terça-feira, 9 de março de 2021

NOTÍCIA: LADRÕES LEVAM R$50 MIL DA VILA ISABEL - O ESTADO DE SÃO PAULO - COM GABARITO

 Notícia: Ladrões levam R$ 50 mil da Vila Isabel

         RIO – O tesoureiro da escola de samba Unidos de Vila Isabel, Jorge Brás, de 45 anos, foi assaltado ontem à tarde, por um homem armado, quando saía da agência do Banco do Brasil, no bairro de Vila Isabel, na zona norte. O criminoso levou R$ 50 mil, que ele havia sacado, e um talão de cheques da escola.

                      O Estado de São Paulo, 3/2/1999. P. C6.

Fonte: Práticas de Linguagem. Leitura & Produção de Textos. Volume 4. Ernani & Nicola. Editora Scipione. P. 48-50.

Entendendo a notícia:

01 – Quem são os personagens do fato narrado?

      Jorge Brás, de 45 anos, tesoureiro da escola de samba Unidos de Vila Isabel, e um ladrão anônimo, identificado como “um homem armado”.

02 – Quando o fato ocorreu?

      Segundo o texto, “ontem à tarde”; pela data do jornal, podemos concluir que foi na tarde do dia 2 de fevereiro de 1999.

03 – Onde ele ocorreu?

      Nas proximidades da agência do Banco do Brasil, no bairro de Vila Isabel, na zona norte da cidade do Rio de Janeiro.

04 – O que aconteceu?

      Um funcionário da escola de samba Unidos de Vila Isabel foi assaltado.

05 – O narrador participa dos fatos ou se coloca como observador? Justifique a posição do narrador.

      O narrador se coloca como observador, o fato é narrado com impessoalidade.

06 – No texto, podemos notar uma impropriedade no título da notícia. Em que consiste essa impropriedade? Reescreva o título, adequando-o ao corpo da notícia.

      A impropriedade consiste na incoerência entre a notícia, que fala em um único ladrão, e o título, que cita ladrões. Corrigido, o título deve ter a seguinte construção: “Ladrão leva R$ 50 mil da Vila Isabel”.

REPORTAGEM: METALÚRGICOS DA VW RETOMAM NEGOCIAÇÃO - MAURICIO ESPOSITO - COM GABARITO

 Reportagem: Metalúrgicos da VW retomam negociação       

MAURICIO ESPOSITO, da Reportagem Local

     Os funcionários da Volkswagen recuaram e decidiram voltar a negociar com a montadora a proposta de redução nos rendimentos.

     A decisão foi tomada em assembleia realizada ontem, contrariando a deliberação da semana passada dos mesmos metalúrgicos.

        Naquela assembleia, os funcionários da montadora ficaram divididos – aproximadamente metade dos presentes não quis que o sindicato da categoria continuasse a negociar uma redução de rendimentos dos funcionários.

        A mudança de opinião ocorre no mesmo momento em que circulou na fábrica a notícia de que a montadora já teria definido uma lista com 7.500 nomes para serem demitidos.

        Segundo o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Luiz Marinho, a informação de que existe a lista pode ter influenciado a assembleia.

        O sindicato defende a negociação com a montadora como forma de evitar demissões.

        Para evitar essas demissões, os metalúrgicos da Volkswagen estão dispostos a abrir mão do reajuste salarial de quase 3% neste ano e da participação nos lucros e resultados de 99.

        Essa era a proposta defendida pela direção do sindicato, que acabou sendo aprovada na assembleia de ontem. Esses dois pontos ficariam suspensos até que o mercado retome seu ritmo normal.

        A montadora, entretanto, quer reduzir custos de forma muito mais abrangente.

        A Volks propôs a redução da jornada semanal de trabalho de cinco para quatro dias, além de não pagar a participação nos lucros, o 13º salário e o abono de férias em 99. A montadora também quer a demissão de 900 funcionários temporários e de 50% dos aposentados. A VW propõe reduzir o adicional noturno e cortar subsídios na alimentação, no transporte e no plano de saúde. Outra proposta da montadora é a demissão do pessoal do setor de alimentação, bombeiros, logística e segurança patrimonial para recontratação com 60% do salário atual.

