quinta-feira, 19 de setembro de 2019

MÚSICA(ATIVIDADES): PEDRO PEDREIRO - CHICO BUARQUE - COM GABARITO

Música(Atividades): Pedro Pedreiro
           
   Chico Buarque

Pedro pedreiro penseiro esperando o trem
Manhã parece, carece de esperar também
Para o bem de quem tem bem de quem não tem vintém
Pedro pedreiro fica assim pensando

Assim pensando o tempo passa e a gente vai ficando prá trás
Esperando, esperando, esperando
Esperando o sol, esperando o trem
Esperando aumento desde o ano passado para o mês que vem

Pedro pedreiro penseiro esperando o trem
Manhã parece, carece de esperar também
Para o bem de quem tem bem de quem não tem vintém
Pedro pedreiro espera o carnaval

E a sorte grande do bilhete pela federal todo mês
Esperando, esperando, esperando, esperando o sol
Esperando o trem, esperando aumento para o mês que vem
Esperando a festa, esperando a sorte
E a mulher de Pedro, esperando um filho prá esperar também

Pedro pedreiro penseiro esperando o trem
Manhã parece, carece de esperar também
Para o bem de quem tem bem de quem não tem vintém

Pedro pedreiro tá esperando a morte
Ou esperando o dia de voltar pro Norte
Pedro não sabe mas talvez no fundo
Espere alguma coisa mais linda que o mundo

Maior do que o mar, mas prá que sonhar se dá
O desespero de esperar demais
Pedro pedreiro quer voltar atrás
Quer ser pedreiro pobre e nada mais, sem ficar

Esperando, esperando, esperando
Esperando o sol, esperando o trem
Esperando aumento para o mês que vem
Esperando um filho prá esperar também

Esperando a festa, esperando a sorte
Esperando a morte, esperando o Norte
Esperando o dia de esperar ninguém
Esperando enfim, nada mais além
Da esperança aflita, bendita, infinita do apito de um trem

Pedro pedreiro pedreiro esperando
Pedro pedreiro pedreiro esperando
Pedro pedreiro pedreiro esperando o trem

Que já vem
Que já vem
Que já vem
Que já vem
Que já vem
Que já vem.
                                                 Composição: Chico Buarque
Entendendo a canção:

01 – Por que o eu lírico chama Pedro de “Pedro pedreiro penseiro”?
      Porque, enquanto espera o trem, Pedro pensa nas dificuldade do cotidiano.

02 – Leia os versos em voz alta, prestando atenção aos sons que se repetem. Se for preciso, leia-o mais de uma vez.
      Professor, atividade procedimental.

03 – Que sons de consoante predominam nesses versos?
      O som das consoantes p (principalmente), d e t.

04 – Que sons de vogal predominam?
      Predomina o e. Embora, os sons nasais en (penseiro, aumento, etc.) e an (manhã, pensando, etc.) também se repetem.

05 – Qual a relação entre esses sons e o assunto da canção?
      Essas repetições impõem um ritmo à leitura dos versos que faz com que eles lembrem o som do trem em movimento.

06 - A repetição presente na construção da canção é um recurso importantíssimo utilizado pelo compositor para nos dar a sensação da espera angustiada de “Pedro”. Esse recurso também reforça a ideia da imobilidade de uma personagem sem perspectivas e contribui para a musicalidade. Além dessa repetição, que outros recursos sonoros semelhantes àqueles explorados na poesia simbolista Chico Buarque utilizou nesta canção?
Além da repetição de fonemas durante toda a canção nos ajuda a visualizar a agonia da espera da personagem. A anáfora feita com a palavra “espera” no início de muitas estrofes reforça essa agonia. Buarque também utilizou a onomatopeia, ao reproduzir o barulho do trem que Pedro Pedreiro espera: “que já vem, que já vem, que já vem...”

