sábado, 3 de fevereiro de 2018

TEXTO: CRIANÇA E ESCOLA - COM INTERPRETAÇÃO/GABARITO

Texto: CRIANÇA E ESCOLA


     É preciso oferecer aos educandos condições para que eles permaneçam na escola até a conclusão, pelo menos, do ensino fundamental.
  Todo e qualquer esforço despendido no sentido de ampliar e qualificar o sistema nacional de educação, além de suas virtudes evidentes, responde a uma necessidade inadiável dos novos tempos, que colocam o conhecimento a consciência da cidadania ativa como premissas para que qualquer sociedade possa acompanha-los com sucesso. Trata-se de uma questão de justiça reconhecer que, neste sentido, o Brasil conseguiu em anos recentes superar diversos obstáculos históricos, que o colocavam em uma posição desfavorável no cotejo com outros países do Continente. Assim foi que na prática, há dois anos o país conseguiu universalizar o ensino básico, cumprindo um preceito inscrito na Constituição, que assegura a todas as crianças, na faixa etária dos 7 aos 14 anos, o acesso à escola pública e gratuita. Foi resgatada uma dívida com o futuro da nação e da sua infância. Trata-se de uma vitória que merece ser festejada. Mas nem por isso ela é completa.
         Não basta apenas garantir a escola para as crianças, é preciso também oferecer aos educandos condições para que eles permaneçam na escola até a conclusão, pelo menos, do ensino fundamental. A média de escolaridade dos brasileiros é de apenas cinco, sete anos, enquanto atinge oito anos em países como o Uruguai, Argentina e Chile, e sobe para dez anos nos países industrializados. Entre os motivos deste baixo desempenho avulta a evasão escolar, cujas causas são socioeconômicas e se ligam diretamente à perversa exclusão social a que é submetida parcela majoritária da população.
         Santa Catarina, que pode se orgulhar da qualidade eficiência de seu sistema educacional, cujos padrões sempre estiverem à frente da média nacional, também ressente-se da evasão escolar. De cada 100 crianças que se matriculam na primeira série do ensino fundamental, apenas 46 concluem a oitava. Os números do Estado servem para avaliar a extensão nacional do problema, que agora começa a ser encarado de frente por meio de várias iniciativas como o Programa Bolsa-Escola do governo federal, que este ano vai investir R$ 1,7 bilhão para manter nas salas de aula 10,7 milhões de crianças no país, e o Programa Estadual de Combate à Evasão Escolar em Santa Catarina, que soma os esforços das famílias, das escolas e das promotorias da Infância e Juventude do Ministério Público. São iniciativas que merecem aplauso e todo o apoio da sociedade no seu papel fiscalizador e no exercício da cidadania ativa.

                                            Jornal de Santa Catarina, 12 maio 2001.

Entendendo o texto:

01 – Segundo o texto, qual é a atual situação das crianças que cursam o ensino fundamental nas escolas públicas, no Brasil?
       Muitas crianças começam a cursar a primeira série do ensino fundamental, matriculam-se, mas não tem condições de concluir a oitava série, por falta de recursos.

02 – Que avanço o país conquistou há dois anos segundo o texto?
       Procurou-se assegurar que qualquer criança de sete aos quatorze anos tenha seu estudo garantido nas escolas públicas, com inteira gratuidade.

03 – Apesar dessas medidas, por que a média de escolaridade no Brasil ainda é inferior a de outros países como o Chile, a Argentina e o Uruguai e, sobretudo, em relação aos países industrializados?
       Ainda ocorre uma grande evasão escolar.

04 – Por que Santa Catarina se tornou um exemplo para os outros estados, no que se refere à Educação?
       Santa Catarina conquistou padrões de qualidade na educação Superiores à média nacional.



TEXTO: JAPONESES NA AMAZÔNIA - JOÃO DANGELO - COM INTERPRETAÇÃO/GABARITO

Texto: Japoneses na Amazônia

          A saga nipônica na imensidão verde, em prosa poética.

        O que os arrasta a essa aventura insana, arrancando raízes do seu chão de origem para alçar-se em voo temerário e fincar os pés em solo estranho e ignaro? O Sonho.
        O que motiva sua ambição e esperança e os faz achar que está além do além o que procuram? O Sonho.