        As negociações entre sindicato e empresa seriam retomadas ontem mesmo.

                Folha de São Paulo, 8/12/1998. 2° caderno, p. 6.

Fonte: Práticas de Linguagem. Leitura & Produção de Textos. Volume 4. Ernani & Nicola. Editora Scipione. P. 44-5.

Entendendo a reportagem:

01 – Como você sabe, um jornal apresenta vários cadernos (de esportes, cultura, economia, classificados, etc.). Em que caderno do jornal teria sido publicada a notícia da página 44?

      No caderno de economia, que, na Folha de São Paulo, também recebe o nome de 2° caderno.

02 – O texto relata um fato. Explique, em uma única frase, que fato é esse.

      Os funcionários da VW negociam a redução de salário para evitar demissões.

03 – O texto fez referência a uma mudança de opinião por parte dos metalúrgicos. O que teria provocado essa mudança de opinião?

      A notícia de uma lista com 7.500 nomes de funcionários que seriam demitidos.

04 – “Naquela assembleia, os funcionários da montadora ficaram divididos...”. A que assembleia o texto está se referindo?

      À assembleia que foi realizada na semana anterior.

05 – Levando em conta as informações fornecidas pela reportagem, você acharia sensato aceitar uma redução de salário?

      Resposta pessoal do aluno.

06 – De acordo com a reportagem, responda: a vida imita a arte ou a arte imita a vida? O que você pensa sobre isso?

      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Estimular uma discussão sobre a obra ficcional, fazendo o aluno perceber que esta sempre tem como matéria-prima uma reflexão do autor sobre a realidade, sobre a vida.

 

TEXTO: VOCÊ SÓ SE DIVERTE BEBENDO? CAPRICHO - COM GABARITO

 Texto: Você só se diverte bebendo?



Capricho, 8/11/1998. P. 85.

Fonte: Práticas de Linguagem. Leitura & Produção de Textos. Volume 4. Ernani & Nicola. Editora Scipione. P. 26-9.

Entendendo o texto:

01 – No texto que você acabou de ler, não há indicação dos parágrafos. Como você justificaria esse fato?

      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: A não indicação gráfica dos parágrafos foi intencional. Para mostra-lo sob a forma de uma garrafa, foi preciso abrir mão da indicação gráfica dos parágrafos. Ressaltar ainda que, além de não afetar a inteligibilidade do texto, esse recurso visual reforça o seu conteúdo.

02 – Poderíamos dividir o texto em duas partes, a primeira indo até “O problema é passar dos limites” e a segunda começando em “Agora, puxe uma cadeira”. Como você caracterizaria cada uma dessas partes?

      Na primeira parte, temos um texto mais objetivo, uma dissertação na qual predomina a função referencial da linguagem, em que se procura mostrar os malefícios do álcool. Na segunda parte, o texto assume um caráter mais pessoal, a linguagem torna-se mais coloquial e predomina a função conativa da linguagem (até se fazem concessões para o uso do álcool; o centro da discussão passa a ser o limite no consumo).

03 – A mensagem da segunda parte do texto (a partir de “Agora, puxe uma cadeira”) é dirigida especialmente a que público? Ao elaborar sua resposta, considere o tipo de revista em que foi publicada a reportagem.

      Algumas passagens permitem concluir que a intenção do(a) autor(a) é chamar a atenção sobretudo das meninas. Essa reportagem foi publicada na revista Capricho, um veículo de comunicação voltado para o público feminino. Há, assim, uma perfeita adequação entre matéria, linguagem, forma e público-alvo.

04 – Embora seja um texto escrito, algumas de suas passagens apresentam características de oralidade, isto é, parece que o(a) autor(a) está conversando com você.

a)   Indique alguns trechos em que isso ocorre.

“Agora, puxe uma cadeira”; “Você sabe”; “Sabia que as meninas ficam bêbadas mais rápido do que os meninos?”; “Pois é, é preciso ficar de olho”; “E aí, o que era só para descontrair, pode dar uma enorme dor de cabeça”.

b)   Qual seria a intenção do(a) autor(a) do texto ao fazer uso dessas marcas de oralidade?