 7 - Dê a função sintática dos termos em destaque nos versos da canção de Chico Buarque que seguem abaixo:

 a) “Pedro pedreiro penseiro esperando o trem”
 b) “Ou esperando o dia de voltar pro Norte

a) As duas palavras em destaque funcionam com adjunto adnominal do substantivo (sujeito) Pedro. Os termos “pedreiro” e “penseiro” acompanham o sujeito dando a ele uma adjetivação.

b) Adjunto adverbial, pois modifica o verbo “voltar”, dando-lhe uma circunstância de lugar.

8 - Leia o trecho da música “Pedro pedreiro”, de Chico Buarque:
Pedro pedreiro penseiro esperando o trem
Manhã parece, carece de esperar também
Para o bem de quem tem bem de quem não tem vintém
Pedro pedreiro fica assim pensando […]

No trecho lido, há uma palavra que destoa do vocabulário formal. A palavra penseiro pode ser classificada como:

a) figura de linguagem.
b) figura de sintaxe ou figura de construção.
c) neologismo.
d) onomatopeia.
e) hibridismo.


POESIA: CANTIGA DE AMOR - PAIO SOARES DE TAVEIRÓS - COM GABARITO

Poesia: Cantiga de amor
      
        Paio Soares de Taveirós

Como morreu quen nunca ben
houve da ren que máis amou,
e quen viu quanto receou
dela, e foi morto por én:
     ai mia senhor, assí moir'eu!

Como morreu quen foi amar
quen lhe nunca quis ben fazer,
e de quen lhe fez Deus veer
de que foi morto con pesar:
     ai mia senhor, assí moir'eu!

Com'home que ensandeceu,
senhor, con gran pesar que viu,
e non foi ledo nen dormiu
depois, mia senhor, e morreu:
     ai mia senhor, assí moir'eu!

Como morreu quen amou tal
dona que lhe nunca fez ben,
e quen a viu levar a quen
a non valía, nen a val:
     ai mia senhor, assí moir'eu!

Como morreu quem nunca amar
se faz pela coisa que mais amou,
e quanto dela receou
sofreu, morrendo de pesar,
ai, minha senhora, assim morro eu.

Como morreu quem foi amar
quem nunca bem lhe quis fazer,
e de quem Deus lhe fez saber
que a morte havia de alcançar,
ai, minha senhora, assim morro eu.

Igual ao homem que endoideceu
com a grande mágoa que sentiu,
senhora, e nunca mais dormiu,
perdeu a paz, depois morreu,
ai, minha senhora, assim morro eu.

Como morreu quem amou tal
mulher que nunca lhe quis bem
e a viu levada por alguém
que a não valia nem a vale,
ai, minha senhora, assim morro eu.

TAVEIRÓS, Paio Soares de. “Cantiga de amor”. In: CORREIA, Natália. Cantares dos trovadores. 2. ed. Lisboa, Editorial Estampa, 1978. p. 56-7.
Fonte: Livro- Português – Série – Novo Ensino Médio – Vol. único. Ed. Ática – 2000- p. 102-3.

Entendendo a poesia:
01 – Que tipo de sentimento é exteriorizado nos versos “Como morreu quen nunca bem / houve da ren que máis amou”?
      Amor não correspondido.

02 – Que expressão de tratamento demonstra a posição de vassalagem (submissão) do trovador em relação à mulher amada?
      “Minha senhora”.

03 – Na terceira estrofe, o poeta assinala as consequências de um amor não correspondido. Quais são elas?
      A loucura, a grande mágoa, a insônia, a perda da paz e a morte.

04 – Em cada uma das estrofes o trovador descreve fatos que levaram quatro homens à morte. Que fatos antecederam a morte de cada um deles?
      O primeiro não se faz amar pela coisa que mais amou; o segundo amou quem não lhe queria bem; o terceiro enlouqueceu com a grande mágoa que sentiu; o quarto viu sua amada ser levada por alguém que não a merecia.



