domingo, 28 de maio de 2017

MÚSICA(ATIVIDADES): CONSTRUÇÃO - CHICO BUARQUE - COM GABARITO

MÚSICA(ATIVIDADES):  CONSTRUÇÃO


                                                                   CHICO BUARQUE
Amou daquela vez como se fosse a última
Beijou sua mulher como se fosse a última
E cada filho seu como se fosse o único
E atravessou a rua com sua passo tímido
Subiu a construção como se fosse máquina
Ergueu no patamar quatro paredes sólidas
Tijolo com tijolo num desenho mágico
Seus olhos embotados de cimento e lágrima
Sentou pra descansar como se fosse sábado
Comeu feijão com arroz como se fosse um príncipe
Bebeu e soluçou como se fosse um náufrago
Dançou e gargalhou como se ouvisse música
E tropeçou no céu como se fosse um bêbado
E flutuou no ar como se fosse um pássaro
E acabou no chão como um pacote flácido
Agonizou no meio do passeio público
Morreu na contramão atrapalhando o tráfego.

Amou daquela vez como se fosse o último
Beijou sua mulher como se fosse a única
E cada filho seu como se fosse o pródigo
E atravessou a rua com seu passo bêbado
Subiu a construção como se fosse sólido
Ergueu no patamar quatro paredes mágicas
Tijolo com tijolo num desenho lógico
Seus olhos embotados de cimento e tráfego
Sentou pra descansar como se fosse um príncipe
Comeu feijão com arroz como se fosse o máximo
Bebeu e soluçou como se fosse máquina
Dançou e gargalhou como se fosse o próximo
E tropeçou no céu como se ouvisse música
E flutuou no ar como se fosse sábado
E se acabou no chão feito um pacote tímido
Agonizou no meio do passeio náufrago
Morreu na contramão atrapalhando o público.

Amou daquela vez como se fosse máquina
Beijou sua mulher como se fosse lógico
Ergueu no patamar quatro paredes flácidas
Sentou pra descansar como se fosse um pássaro
E flutuou no ar como se fosse um príncipe
E se acabou no chão como um pacote bêbado
Morreu na contramão atrapalhando o sábado.

                                                                               Chico Buarque (Chico ao vivo).

1 – Que visão sobre a vida do operário o texto revela?
       O texto mostra o operário como vítima do sistema social.

2 – Algumas das comparações introduzidas pela expressão “como se fosse” são inesperadas. Por quê?
       Primeiramente porque a repetição da estrutura aponta para imagens múltiplas. Depois, porque versos, como, por exemplo, “bebeu e soluçou como se fosse máquina” criam o “inesperado” por atribuírem ações humanas a máquinas. As imagens formadas pelas combinações inesperadas identificam, então, o operário com a máquina. Especialmente na segunda estrofe, existem aparentes incompatibilidades entre as comparações propostas.

3 – Com qual finalidade você acha que o autor fez essas comparações não convencionais?
       Há várias possibilidades de resposta. Uma poderia ser: pelo prazer de “brincar com as ideias” e com as palavras; mas também para desestabilizar uma leitura previsível do texto.

4 – Observe as palavras finais do texto. O que têm em comum? Que efeito causam no leitor ouvinte?
       Partes das estruturas sintáticas são “deslocadas” para outras estruturas e sofrem um rearranjo sintático que provoca novas significações conotativas.

5 – A forma desse poema faz lembrar um jogo de quebra-cabeças. Como as palavras ou expressões linguísticas podem ser deslocadas para funcionar como peças desse quebra-cabeças? Dê alguns exemplos.
       Algumas situações seriam com finalidades lúdicas, com finalidades de crítica ou protesto social, com a finalidade de recuperar as ideias de uma época, com finalidades didáticas...

6 – Cite algumas situações sociais em que seria cantado ou lido esse texto Com quais finalidades?
       Pelo engajamento social, o texto representa uma forma de protesto “escondido” em um gênero poético, artístico.

7 – Escreva, em forma de prosa, algumas das informações que o texto Construção traz.
       No geral, as informações apontam para uma crítica às situações de desigualdade social e exploração do trabalhador.

8 – Compare sua resposta da questão anterior com texto original: o que foi mantido igual? O que ficou diferente?
       No geral, a maneira de expressar as ideias vai ser diferente. Também as finalidades serão diferentes. O tema deve ser mantido.

9 – Os gêneros textuais de seu texto e do texto de Chico Buarque são os mesmos? Por quê?
       Mas, no geral, se não for escrito em forma de poema, os gêneros tendem a ser diferentes: diferentes interlocutores, diferentes situações sócio comunicativas, diferentes explorações das significações linguísticas.

10 – Como o tema aproxima os dois textos?
       Os dois textos apresentam visões semelhantes de mundo a respeito da exploração do trabalhador e da desigualdade social.

11 – Que opinião a respeito do trabalhador você acha que os autores querem formar nos leitores?
       Mas a tônica das mensagens é de crítica social, de tomada de posição contra a exploração capitalista e a desigualdade por ela gerada.