Ressaltar que as marcas de oralidade estão presentes exatamente no fragmento final do texto, caracterizada pelo tom de conversa informal. Essa parte apresenta uma linguagem muito próxima da linguagem do grupo a que o texto se dirige. Destacar que a adaptação da linguagem para o universo do interlocutor é um recurso de persuasão.

05 – Qual o principal recurso de persuasão que o(a) autor(a) utiliza nos três primeiros períodos?

      O principal recurso é o da afirmação categórica, taxativa, incontestável, autoritária. Os dois primeiros períodos eliminam qualquer possibilidade de o interlocutor utilizar um contra-argumento: não há o que discutir; o álcool é uma droga, e ponto final. O terceiro período faz duas concessões (é uma droga legalizada, é socialmente aceita) para, logo em seguida, reforçar a afirmação categórica que se opõe a essas concessões: mas é uma droga.

06 – No trecho que vai de “Tecnicamente...” até “... estágio final do alcoolismo”, qual o principal recurso de persuasão?

      Nessa passagem, o(a) autor(a) faz uso do conhecimento científico (inclusive usando termos como etanol e sistema nervoso central) para tentar persuadir o leitor(a) de que o álcool é uma droga.

07 – Releia o texto e explique a relação que se estabelece entre as seguintes frases: “Não há o que discutir” e “Mas também não há como discordar”.

      Excetuada a locução “mas também”, as duas frases apresentam a mesma estrutura. A adversativa, no entanto, estabelece um contraponto: Não há o que discutir (o álcool é uma droga), mas, por outro lado, não há como discordar: bebericar e conversar com amigos é um bom programa. As duas faces da questão ficam bem colocadas. Realçar que, a partir dessa constatação, o centro da discussão passa a ser o limite de cada um.

08 – Adilson Citelli, em seu livro Linguagem e Persuasão, comenta que um dos recursos persuasivos é o apelo à autoridade, ou seja, o apoio de alguém que valide o que está sendo afirmado.

a)   O texto em questão faz uso desse recurso?

Sim, nas duas afirmações da psicóloga IIana Pinsky. Destacar que, além de psicóloga, a pessoa citada é co-autora de um livro, o que reforça o seu caráter de autoridade.

b)   Em caso afirmativo, qual a força do argumento da “autoridade” no conjunto do texto?

As falas da psicóloga reafirmam o centro da discussão: Beber não é errado, desde que se beba com moderação, dentro dos limites.

09 – Qual é o último recurso de persuasão utilizado pelo(a) autor(a)? Comente-o.

      O texto se encerra com um verbo no imperativo: acredite. Ao usar o imperativo, o(a) autor(a) tenta passar ao(à) leitor(a) a certeza de que pode confiar nas informações do texto: o que foi dito é a pura verdade.

ENTREVISTA COM GARI NA IMUNDÍCIE DA CIDADE - MARILENE FELINTO - COM GABARITO

 Entrevista com gari na imundície da cidade

                            MARILENE FELINTO

        Entrevista de propósito com um gari de São Paulo. J.S. 35, baiano de Jacobina, há três anos veio de lá, onde era ajudante de pedreiro, e trabalha na "varreção", da cidade. O lugar, perto do Mercado Municipal, no centro, recendia a mijo e restos de comida.

        Casado, sem filhos, ele estudou até o primeiro ano primário. Mantive a fala original de J.S., só corrigindo as concordâncias, porque às vezes ele soa como um personagem de Guimarães Rosa.

        Pergunta – É humilhante esse trabalho de varrer rua?

        Gari – Não, eu não acho. É um trabalho e é honra. O pior é tirar dos outros, né? Roubar o dos outros é que é feio.

        Pergunta – Não era melhor ser ajudante de pedreiro?