POEMA: A CRISTO N.S. CRUCIFICADO, ESTANDO O POETA NA ÚLTIMA HORA DE SUA VIDA - GREGÓRIO DE MATTOS E GUERRA - COM GABARITO


Poema: A CRISTO N. S. CRUCIFICADO, estando o poeta na última hora de sua vida
          
     Gregório de Mattos e Guerra

Meu Deus, que estais pendente de um madeiro,
Em cuja lei protesto de viver,
Em cuja santa lei hei de morrer,
Animoso, constante, firme e inteiro:

Neste lance, por ser o derradeiro,
Pois vejo a minha vida anoitecer;
É, meu Jesus, a hora de se ver
A brandura de um Pai, manso Cordeiro.

Mui grande é o vosso amor e o meu delito;
Porém pode ter fim todo o pecar,
E não o vosso amor que é infinito.

Esta razão me obriga a confiar,
Que, por mais que pequei, neste conflito
Espero em vosso amor de me salvar.

                    Gregório de Mattos. “A Cristo Senhor Nosso...”. In: AMADO, James. Obras completas de Gregório de Mattos. Bahia, Janaína, 1969. v. l, p. 47.
Fonte: Livro- Português – Série – Novo Ensino Médio – Vol. único. Ed. Ática – 2000- p. 148-9.

Entendendo o poema:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:
  • Madeiro: Cruz.
  • Protesto: Prometo.
  • Animoso: Amoroso.
  • Inteiro: Resoluto, decidido.
02 – Por que o poeta se mostra confiante em obter o perdão divino? Em que estrofe ele justifica a sua confiança?
      Porque o amor divino é infinito.

03 – Que diferença o poeta mostra entre o pecado humano e o amor divino?
      O pecado humano é finito e o amor divino é infinito.

04 – A antítese é uma das figuras predominantes no estilo Barroco, revelando os conflitos. Copie as antíteses que se encontram no poema.
      “Em cuja lei protesto de viver / Em cuja santa lei hei de morrer”; “porém pode ter fim todo o pecar, /e não o vosso amor, que é infinito.”

05 – Há duas entidades no poema: a divina (Cristo) e a humana (o poeta). Quais são as doutrinas que se associam a esta oposição, uma medieval e a outra renascentista?
      O teocentrismo e o antropocentrismo.



CONTO: DEMETER E PERSÉFONE - CLAUDE POUZADOUX - COM QUESTÕES GABARITADAS

CONTO: Demeter e Perséfone


      Hades aproveitou um dia em que Perséfone passeava sozinha. Quando ela se inclinou para aspirar o perfume de uma flor, a terra tremeu com grande estrondo. Uma falha se abriu bruscamente, e dela surgiu o deus do Inferno, num carro puxado por quatro cavalos negros. A jovem nem teve tempo de se recuperar do susto, porque ele a agarrou pela cintura e a levou consigo. O carro sumiu tão depressa quanto tinha aparecido, e a brecha se fechou atrás deles.
          Os gritos desesperados de Perséfone foram ouvidos por sua mãe, Deméter. Ela acudiu, mas tarde demais. Nada assinalava a passagem do deus. Somente o ar agitado conservava o vestígio dessa aparição súbita, e as flores caídas atestavam silenciosas uma agitação recente.
         Apavorada, a pobre mãe não sabia mais aonde ia. Errava pelo lugar, esquecendo seus deveres para com os homens. Normalmente, sua função de deusa da colheita, do trigo e de todas as plantas lhe impunha vigiar a produção agrícola. Na ausência de Deméter, o trigo se recusou a germinar, as plantas cessaram de crescer, e a terra inteira se tornou estéril. Então os deuses resolveram intervir.
         O Sol, que tudo viu, revelou a Deméter onde estava sua filha. A princípio ela ficou aliviada por Perséfone estar viva, mas quando soube quem a detinha, exigiu que Zeus obtivesse sua libertação.
"Entendo sua dor de mãe", o deus lhe respondeu. "Intercederei por você junto a Hades. Ele vai devolver sua filha, ou não me chamo Zeus!"
         Mas Hades se negou a deixar a doce companheira partir. Deméter decidiu então abandonar suas funções. Pouco lhe importava como os deuses e os mortais viveriam sem ela. Ela também não podia viver sem a filha. Assumiu o aspecto de uma velhinha e se exilou voluntariamente na terra.
         Iniciou-se então um período cruel para os homens. De novo o solo secou, e a fome ameaçou a espécie humana. Essa situação não podia mais persistir. Os deuses se reuniram no palácio de Zeus e concordaram em persuadir Hades a devolver Perséfone à mãe. Zeus tomou a palavra:
         "Caro irmão, você é o soberano do reino subterrâneo. Como tal, age de acordo com a sua vontade, contanto que não se meta neste mundo. Ora, desde que você reteve Perséfone, sua mãe recusa alimento aos mortais. Pela mesma razão, os sacrifícios se fazem raros. Você não pode deixar essa situação se agravar. Devolva a moça!"
         "Está bem!", disse o deus esperto. "Mas antes preciso verificar se ela não comeu ou bebeu alguma coisa durante sua estada, senão ela não pode mais voltar à terra. E a lei."
         Interrogada, Perséfone respondeu com candura que tinha experimentado as sementes de uma romã. Hades exultou. Mas acabaram fazendo um trato: Deméter teve que aceitar que sua filha permanecesse três meses ao lado de Hades e subisse para ficar com ela o resto do ano.
        Assim é que, durante três meses, a terra se entristece, junto com Deméter, pela ausência de Perséfone. E o inverno, e o solo se torna improdutivo. Logo que a moça volta, a vida renasce, e a natureza inteira festeja o encontro entre mãe e filha. Somente Hades acha demorada essa primavera que o separa de sua companheira.

