quarta-feira, 3 de fevereiro de 2021

REPORTAGEM: MOTORISTAS DE BATOM CONQUISTAM A URCA - COM GABARITO

 Motoristas de batom conquistam a Urca

Moradores aprovam adoção de mulheres na linha 107

      Batom, lápis nos olhos, brincos. Foi a essa mistura que a empresa Amigos Unidos apelou para contornar as constantes reclamações dos moradores da Urca contra os motoristas da linha 107 (Central-Urca). Há um mês, a empresa removeu sete mulheres de outros trajetos para formar um time de primeira linha. “O público da Urca é muito exigente.” Os passageiros reclamavam que os motoristas homens não paravam no ponto e dirigiam de forma perigosa. “Agora só recebemos elogios”, contou o gerente de Recursos Humanos da empresa, Mario Mattos.

      Elogios que, às vezes, não se limitam ao desempenho profissional. “Hoje (ontem), um homem falou que queria ser o meu volante”, contou a motorista Ana Paula da Silva, 24 anos. Na empresa há três meses, Ana Paula da Silva faz da profissão uma forma de dar carinho a idosos e deficientes – os que mais têm dificuldades para entrar nos ônibus. “Às vezes, levanto para ajudar alguém a descer. Já parei o carro para atravessar a rua com um deficiente visual”, contou.

       Casada com um motorista de ônibus, Márcia Cristina Pereira, 38 anos, diz que 5 10 Unidade 4 Língua Portuguesa 31 não enfrenta dificuldades com os colegas de profissão, ainda que reconheça que, no começo, a desconfiança não foi pequena. “Eles me dão força. Recebo muitos elogios”, disse. Ao contrário de Márcia, a motorista Janaína de Lima, 32 anos, diz que se relaciona bem com todos os colegas, mas acha que já há competição. “Falta muito para os homens se relacionarem bem com os idosos e deficientes”, comparou. Morador da Urca há 25 anos, Ednei Bernardes aprovou a adoção de motoristas mulheres no bairro. “Elas respeitam mais as pessoas e as leis de trânsito”, resumiu.

JB, 23/07/02 – Cidade. C1.

01. Um dos usuários do ônibus concluiu:

 “Elas respeitam muito mais as pessoas e as leis do trânsito. ”Tal afirmativa, no contexto, permite concluir que

(A) as empresas de ônibus preferem os serviços da mulher.

(B) os homens são grosseiros e desrespeitam as lei de trânsito.

(C) os idosos e deficientes passam a receber um tratamento melhor. (D) os homens criam mais problemas com colegas de profissão.

(E) a população da Urca tornou-se exigente no transporte urbano.

TEXTO: TODO PONTO DE VISTA É A VISTA DE UM PONTO - LEONARDO BOFF - COM GABARITO

  Texto: Todo ponto de vista é a vista de um ponto

Ler significa reler e compreender, interpretar. Cada um lê com os olhos que tem. E interpreta a partir de onde os pés pisam. Todo ponto de vista é um ponto. Para entender como alguém lê, é necessário saber como são seus olhos e qual é sua visão de mundo. Isso faz da leitura sempre uma releitura. A cabeça pensa a partir de onde os pés pisam. Para compreender, é essencial conhecer o lugar social de quem olha. Vale dizer: como alguém vive, com quem convive, que experiências tem, em que trabalha, que desejos alimenta, como assume os dramas da vida e da morte e que esperanças o animam. Isso faz da compreensão sempre uma interpretação.

 Boff, Leonardo. A águia e a galinha. 4ª ed. RJ: Sextante, 1999.


01. A expressão “com os olhos que tem” (ℓ.1), no texto, tem o sentido de (A) enfatizar a leitura.

(B) incentivar a leitura.

(C) individualizar a leitura.

(D) priorizar a leitura.

(E) valorizar a leitura.

CRÔNICA: NAMORO - LUÍS FERNANDO VERÍSSIMO - COM GABARITO

 Crônica: Namoro

                   Luís Fernando Veríssimo

 O melhor do namoro, claro, é o ridículo. Vocês dois no telefone:

 - Desliga você.
 - Não, desliga você.
 - Você. 
- Você.
 - Então vamos desligar juntos.
 - Tá. Conta até três
. - Um... Dois... Dois e meio... 
Ridículo agora, porque na hora não era não. Na hora nem os apelidos secretos que vocês tinham um para o outro, lembra? Eram ridículos. Ronron. Suzuca. Alcizanzão. Surusuzuca. Gongonha (Gongonha!) Mamosa. Purupupuca... Não havia coisa melhor do que passar tardes inteiras num sofá, olho no olho, dizendo: 
- As dondozeira ama os dondozeiro?
 - Ama. 
- Mas os dondozeiro ama as dondozeira mais do que as dondozeira ama os dondozeiro.
 - Na-na-não. As dondozeira ama os dondozeiro mais do que, etc. E, entremeando o diálogo, longos beijos, profundos beijos, beijos mais do que de línguas, beijos de amígdalas, beijos catetéricos. Tardes inteiras. Confesse: ridículo só porque nunca mais. 
Depois de ridículo, o melhor do namoro são as brigas. Quem diz que nunca, como quem não quer nada, arquitetou um encontro casual com a ex ou o ex só para ver se ela ou ele está com alguém, ou para fingir que não vê, ou para ver e ignorar, ou para dar um abano amistoso querendo dizer que ela ou ele significa tão pouco que pode até ser amigos, está mentindo. Ah, está mentindo. 
E melhor do que as brigas são as reconciliações. Beijos ainda mais profundos, apelidos ainda mais lamentáveis, vistos de longe. A gente brigava mesmo era para se reconciliar depois, lembra? Oito entre dez namorados transam pela primeira vez fazendo as pazes. Não estou inventando. O IBGE tem as estatísticas.

 Na última briga deles, a Suzana conseguiu fazer chegar aos ouvidos do Alcyr que estava saindo com outro. Um colega do trabalho. E o Alcyr fez a coisa sensata, o que qualquer um de nós faria. Passou a espionar a Suzana escondido. Começou a faltar a sua aula de especialização em ciências contábeis às 6 para ficar atrás de uma carrocinha de pipoca, vendo se a Suzana saía do trabalho com o outro. Rondava a casa da Suzana. Uma noite, uma sexta-feira, pensou ver a Suzana entrar em casa com um homem - e não viu o homem sair da casa.   

    Quatro da manhã e o Alcyr abraçado a uma árvore, tremendo de frio, de olho fixo na porta. Todas as luzes da casa apagadas e o Alcyr pensando, quase chorando: não pode ser, não pode ser. Como é que o seu Amorim e a dona Laurita deixam? Eu, eles botavam na rua às onze e meia. O outro, deixam dormir com a Suzana na sua própria cama. Porque a Suzana só podia estar na cama com o outro. Àquela hora, não podiam estar mais no sofá, ela chamando ele de Dondozeiro. Ou podia? Não podia. Podia, não podia, o Alcyr não se aguentou, pulou a cerca, se agachou sob a janela da Suzana, bateu com o joelho em alguma coisa, gritou, e quando o seu Amorim apareceu na porta dos fundos e perguntou "Quem é que está aí?" tentou imitar um cachorro. Não convenceu ninguém, claro, tanto que, dez minutos depois, estava sentado na mesa da cozinha, tiritando, as calças sujas de barro, tomando o café da dona Laurita com uma mão, e o outro braço em volta da cintura de Suzana. Sim, reconciliados, abraçados, emocionados. Pois Suzana se enternecera com o ciúme do seu Ipsilonezinho. Não havia outro nenhum, ela fora à farmácia com o pai, o homem que ele vira entrar em casa com ela era o seu Amorim, bobo! Mas o que realmente conquistara Suzana fora o ganido do Alcyr, tentando imitar um cachorro. Só um homem muito apaixonado faria um ridículo daqueles. Em dois meses estavam casados.

            Até hoje a Suzana conta a história do Alcyr ganindo no quintal, por mais que ele peça para ela não contar. As crianças já cansaram de ouvir a história, os amigos ouvem um pouco sem jeito. E a Suzana e o Alcyr não se tratam mais por apelidos. Quando fala nele, ela diz "Esse daí". Mas que foi bom, foi.

(VERÍSSIMO, Luís Fernando. Correio Braziliense. 13/06/1999.)

Fonte da imagem - https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiPBxHlTUpn0mrW6I6NM1voIr64xF25FzQ_7sWzTinR0keG-KZdft8-RLUQkvrrg4yRB0Z49Mmd6SAGje4g4hkzLAMC_rQ44lBpuzRCNQW2IzBUyWAIZ09zvC1dFpHly-tcFP0vx2dcXKVG/s1600/namoro.jpg

 Entendendo a Crônica

01.No texto, considera-se que o melhor do namoro é o ridículo associado

A) às brigas por amor. 

B) às mentiras inocentes.
C) às reconciliações felizes. 
D) aos apelidos carinhosos. 
E) aos telefonemas intermináveis.

02. Qual é o tema principal do texto lido? Comprove a sua resposta com um trecho retirado da crônica.

     O tema é as coisas ridículas que dizemos quando estamos enamorados. “...apelidos secretos que vocês tinham um para o outro, lembra? Eram ridículos. Ronron. Suzuca. Alcizanzão. Surusuzuca. Gongonha (Gongonha!) Mamosa. Purupupuca...”