        O que os faz abandonar a ilha estreita para perder-se na largueza e vastidão do verde, trocando o sal do mar pela doçura dos rios? O Sonho.
        O que os alimenta quando falta tudo? O que os faz resistir quando o corpo esmorece pela fadiga e pela doença? O que os impede a prosseguir, quando o solo recusa suas sementes, os interesses aviltam o preço pago pelo fruto de seu trabalho, a saudade da terra distante os invade e instala-se o enorme vazio da desesperança? O Sonho.
        Por que, então, decidem-se, preparam-se e vão-se? Porque sonhar é preciso?
        Não fossem eles os filhos do sol nascente.
        O recenseamento brasileiro de 1875 registrava um japonês na Amazônia.
        Por um largo período de tempo, entre 1929 e os dias atuais, os imigrantes japoneses na Amazônia isolaram-se culturalmente.
        Só a partir de 1960 a prosperidade permitiu o desenvolvimento de atividades culturais e, mais tarde, a relativa integração sócio cultural na sociedade brasileira, a presença dos filhos na universidade, o intercâmbio de valores espirituais e até a miscigenação.
        Mas o que teriam em comum povos tão diferentes, nascidos nos extremos do mundo, frutos de civilizações tão radicalmente diferentes? Os japoneses, de cultura e tradição milenares, desenvolvidas dentro de um isolamento sem precedentes, forjaram uma sociedade peculiar dentro de uma concentração humana asfixiante. Tendo exaurido seus recursos naturais, era imperativo que fizessem da natureza motivo de veneração e respeito; um objeto de arte. Já os brasileiros, mistura liberal de raças de três continentes, de larga influência cultural africana e indígena, disseminaram-se em vastíssimo território, boa parte vivendo na imensidão de floresta e água, onde construíram uma cultura em estreito contato com a natureza.
        É certo, nada tão diferente quanto o bonsai e a castanheira, o delicado ikebana e os gigantescos troncos de cedro, de mogno, de acapu. No entanto, índios e caboclos amazonenses ostentam traços orientais em suas feições: diz-se que têm a mesma origem. Festas populares dos dois povos guardam estranhas semelhanças; no período do Quarup, índios xavantes ensaiam um sumô brasileiro no centro de suas tabas; cerâmicas primitivas, nos dois países, parecem ter saído do mesmo toque, armas indígenas, artesanato e até mesmo comidas típicas assemelham-se no seu aspecto. Afinal, o que se cria, em qualquer parte, é feito por mãos humanas.
        O mundo é grande e pequeno ao mesmo tempo.

                                                                                     João Dangelo.
                                  Extraído do livro O Sol nascente na Amazônia.
                                             Produzido por: Alsiás, São Paulo, 1997.

Entendendo o texto:
01 – O que o autor quer dizer na frase: “arrancando raízes do seu chão de origem para alçar-se em voo temerário e fincar os pés em solo estranho e ignaro?”
      No texto refere-se, ao sonho dos japoneses, em sair do país de origem e tentar uma nova vida no Brasil.

02 – O que faz eles abandonarem a ilha estreita para perder-se na largueza e vastidão do verde?
      O Sonho, de ter uma vida melhor, e poder aplicar todo seu conhecimento, uma vez que aqui possui muita terra a disposição.

03 – Quais os problemas encontrados pelos imigrantes?
      As doenças, o cansaço, a dificuldade no trabalho, a saudade dos familiares e da terra natal; mas, nada atrapalha O Sonho deles.

04 – Por que, então, decidem-se, preparam-se e vão?
      Porque sonhar é preciso. É o que move o ser humano.

05 – A partir d que ano permitiu o desenvolvimento de atividades culturais e a integração sócio cultural?
      A partir de 1960, a presença dos filhos nas Universidades, o intercâmbio de valores espirituais e até a miscigenação.

06 – O que teriam em comum povos tão diferentes, nascidos nos extremos do mundo?
      Os japoneses, de cultura e tradição milenares, desenvolvidas dentro de um isolamento sem precedentes, forjaram uma sociedade peculiar dentro de uma concentração humana asfixiante. Tendo exaurido seus recursos naturais, era imperativo que fizessem da natureza motivo de veneração e respeito; um objeto de arte. Já os brasileiros, mistura liberal de raças de três continentes, de larga influência cultural africana e indígena, disseminaram-se em vastíssimo território, boa parte vivendo na imensidão de floresta e água, onde construíram uma cultura em estreito contato com a natureza.

07 – Quais os povos brasileiros, que apresentam traços orientais em suas feições?
      São os Índios e os caboclos.

08 – No texto há comparações entre as árvores brasileiras e as japonesas, quais são?
·        Bonsai – Castanheira.
·        Ikebana – Cedro, Mogno e acapu.

