sábado, 2 de dezembro de 2017

CRÔNICA: O PRESENTE DE NATAL - PARA ENSINO FUNDAMENTAL - COM GABARITO

CRÔNICA: O presente de Natal

    Certa vez, um menino acordou em uma véspera de Natal, muito contente, pois uma data muito importante estava para chegar.
   Era o dia do aniversário do menino Jesus, e é lógico, o dia em que o Papai Noel vinha visita-lo todos os anos.
     Esperava ansiosamente o cair da noite, para voltar a dormir e olhar o seu pé de meia que estava frente a porta, pois não tinha árvore de Natal.
        Dormiu muito tarde, para ver se conseguia pegar aquele “velhinho”, mas como o sono era maior do que sua vontade, dormiu profundamente.
        Na manhã de Natal, observou que seu pé de meia não estava lá, e que não havia presente algum em toda a sua casa.
        Seu pai desempregado, com os olhos cheios d’água, observava atentamente ao seu filho, e esperava tomar coragem para falar que o seu sonho não existia, e com muita dor no coração o chama.
        -- Meu filho, venha cá?
        -- Papai?
        -- Pois não filho?
        -- Papai Noel se esqueceu de mim?
        O pai abraça seu filho...
        -- Ele também esqueceu do senhor papai?
        -- Não meu filho... o melhor presente que eu poderia ter ganho na vida está em meus braços, e fique tranquilo, pois eu sei que o Papai Noel não esqueceu de você.
        -- Mas... todas as outras crianças vizinhas estão com seus presentes... acho que ele pulou a nossa casa...
        -- Pulou não, meu filho...
        Os dois foram caminhando sem rumo, até chegar num parque e ali passearam, brincaram e se divertiram durante o resto do dia, voltando somente no começo da noite.
        Chegando em casa, já muito cansado, o menino foi para o seu quarto, e escreveu um bilhete para o Papai Noel:
        “Querido Papai Noel,
        Quero agradecer o presente que o senhor me deu. Desejo que todos os Natais que eu passe, faça com que meu pai esqueça de seus problemas, e que ele possa se distrair comigo, passando uma tarde maravilhosa como a de hoje.
        Obrigado pela minha vida, pois descobri que não são os brinquedos que me fazem feliz, e sim, com o verdadeiro sentimento que está dentro de nós, que o senhor desperta nos Natais.
        Obrigado.”
        ... e foi dormir...
        Entrando no quarto para dar boa-noite ao seu filho, o pai viu o bilhete, e a partir desse dia, não deixou que os seus problemas afetassem a felicidade dele, e começou a fazer que todo dia fosse um Natal para ambos.

                            (Texto que circula na internet, desconheço a autoria)
Interpretação do texto:

01 – Por que o menino acordou muito feliz na véspera de Natal?
      Porque era uma data muito importante.

02 – Suas expectativas se confirmam? Justifique.
      Não. Pois teu pai estava desempregado, não pode lhe dar o presente.

03 – Pelo contexto podemos perceber que o menino acreditava em Papai Noel?
      Sim.

04 – Retire do texto um trecho que justifique sua resposta.
      “Papai Noel se esqueceu de mim?”; “Ele também esqueceu do senhor papai?”.

05 – Segundo o pai, qual era o seu presente?
      O abraço que ganhou do filho.

06 – Qual foi a grande descoberta que o menino fez sobre o verdadeiro espírito de Natal?
      O verdadeiro sentimento que está dentro de nós, que o senhor desperta nos Natais.

07 – E para você, o que significa o Natal?
      Resposta pessoal do aluno.

08 – Produza uma mensagem de Natal para uma pessoa que você gosta muito.
      Resposta pessoal do aluno.

09 – No texto: “Acho que ele pulou a nossa casa...”, quem disse esta frase? Justifique.
      O menino. Porque ele viu as crianças vizinhas brincando, só ele não tinha ganhado.