12 – Que características textuais são semelhantes nos dois textos?
       Além de respeitarem o emprego da norma culta, os textos também empregam rimas e métrica, figuras de linguagem, e jogo de significações nas estruturas sintáticas.

13 – As características comuns aos dois textos são suficientes para classifica-los como pertencentes ao mesmo gênero textual? Por quê?

       SIM. Os traços caracterizadores do gênero poesia estão muito marcados nos dois textos.



GÊNEROS TEXTUAIS COMO PRÁTICAS SÓCIO-HISTÓRICAS- A.P.DIONÍSIO - COM GABARITO

1 – Gêneros textuais como práticas sócio históricas

       Já se tornou trivial a ideia de que os gêneros textuais são fenômenos históricos, profundamente vinculados à vida cultural e social. Fruto de trabalho coletivo, os gêneros contribuem para ordenar e estabilizar as atividades comunicativas do dia-a-dia. São entidades sócio discursivas e formas de ação social incontornáveis em qualquer situação comunicativa. No entanto, mesmo apresentando alto poder preditivo e interpretativo das ações humanas em qualquer contexto discursivo, os gêneros não são instrumentos estanques e enrijecedores da ação criativa. Caracterizam-se como eventos textuais altamente maleáveis, dinâmicos e plásticos. Surgem emparelhados a necessidades e atividades socioculturais, bem como na relação com inovações tecnológicas, o que é facilmente perceptível ao se considerar a quantidade de gêneros textuais hoje existentes em relação a sociedades anteriores à comunicação escrita.
        Quanto a esse último aspecto, uma simples observação histórica do surgimento dos gêneros revela que, numa primeira fase, povos de cultura essencialmente oral desenvolveram um conjunto limitado de gêneros. Após a invenção da escrita alfabética por volta do século VII A.C., multiplicaram-se os gêneros, surgindo os típicos da escrita. Numa terceira fase, a partir do século XV, os gêneros expandiram-se com o florescimento da cultura impressa para, na fase intermediária de industrialização iniciada no século XVIII, dar início a uma grande ampliação. Hoje, em plena fase da denominação cultura eletrônica, com o telefone, o gravador, o rádio, a TV, e, particularmente, o computador pessoal e sua aplicação mais notável, a internet, presenciamos uma explosão de novos gêneros e novas formas de comunicação, tanto na oralidade como na escrita.
        Isto é revelador do fato de que os gêneros textuais surgem, situam-se e integram-se funcionalmente nas culturas em que se desenvolvem. Caracterizam-se muito mais por suas funções comunicativas, cognitivas e institucionais do que por suas peculiaridades linguísticas e estruturais. São de difícil definição formal, devendo ser contemplados em seus usos e condicionamentos sócio pragmáticos caracterizados como práticas sócio discursivas. Quase inúmeros em diversidade de formas, obtêm denominações nem sempre unívocas e, assim como surgem podem desaparecer.
[...]
2 – Novos gêneros e velhas bases