        Gari – Ah, exatamente não, porque lá eu ganhava um salário mínimo só, e aqui eu ganho quase três. Ganho R$ 260,00. A cesta básica é R$ 62,00, o ticket refeição é R$ 185,00, mais a insalubridade, que é R$ 22,00. Mas isso eu acho que eles não estão pagando, que eu não vejo. E precisa você denunciar aí que os supermercados não estão aceitando mais o ticket refeição. E que também o nosso fundo de garantia eles não estão depositando.
Nessa empresa aqui tem também, por exemplo, que eu trabalhei antes, oito meses, pintando guia de rua com cal, mas eles não querem contar como tempo de serviço, que era sem carteira. Mas eu tenho testemunha. Eu caminhava mais de 10 km por dia pintando guia. E lá eu ganhava outra coisa. Trabalhar com tinta é uma coisa, e com varreção, é outra. Que aqui também eles mandam a gente trabalhar de coletor. Eu digo: não, não sou coletor, não vou trabalhar de graça. Eu sou da varreção. Coletor ganha é R$ 400,00.

        Pergunta – Você trabalha sem luvas?

        Gari – Luva eles dão. Mas eu não botei hoje porque está muito quente. Mas não dão é bota de borracha. Só esse sapatinho aqui, e a gente nessa água podre, pegando frieira.

        Pergunta – Quanto você paga de aluguel?

        Gari – Não pago. Moro na casa de uma tia. Se eu pagasse, oxente, já estava passando fome, como tem muita gente aqui. Se você vai alugar uma casa, é 200 contos. Não dá. Se eu pagasse aluguel, já tinha ido embora. Diretamente eu ia para Salvador vender gelinho ou cerveja numa caixa.

        Pergunta – O que você acha que deve ser feito para as pessoas não sujarem as ruas?

        Gari – É aí, olha. Que as pessoas sujam demais as ruas e não têm respeito por nós. Em convém, eu acho assim, o pessoal, esse Brasil nosso, eles acham que nós somos obrigados a limpar. A gente acabou de barrer ali, eles vão e sujam. Eu fico olhando assim. Eu digo: dona, eu acabei de barrer aí e a senhora vai sujar de novo bem aí? Eles dizem que a obrigação da gente é limpar mesmo. Eles não põem na cabeça deles. Eu acho assim, determinado, que a imundície já é da casa deles pra rua. Porque, que a gente é assim uma pessoa fraca, de pouco dinheiro, mas a gente quer um copo limpinho pra tomar água e tudo. Porque a limpeza é bonita em todo canto, não é?

 Marilene Felinto. Folha de São Paulo, 26/8/1997. 3° caderno, p.2.

Fonte: Práticas de Linguagem. Leitura & Produção de Textos. Volume 4. Ernani & Nicola. Editora Scipione. P. 08-12.

Entendendo a entrevista:

01 – Para que servem as entrevistas?

      Há entrevistas cujo objetivo é expressar a opinião do entrevistado. Outros servem para a obtenção de dados, tais como as entrevistas para pesquisas de mercado e recenseamento.

02 – Embora muitas entrevistas sejam feitas por escrito (o entrevistador manda as perguntas por escrito ao entrevistado, que as responde também por escrito), a maior parte delas é realizada oralmente. Que diferenças existem entre as entrevistas orais e as registradas por escrita?

      Teoricamente, numa entrevista oral a linguagem tende a ser mais espontânea e natural, pois o entrevistado é obrigado a responder as perguntas de imediato, dispondo de pouco tempo para produzir respostas mais elaboradas. Por outro lado, nas entrevistas por escrito, o entrevistado tem a oportunidade de preparar e elaborar melhor suas respostas, já que não será necessário fornecê-las de imediato.

03 – O que você acha: as pessoas são mais espontâneas quando falam ou quando escrevem?

      Resposta pessoal do aluno.

04 – Por que a entrevistadora perguntou ao gari se o trabalho dele era humilhante? Será que ela própria tem essa opinião?

      A pergunta se deve ao fato de, infelizmente, muitas pessoas considerarem humilhante a atividade dos garis. Todavia, isso não significa, necessariamente, que a entrevistadora tenha essa opinião.

05 – Comente a seguinte fala do gari: “E precisa você denunciar aí que os supermercados não estão aceitando mais o ticket refeição. E que também o nosso fundo de garantia eles não estão depositando”. A que se refere o advérbio ?

      O advérbio refere-se ao jornal em que será publicado a entrevista. Por saber que está dando uma entrevista para um órgão de imprensa, o gari aproveita a chance para fazer denúncias, esperando que a publicação da denúncia colabore para reparar as injustiças.