10 – Quem fazia aniversário, no dia em que o Papai Noel chegava?
      O menino Jesus.

11 – Em que lugar, o menino e seu pai, foram passar e brincar o resto do dia?
      Num parque.

12 – A partir de quando o pai resolveu a fazer de todos os dias da vida, como se fosse Natal, para ambos?
      A partir do momento que leu a carta escrita pelo filho, em agradecimento ao Papai Noel.

13 – “Um texto simples, singelo e muito significativo”, o que você entendeu sobre esta frase.
      Resposta pessoal do aluno.

        

CRÔNICA: O GAROTINHO ESPERTO E O PAPAI NOEL - PARA ENSINO FUNDAMENTAL - COM GABARITO

Crônica: O garotinho esperto e o Papai Noel

      Aquele garotinho de seis anos de idade, naquele Natal, já tinha sentado no colo de mais ou menos uns quatro Papais Noeis e sempre ele fazia o mesmo pedido:
      -- Papai Noel, o senhor vai me dar o boneco do Batman?
   -- Vamos ver filhinho, vamos ver. Durante este ano você se comportou direitinho? Você foi um bom garoto na escola? E em casa, comeu todas as verduras que a sua mãe colocou no prato?
        -- Eu fui sim! Fui um ótimo menino o ano inteirinho!
        O garotinho, observador que só ele, foi logo apertando o Papai Noel com cada pergunta:
        -- Papai Noel, como é que o senhor faz para estar em todos os shoppings ao mesmo tempo?
        Muito surpreso com a inteligência do garoto, Papai Noel teve que usar de muita criatividade para sair do aperto:
        -- Filhinho, eu tenho muitos e muitos ajudantes porque são muitas crianças para atender e, sozinho, eu não consigo atende-las.
        -- Ah! Então é por isso que o senhor tem esse celular aí (apontando para o saco do Papai Noel que estava aberto). O meu amigo Robertinho também tem um desses. É com ele que o senhor conversa com os seus ajudantes, não é?
        -- Sim filhinho, é com ele mesmo. O bom velhinho vendo que aquele garotinho era muito esperto achou melhor dar um jeito para que ele ganhasse logo o presente dele senão o espertinho ia acabar colocando ele em maus lençóis.
        Olhando para os pais do garotinho, e com a voz alta e em bom tom, para que todos pudessem ouvir, ele perguntou para a mamãe do guri?
        -- Ô Mãe! O garotinho aqui vai ganhar o boneco do Batman, não vai? Ele se comportou direitinho? Comeu toda a comida? Tomou banho, não teve medo do bicho papão?
        Agora era a mãe que estava se vendo sem saída e, diante de uma pergunta tão direta, meio encabulada, diante dos outros pais ela teve que responder:
        -- Ele foi um bom garoto sim! Ele vai ganhar o boneco do Batman.
        O garotinho todo feliz da vida disse para o Papai Noel:
        -- O senhor é o melhor Papai Noel do mundo. “Brigado”, tio!

                                                                              Edilson Rodrigues Silva.

Interpretação do texto:
01 – Qual o título do texto?
      O Garotinho esperto e o Papai Noel.

02 – Quantos anos tem o garotinho? E pra quantos Papai Noel, ele fez o mesmo pedido?
      Ele tinha 6 anos de idade. Fez o mesmo pedido para quatro Papai Noel.

03 – E qual é o presente que ele quer?
      O boneco do Batman.

04 – Qual foi a resposta do garoto, quando o Papai Noel lhe perguntou se ele tinha comportado direitinho e obedecido os pais?
      Eu fui sim! Fui um ótimo menino o ano inteirinho.

05 – No trecho: “Papai Noel, como é que o senhor faz para estar em todos os shoppings ao mesmo tempo?”, qual foi a resposta?
      Porque eu tenho muitos ajudantes.