POUZADOUX, Claude. Contos e lendas da mitologia grega. São Paulo, Cia. das Letras, 2001, p. 77-80.
Fonte: Livro – Português – 5ª Série – Linguagem Nova – Faraco & Moura – Ed.Ática -  2002 – p. 74 a 78.

Estudo do texto
1)   O texto lido é uma história retirada da mitologia. Esse texto estaria adequado num livro de Ciências ou de Geografia como explicação científica para a sucessão de estações do ano? Por quê?
Não. Trata-se de um texto ficcional, inadequado a uma explicação científica dos fatos.

2)   Raptos são frequentes na mitologia.
Pesquise e responda. Que pena a lei brasileira prevê para o crime de rapto?
O art. 219 do Código Penal cuidava do crime de “rapto violento ou mediante fraude”.
Conforme a narração típica, configurava referido crime: “Raptar mulher honesta, mediante violência, grave ameaça ou fraude, para fim libidinoso”. A pena era de reclusão, de dois a quatro anos.
A nova lei aboliu a expressão “mulher honesta” do Código Penal e também cuidou de acrescentar, entre outras regras já analisadas, o inciso V ao §1º do art. 148, com a seguinte redação: “Se o crime é praticado com fins libidinosos”.
O art. 148 tipifica o crime de sequestro ou cárcere privado, contendo formas qualificadas no § 1º, sendo estas punidas com reclusão, de dois a cinco anos.
3)   ... a terra tremeu com grande estrondo. Uma falha se abriu... Você sabe explicar como acontece um terremoto?
A “casca” da Terra (a litosfera) é formada por placas que se movimentam alguns centímetros por ano. Quando esse movimento atinge o limite de resistência das rochas, ocorre uma ruptura. O movimento repentino dos blocos de cada lado dessa ruptura gera vibrações que se propagam em todas as direções. Os terremotos ocorrem mais frequentemente no contato entre duas placas litosféricas, mas podem ocorrer no interior de uma delas, sem que a ruptura atinja a superfície.
4)   Na mitologia romana, a deusa que representa a agricultura é Ceres. Que palavra, em português, relaciona-se com o nome dessa deusa?
Cereal.             
5)   “Você não pode deixar essa situação se agravar. Devolva a moça!”
a)   Que entonação Zeus certamente utilizou ao dizer a frase destacada?
Tom de ordem.
b)   Reescreva a frase para que seja lida como um pedido.
“por favor”, “por obséquio”, etc.






terça-feira, 17 de setembro de 2019

SONETO: DE QUANTAS GRAÇAS TINHA, A NATUREZA - LUIZ VAZ DE CAMÕES - COM GABARITO

Soneto: De quantas graças tinha, a Natureza
           
   Luiz Vaz de Camões

De quantas graças tinha, a Natureza
Fez um belo e riquíssimo tesouro,
E com rubis e rosas, neve e ouro,
Formou sublime e angélica beleza.