06 – Quanto o gari recebe mensalmente por seu trabalho na “varreção”?

      O intuito da questão é fazer o aluno perceber qual é o salário bruto do gari – a soma de seu salário-base mais as vantagens (R$ 260,00. A cesta básica é R$ 62,00, o ticket refeição é R$ 185,00, mais a insalubridade, que é R$ 22,00) perfaz um total de 5229 reais. Admitindo que ele realmente não receba o valor relativo à insalubridade, seu salário seria de 507 reais. Ressaltar para os alunos que esse é, provavelmente, seu salário bruto, sobre a qual ainda incidirão descontos, como a contribuição previdenciária.

07 – Cesta básica é o conjunto de alimentos essenciais (arroz, feijão, óleo, açúcar, etc.) necessários para manter um trabalhador adulto por um mês. Em sua opinião, os 62 reais que o gari recebe para a cesta básica são suficientes para suprir por um mês essas necessidades?

      Resposta pessoal do aluno.

08 – Auxílio insalubridade é uma quantia em dinheiro acrescentada ao salário-base de um trabalhador quando ele exerce alguma atividade insalubre.

a)   O que é uma atividade insalubre?

Atividade insalubre é aquela que traz prejuízos à saúde, isto é, que pode gerar doenças.

b)   Dê alguns exemplos de atividades insalubres.

Trabalhos em ambientes de altíssimas ou baixíssimas temperaturas (em siderúrgicas, frigoríficos, etc.) atividades em que se fica exposto a substâncias tóxicas ou radioativas (em metalúrgicas, laboratórios químicos, indústrias de tintas e resinas, etc.).

c)   Quais elementos do texto indicam que o gari exerce atividade insalubre?

A referência à necessidade do uso de luvas e botas de borracha, para evitar o contato com a “água podre”.

09 – Você concorda com a afirmação de que “as pessoas sujam demais as ruas”?

      Resposta pessoal do aluno.

10 – O gari afirma que, se tivesse de pagar aluguel, preferiria ir para Salvador, onde iria “vender gelinho ou cerveja numa caixa”. Por que ele “escolheria” esse tipo de trabalho?

      Ressaltar que, devido à sua baixa escolaridade, para o gari as oportunidades de trabalho formal são cada vez mais escassos. Assim, ele seria fatalmente levado para um trabalho informal, como o de vendedor ambulante.

11 – Na fala do gari, que elementos comprovam que ele veio do Nordeste e só cursou o primeiro ano primário?

      O uso de formas como exaltamente, em vez de exatamente, e barrer, em vez de varrer, revela a baixa escolaridade. O termo oxente pode indicar que ele veio do Nordeste.

sábado, 6 de março de 2021

AUTOBIOGRAFIA - NASCE UMA MENINA - (FRAGMENTO) - LAMB, CHRISTINA YUSAFZAI, MALALA - COM GABARITO

 Autobiografia - Nasce uma menina – (fragmento)


No dia em que nasci, as pessoas da nossa aldeia tiveram pena de minha mãe e ninguém deu os parabéns ao meu pai. Vim ao mundo durante a madrugada, quando a última estrela se apaga. Nós, pachtuns, consideramos esse sinal auspicioso. Meu pai não tinha dinheiro para o hospital ou para uma parteira; então uma vizinha ajudou minha mãe. O primeiro bebê dos meus pais foi natimorto, mas eu vim ao mundo chorando e dando pontapés. Nasci uma menina num lugar onde os rifles são disparados em comemoração a um filho, ao passo que as filhas são escondidas atrás de costinhas, sendo seu papel na vida apenas fazer comida e procriar.