06 – Para o garoto, qual é o meio de comunicação utilizado pelo Papai Noel para se comunicar com seus ajudantes?
      É o celular.

07 – Dê acordo com o texto, quem fez a pergunta: “Ô Mãe! O garotinho vai ganhar o boneco do Batman, não vai?
      Foi o Papai Noel.

08 – Qual a resposta dada pela mãe do garotinho esperto, ao Papai Noel?
      Ele foi um bom garoto sim! Ele vai ganhar o boneco do Batman.

09 – Retire do texto; a frase que mostra o agradecimento do garotinho, pelo presente que ganhou:
      O senhor é o melhor Papai Noel do mundo. “Brigado”, tio!

10 – Quem é o autor do texto?
      Edilson Rodrigues Silva.

11 – Qual é a festa comemorada nesta data?
      Natal, o nascimento do menino Jesus.

12 – Para você, qual o significado do Natal?

      Resposta pessoal do aluno.

CONTO: AS TRÊS FLORES DO NATAL - PARA ENSINO FUNDAMENTAL - COM GABARITO

Conto: As Três Flores do NATAL
   
   
 Certa vez três flores estavam conversando: a rosa, o jasmim e a violeta. Elas ficaram sabendo que na gruta de Belém havia nascido o menino JESUS, que iria salvar a humanidade.
  As três flores, abraçadas, começaram a pensar de que modo poderiam oferecer qualquer presente ao menino.
        A rosa disse:
        -- Ah! Já sei: vou oferecer-lhe o meu perfume, para que a manjedoura fique cheirosa.


        O jasmim com ciúme, porque poderia também oferecer o perfume, ficou desolada, sem saber o que fazer.
        De repente lhe veio uma ideia:
        -- Quer saber? Vou oferecer ao menino Deus a minha maciez, para que ele fique bem agasalhado por minhas pétalas macias.
       
E a pobre violeta, humilde, escondida debaixo de suas folhas, começou a chorar porque não tinha nada para dar. A rosa e o jasmim tentaram consolá-la, mas em vão. Ela chorava sem parar!
        Então lhe veio uma inspiração:
        -- Ah! Vou oferecer ao Deus menino, as minhas lágrimas para que ele não passe sede. E lá foram elas, guiadas pela estrela, quando chegaram à gruta de Belém, gritaram:
        -- “É Natal! Que alegria! Nasceu o Salvador do Mundo.”
        Ofereceram os seus presentes, e hoje a violeta é considerada o símbolo da humildade.
                                                                           Clêdes Pessoa.
Interpretação do texto:
01 – Quais são as três flores, que aparecem no texto de Natal?
      A rosa, o jasmim e a violeta.

02 – Dê acordo com o texto; em que local nasceu o salvador da humanidade? E qual o nome dele?
      Na Gruta de Belém. O menino Jesus.

03 – Qual o presente que a rosa ofereceu ao menino Jesus?
      O seu perfume.

04 – O jasmim com ciúme da rosa, qual foi o presente que ofereceu?
      Ofereceu a sua maciez.

05 – E a pobre violeta, qual o presente que ela ofereceu?
      Deu ao Menino Jesus, suas lágrimas para que ele não passe sede.

06 – As três flores, foram guiadas até a Gruta de Belém? Por quem?
      Foram guiadas pela estrela.

07 – No texto: “É Natal! Que alegria! Nasceu o Salvador do Mundo”. Quem disse esta frase?
      Foi dita pelas três flores.

08 – Quem é considerada o símbolo da humildade?
      A violeta.