Pôs na boca os rubis, e na pureza
Do belo rosto as rosas, por quem mouro;
No cabelo o valor do metal louro;
No peito a neve em que a alma tenho acesa.

Mas nos olhos mostrou quanto podia,
E fez deles um sol, onde se apura
A luz mais clara que a do claro dia.

Enfim, Senhora, em vossa compostura
Ela a apurar chegou quanto sabia
De ouro, rosas, rubis, neve e luz pura.

Luís Vaz de Camões. “Soneto”. In: Obra completa. Rio de Janeiro, Aguilar, 1963. p. 530.
Fonte: Livro- Português – Série – Novo Ensino Médio – Vol. único. Ed. Ática – 2000- p. 124-5.

Entendendo o soneto:

01 – Com relação ao número de estrofes e de versos, como está estruturado o soneto de Camões?
      Em quatro estrofes: 02 quartetos e 02 tercetos.

02 – Identifique os elementos da Natureza presentes nesse soneto.
      Rubis, neve, ouro/metal louro; rosas; boca, rosto, cabelo, peito, olhos; sol / luz.

03 – O soneto camoniano pertence a que gênero literário?
      Gênero lírico.

04 – Segundo Platão, devemos amar mais a beleza espiritual do que a material. Camões descreve-nos a mulher revestida por uma luminosidade espiritual, idealizando-a. Que versos do soneto melhor exemplificam esta afirmação?
      “Formou sublime e angélica beleza”; “A luz mais clara que a do claro dia”.

05 – O poeta buscou no mundo natural os elementos que serviram como termos de comparação na descrição da mulher amada. Que característica da estética clássica revela-se nessas comparações?
      A harmonia entre o ser humano e a natureza.

06 – Como é chamado o movimento de grande transformação política, econômica e cultural que assinala o início dos tempos modernos?
      Renascimento.


CRÔNICA: BARROCO, ALMA DO BRASIL - AFFONSO ROMANO DE SANT'ANNA - COM GABARITO -

Crônica: Barroco, Alma do Brasil
           
 Affonso Romano de Sant’Anna

        Já se disse airosamente que o futebol brasileiro, com suas improvisações e dribles surpreendentes, teria algo a ver com o Barroco. As pernas tortas de Garrincha, a instabilidade que provocava no adversário, o improviso rápido e fulminante de Pelé ou as circunvoluções de Tostão marcaria um tipo de jogo oposto ao futebol-força praticado modernamente. Mas a encenação que, resumindo a alma brasileira, reúne espetacularmente as contradições barrocas é o desfile do carnaval na avenida.
        O carnaval carioca, congregando esculturas populares, música e dança, constitui-se numa ópera barroca e popular, numa grande procissão profana, numa exibição do triunfo da premonição dionisíaca e apocalíptica de que ‘‘tudo vai acabar na quarta-feira.’’
        Se fizéssemos uma coleta das afirmativas e alusões feitas nos últimos anos sobre a alma brasileira e o barroco seria um não acabar. (...) Roger Bastide, que veio ao Brasil dar uns cursos e acabou passando aqui a maior parte de sua vida, via em nossas florestas a continuação dos templos barrocos.
                            Affonso Romano de Sant’Anna. “Barroco, alma do Brasil”. Rio de Janeiro, Bradesco Seguros / Comunicação Máxima, 1997. p. 202.
Fonte: Livro- Português – Série – Novo Ensino Médio – Vol. único. Ed. Ática – 2000- p. 140-1.

Entendendo a crônica:

01 – De acordo com a crônica, qual o significado das palavras abaixo:
·        Airoso: Gentil, honroso.

