terça-feira, 25 de julho de 2017

TEXTO: UM DESFILE MUITO ESPECIAL - CIRO PORTO - COM GABARITO


TEXTO:UM DESFILE MUITO ESPECIAL

Fevereiro tem Carnaval. Época de fantasias. Sejam luxuosas ou originais, praticamente todas têm penas coloridas. Não é de hoje que as penas são usadas como enfeite. Civilizações antigas, como as dos maias e dos astecas, já as utilizavam. Gregos e romanos, também. Nossos índios se enfeitaram e ainda se enfeitam com penas, E muito provavelmente influenciaram nosso Carnaval, não só com as penas, também com a nudez.
Se você gosta de desfiles poderá admirar pessoalmente ou pela televisão a riqueza e a exuberância das cores das fantasias. Mas se você não liga muito para o Carnaval e prefere viajar no feriado, procurando um refúgio, pode, se quiser, assistir nas matas a um outro tipo de desfile. Sem fantasias, com plumagens namora colorido das penas enche as avenidas só no Carnaval, já as aves com suas penas enfeitam as matas durante toda a primavera e o verão. É nessa época que a plumagem dos machos está mais vistosa e é usada para atrair e seduzir as fêmeas. É uma celebração da vida que se repete ano após ano, garantindo a continuidade das diversas espécies.

E no ’Carnaval” da mata, além de contemplar as cores, você pode julgar outros quesitos. A bateria, por exemplo, fica por conta do tamborilar dos pica-paus (família Picidae), que utilizam os troncos ocos como instrumentos musicais. Batem fortemente com o bico, produzindo sons para demarcar território.
No quesito samba-enredo, você vai julgar os cantos. Tarefa difícil diante da variedade. Como comparar o canto de um sabiá (gênero Tudus) com o de uma corruíra (Troglodytes aedon), por exemplo? É bem provável que você ache o canto do sabiá mais melódico e um pouco triste e o da corruíra, simples e alegre. Mas, se estiver na região amazônica, diante do ‘primo’ da corruíra – o uirapuru (Cyphorhinus aradus) – você vai achar o canto do sabiá bem harmônico. E se quiser ouvir um canto que lembra um pouco um samba bem acelerado é só encontrar (no alto de uma mangueira, quem sabe?). Um pintassilgo (Carduelis magellanica), passarinho com de canto. No fundo, as diversas vozes da floresta são incomparáveis...
Agora, se em questão está a ‘evolução’, não tem jeito, a beija-flor vai ganhar, ou melhor, os beija-flores (família Trochilidae) já ganharam. São os melhores ‘passistas’ do ar. Isso sem contar os coloridos ornamentos com que se apresentam diante das flores.
Com um pouco de sorte, você ainda poderá encontrar ‘mestres-sala’ e ‘porta-bandeiras’ em atuações fantásticas. Se nos sambódromos e avenidas a função do mestre-sala é cortejar a porta-bandeira da agremiação, demonstrando reverência à sua dama, nas matas não é muito diferente. Os dançadores e tangarás da Mata Atlântica (família Pipridae) são tão caprichosos, em sua corte, quanto o belíssimo galo-da-serra (Rupicola rupicola), habitante das áreas rochosas da floresta amazônica. É bem verdade que a exibição de dança fica integralmente por conta dos machos, mas se não fosse não haveria espetáculo algum.

No desfile de ‘Carnaval’ da floresta, não há como julgar fantasias, afinal as aves estão ‘naturalmente vestidas’ e só acrescentam alguns enfeites para a ocasião de celebrar a vida, no processo de reprodução. Elas são bonitas, coloridas, cantam e dançam porque nasceram para isso. O enredo desse ‘Carnaval’ é sempre o mesmo: a vida. Apesar disso, nunca é repetitivo, tamanha a diversidade com que se apresenta. Os destaques dessa ‘escola’ variam dia-a-dia e sempre impressionam os nossos olhos.
Ao pisar em uma mata, com todos os sentidos bem atentos, você vai perceber que nenhuma escola de samba jamais conseguirá apresentar harmonia como a que podemos vivenciar numa floresta. Justamente esse quesito é o único pelo qual somos responsáveis. Enquanto houver ‘Carnaval’ na mata, a vida continua sendo celebrada.