09 – Qual o título do texto? E quem é o autor?
      As três flores do Natal. Escrita por Clêdes Pessoa.


sexta-feira, 1 de dezembro de 2017

TEXTO: LÍNGUA BRASILEIRA - KLEDIR RAMIL - COM GABARITO

Texto: LÍNGUA BRASILEIRA

  [...] O Brasil tem dessas coisas, é um país maravilhoso, com o português como língua oficial, mas cheio de dialetos diferentes.
     No Rio de Janeiro é “e aí merrmão! CB, sangue bom!” Até eu entender que merrmão era “meu irmão” levou um tempo. Para conseguir se comunicar, além de arranhar a garganta com o erre, você precisa aprender a chiar que nem chaleira velha: “vai rolá umasch paradasch ischperrtasch”.
        Na cidade de São Paulo eles boam um “i” a mais na frente do “n”: “ôrra meu! Tô por deintro, mas não tô inteindeindo o que eu tô veindo”. E no interiorrr falam um erre todo enrolado: “a Ferrrnanda marrrrcô a porrrteira”. Dá um nona língua. A vantagem é que a pronúncia deles no inglês é ótima.
        Em Mins, quer dizer, em Minas, eles engolem letras e falam Belzonte, Nossenhora, Doidemais da conta, sô! Qualquer objeto é chamado de trem. Lembrei daquela história do mineirinho na plataforma da estação. Quando ouviu um apito, falou apontando as malas: “Muié, pega os trem que o bicho tá vindo”.
        No Nordeste é tudo meu rei, bichinho, ó xente. Pai é painho, mãe é mainha, vó é voinha. E pra você conseguir falar com o acento típico da região, é só cantar a primeira sílaba de qualquer palavra numa nota mais aguda que as seguintes. As frases são sempre em escala descendente, ao contrário do sotaque gaúcho.
        Mas o lugar mais interessante de todos é Florianópolis, um paraíso sobre a terra, abençoado por Nossa Senhora de Desterro. Os nativos tradicionais, conhecidos como Manezinhos da Ilha, têm o linguajar mais simpático da nossa língua brasileira. Chamam lagartixa de crocodilinho de parede. Helicóptero é avião de rosca (que deve ser lido rôschca). Carne moída é boi ralado. Telefone público, o popular orelhão, é conhecido como poste de prosa e a ficha de telefone é pastilha de prosa. Ovo eles chamam de semente de galinha e motel é lugar de instantinho. [...]

                 Ramil, Kledir. Tipo assim. Porto Alegre: RBS publicações.
               Publicações, 2003. p. 75-76. (Fragmento). by Kledir Ramil.
Interpretação do texto:

01 -  Em seu texto, Kledir Ramil “brinca” com os chamados dialetos ou variedades regionais. Em que tipo de fato linguístico ele se baseia para representar cada uma das variedades?
      Kledir Ramil procura caracterizar cada falar regional pelas diferenças de pronúncia (a pronuncia de S e R no Rio de Janeiro; do R no interior de São Paulo; do E antes de consoante nasal na cidade de São Paulo; a entonação nordestina; a eliminação de sílabas finais em Minas) e de vocabulário (em Minas, no Nordeste e em Florianópolis).

02 – O autor se vale do seu conhecimento sobre essas diferenças para produzir efeitos de humor ao caracterizar a variedade utilizada no Rio de Janeiro. Explique como isso é feito, justificando sua resposta com elementos do texto.
      O autor procura garantir que o leitor reconheça a fala de um carioca a partir da descrição bem humorada da pronúncia dos sons R e S pelos cariocas: “Além de arranhar a garganta com o erre, você precisa aprender a chiar que nem chaleira velha.” Como acontece com as piadas, a graça da caracterização desse dialeto deriva da visão estereotipada do carioca como alguém que “força” a pronúncia desses fonemas (“e aí merrmão!”; “vai rolá umasch paradasch ischperrtach”.).

03 – As singularidades do sotaque paulistano mencionadas no texto podem ser explicadas, em parte, pela influência exercida pela pronúncia do português falado pelos imigrantes italianos. Que características desse sotaque foram destacadas?
      O autor afirma que os falantes paulistanos colocam um I a mais na frente do N. A ditongação de e em ei antes de consoante nasal em final de sílaba é frequente nos bairros de forte presença italiana, como a Mooca, o Bexiga e o Brás. A expressão Ôrra meu! é típico desses bairros.