Para a maioria dos pachtuns, o dia em que nasce uma menina é considerado sombrio. O primo de meu pai, Jehan Sher Khan Yousafzai, foi um dos poucos a nos visitar para celebrar meu nascimento e até mesmo nos deu uma boa soma em dinheiro. Levou uma grande árvore genealógica que remontava até meu trisavô e que mostrava apenas as linhas de descendência masculina. Meu pai, Ziauddin, é diferente da maior parte dos homens pachtuns. Pegou a árvore e riscou uma linha a partir de seu nome, no formato de um pirulito. Ao fim da linha escreveu “Malala”. O primo riu, atônito. Meu pai não se importou. Disse que olhou nos meus olhos assim que nasci e se apaixonou. Comentou com as pessoas: “Sei que há algo diferente nessa criança”. Também pediu aos amigos para jogar frutas secas, doces e moedas em meu berço, algo reservado somente aos meninos.

Meu nome foi escolhido em homenagem a Malalai de Maiwand, a maior heroína do Afeganistão. Os pachtuns são um povo orgulhoso, composto de muitas tribos, dividido entre o Paquistão e o Afeganistão. Vivemos como há séculos, seguido um cógido chamado Pachtunwali, que nos obriga a oferecer hospitalidade a todos e segundo o qual o valor mais importante é nang, a honra. A pior coisa que pode acontecer a um pachtum é a desonra. A vergonha é algo terrível para um homem pachtum. Temos um ditador: “Sem honra, o mundo não vale nada.” Lutamos e travamos tantas infindáveis disputas internas que nossa palavra para primo “tarbur” é a mesma que usamos para inimigo. Mas sempre nos unimos contra fortasteiros que tentam conquistar nossas terras. Todas as crianças pachtuns crescem ouvindo a história de como Malalai inspirou o Exército afegão a derrotar o brotânico na Segunda Guerra Anglo- Afegã em 1880.

Malalai era filha de um pastor de Maiwand, pequena cidade de planícies empoeiradas a oeste de Kandahar. Quando tinha dezessete anos, seu pai e seu noivo se juntaram às forças que lutavam para pôr fim à ocupação britânica. Malalai foi para o campo de batalha com outras mulheres da aldeia, para cuidar dos feridos e levar-lhes água. Então viu que os afegãos estavam perdendo a luta e, quando o porta bandeira caiu, ergueu no ar seu véu branco e marchou no campo, diante das tropas.

[...]

Malalai foi morta pelos britânicos, mas suas palavras e sua coragem inspiraram os homens a virar a batalha. Eles destruíram a brigada inteira, uma das piores derrotas do Exército britânico. Os afegãos construíram no centro de Cabul um monumento à vitória de Maiwand. [...] Muitas escolas de meninas no Afeganistão tem o nome dela. Mas meu avô, que era professor de teologia e imã da aldeia, não gostou que meu pai me desse esse nome. “É um nome triste”, disse. “Significa luto, sofrimento”. 

[...]

Meu pai contava a história de Malalai a toda pessoa que viesse à nossa casa. Eu a adorava como amava ouvir as músicas que ele cantava para mim e a maneira como meu nome flutuava ao vento quando alguém o chamava.”

LAMB, Christina YOUSAFZAI, Malala. Eu sou Malala

Fonte: Livro - Tecendo Linguagens - Língua Portuguesa: 6º ano/Tania Amaral Oliveira, Lucy Aparecida Melo Araújo - 5.ed. - Barueri(SP): IBEP, 2018 - p.25/26/27.

GLOSSÁRIO

Auspicioso: que gera esperanças; prometedor; de bom agouro.

Forasteiro: aquele que é estranho à terra onde se encontra ou que é de fora.

Natimorto: refere-se ao feto viável que foi expulso morto do útero materno.

Pachtuns – também chamados pachtos ou pastós, são um grupo etnoliguístico formado principalmente por afegãos e paquistaneses que se caracteriza pela língua própria, pelo código de honra reliogioso pré-islâmico e pela prática do islamismo,

Parteira: mulher que auxilia quem está em trabalho de parto ou que acabou de parir, mesmo não sendo médica.

POR DENTRO DO TEXTO

1.   Releia os dois parágrafos do texto e indique a alternativa que melhor responde à pergunta:

Por que, no dia em que Malala nasceu, as pessoas tiveram pena de sua mãe e não deram parabéns a seu pai?

