nas distâncias.

Alto levanta a lâmpada do Sonho
E com seu vulto pálido e tristonho
Cava os abismos das eternas ânsias!
                                                         Cruz e Sousa. Poesias. Nossos Clássicos.
                                                                   RJ. Livraria Agir Editora. 1967, p. 85.

1 – Assinale os itens que expressam característica da linguagem do texto, tendo em vista a forma:
a)     (X) O texto é um soneto que representa uma forma fixa de expressão (dois quartetos e dois tercetos).
b)    (  ) No texto, a métrica é irregular, embora haja o cuidado com as rimas bem configuradas.
c)     (X) O ritmo convencional realiza-se pelo estabelecimento da sonoridade de vocábulos, do uso da rima, da pontuação bem efetivada e da reincidência de alguns fonemas.
d)    (X) Emprego de linguagem figurada e apelo às impressões sensoriais.
e)     (X) Há a predominância do gênero lírico; portanto, além da função poética da linguagem, a função emotiva está presente.
f)      (X) O discurso do texto é vago e abstrato, observando a linguagem que prefere sugerir a nomear.

2 – Ainda estudando a forma.
a)     Retire do primeiro verso do texto I uma metáfora, explicando-a.
“Lâmpada do Sonho”; o poeta associa as significações de lâmpadas e sonho, em que este servirá de luz para iluminar o caminho durante a busca a que se refere o texto.

b)    Na primeira estrofe, o apelo às impressões sensoriais está evidente. Que sentidos foram destacados pelo poeta?
“Visão e Audição”.

c)     Transcreva do texto, da sua primeira estrofe, uma passagem que exemplifique a ocorrência da assonância.
“Vai abafando as queixas implacáveis.”

d)    Quando da seleção vocabular, o poeta, por motivos pessoais, psicológicos, optou por palavras de significação pessimista, negativista, o que não é de estranhar na poética do Simbolismo. Transcreva do texto palavras e ou expressões que comprovem este fato.
“Queixas”; “Aflito”; “Trágico” e “Tristonho”.

3 – Assinale os itens que expressam característica da linguagem do texto, tendo em vista o conteúdo:
(X) A oposição do poeta diante da vida é subjetiva e íntima.
(X) A poesia assume valor filosófico por questionar o estado de aflição da existência humana.
(  ) Não há no Simbolismo, de que o texto é representante, a prática da poética da busca do infinito, tal qual ocorre em alguns poemas do Barroco e do Romantismo.
(X) A mensagem do texto encerra a ideia de que mais importante que “buscar” é “encontrar”, e fica-nos, sugestivamente, que o “encontro” poderia ser o desvendar de um mistério.

4 – Ainda estudando o conteúdo:
a)     De que modo o eu lírico se projeta no poema?
Em busca para encontrar fundamentos para a existência humana.

b)    De acordo com a mensagem do texto, o que provavelmente pode ser o infinito que o poeta cava, procura?
O próprio eu.

c)     O termo “infinito”, constante do título, sugere imensidão, algo incalculável. No texto, há palavras e expressões que mantêm uma relação significativa direta e imediata com o termo. Transcreva uma de cada estrofe.

“Mundos mais imponderáveis”; “Eras insondáveis”; “Distâncias” e “Abismo”.

05 – O eu lírico do texto vive um drama existencial, representado pela ação de cavar o infinito. A propósito da 1ª estrofe da poesia, responda:
a)   Que verbos sugerem a ação de cavar?
Os verbos “descer” e “sobe”.

b)   Que instrumento o eu lírico utiliza para cavar o infinito?
Usa uma lâmpada do sonho.

06 – De acordo com o texto, o eu lírico, enquanto cava, abafa queixas e gritos da alma. Observe que, na escavação do infinito, o eu refere-se a “Sonho”, “Ânsias”, “Desejos” e, na última estrofe, diz cavar “os abismos das eternas ânsias”.

a)   O que se supõe ser o “infinito” cavado?
Supõe a difícil tarefa de manter suas esperanças mesmo que imprecisa, que não tem fim, eterna busca.

b)   O que provavelmente o eu lírico busca encontrar?
Ele procura de sua própria essência, por algo não encontrado que lhe causava aflição, buscando chegar a lugares “imponderáveis”, que são imprevisíveis, para abafar aquilo que sente.

c)   De acordo com a 3ª estrofe, pode-se dizer que o eu lírico encontrou o que procura?
Não. Ele intensifica sua busca, mais distante vai ficando de seus objetivos.

07 – Releia a última estrofe e, com base nela, responda:
a)   É possível afirmar que o processo de escavação terminou ou continua? Por quê?
Continua. Porque o eu lírico busca incessante chegar ao seu eu mais profundo e se libertar das agonias, embora nada mude.

b)   Que sentimento acompanha o eu lírico nesse processo?

Melancolia.

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