04 – O autor distingue a pronúncia, inclusive graficamente, do R falado no interior de São Paulo daquele presente no sotaque carioca. Em que consiste essa diferença? Justifique.
      O autor, em primeiro lugar, afirma que, no interior de São Paulo, os falantes pronunciam “um erre todo enrolado”, que “dá um nó na língua”, refere-se ao R denominado, comumente, caipira. Para marcar, graficamente, a diferença entre essa pronúncia e a dos cariocas, o autor usa uma sequência de três erres (porrrteira) em lugar de apenas dois utilizados para o erre carioca (merrmão).

a)   Por que ele afirma que os falantes de “interior” de São Paulo teriam uma ótima pronúncia no inglês?
Ele faz essa afirmação porque, no inglês norte-americano, a pronuncia desse R mais marcado é representativa da norma; portanto, os falantes do interior de São Paulo não teriam dificuldades em aprender esse aspecto da pronúncia do inglês norte-americano padrão.

05 – O que, segundo o texto, caracterizaria o falar mineiro? Explique.
      Segundo o texto, o falar mineiro seria caracterizado pelo fato de os falantes “engolirem letras”: Mins em lugar de Minas; Belzonte em vez de Belo Horizonte; Nossenhora em vez de Nossa Senhora. Além disso, o autor ainda afirma que é comum o uso do vocábulo trem para designar coisas ou objetos. Ainda é possível notar as expressões demais da conta e como características do falar mineiro.

06 – No texto, Kledir Ramil afirma que os nativos tradicionais de Florianópolis “têm o linguajar mais simpático da nossa língua brasileira”. Por que o autor caracteriza esse linguajar como “simpático”?
      O autor do texto chama de “simpáticas” as diferenças de vocabulário que caracterizam variedade falada em Florianópolis: lagartixa é crocodilinho de parede; helicóptero é avião de rosca; carne moída é boi ralado; pastel de carne é envelope de boi ralado.

07 – Releia:
        “A caracterização de uma variante regional por meio de clichês e exageros costuma vir associada a um tipo de preconceito linguístico que custamos a reconhecer”. Com base nesta afirmação, você consideraria preconceituosa a caracterização que o autor faz dos falantes carioca, paulista, mineiro e nordestino? Por quê?
      Talvez o autor não se dê conta, mas sua visão sobre esses falares regionais é, sim, preconceituosa. Para percebermos como o preconceito se manifesta no texto, basta recuperarmos a caracterização que faz de alguns deles; a fala dos cariocas é descrita como semelhante ao chiado de uma “chaleira velha”; os paulistas teriam um “erre todo enrolado”; os mineiros “engolem letras”. Em todas essas caracterizações, há uma conotação fortemente negativa e estereotipada.

a)   A visão dele é a mesma quando trata da fala de Florianópolis? Por quê?
No caso da fala de Florianópolis, observamos que o autor faz uma avaliação positiva das suas características específicas. Chega mesmo a afirmar que eles “têm o linguajar mais simpático da nossa língua brasileira”.



POESIA: DESTES PENHASCOS FEZ A NATUREZA- CLÁUDIO MANUEL COSTA- COM GABARITO

POESIA :Destes penhascos fez a natureza
                 Cláudio Manuel Costa

 Nestes versos, a paisagem de Minas Gerais desempenha papel muito importante no desenvolvimento do soneto.

Destes penhascos fez a natureza
O berço em que nasci: oh! quem cuidara


Que entre penhas tão duras se criara
Uma alma terna, um peito sem dureza.

Amor, que vence os tigres, por empresa
Tomou logo render-me; ele declara
Contra o meu coração guerra tão rara,
Que não me foi bastante a fortaleza.