Fonte: Sessão Observador - Texto Ciro Porto. Revista Terra da Gente. Ano 3 - número 34. Fevereiro de 2007.

Questões posteriores à leitura do texto completo:

1Após ler a reportagem completa, é possível concluir que se trata do seguinte tema:
a.(   ) Os desfiles do carnaval.
b.(   ) As fantasias carnavalescas feitas de plumas de aves.
c.( X ) A beleza da plumagem das aves, que “desfilam” nas matas durante a primavera e o verão.
d.(   ) As diferentes espécies de aves.

2. Por que o autor da reportagem comparou o desfile de Carnaval com as aves da floresta? Releia os seguintes trechos do texto:

Se você gosta de desfiles poderá admirar pessoalmente ou pela televisão a riqueza e a exuberância das cores das fantasias. Mas se você não liga muito para o Carnaval e prefere viajar no feriado, procurando um refúgio, pode, se quiser, assistir nas matas a um outro tipo de desfile. Sem fantasias, com plumagens naturais.

E no ‘Carnaval” da mata, além de contemplar as cores, você pode julgar outros quesitos.

No quesito samba-enredo, você vai julgar os cantos. Tarefa difícil diante da variedade. Como comparar o canto de um sabiá (gênero Tudus) com o de uma corruíra (Troglodytes aedon), por exemplo?

Agora assinale a alternativa correta, indicando a quem se refere à palavra você:
a.(   ) às aves da mata
b.(   ) ao folião do carnaval
c.( X ) ao leitor dessa reportagem
d.(   ) a quem for assistir o desfile de carnaval

3. Essa reportagem pode fazer com que o leitor:
a.(   ) obtenha informações sobre o último carnaval
b.(   ) emocione-se com histórias antigas sobre os pássaros
c.(   ) saiba a opinião do autor sobre o carnaval e as aves
d.( X ) aprenda sobre a diversidade de aves, sua beleza e algumas de suas características

4Releia o seguinte trecho do texto:

E no Carnaval” da mata, além de contemplar as cores, você pode julgar outros quesitos. A bateria, por exemplo, fica por conta do tamborilar dos pica-paus (família Picidae), que utilizam os troncos ocos como instrumentos musicais. Batem fortemente com o bico, produzindo sons para demarcar território.

a. Você sabe dizer o que são quesitos?

Segundo o dicionário da língua portuguesa “Novo Aurélio”, da editora Nova Fronteira, a palavra “quesito” significa: ponto ou questão sobre que se pede resposta (opinião, juízo ou esclarecimento).
Na reportagem “Um desfile muito especial”, que você acabou de ler, a palavra “quesito” faz referência aos itens de julgamento do Carnaval: bateria, samba-enredo, evolução, fantasias etc., que foram utilizados pelo autor para “julgar” as aves da floresta.

b. Faça a correspondência dos trechos do texto aos quesitos do “carnaval” da mata:


2 ) samba-enredo

1. ... fica por conta do tamborilar dos pica-paus (família Picidae), que utilizam os troncos ocos como instrumentos musicais. Batem fortemente com o bico, produzindo sons para demarcar território.
1 ) bateria
2. ... você vai julgar os cantos. Tarefa difícil diante da variedade. Como comparar o canto de um sabiá (gênero Tudus) com o de uma corruíra (Troglodytes aedon), por exemplo? É bem provável que você ache o canto do sabiá mais melódico e um pouco triste e o da corruíra, simples e alegre. Mas, se estiver na região amazônica, diante do ‘primo’ da corruíra – o uirapuru (Cyphorhinus aradus) – você vai achar o canto do sabiá bem harmônico.
( 4 ) mestre-sala e porta-bandeira
3. ...a beija-flor vai ganhar, ou melhor, os beija-flores (família Trochilidae) já ganharam. São os melhores ‘passistas’ do ar. Isso sem contar os coloridos ornamentos com que se apresentam diante das flores.
3 ) evolução
4. Os dançadores e tangarás da Mata Atlântica (família Pipridae) são tão caprichosos, em sua corte, quanto o belíssimo galo-da-serra (Rupicola rupicola), habitante das áreas rochosas da floresta amazônica. É bem verdade que a exibição de dança fica integralmente por conta dos machos, mas se não fosse não haveria espetáculo algum.