 

a)   Malala veio ao mundo durante a madrugada, quando a última estrela se apaga e isso era considerado um sinal auspicioso.

b)   O pai de Malala não tinha dinheiro para o hospital ou para uma parteira, então uma vizinha ajudou sua mãe.

c)   O primeiro bebê de seus pais foi natimorto, mas ela veio ao mundo chorando e dando pontapés.

d)   Malala nasceu menina em um lugar onde rifles são disparados em comemoração a um filho, mas as filhas são escondidas atrás de cortinas.

 2.   Leia o fragmento a seguir, retirado do texto.

             “O primo de meu pai, Jehan Sher Khan Yousafzai, foi um dos poucos a nos visitar para celebrar meu nascimento e até mesmo nos deu uma boa soma em dinheiro. Levou uma grande árvore genealógica que remontava até meu trisavô e que mostrava apenas as linhas de descendência masculina. Meu pai, Ziauddin, é diferente da maior parte dos homens pachtuns. Pegou a árvore e riscou uma linha a partir de seu nome, no formato de um pirulito.”

 Em sua opinião, qual foi a intenção do pai de Malala ao riscar na árvore genealógica uma linha a partir de seu nome no formato de pirulito?

Resposta pessoal.

3.   O nome  de Malala foi escolhido em homenagem a Malalai de Malwand, a maior heroína do Afeganistão. No terceiro parágrafo temos:

              Os pachtuns são um povo orgulhoso, composto de muitas tribos, dividido entre o Paquistão e o Afeganistão.[...]sempre nos unimos contra forasteiros que tentam conquistar nossas terras.”

 Agora, releia do quarto parágrafo ao final do texto e responda:

a)    Quem eram os forasteiros contra quem Malalai de Malwand lutou?

O exército britânico na Segunda Guerra Anglo-Afegã.

b)    Por que Malalai se tornou heroína?

Porque ao marchar no campo diante das tropas britânicas e ser morta, Malalai inspirou o exército afegão com suas palavras e sua coragem. Isso contribuiu para que ganhassem a batalha, destruindo a brigada inteira do exército britânico.

4.   Levante uma hipótese coerente: Ao chamar a filha de Malala, que características da heroína Malalai o pai esperava que ela tivesse? 

Resposta pessoal.

5. Releia o trecho a seguir.

“Vim ao mundo durante a madrugada, quando a última estrela se apaga. Nós, pachtuns, consideramos esse sinal auspicioso. Para a maioria dos pachtuns, o dia em que nasce uma menina é considerado sombrio.”

Com base no que você pôde compreender do decorrer da leitura, responda: 

a)   Para o pai de Malala, o nascimento da filha foi considerado um sinal auspicioso ou sombrio? 

Foi considerado um sinal auspicioso.

b)  Releia o segundo parágrafo e identifique uma atitude do pai que justifique sua resposta ao item anterior. 

Quando Malala nasceu, o pai da menina comentou com as pessoas que havia algo diferente naquela criança e pediu aos amigos que jogassem frutas secas, doces e moedas em seu berço, comportamento que costumava ser reservado somente aos meninos.

 

 

sexta-feira, 5 de março de 2021

QUADRO/TELA- AUTORRETRATO - RODRIGO CUNHA - COM GABARITO

 TELA  - AUTORRETRATO

 Velázquez, 2000(1976)
                                                                       de Rodrigo Cunha
                                                                       Acrílica sobre tela
                                                                       202 cm   x   143 cm
Fonte da imagem: https://www.google.com/url?sa=i&url=https%3A%2F%2Fdocplayer.com.br%2F189246327-Atividades-para-casa-6o-a-b-c-lingua-portuguesa.html&psig=AOvVaw3o31uFnDNzVxv4a7e5siAO&ust=1615075510145000&source=images&cd=vfe&ved=0CAIQjRxqFwoTCIi66aivmu8CFQAAAAAdAAAAABAD

ENTENDENDO A  TELA

1)   Para você, o que é uma obra artística? Dê exemplo de alguma obra de arte que você conhece.

Resposta pessoal.

2)   Você sabe o que é um autorretrato? O que essa palavra significa?

Resposta pessoal.

3)   O que você vê representado na tela?