Por mais que eu mesmo conhecesse o dano,
A que dava ocasião minha brandura,
Nunca pude fugir ao cego engano:

Vós, que ostentais a condição mais dura,
Temei, penhas, temei, que Amor tirano,
Onde há mais resistência, mais se apura.

           Costa, Cláudio Manuel da. In: Proença Filho, Domício (Org.).
      A poesia dos inconfidentes. Rio de Janeiro: Aguilar, 1996. p. 95.
Interpretação do texto:

01 – Na segunda estrofe, ocorre uma personificação do Amor. Como ele é apresentado?
      O Amor é apresentado como um guerreiro forte, que vence os tigres, e que toma como objetivo render o eu lírico, declarando-lhe guerra ao coração.

a)   Qual é a imagem utilizada na terceira estrofe pelo eu lírico para se referir a esse Amor? Explique o uso dessa imagem.
O eu lírico se refere ao sentimento amoroso como um “cego engano”, do qual ele não conseguiu fugir. Ao utilizar essa imagem, o eu lírico associa o Amor a algo que lhe causa sofrimento, mas que, mesmo assim acaba por vencê-lo.

02 – Quem é i interlocutor a quem o eu lírico se dirige na última estrofe? O que o eu lírico lhe diz?
      O eu lírico dirige-se às pedras. Ele diz para temerem a ferocidade do Amor (caracterizado como “tirano”), que mais se empenha onde há mais resistência.

03 – No soneto transcrito, o poeta evidencia uma forte característica de sua obra: a incorporação de elementos da paisagem local ao cenário árcade. Qual é o elemento local presente no texto?
      O elemento da paisagem local (Minas Gerais) incorporado é o cenário rochoso (penhascos e penhas).

a)   Que relação, o eu lírico estabelece, na primeira estrofe, entre esse cenário e si mesmo? Explique.
O eu lírico marca a oposição entre o cenário e sua alma: seria de esperar que entre as rochas que caracterizam o cenário se encontrasse um “peito forte”, mas entre as “penhas” se criou uma “alma terna” e um “peito sem dureza”, que não consegue resistir à guerra que o Amor declara contra ele.

04 – A apresentação do cenário é importante para o desenvolvimento do tema do soneto. Explique de que maneira o eu lírico relaciona o cenário em que nasceu a esse tema.
      O eu lírico opõe a dureza do cenário à força do Amor. Nem mesmo um cenário como esse garantiu sua proteção contra o sentimento que o tomou, conforme se observa na segunda estrofe do soneto final, o eu lírico alerta as “penhas” sobre a tirania do amor que será mais forte quanto mais resistência houver. Poderíamos dizer que, nessa estrofe, o eu lírico sugere que cenário “duro” é o que determina a força maior que o Amor empregará para vencer seu adversário.

05 – De acordo com o soneto, o que significa as palavras abaixo:
·        Penha: rocha.
·        Render: sujeitar, dominar, vencer.
·        Apurar-se: esmerar-se, esforçar-se, aplicar-se.

06 – Qual é a causa da perplexidade do sujeito lírico, expressa na primeira estrofe?
      A causa da sua perplexidade é a constatação da diferença entre a ternura de sua alma e a dureza da paisagem de pedra, onde ele se criou.

07 – Quase duzentos anos depois, em 1940, outro poeta da mesma região de Minas Gerais publicou os seguintes versos:
        “Alguns anos vivi em Itabira.
        Principalmente nasci em Itabira.
        Por isso sou triste, orgulhoso: de ferro.
        Noventa por cento de ferro nas calçadas.
        Oitenta por cento de ferro nas almas.
        E esse alheamento do que na vida é porosidade e comunicação.”
                                                     Carlos Drummond de Andrade

a)   Qual é a semelhança entre o soneto de Cláudio e os versos de Drummond?
Ambos estabelecem relações entre a alma e a paisagem da terra natal.

b)   Qual é a diferença entre as comparações feitas pelos dois poetas?
Para Cláudio, a alma é terna, contrastando com a dureza da paisagem de pedra.
Para Drummond, a alma tem quase o mesmo teor de ferro que as pedras de Itabira.