segunda-feira, 24 de julho de 2017

ARTIGO DE OPINIÃO: ELOGIO DA DELICADEZA - FRANCISCO BOSCO - COM GABARITO

 TEXTO:ELOGIO DA DELICADEZA
               Francisco Bosco

 Situação 1: você está num bar ou restaurante com seu parceiro e este encontra um amigo que você não conhece. O amigo do seu parceiro se senta à mesa com vocês. Ele conversará, animadamente, com seu parceiro, sem, em nenhum momento, dirigir-se a você, ele insistirá em assuntos privados, que dizem respeito à amizade deles, ele não quererá saber o que você faz, o que você pensa sobre tal ou tal coisa. Ele não lhe fará nenhuma pergunta.

 Situação 2: você está numa mesa de bar ou numa roda de festa com amigos e conhecidos. Um deles fala sem parar, sem descanso, conta longas histórias, de preferência, é claro, sobre si mesmo, e é incapaz de perceber qualquer signo de enfado ou desinteresse dos que o ouvem. Trata-se do gênero the autobiography of myself according to my own view. É uma fala de tal modo sem pauses que tentar fazer um aparte seria, como na metáfora do personagem José Costa, igual a "cortar um rio a faca".

Situação 3: você conhece aquela pessoa já há algum tempo, encontra-se com ela frequentemente em ocasiões sociais, volta e meia participa de conversas em que ela está presente, vocês chegam mesmo a conversar entre si, mas ela nunca te chama pelo nome.
          Estas e outras cenas da vida urbana contemporânea parecem indicar o que se pode designar como déficit de escuta. Mesmo correndo o risco de incorrer em uma sociologia apurada, é inevitável associar esse comportamento à vigência de uma cultura espetacularizada em que o valor da existência é, para muitos, regulado pela visibilidade de si mesmo. Luiz Eduardo Soares observa, por exemplo, que a violência perpetrada por meninos de rua está diretamente ligada a uma carência de visibilidade; pois, numa sociedade que difunde ostensivamente serem o dinheiro e a celebridade os valores fundamentais de reconhecimento social, ao mesmo tempo em que tanto a economia financeira quanto a economia narcísica são muito pouco democráticas, o crime acaba se tornando uma maneira eficiente de ganhar dinheiro e chamar a atenção. De resto, alguém que não é contemplado pelas regras da sociedade não tem mesmo razão para manter o "pacto social".

      Em outro plano, o ator José Wilker notou, com perspicácia, que atualmente não se deve falar apenas de uma invasão de privacidade – por parte dos papparazzi etc. –, mas também, e talvez sobretudo, de uma "evasão de privacidade", como atestam as assessorias de imprensa de celebridades que ficam mandando para os veículos de mídia informações relevantíssimas sobre seus clientes, como o presente de Natal que um deu pra namorada, a roupa que a outra vai usar no desfile de Fulana, e por aí vai. Uma tal reciprocidade confirma a sentença exata do sociólogo Pierre Bourdieu, segundo a qual "toda vítima é cúmplice simbólica do que a vitima". É assim que, dos meninos de rua que roubam tênis Nike aos vídeos caseiros enviados para a triagem do Big Brother, a busca encarniçada pela visibilidade determina desejos e condutas, em maior ou menor grau. O que propus chamar de déficit de escuta, também pertence, portanto, a esse amplo quadro ético.
        As situações narradas acima convidam a uma pequena semiologia das relações pessoais, em que é preciso determinar o valor, os significados e a dimensão de certos gestos. É necessário perceber, nesse contexto, a estreita relação entre retórica e ética: o uso da pergunta, do silêncio e do nome próprio são formas que manifestam uma abertura ao outro, uma aproximação, uma disposição antes para a amizade que para o exibicionismo. Perguntar ao outro é uma forma retórica de se abrir à sua existência. Chamá-lo pelo nome próprio instaura o reconhecimento de sua singularidade. Não usar o nome próprio, insistindo nos pronomes pessoais, é generalizar o outro, isto é, não reconhecer sua singularidade. No romance de Cyro dos Anjos, O amanuense Belmiro, um dos personagens nunca chama os outros por seus nomes próprios, somente por caricaturas fônicas que ele inventa: "Florêncio" por "Abundâncio", "Belmiro" por "Porfírio" etc. o chiste, é certo, sua graça ("Abundâncio" é hilário), mas não para os que perdem o nome próprio; não é à toa que Florêncio se revolta sempre com a troca de nomes, e que o gozador, Silviano, é arrogante e autocentrado, além de péssimo filósofo.