09 – Por que o autor diz que o mundo é grande e pequeno ao mesmo tempo?
      Porque embora as distâncias sejam enormes, mas os costumes e as culturas são semelhantes. Como se fosse herança de um povo para outro.

10 – Qual o título do texto? E qual é o subtítulo?
      Japoneses na Amazônia. E o subtítulo é A saga nipônica na imensidão verde, em prosa poética.


FÁBULA: O HOMEM QUE INVENTOU A RODA - MOACYR SCLIAR - COM GABARITO

FÁBULA: O HOMEM QUE INVENTOU A RODA
                   MOACYR SCLIAR

    Primeiro foram os operários menos especializados, depois os mais especializados, e por fim chegou a vez dos executivos: Helmuth Mayer foi despedido da fábrica de automóveis onde trabalhava. Tratava-se de um administrador competente e criativo, mas, como disse o diretor, era necessário provar que nem mesmo os altos escalões estavam imunes e assim mandaram-no embora. 

        Ao receber a notícia de sua demissão Helmuth Mayer não disse nada. Entrou em seu carro, ligou a máquina e tomou o rumo de casa...
        Tomou o rumo de casa, mas não chegou lá. No caminho aconteceu-lhe uma coisa muito estranha. Deteve-se numa esquina e de repente esqueceu que marcha tinha de engatar para arrancar. Pior: nem sabia para que servia a alavanca de câmbio, nem o volante, nada. Um caso de amnésia traumática, naturalmente, mas Helmuth Mayer não sabia que isso existia, ou se sabia, tinha esquecido também. Tinha esquecido tudo. Não se sentia mal por causa desta situação: um pouco esquisito, apenas. Mas alegre, como se tivesse bebido algo delicioso e inebriante. Buzinavam furiosamente atrás dele. Não deu importância aos vociferantes motoristas: abriu a porta do carro e saiu andando, sem destino. Lá pelas tantas deu-se conta de que carregava sua pasta de executivo; mas como tal objeto já não lhe significava nada, e era pesado, jogou-o fora. E também se desfez do paletó e da gravata, porque fazia calor.
        Caminhando sempre, chegou ao limite da cidade, embrenhou-se pelo mato e foi indo, até que já não avistava nenhum vestígio da civilização. Naquela noite, dormiu ao relento. No dia seguinte, livrou-se das roupas; sentia-se melhor sem elas. Teve fome; movido por puro instinto, comeu umas frutinhas, aliás muito gostosas. E movido por este instinto foi sobrevivendo. Nos dias que se seguiram aprenderia a pescar e a caçar e até a plantar alguma coisa. A família procurou-o desesperada, mobilizando polícia, amigos, detetives particulares. Não o encontrando, concluíram que se tinha suicidado e desistiram de procurá-lo. Com o tempo, todos acabaram por esquecê-lo.
        Helmuth, entretanto, vivia feliz. Ele não sabia que era feliz, porque tinha esquecido o significado desta palavra, de todas as palavras, mas era feliz. 
        Até que um dia fez uma roda.
        Isso mesmo: trabalhando com seu machado de pedra num tronco roliço, fez uma roda. Não sabia que aquilo se chamava roda, mas gostou da coisa porque rodava. Aí lhe ocorreu fazer um orifício na roda e colocar um eixo. Um pouco mais adiante já tinha as quatro rodas, estava pensando no chassi e no motor. E de repente se lembrava do nome das coisas: roda, chassi, motor.
        Foi então que começou a desconfiar que aquela coisa podia não dar certo. Mas agora ia adiante. Já que tinha começado ia adiante. E ficou pensando em quem botaria na rua quando tivesse sua fábrica de automóveis.
                                 
                                                                                     Moacyr Scliar             
                          Folha de S. Paulo, domingo, 4 de outubro de 1981

Entendendo o texto:
01 – Primeiro foram os operários menos especializados, depois os mais especializados, e por fim chegou a vez dos executivos: Helmuth Mayer foi despedido a fábrica de automóveis onde trabalhou. Tratava-se de um administrador competente e criativo, mas, como disse o diretor, era necessário provar que nem mesmo os altos escalões estavam imunes e assim mandaram-no embora.
        O tópico frasal é a ideia central do parágrafo. Podemos identificar o tipo do tópico frasal no texto como:
a)   Declaração inicial.
b)   Alusão / citação.
c)   Definição.
d)   Divisão.
e)   Interrogação.
02 – Por que a fábrica de automóveis demitiu vários funcionários, desde o menos especializado até o administrador?
      Provavelmente devido a recessão econômica, tiveram que frear a produção e reduzir pessoal.