08 – Cláudio utilizou os elementos convencionais da paisagem neoclássica (locus amoenus)? Justifique sua resposta.
      Não. Os elementos que compõem a paisagem neoclássica são suaves, idealizados e artificiais, como um jardim; os elementos utilizados pelo poeta são duros, grosseiros e realistas – a paisagem rochosa de Minas.

09 – Utilizando uma convenção literária neoclássica, o poeta personifica o Amor.
a)   Qual foi a decisão tomada pelo Amor, em relação ao sujeito lírico?
O Amor decidiu dominá-lo.

b)   Segundo a última estrofe, a dureza da pedra seria defesa suficiente contra o Amor? Por quê?
Não. Porque o Amor se torna mais forte em quem mais resiste a ele.
       




POEMA: LIRA XIX - TOMÁS ANTÔNIO GONZAGA - COM GABARITO


POEMA: LIRA XIX
                Tomás Antônio Gonzaga

        Preso, o eu lírico encontra conforto no seu amor por Marília e nas lembranças que guarda da amada.

Nesta triste masmorra,
De um semivivo corpo sepultura,
Inda, Marília, adoro
A tua formosura.
Amor a minha ideia te retrata;
Busca, extremoso, que eu assim resista

À dor imensa, que me cerca e mata.
Quando em meu mal pondero,
Então mais vivamente te diviso:
Vejo o teu rosto e escuto
A tua voz e riso.
Movo ligeiro para o vulto os passos:
Eu beijo a tíbia luz em vez de face,
E aperto sobre o peito em vão os braços.

Conheço a ilusão minha;
A violência da mágoa não suporto;
Foge-me a vista e caio
Não sei se vivo ou morto.
Enternece-se Amor de estrago tanto;
Reclina-me no peito, e com mão terna
Me limpa os olhos do salgado pranto.

Depois que represento
Por largo espaço a imagem de um defunto,
Movo os membros, suspiro,
E onde estou pergunto.
Conheço então que Amor me tem consigo;
Ergo a cabeça, que inda mal sustento,
E com doente voz assim lhe digo:

Se queres ser piedoso,
Procura o sítio em que Marília mora,
Pinta-lhe o meu estrago,
E vê, Amor, se chora.
Uma delas me traze sobre as penas,
E para alívio meu só isto basta.
                   Gonzaga, Tomás Antônio. Marília de Dirceu. In: Proença Filho, Domício (Org.).
                   A poesia dos inconfidentes. Rio de Janeiro: Aguilar, 1996. p. 651-652. (Fragmento).

Interpretação do texto:
01 – Qual é o assunto desenvolvido na lira apresentada?
      O eu lírico, deprimido com a sua prisão, diz à sua amada que encontra forças para resistir ao sofrimento no amor que nutre por ela e na ilusão de contemplar sua figura.

a)   As situações poéticas apresentadas em Marília de Dirceu guardam estreita relação com episódios da vida de Tomás Antônio Gonzaga. Que semelhança existe entre a situação em que se encontra o pastor Dirceu e a vida do poeta?
O eu lírico encontra-se numa masmorra. O poeta, na vida real, foi preso logo após a inconfidência Mineira, da qual foi um dos integrantes, e escreve parte das liras no cárcere. Por isso, a relação entre a situação poética de Dirceu e os episódios vividos pelo poeta.