       Com efeito, há dois tipos de chiste: um que convida o outro ao gozo comum de uma invenção inesperada, e um segundo que faz do outro o próprio instrumento do chiste, excluindo-o do gozo. É este último o caso de Silviano. É também, por exemplo, o caso dos humoristas do Pânico na TV, que fundamentam seu humor no constrangimento.
     A delicadeza é uma estratégia sutil e rizomática para desarmar a arrogância e esvaziar as formas de vida que prejudicam a sociabilidade sem, tampouco, produzir solidões inventivas e afirmativas. Escutar é uma das manifestações fundamentais da delicadeza. Mas escutar é uma positividade: não se confunde com o silêncio, com o deixar de falar. Pode-se ser silencioso e não se ter escuta, como se pode tê-la sendo loquaz. A escuta é ativa, é uma oferta – pela qual se recebe o outro. E a fala pode ser, ela mesma, uma escuta: sendo suspensiva, não-arrogante, deixando espaço para o outro. A delicadeza é uma virtude do século 21. Uma das propostas éticas para este milênio.

BOSCO, Francisco. Elogio da delicadeza. In: Cult – REVISTA BRASILEIRA DE CULTURA, ano 10, nº 115, julho/2007, São Paulo. p. 34-35.

 De acordo com o texto I, responda as questões de 01 a 05:
 01) Em: "Estas e outras cenas da vida urbana contemporânea parecem indicar o que se pode designar como déficit de escuta." A expressão "déficit de escuta" é explicada
a) com exemplos repetitivos de casos em que os amigos ignoram-se uns aos outros.
b) com situações hilariantes que indicam um comportamento inusitado de pessoas extravagantes.
c) com alguns exemplos do comportamento das pessoas que não conseguem enxergar senão a si mesmos.
d) com situações pouco definidas acerca da ausência de desconfiança de algumas pessoas inconvenientes.
e) com situações incompreensíveis, as quais nos deixam desanimados com o comportamento egoísta de algumas pessoas.

 02) Nas relações sociais, o autor defende,
a) a necessidade de melhorar o padrão de vida das pessoas mais pobres.
b) que toda vítima torna-se responsável pela violência impetrada contra ela.
c) a necessidade de determinar valores, significados e a dimensão de cada gesto.
d) o papel relevante de pessoas como os paparazzi etc. que estimulam a privacidade.
e) a necessidade de repensar o tratamento dado aos menores infratores que vivem nas ruas.

03) No texto, o uso do nome próprio é
a) criticado.            d) defendido.
b) desprezado.       c) ironizado.
e) desestimulado.

04) No trecho: "Em outro plano, o ator José Wilker notou, com perspicácia, que atualmente não se deve falar apenas de uma invasão de privacidade – por parte dos papparazzi etc. –, mas também, e talvez sobretudo, de uma ‘evasão de privacidade’". Os sentidos de "invasão" e "evasão", considerando os prefixos, remetem para a ideia de, respectivamente,
a) negação e afirmação.              d) exterioridade e afirmação.
b) exterioridade e negação.     
c) afirmação e interioridade.      e) interioridade e exterioridade.

05) O texto "Elogio da delicadeza" constrói-se
a) expondo uma ideia, sem posicionamentos acerca do assunto tratado, descrevendo situações comuns.
b) apresentando um ponto de vista, o qual se desenvolve, fundamentando com exemplos e discussões.
c) a partir da descrição de um processo social, de forma objetiva, levando o leitor a tirar suas próprias conclusões.
d) segundo uma organização narrativa, apresentando fatos do cotidiano, caracterizando o que conhecemos como crônica.
e) a partir de sequências narrativas e descritivas, com o fim de contar uma fato importante que diz respeito à forma como as pessoas se relacionam.

