FÁBULA– O LOBO E O
CORDEIRO
Marisa Lajolo
A razão do mais forte vai sempre vencer
É o que adiante vocês hão de ver.
Num límpido regato um dia
Um cordeiro, sereno, bebia.
Eis que surge um lobo faminto:
- Como ousas sujar minha água?
Diz o lobo com fingida mágoa:
- Logo vais receber o castigo
Por assim desafiar o perigo.
- Senhor – o cordeiro respondeu -,
Não te zangues: não vês que me encontro
Vinte passos abaixo de ti
E, portanto, seria impossível
Macular tua água daqui?
- Tu a sujas – diz o bicho feroz -,
Além disso estou informando
Que falaste de mim ano passado.
- Como poderia te ter ofendido
Se não era nascido então,
E o leite materno inda bebo?
- Ora, ora, se não foste tu,
Com certeza foi teu irmão.
- Não o tenho.
- Então foi algum dos teus:
Pois que nunca me deixam em paz,
Tu, teus pastores e cães;
Necessária a vingança se faz.
E no fundo da floresta
Com toda tranquilidade
O lobo devora o cordeiro
Sem outra formalidade.
Histórias sobre
ética. São Paulo: Ática, 1999, p. 11-12.
(Coleção para
gostar de ler, v. 27; coordenação e seleção de textos de
Marisa Lajolo).
1 – Identifique:
a) Qual é o primeiro argumento do lobo,
para justificar sua ameaça ao cordeiro?
O cordeiro estava sujando a
água que ele ia beber.
b) O lobo apresenta esse argumento com
fingida mágoa: com que objetivo ele finge que está magoado?
Com o objetivo de disfarçar
a falsidade de seu argumento.
c) Qual é o contra-argumento do
cordeiro?
Estava abaixo do lobo,
portanto, não podia estar sujando a água.
d) Qual é a atitude do lobo diante do
contra-argumento do cordeiro?
Ignora o contra-argumento e
insiste em seu argumento – reafirma que o cordeiro suja a água – e em seguida
apresenta outro argumento.
2 – Identifique:
a) Qual é o segundo argumento do lobo,
para continuar ameaçando o cordeiro?
O cordeiro tinha falado mal
dele, no ano anterior.
b) Qual é o contra-argumento do
cordeiro?
Ainda não tinha nascido, no
ano anterior.
c) Qual é a ração do lobo ao
contra-argumento do cordeiro?
Não nega o
contra-argumento, mas apresenta outro.
3 – Identifique:
a) Qual é o terceiro argumento do lobo,
para insistir na ameaça ao cordeiro? Que pressuposto está subjacente a esse
argumento?
O irmão do cordeiro tinha
falado mal dele; o pressuposto é que o cordeiro deveria pagar pelos atos do
irmão.
b) Qual é o contra-argumento do
cordeiro?
Não tinha irmão.
c) Qual é a resposta do lobo? Que
pressuposto está subjacente a essa resposta?
Algum dos pastores ou dos
cães tinha falado mal dele; o pressuposto é que o cordeiro deveria pagar pelos
atos daqueles com quem convivia.
4 – No jogo de argumentos e contra-argumentos, qual dos dois
tinha razão: o lobo ou o cordeiro?
O
cordeiro, porque apresentava fatos verdadeiros, enquanto o lobo inventava
fatos.
5 – Recorde as palavras finais do lobo:
“Necessária a
vingança se faz”.
Foi mesmo por
vingança que o lobo devorou o cordeiro? Justifique sua resposta.
Não,
não havia razão para vingança, o cordeiro tinha cometido nenhuma falta; devorou
o cordeiro porque estava faminto.
6 – Identifique, na fábula, o preceito moral ou a moral e
explique: que relação tem esse preceito com a história do lobo e do cordeiro?
A
razão do mais forte vai sempre vencer; a fábula mostra que, embora o cordeiro é
que tivesse razão, venceu o lobo, apenas porque era mais forte.
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