03. O extremo do ridículo, segundo o narrador foi:

a) imitar um cachorro para não ser descoberto.        

c) convidá-la para um chope   

b) abraçar uma árvore.                                        

d) apelidar a pessoa amada.

 

04. O que é, segundo o narrador do texto, melhor que as brigas?

     Melhor do que as brigas são as reconciliações. 

 


ARTIGO: A LÍNGUA ESTÁ VIVA - IVANA TRAVERSIM - COM GABARITO

 A LÍNGUA ESTÁ VIVA

Ivana Traversim

 Na gramática, como muitos sabem e outros nem tanto, existe a exceção da exceção. Isso não quer dizer que vale tudo na hora de falar ou escrever. Há normas sobre as quais não podemos passar, mas existem também as preferências de determinado autor – regras que não são regras, apenas opções. De vez em quando aparece alguém querendo fazer dessas escolhas uma regra.

Geralmente são os que não estão bem inteirados da língua e buscam soluções rápidas nos guias práticos de redação. Nada contra. O problema é julgar inquestionáveis as informações que esses manuais contêm, esquecendo-se de que eles estão, na maioria dos casos, sendo práticos – deixando para as gramáticas a explicação dos fundamentos da língua portuguesa.

Com informação, vocabulário e o auxílio da gramática, você tem plenas condições de escrever um bom texto. Mas, antes de se aventurar, considere quem vai ler o que você escreveu. A galera da faculdade, o pessoal da empresa ou a turma da balada? As linguagens são diferentes.

Afinal, a língua está viva, renovando-se sem parar, circulando em todos os lugares, em todos os momentos do seu dia. Estar antenado, ir no embalo, baixar um arquivo, clicar no ícone – mais que expressões – são maneiras de se inserir num grupo, de socializar-se.

 (Você S/A, jun. 2003.)


 ENTENDENDO O ARTIGO

D8 - Estabelecer relação entre a tese e os argumentos oferecidos para sustentá-las.

 01. (SAEP/PARANÁ) A tese da dinamicidade da língua comprova-se pelo fato de que

(A) as regras gramaticais podem transformar-se em exceção.

(B) a gramática permite que as regras se tornem opções.

(C) a língua se manifesta em variados contextos e situações.

(D) os manuais de redação são práticos para criar ideias.

POEMA: BELÉM DO PARÁ - MANUEL BANDEIRA - COM GABARITO

 Poema - Belém do Pará

                  Manuel Bandeira


 Bembelelém

 Viva Belém!

 Belém do Pará porto moderno integrado na equatorial

 Beleza eterna da paisagem

 

Bembelelém

Viva Belém!

 Cidade pomar

(Obrigou a polícia a classificar um tipo novo de delinquente:

O apedrejador de mangueiras)

 

Bembelelém

Viva Belém!

 Belém do Pará onde as avenidas se chamam Estradas:

Estrada de São Jerônimo

Estrada de Nazaré

Onde a banal Avenida Marechal Deodoro da Fonseca

de todas as cidades do Brasil 

Se chama liricamente

Brasileiramente

Estrada do Generalíssimo Deodoro

 

Bembelelém

Viva Belém! 

Nortista gostosa

Eu te quero bem.

 

Terra da castanha

Terra da borracha

Terra de biribá bacuri sapoti

Terra de fala cheia de nome indígena

Que a gente não sabe se é de fruta pé de pau

ou ave de plumagem bonita. 

 

Nortista gostosa

Eu te quero bem.

 

Me obrigarás a novas saudades

Nunca mais me esquecerei do teu Largo da Sé

Com a fé maciça das duas maravilhosas igrejas barrocas

E o renque ajoelhado de sobradinhos coloniais tão bonitinhos

 

Nunca mais me esquecerei

Das velas encarnadas 

Verdes

Azuis

Da doca de Ver-o-Peso

Nunca mais

 

E foi pra me consolar mais tarde

 

Que inventei esta cantiga: 

 

Bembelelém

Viva Belém!

Nortista gostosa

Eu te quero bem.

 (Belém, 1928)

 Referência:

BANDEIRA, Manuel. Antologia poética. 6. ed. Rio de Janeiro: Sabiá, 1961. p. 75-77.

  Entendendo o poema

 D19 – Reconhecer o efeito de sentido decorrente da exploração de recursos ortográficos e/ou morfossintáticos.

 01. (AV. Goiás) As palavras ―Bembelelém, Belém‖, com repetição de sons semelhantes sugerem

(A) brincadeira com palavras.

(B) evocação do repicar de sinos.

(C) homenagem a Belém do Pará.

(D) leveza da estrutura do poema.