06) Por sinestesia compreende-se a transferência de percepção, resultando numa fusão de impressões sensoriais de grande poder sugestivo. Assinale a alternativa que apresenta um exemplo dessa figura de linguagem:
a) Li várias páginas daquele livro.
b) Ele falava grosseiramente com a namorada.
c) Ele dizia palavras geladas e amargas à namorada.
d) Li algumas páginas daquele livro.
e) Adoro ouvir Chico Buarque.

 07) Assinale a alternativa que contenha a figura de linguagem presente na mensagem a seguir:



a) comparação
b) antítese
c) paradoxo
d) catacrese
e) hipérbole

08) Observe a charge a seguir: Na tirinha de Maurício de Sousa, o menino de chapéu é o Chico Bento, personagem que vive no interior e tem como marca uma fala "caipira". O entendimento que Chico Bento faz da fala do outro menino é literal, pois não considerou que ali havia uma figura de linguagem.


 Assinale a alternativa que identifique essa figura de linguagem.
a) antítese
b) metonímia
c) catacrese
d) metáfora
e) prosopopeia

09) Marque a opção que contenha a figura de linguagem presente na imagem a seguir:

a) hipérbole
d) metáfora
b) metonímia
c) catacrese
e) paradoxo

10) A seguir, na música "Nuvem" do cantor Belo, em destaque há uma figura de linguagem denominada:


Uma nuvem me falou que iria chover... gotas de saudade
Imagine você... eu conversando com a nuvem é loucura
E ela me falou assim pra eu não me dedicar demais
E nesse sonho é que eu prefiro acreditar

a) hipérbole
b) metonímia
c) catacrese
d) metáfora
e) prosopopeia  


11) Com base na charge, considere as afirmativas a seguir.

 III) Em quarenta anos, a relação homem-mulher sofreu alterações no que se refere à liderança no seio familiar.
III) A fala "Que notas são estas?" foi mantida no período de quarenta anos, embora o receptor nas duas épocas seja diferente. III) A imagem representativa dos anos 60 difere da segunda também em função da relação professor-aluno.
IV) A atribuição de responsabilidade sobre o mau desempenho do aluno é diferente se comparadas as duas épocas.

Assinale a alternativa correta.
 a) Somente as afirmativas I e II são corretas.
b) Somente as afirmativas I e IV são corretas.
c) Somente as afirmativas III e IV são corretas.
d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas.
e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.


12) O homem evoluiu. Independentemente de teoria, essa evolução ocorreu de várias formas. No que concerne à evolução digital, o homem percorreu longo trajeto da pedra lascada ao mundo virtual. Tal fato culminou em um problema físico habitual, ilustrado na imagem, que propicia uma piora na qualidade de vida do usuário, uma vez que

a) a evolução ocorreu e com ela evoluíram as dores de cabeça, o estresse e a falta de atenção à família.
b) a vida sem o computador tornou-se quase inviável, mas se tem diminuído problemas de visão cansada.
c) a utilização demasiada do computador tem proporcionado o surgimento de cientistas que apresentam lesão por esforço repetitivo.
d) o homem criou o computador, que evoluiu, e hoje opera várias ações antes feitas pelas pessoas, tornando-as sedentárias ou obesas.
e) o uso contínuo do computador de forma inadequada tem ocasionado má postura corporal.

13) O argumento presente na charge consiste em uma metáfora relativa à teoria evolucionista e ao desenvolvimento tecnológico. Considerando o contexto apresentado, verifica-se que o impacto tecnológico pode ocasionar
a) o surgimento de um homem dependente de um novo modelo tecnológico.
b) a mudança do homem em razão dos novos inventos que destroem sua realidade.
c) a problemática social de grande exclusão digital a partir da interferência da máquina.
d) a invenção de equipamentos que dificultam o trabalho do homem, em sua esfera social.
e) o retrocesso do desenvolvimento do homem em face da criação de ferramentas como lança, máquina e computador.

14) Assinale a opção INCORRETA quanto à análise mórfica das palavras a seguir:
a) DEIXAR – radical;
b) AMAR – vogal temática verbal;
c) MENINOS – desinência nominal de número;
d) MENINAS – desinência nominal de gênero;
e) CASA – vogal temática nominal.

15) Assinale a opção CORRETA quanto à análise mórfica das palavras a seguir:
a) VIVER – radical;
d) INFELIZMENTE – sufixo;
b) COMER – vogal de ligação;
c) FELIZMENTE – prefixo;
e) DENTE – vogal temática nominal.