02 – Quais são os dois interlocutores a quem o eu lírico se dirige no poema?
      O primeiro interlocutor definido é a amada do poeta, Marília. O segundo é o Amor, que aparece personificado.

a)   O que ele diz a cada um deles?
A Marília, o eu lírico relata o sofrimento pela distância que se impôs entre eles em razão da prisão e como a imagem da amada, ainda que ilusória, o reconforta. Ao Amor, o eu lírico faz um apelo: que ele vá até sua amada e veja se ela está triste, pois, se isso acontecer, será um consolo para ele.

b)   Explique de que maneira o diálogo estabelecido com esses interlocutores indica a retomada de características da poesia de Camões.
Quando o eu lírico dirige-se à sua amada para tratar do sofrimento amoroso em razão do distanciamento entre eles, recupera um dos grandes temas clássicos desenvolvidos na poesia camoniana. A personificação do Amor, figura mitológica a quem o eu lírico faz seu apelo, é outro elemento que marca a retomada dos antigos poetas clássicos nos quais Camões se inspirava.

03 Releia.
        “Busca, extremoso, que eu assim resista
         À dor imensa, que me cerca e mata.
         [...]
         A violência da mágoa não suporto;”
a)   O que esses versos sugerem sobre o estado de espírito do eu lírico?
Esses versos mostram o eu lírico angustiado, triste, deprimido em razão do sofrimento que vive por estar preso e distante de sua amada.

b)   Os sentimentos expressos condizem com as características normalmente encontradas na poesia árcade? Por quê?
Não. A referência “à dor imensa”, “à violência da mágoa” (que o eu lírico não suporta) indicam um “exagero na apresentação dos sentimentos que é pouco comum entre os árcades.

c)   Que outros elementos apresentados no poema rompem com o convencionalismo árcade? Explique.
Além da manifestação “mais real” dos sentimentos do eu lírico, o que se evidencia como rompimento com característica do Arcadismo é o cenário: Dirceu não se encontra em uma paisagem tipicamente árcade, caracterizada como um lugar agradável (o locus amoenus), mas em uma masmorra lúgubre, muito diferente da natureza perfeita típica do Arcadismo.

04 Observe a linguagem utilizada no poema. Que elementos caracterizam a simplicidade formal pretendida pelos poetas árcades?
      É possível identificar a busca pela simplicidade formal pelo uso de uma linguagem mais clara, com um vocabulário mais simples e sem rebuscamento. Não há, no poema, metáforas complexas que dificultem a compreensão do que é dito.

05 – Esse texto foi escrito no período em que Gonzaga esteve preso por seu envolvimento na Inconfidência Mineira. Observe que, logo nos primeiros versos, o eu lírico expressa seu estado de espírito. Ele se vê como um “semivivo corpo” e a masmorra é sua “sepultura”. De onde vem a força capaz de fazê-lo suportar tanto sofrimento?
      A lembrança de Marília é a força que o mantém vivo.

06 – Na segunda estrofe, o eu lírico:
a)   Confessa que a saudade de Marília leva-o a meditar no mal que fez.
b)   Sente que Marília foge dele, evitando seus beijos e abraços.
c)   Revela que sente tanta saudade de Marília que parece vê-la nitidamente.
d)   Reconhece que se enganou com Marília, pois o que parecia amor, na verdade, não passava de ilusão.

07 – Na terceira e quarta estrofes:
a)    A ilusão do eu lírico é tão intensa que ele imagina sentir as mãos de Marília a enxugar-lhe o pranto.
b)   A dor da desilusão amorosa por Marília causa violenta mágoa no eu lírico.
c)   O eu lírico imagina que Marília está com ele na cela, confortando-o ternamente.
d)   Ocorre a personificação do Amor, que ampara e conforta o eu lírico.

08 – Na última estrofe, o eu lírico pede ao Amor que conte a Marília o seu sofrimento. Se ela chorar:
a)   Ele ficará aliviado porque será uma prova de que ela está arrependida de tê-lo feito sofrer.
b)   Ele se sentirá melhor, porque sabe que a dor a arrastará até ele.
c)   Ele sentirá alívio de seus males, porque saberá que ela o ama e sofre com sua ausência.

d)   Ele se sentirá mal, porque isso só aumentará suas penas de amor.