Resposta possível: A imagem de um rapaz refletida no espelho e a parte inferior de seu corpo, com uma das mãos segurando uma caixa com tintas. Há outros elementos que compõem a cena, como latas de tinta embaixo do espelho, o chão de madeira, um copo de água e um livro do pintor Velázquez sobre um móvel.

4)   Pela imagem, podemos deduzir se o artista está sério ou a vontade; se é jovem, triste, calmo, etc?

Que expressões ele transmite?

Resposta possível: Sim, a imagem revela um artista jovem, que demonstra estar calmo e à vontade, pintando seu autorretrato. A tela não revela sentimento de tristeza ou alegria.

5)   Na imagem, há elementos estáticos, parados e outros que revelam movimento, atividade. Quais são?

Resposta possível: Há elementos estáticos (os que estão ao redor do espelho), que contrastam com a atividade, o movimento do artista pintando a tela.

6)   Você gostou do quadro?

Resposta pessoal.

7)   Que impressões ou sensações as cores escolhidas pelo artista lhe sugerem?

Resposta pessoal.

8)   Na tela, aparece parcialmente o nome de outro pintor: Velázquez. Em sua opinião por que o autor da tela dá esse nome a sua obra?

Resposta pessoal.

Fonte: Livro - Tecendo Linguagens - Língua Portuguesa : 6º ano/Tania Amaral Oliveira, Lucy Aparecida Melo Araújo - 5.ed. - Barueri(SP): IBEP, 2018 - p.15/16.

HISTÓRIA EM QUADRINHOS - MENINO MALUQUINHO - COM GABARITO

 HISTÓRIA EM QUADRINHOS – MENINO MALUQUINHO

1)   Você já ouviu falar do Menino Maluquinho? O que sabe sobre ele?

Resposta pessoal.

Fonte da imagem:https://www.google.com/url?sa=i&url=https%3A%2F%2Fapppublico.com.br%2Feducacao_ribeiraocorrente%2Fpdf%2F20200616134726_Portugu%25C3%25AAs.pdf&psig=AOvVaw11wx4a2GEtSkaUrmhwiwqw&ust=1615074543865000&source=images&cd=vfe&ved=0CAIQjRxqFwoTCMi4v9ermu8CFQAAAAAdAAAAABAD

2)   O personagem principal dessa história vive um conflito. Qual é esse conflito?

Ele tem dificuldade para escolher um visual para sair.

3)   O Menino Maluquinho, ao escolher o boné, acaba optando por um visual mais antigo ou mais moderno? Por que você acha que ele fez essa opção?

Resposta possível: Ele opta por um visual mais moderno. Provavelmente porque bonés são muito usados pelos garotos de sua geração.

4)   Ao usar o boné por cima da panela, o que o personagem demonstra? Isso provoca humor no texto?

Resposta possível: Demonstra que mesmo usando um visual novo, ele não deixa de ser quem é, ou seja, afirma sua identidade, colocando o boné sobre a panela.

O humor pode consistir no fato de ele usar o boné sobre a panela.

5)   Em sua opinião, Maluquinho gosta de ser quem é? Por quê?

Resposta pessoal.

 6)   Observe com atenção os gestos e as expressões faciais de Maluquinho nos seus primeiros quadrinhos e responda:

a)   O que as diferentes posições dos braços e das mãos sugerem sobre o personagem?

Sugerem que o personagem está em dúvida sobre alguma coisa.

b)   As expressões faciais do garoto combinam com o que ele está dizendo? Justifiquem sua resposta.

Sim. As expressões faciais mostram que o personagem está refletindo sobre seu visual, pois Maluquinho se observa atentamente no espelho.

7)   Para construir esse texto, o autor usou imagens e palavras. Em sua opinião, se as imagens fossem retiradas, o texto transmitiria as mesmas ideias? Por quê?

             Resposta pessoal.

 8)   Às vezes você também se sente como o Menino Maluquinho? Observando a si mesmo, que conflitos você considera comuns na sua idade? Por quê?

Resposta pessoal.

Fonte: Livro - Tecendo Linguagens - Língua Portuguesa : 6º ano/Tania Amaral Oliveira, Lucy Aparecida Melo Araújo - 5.ed. - Barueri(SP): IBEP, 2018 - p.14/15.