·        Circunvolução: Movimento à volt de um centro; contorno sinuoso; saliência ondulada; voltas da coluna torcida.

·        Congregar: Reunir.

·        Profana: O que não é sagrado ou é contrário ao respeito devido às coisas sagradas.

·        Memento Mori: ‘‘lembra-te de que deves morrer’’.

·        Premonição: Aviso, pressentimento.

·        Dionisíaco: Cuja natureza é semelhante ao deus grego da alegria e do vinho.

02 – Para caracterizar a alma barroca do Brasil, o cronista utiliza algumas comparações que aproximam o futebol da arte barroca. Escreva em seu caderno as correlações que ele estabelece entre os fatos futebolísticos a seguir e o Barroco.
a)   A instabilidade que Garrincha provoca nos adversários.
Ao contrário da arte renascentista, o Barroco reflete os conflitos, a desarmonia e o desequilíbrio da época.

b)   As circunvoluções de Tostão.
A arquitetura barroca caracteriza-se pela profusão de formas e ornamentos; nos textos, a ordem inversa torna o discurso suntuoso.

03 – Ao referir-se às pernas tortas de Garrincha, o cronista também realiza uma associação com a arquitetura barroca. Veja a foto de um chafariz e explique esta associação.
      O chafariz possui ornamentos curvos, sinuosos.

04 – O Barroco é fruto da tentativa de conciliação entre o espiritualismo medieval (teocêntrico) e o humanismo renascentista (antropocêntrico), do que resultou o chamado “jogo dos” e a profusão de antíteses e paradoxos. Para o cronista, de que maneira este elemento estaria presente na alma brasileira?
      Através do carnaval.

05 – “A vida é passageira”, dizia o homem barroco. Essa consciência da transitoriedade da vida, relacionada à presença da morte e da degradação física e moral é outra característica do Barroco. Que verso citado pelo cronista retoma a ideia da frase latina “lembra-te de que deves morrer”, justificando assim a tolerância aos excessos do carnaval?
      “Tudo vai acabar na quarta-feira”.


POEMA: INVENÇÃO DE ORFEU -JORGE DE LIMA - COM QUESTÕES GABARITADAS

Poema: Invenção de Orfeu
          
   Jorge de Lima – Canto VIII (Fragmento)

Era uma vez um povo de marujos
que quis passar às Índias impossíveis,
dobrando cabos, moçambiques, bacos,
nadando em Áfricas desertas e armadilhas.
Ó herança em meu sangue devastada!
Ó piloto afogado, ó rei sem nau!
[...]
Amo-te “idioma-vasco”, sempre ouvido
no clima dessas quíloas afogadas,
esses mares antigos navegados,
escorbutos comendo a língua viva,
sebastianismos vendo irreais reinos,
essa linguagem toda, minha fala.

                                       LIMA, Jorge de. “Invenção de Orfeu”. In: Poesias completas. Rio de Janeiro, Aguilar, 1974. v. 3. p. 203.
Fonte: Livro- Português – Série – Novo Ensino Médio – Vol. único. Ed. Ática – 2000- p.120-1.

Entendendo o poema:

01 – De acordo com o poema, qual o significado das palavras abaixo:

·        Bacos: Referência a Baco, Deus do vinho.

·        Escorbuto: Doença causada pela carência de vitamina C, caracterizada por hemorragias e queda dos dentes.

·        Orfeu: Personagem mitológica; poeta.

·        Quíloas: Referente a Quíloa, cidade situado em uma ilha da costa do Zanzibar, no oceano Índico.

·        Sebastianismo: Referente a D. Sebastião, rei de Portugal.

02 – Em que verso da primeira estrofe o poeta expressa a forte influência da cultura portuguesa em nossa formação? Transcreva-o.
      No 5° verso: “Ó herança em meu sangue devastada!”

03 – O poeta narra feitos humanos ou divinos?
      Feitos humanos.

04 – Por que o poeta se refere à nossa língua como “idioma-vasco”?
      Porque a língua portuguesa era o idioma de Vasco da Gama.