TEXTO: O HOMEM QUE SABIA SER LIVRE - FAUSTO WOLFF - COM GABARITO

 TEXTO:O HOMEM QUE SABIA SER LIVRE

 Fausto Wolff

    Leitores gentis têm escrito dizendo que gostariam de ser livres como eu. Sinto decepcioná-los, mas não sou um homem livre e não conheço nenhum homem livre. Venho, isso sim, tentando ser um homem livre desde minha mais remota lembrança. Aliás, se tivesse de adivinhar – pois a minha ignorância é de bom tamanho e posso afirmar apenas alguns axiomas que se sustentam por si mesmos –, diria que nossa função na Terra é a de tentarmos ser livres a cada milésimo de segundo, acordados e até mesmo quando adormecidos. A liberdade, porém, não é algo que se peça, não é algo que se compre, pela qual se implore, pois se existe alguém que pode dar liberdade este alguém também tem condições de tirá-la. Liberdade é algo que se conquista de dentro para fora e vice-versa.
         Para se conquistar certas liberdades, porém, precisa-se quebrar uma lei feita por alguém que não quer ver você livre. Estou há horas esperando por um telefonema sem poder sair do lugar: tenho de mudar de apartamento pois, de um tempo para cá, passei a ganhar menos dinheiro. E o proprietário do apartamento mais barato só espera até o fim da tarde. Veem? Não me pertenço e não tenho culpa de não me pertencer. É claro que poderia jogar todo para o alto e ir morar no mato. Nenhum homem é uma ilha. Ele é ele mais suas circunstâncias. No meu caso, eu e os compromissos que assumi, e se outros falharam comigo não é motivo para eu falhar com os que de mim dependem. Caso contrário, teríamos a barbárie vestindo Gucci e Armani.
         (...)
         A liberdade gera responsabilidade e com ela culpa. A liberdade está ligada indissoluvelmente ao caráter do homem e este é determinado biológica e socialmente. Erich Fromm (o grande pensador do século 20 e por isso desprezado por seus pares, uma vez que não se escondia atrás do palavrório acadêmico) achava que a psicanálise de Freud e a sociologia de Marx tinham a chave do futuro. Os dois grandes pensadores estão em aberto para a evolução humanística. Se eu pudesse, gostaria de promover um encontro num bar entre Marx, Freud e Fromm.
       Fromm talvez conseguisse explicar a Marx que o homem só pode ser feliz se parir a si mesmo, à sua personalidade; e a Freud que o homem, mesmo conhecendo a si mesmo, para ser feliz precisa ver uma sociedade que o respeite mais do que ao lucro, que respeite mais o ser que o ter. Depois disso só precisamos convencer aquela parte mínima da população mundial que nos escraviza e para a qual a liberdade é o próprio diabo. Isso porque a liberdade leva ao pensamento e o pensamento à descoberta da escravidão.
       (...)
                                                       (JB, 18/12/2005. Caderno B, p.4).

01) Segundo o texto, o homem que sabia ser livre era:
       a) Erich Fromm;      
       b) Marx;
       c) Freud;
       d) Stockman.
       e) O próprio autor.

02) Para o autor, a liberdade é algo:
       a) eterno;
       b) efêmero;
       c) real;
       d) ideal.
       e) necessário.

03) “Ele é ele mais suas circunstâncias.” Esta passagem é esclarecida no segmento:
       a) “Isso porque a liberdade leva ao pensamento e o pensamento à descoberta da escravidão.”;
       b) “Liberdade é algo que se conquista de dentro para fora e vice-versa.”
       c) “A liberdade gera responsabilidade e com ela culpa.”;
       d) “Os dois grandes pensadores estão em aberto para a evolução humanística.”;
       e) “Estou há horas esperando por um telefonema sem poder sair do lugar”.

04) Em “palavrório acadêmico”, o uso da expressão sublinhada:
       a) enaltece o discurso acadêmico;
       b) ressalta a menos valia do discurso acadêmico;
       c) revela a ineficácia do discurso acadêmico;
       d) indica a incoerência dos que se julgam sábios;
       e) critica o academicismo estéril.