03 – Segundo o texto Helmuth Mayer após receber a notícia de sua demissão sofreu o quê?
      Teve uma amnésia traumática.

04 – Lendo o texto podemos perceber que Helmuth Mayer sofreu um forte impacto com a notícia de sua demissão. No caso dele, a amnésia que sofreu trata-se apenas do esquecimento de um episódio?
      Não. Ele teve a perda de identidade. Isso pode durar desde algumas horas até anos. Nestes casos a pessoa pode até mesmo criar uma nova identidade, uma nova família.

05 – O que é amnésia?
      A conceituação mais clássica é aquela elaborada por Kopelman, que define a doença como um estado mental patológico no qual a memória e o aprendizado são afetados em proporção muito maior que as demais funções cognitivas, como percepção, atenção e linguagem.

06 – Você já viu ou conversou com uma pessoa em situação de rua e percebeu que o mesmo teve vínculos familiares que foram interrompidos?
      Resposta pessoal do aluno.

07 – Em 2005, foram conceituadas pelo Ministério do Desenvolvimento Social como os fatores intrínsecos à condição de rua e constam na Política Nacional para a população em situação de rua. Qual o número do decreto?
      Decreto n° 7053 de 2009.



quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018

POEMA: A LÍNGUA MÃE - MANOEL DE BARROS - COM GABARITO

POEMA: A LÍNGUA MÃE
                Manoel de Barros

Não sinto o mesmo gosto nas palavras:
Oiseau e pássaro.
Embora elas tenham o mesmo sentido.
Será pelo gosto que vem de mãe? De língua mãe?
Seria porque eu não tenha amor pela língua de Flaubert?


Mas eu tenho.
(Faço este registro porque tenho a estupefação de não sentir
Com a mesma riqueza as palavras oiseau e pássaro).
Penso que seja porque a palavra pássaro em mim repercute a infância
E oiseau não repercute.
Penso que a palavra pássaro carrega até hoje nela o menino que ia
De tarde pra debaixo das árvores a ouvir os pássaros.
Nas folhas daquelas árvores não tinha oiseaux
Só tinha pássaros.
É o que me ocorre sobre língua mãe.

           Manoel de Barros. O fazedor de amanhecer. Rio de Janeiro:
                                     Salamandra, 20011. [s.p.].

Entendendo o texto:

01 – O poema tem “a estupefação” de não sentir com a mesma riqueza as palavras em português e em francês. Por que isso lhe causa “estupefação”?
       Porque ele tem amor pela língua francesa, como tem pela língua mãe, assim, deveria gostar igualmente das duas palavras.

02 – No final do poema, o poeta encontra a explicação para o fato de não sentir o mesmo gosto nas palavras em francês e em português.
a)   Qual é a explicação?
         Ele na infância só sabia a palavra pássaro, que ficou ligada às suas experiências de menina com pássaros: a palavra pássaro carrega lembranças da infância, a palavra oiseau, não.

b)   Considerando essa explicação, está certo o poema quando diz, no início do poema, que as duas palavras tem o mesmo sentido?
         Resposta pessoal: A expectativa é que os alunos percebam que as duas palavras não tem, na verdade, o mesmo sentido para o poeta, e concluam que as palavras adquirem um sentido diferente, conforme as experiências e conhecimentos da pessoa.

03 – O poema chama sua língua mãe; por que a língua é mãe?
       Porque é a sua língua de origem; a primeira que aprendeu; a língua em que se educou, se formou, a língua que aprendeu da mãe.

04 – Na opinião de vocês, é possível sentir em um língua estrangeira a mesma riqueza e o mesmo gosto que se sente na língua materna?
       Resposta pessoal: O objetivo é levar os alunos a refletir sobre a relação entre a língua e a constituição da identidade, e a expectativa é que percebam que a primeira língua aprendida na infância institui um modo de pensar, de sentir próprios de uma cultura, de uma nacionalidade.




POEMA: VERSOS ÍNTIMOS - AUGUSTO DOS ANJOS - COM GABARITO


POEMA: VERSOS ÍNTIMOS

Vês?! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão – esta pantera –
Foi tua companheira inseparável!


Acostuma-te à lama que te espera!
O homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.

Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afoga é a mesma que apedreja.

Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!

            ANJOS, Augusto dos. Versos íntimos. In: _____. Eu. 30. ed.
                                Rio de Janeiro, Livraria São José, 1965. p. 146.