 

 

 

terça-feira, 2 de fevereiro de 2021

MÚSICA(ATIVIDADES): QUERO TE ENCONTRAR - BUCHECHA - COM GABARITO

 Música(Atividades): Quero Te Encontrar


                                                          Buchecha

 

Quando você vem
Pra passar o fim de semana
Eu finjo estar tudo bem
Mesmo duro ou com grana
É que você ignora tudo que eu faço
Depois vai embora
Desatando os nossos laços

Quero te encontrar
Quero te amar
Você pra mim é tudo
Minha terra, meu céu, meu mar
Quero te encontrar
Quero te amar
Você pra mim é tudo
Minha terra, meu céu, meu mar

Quando você vem
Pra passar o fim de semana
Eu finjo estar tudo bem
Mesmo duro ou com grana
É que você ignora tudo que eu faço
Depois vai embora
Desatando os nossos laços

Quero te encontrar
Quero te amar
Você pra mim é tudo
Minha terra, meu céu, meu mar
Quero te encontrar
Quero te amar
Você pra mim é tudo
Minha terra, meu céu, meu mar

É muita ousadia ter que percorrer
O país inteiro pra achar você
Mas tudo que eu faço tem um bom motivo
Linda, eu te amo, vem ficar comigo
Tô alucinado pelo seu olhar
Vou aonde for até te encontrar
Eu te amo demais, você é minha paz
Faz amor gostoso de novo comigo, faz
Faz

Quero te encontrar
Quero te amar
Você pra mim é tudo
Minha terra, meu céu, meu mar
Quero te encontrar
Quero te amar
Você pra mim é tudo
Minha terra, meu céu, meu mar

Quero te encontrar
Quero te amar
Você pra mim é tudo
Minha terra, meu céu, meu mar
Quero te encontrar
Quero te amar
Você pra mim é tudo
Minha terra, meu céu, meu mar

Quero te te encontrar
Quero te te encontrar
Quero te te encontrar
Quero te encontrar

 

Fonte: Disponível em: http://letras.terra.com.br/buchecha/626447/

 

D13 - Identificar as marcas linguísticas que evidenciam o locutor e o interlocutor de um texto.

01. (SEDUC – GO/2012) A frase em que há expressões próprias da gíria é

(A) “Quando você vem...”

(B) “Mesmo duro ou com grana.”

(C) “... Minha terra, meu céu, meu mar.”

(D) “...Desatando os nossos laços.”

D1 – Localizar informações explicitas em um texto

02. No texto “Quero Te Encontrar” o eu-lírico demonstra

(A) fingimento em relação à pessoa que ama.

(B) distanciamento em relação à pessoa que ama.

(C) contentamento em relação à pessoa que ama.

(D) aproximação em relação à pessoa que ama.

TEXTO: MAGIA DAS ÁRVORES - MÁQUI - COM GABARITO

 Texto: Magia das árvores

 Eu já lhe disse que as árvores fazem frutos do nada e isso é a mais pura magia. Pense agora como as árvores são grandes e fortes, velhas e generosas e só pedem em troca um pouquinho de luz, água, ar e terra. É tanto por tão pouco! Quase toda a magia da árvore vem da raiz. Sob a terra, todas as árvores se unem. É como se estivessem de mãos dadas. Você pode aprender muito sobre paciência estudando as raízes. Elas vão penetrando no solo devagarinho, vencendo a resistência mesmo dos solos mais duros. Aos poucos vão crescendo até acharem água. Não erram nunca a direção. Pedi uma vez a um velho pinheiro que me explicasse por que as raízes nunca se enganam quando procuram água e ele me disse que as outras árvores que já acharam água ajudam as que ainda estão procurando.

— E se a árvore estiver plantada sozinha num prado?

— As árvores se comunicam entre si, não importa a distância. Na verdade, nenhuma árvore está sozinha. Ninguém está sozinho. Jamais. Lembre-se disso.

 Máqui. Magia das árvores. São Paulo: FTD, 1992.

 Entendendo o texto

D19 - Reconhecer o efeito de sentido decorrente da exploração de recursos ortográficos e/ou morfossintáticos.

01. (Paraná - 2011) No trecho “Ninguém está sozinho. Jamais. Lembre-se disso”, as frases curtas produzem o efeito de

(A) continuidade.

(B) dúvida.

(C) ênfase.

(D) hesitação.

D2 - Estabelecer relações entre partes de um texto, identificando repetições ou substituições que contribuem para a continuidade de um texto.

02. (Salto - 2013) No trecho, ―Você pode aprender muito sobre paciência estudando as raízes. Elas vão penetrando no solo devagarinho, vencendo a resistência mesmo dos solos mais duros‖, o termo destacado refere-se a

(A) árvores.

(B) raízes.

(C) mãos.

(D) velhas.