05) “Venho, isso sim, tentando ser um homem livre desde minha mais remota lembrança.” A expressão sublinhada:
       a) reafirma as convicções atuais do autor;
       b) retoma e reafirma as convicções do autor;
       c) antecipa, de forma positiva, as convicções do autor;
       d) reforça afirmativamente as convicções do autor;
       e) contraria as expectativas dos que escrevem ao autor.

06) “...o homem, mesmo conhecendo a si mesmo...” Neste segmento, as palavras sublinhadas são respectivamente:
       a) advérbio e pronome;      
       b) conjunção e pronome;
       c) conjunção e advérbio,
       d) conjunção e pronome.      
       e) advérbio e conjunção.

07) “Caso contrário, teríamos a barbárie vestindo Gucci e Armani.” O trecho é um exemplo de:
       a) metonímia;
       b) metáfora;
       c) personificação;
       d) catacrese
       e) antítese.

08) Na passagem “Fromm talvez conseguisse explicar a Marx que o homem só pode ser feliz se parir a si mesmo, à sua personalidade...”, o sinal de crase:
       a) é obrigatório por estar seguido de expressão feminina;
       b) é facultativo por seguir-se de pronome possessivo.
       c) torna-se obrigatório em função da clareza do texto;
       d) é facultativo por se tratar de um objeto direto preposicionado;
       e) é facultativo porque o pronome possessivo está no feminino.

09) “A liberdade, porém, não é algo que se peça, não é algo que se compre, pela qual se implore, pois se existe alguém que pode dar liberdade este alguém também tem condições de tirá-la. Liberdade é algo que se conquista de dentro para fora e vice-versa.” Marque a alternativa que indica corretamente o número de ocorrências dos valores morfossintáticos da palavra “se”, no trecho em destaque:



pronome apassivador  pronome indeterminador    conjunção                       
 a)    1                                       2                                  2
b)      1                                       3                                 1          
 c     2                                        2                                  1
d)     3                                        1                                  1      
 e)     2                                        1                                 2            

AS QUESTÕES 10, 11 E 12 SE REFEREM AO TRECHO SEGUINTE:

        “Para se conquistar certas liberdades, porém, precisa-se quebrar uma lei feita por alguém que não quer ver você livre.”

10) O verbo quebrar é empregado com o mesmo significado que o do trecho em:
       a) Desobedeça-me e quebre a cara;
       b) Vá até a praça, quebre à direita e encontrará o endereço;
       c) Não quebre o que ficou acordado entre nós;
       d) O vidro da janela se quebrou;
       e) O time quebrou a sequência de vitórias do adversário;

11) Segundo a norma culta, o verbo conquistar:
       a) deveria estar flexionado no plural;
       b) poderia estar flexionado no plural;
       c) tem de ficar no singular, pois a partícula se é apassivadora;
       d) tem de ficar no singular, pois a partícula se é indeterminadora do sujeito;
       e) tem de ficar no singular, pois seu sujeito é oracional.

12) Na passagem, há:
       a) seis orações;
       b) cinco orações;
       c) quatro orações;
       d) três orações.
       e) duas orações.

13) “Nenhum homem é uma ilha”. Das alterações feitas na frase do texto, marque a que apresenta erro de concordância:
       a) Nenhum de nós é uma ilha;
       b) Cada um de nós não é uma ilha;
       c) Todos somos dependentes uns dos outros;
       d) Quais de nós são uma ilha?
       e) Qual de nós somos uma ilha?

14) Marque o par que não segue integralmente a relação estabelecida entre livre/liberdade:
       a) próprio/propriedade;      
       b) pena/ penalidade
       c) contrário/contrariedade;
       d) capaz/capacidade.
       e) boçal/boçalidade.

TEXTO II:

  
     

15) Dentre as prováveis causas da certeza da “conclusão estúpida” não se afigura:
       a) preconceito;      
       b) arrogância;
       c) ignorância;
       d) vergonha.
       e) intolerância.

16) A relação de sentido entre a imagem da menina e o seu nome se estabelece através de um processo:
       a) antitético;
       b) irônico;
       c) metafórico;
       d) hiperbólico.
       e) metonímico.

17) A palavra “como” indica:
       a) modo;      
       b) causa;
       c) intensidade;
       d) dúvida.
       e) certeza.