Quimera: fantasia, sonho.
Vil: reles, ordinário; desprezível, infame.

Entendendo o texto:

01 – O texto é um soneto com o seguinte esquema de rimas: a, b, b, a/b, a, a, b/c, c, d/ d, d, c. Essa preocupação formal revela vestígios de um estilo que antecedeu o Pré-Modernismo. De que estilo se trata?
       Do Parnasianismo.

02 – O poeta dirige-se a um interlocutor (que pode ser ele próprio), ressaltando a solidão de todo ser humano. Em que versos fica nítida essa ideia?
       Nos dois últimos versos da primeira estrofe.

03 – Há na poesia de Augusto dos Anjos uma referência constante à decomposição da matéria. Transcreva um verso do poema que comprove tal afirmativa.
       “Acostuma-te à lama que te espera.”

04 – O homem, entre feras, também se animaliza. Diante dessa constatação, que conselho o poeta dá ao seu interlocutor?
       O conselho está nos dois últimos versos do poema

POEMA: SOLIDARIEDADE - MURILO MENDES - COM INTERPRETAÇÃO/GABARITO


POEMA: SOLIDARIEDADE

Sou ligado pela herança do espírito e do sangue
Ao mártir, ao assassino, ao anarquista,
Sou ligado
Aos casais na terra e no ar,
Ao vendeiro da esquina,


Ao padre, ao mendigo, à mulher da vida,
Ao mecânico, ao poeta, ao soldado,
Ao santo e ao demônio,
Construídos à minha imagem e semelhança.

            MENDES, Murilo. Solidariedade. In:______. O menino Experimental:
                                             Antologia. 1. ed. São Paulo, Summus, 1979. p. 62.

Entendendo o poema:

01 – O poeta se mostra solidário às pessoas e aos seres mais díspares. Cite dois desses elementos que se opõem radicalmente.
       Mártir / assassino; padre / mulher da vida; santo / demônio.

02 – Essa identificação do poeta com todo tipo de pessoa tem uma justificativa. Que justificativa é essa?
       Todos esses seres são feitos à imagem e semelhança do poeta.

03 – O versículo bíblico “criados à minha imagem e semelhança” foi retomado pela poeta, substituindo criados por construídos. Qual pode ser o significado dessa alteração?
       Construir significa “dar estrutura a, fabricar, edificar”. Portanto, neste caso, construídos dá ideia de que os homens vão se identificando com o passar do tempo e não são criados já iguais por Deus.



POEMA: SE NÃO HOUVESSE MONTANHAS! CECÍLIA MEIRELES - COM GABARITO

POEMA: SE NÃO HOUVESSE MONTANHAS!
                CECÍLIA MEIRELES


Se não houvesse montanhas!
Se não houvesse paredes!
Se o sonho tecesse malhas
E o braços colhessem redes!
Se a noite e o dia passassem
Como nuvens, sem cadeias,
E os instantes da memória
Fossem vento nas areias!


Se não houvesse saudade,
Solidão nem despedida...
Se a vida inteira não fosse,
Além de breve, perdida!
Eu tinha um cavalo de asas,
Que morreu sem ter pascigo.
E em labirintos se movem
Os fantasmas que persigo.

                         MEIRELES, Cecília. Se não houvesse montanhas!   
                              In:_______. Obra poética. 1. ed. Rio de Janeiro,
                                                                         Aguilar, 1958. p. 905.

Entendendo o poema:

01 – Que conotações teriam, no contexto do poema, os substantivos “montanhas” e “paredes”?
       Esses substantivos poderiam conotar os obstáculos, os empecilhos que a vida oferece.

02 – Cecília Meireles costuma ser apontada pela crítica como escritora neo-simbolista, principalmente no início de sua carreira. Que elementos do Simbolismo podem ser encontrados na segunda estrofe?
       Transparece nessa estrofe um clima vago, indefinido, que é conseguido principalmente pelo emprego do substantivo nuvens e da expressão vento nas areias.

03 – São temas frequentes na poesia de Cecília Meireles a efemeridade da vida e a inutilidade da existência. Transcreva da terceira estrofe dois versos que comprovam essa afirmativa.
       “Se a vida inteira não fosse,
        Além de breve, perdida!”

04 – O que poderia conotar o “cavalo de asas”?
       A fantasia, a imaginação ou até mesmo a liberdade.

05 – Já que seu cavalo alado morreu, o que lhe resta fazer?
      Só lhe resta perseguir os seus fantasmas.