       Como afirmado, não é difícil constatar que nos últimos dois séculos foram as novas tecnologias, em especial as ligadas à área da comunicação, que propiciaram o surgimento de novos gêneros textuais. Por certo, não são propriamente as tecnologias per se que originam os gêneros e sim a intensidade dos usos dessas tecnologias e suas interferências nas atividades comunicativas diárias. Assim, os grandes suportes tecnológicos da comunicação tais como rádio, a televisão, o formal, a revista, a internet, por terem uma presença marcante e grande centralidade nas atividades comunicativas da realidade social que ajudam a criar, vão por sua vez propiciando e abrigando gêneros novos bastante característicos. Daí surgem formas discursivas novas, tais como editoriais, artigos de fundo, notícias, telefonemas, telegramas, telemensagens, teleconferências, videoconferências, reportagens ao vivo, cartas eletrônicas (e-mails), bate-papos virtuais, aulas virtuais e assim por diante.
        Seguramente, esses novos gêneros não são inovações absolutas, quais criações ab ovo, sem uma ancoragem em outros gêneros já existentes. O fato já fora notado por Bakhtin (1997) que falava na transmutação dos gêneros e na assimilação de um gênero por outro gerando novos. A tecnologia favorece o surgimento de formas inovadoras, mas não absolutamente novas. Veja-se o caso do telefonema, que apresenta similaridade com a conversação que lhe preexiste, mas que, pelo canal telefônico, realiza-se com características próprias. Daí a diferença entre uma conversação face a face e um telefonema com as estratégias que lhe são peculiares. O e-mail (correio eletrônico) gera mensagens eletrônicas que têm nas cartas (pessoais, comerciais, etc.) e nos bilhetes, seus antecessores. Contudo, as cartas eletrônicas são gêneros novos com identidades próprias, como se verá no estudo sobre gêneros emergentes na mídia virtual.
        Um aspecto central no caso desses e de outros gêneros emergentes é a nova relação que instauram com o usos da linguagem como tal. Em certo sentido, possibilitam a redefinição de alguns aspectos centrais na observação da linguagem em uso, como, por exemplo, a relação entre a oralidade e a escrita, desfazendo ainda mais as suas fronteiras. Esses gêneros que emergiram no último século no contexto das mais diversas mídias criam formas comunicativas próprias com um certo hibridismo que desafia as relações entre oralidades e escrita e inviabiliza de forma definitiva a velha visão dicotômica ainda presente em muitos manuais de ensino de língua. Esses gêneros também permitem observar a maior integração entre os vários tipos de semioses: signos verbais, sons, imagens e formas em movimento. A linguagem dos novos gêneros torna-se cada vez mais plástica, assemelhando-se a uma coreografia e, no caso das publicidades, por exemplo, nota-se uma tendência a servirem-se de maneira sistemática dos formatos de gêneros prévios para objetivos novos. Como certos gêneros já tem um determinado uso e funcionalidade, seu investimento em outro quadro comunicativo e funcional permite enfatizar, com maior vigor, os novos objetivos.
        Quanto a este último aspecto, é bom salientar que embora os gêneros textuais não se caracterizem nem se definam por aspectos formais, sejam eles estruturais ou linguísticos, e sim por aspectos sócio comunicativos e funcionais, isso não quer dizer que estejamos desprezando a forma. Pois é evidente, como se verá, que em muitos casos são as formas que determinam o gênero e, em outros tantos, serão as funções. Contudo, haverá casos em que o próprio suporte ou o ambiente em que os textos aparecem que determinam o gênero presente. Suponhamos o caso de um determinado texto que aparece numa revista científica e constitui um gênero denominado “artigo científico”; imaginemos agora o mesmo texto publicado num jornal diário e então ele seria um “artigo de divulgação científica”. É claro que há distinções bastante claras quanto aos dois gêneros, mas para a comunidade científica, sob o ponto de vista de suas classificações, um trabalho publicado numa revista científica ou num jornal diário não tem a mesma classificação na hierarquia de valores da produção científica, embora seja o mesmo texto. Assim, num primeiro momento podemos dizer que as expressões “mesmo texto” e “mesmo gênero” não são automaticamente equivalentes. Desde que não estejam, no mesmo suporte. Estes aspectos sugerem cautela quanto a considerar o predomínio de formas ou funções para a determinação e identificação de um gênero.
[...]
                         Retirado de Dionísio, A.P. et alii. Gêneros Textuais & Ensino.
                                                                  Rio de Janeiro: Editora Lucerna, 2002.

1 – Por que gêneros não são instrumentos estanques e enrijecedores da ação criativa?
       Porque são eventos textuais altamente maleáveis e estão ligados às atividades socioculturais. São flexíveis e variam de acordo com as necessidades de comunicação.

2 – Por que os gêneros são caracterizados como práticas discursiva, ou práticas sócio comunicativas, e não como práticas linguísticas?
       Por que o mais relevante na sua definição é a situação de comunicação, a prática de sua realização, e não sua forma linguística.

3 – A palavra “suporte” aparece várias vezes no texto para designar algo ligado ao texto e ao gênero. A partir do contexto, a que você acha que ela se refere? Dê alguns exemplos.
       “Suporte” pode ser o veículo, o canal usado para a comunicação; o objeto concreto onde se apoia o texto: livro, som, celular, internet, revistas, etc.

4 – A partir do que diz o texto, como você acha que surgem novos gêneros?
       Surgem a partir de inovações culturais, do uso constante de novos meios de comunicação; mas não são completamente novos: Apoiam-se em gêneros já conhecidos que mantêm com eles alguma semelhança.

5 – Por que desaparecem gêneros antigos?
       Desaparecem porque deixam de ter relevância cultural, quando novas tecnologias os substituem.

6 – Como se comportam os novos gêneros em relação às fronteiras entre oralidade e escrita?
       Os novos gêneros tendem a desfazer ou a enfraquecer as fronteiras entre oralidade e escrita, porque são mais plásticos, mais maleáveis. Integram signos de várias naturezas.

7 – Que aspectos podem servir de critério para a classificação de um gênero?
       Podem ser aspectos formais (linguísticos, estilísticos) e funcionais (culturais); podem estar ligados ao suporte ou ao objetivo.


quinta-feira, 25 de maio de 2017

TEXTO: CULTURA E LIBERDADE - EDSON OLIVEIRA - COM GABARITO

CULTURA E LIBERDADE

        Ser livre implica poder optar racionalmente entre duas coisas. É precisamente o caráter racional dessa opção que faz da cultura a base, por excelência, da liberdade.
        Com efeito, toda e qualquer escolha instintiva, inconsciente ou desavisada pode, inclusive, ser feliz ou correta; mas nunca será gesto de liberdade na plenitude da palavra.
        É, pois, a cultura, entendida como posse, o mais integral possível dos valores científicos, morais ou filosóficos, que nos possibilita julgá-los, elegê-los conscientemente, depô-los ou retificá-los. E isso é ser livre.
        Os sábios antigos, que foram levados à prisão em nome de postulados que seus contemporâneos não admitiam, constituem, paradoxalmente, expressivo exemplo de homens livres. A prisão não os privou de sua eleição íntima e consciente; não os tornou, por conseguinte, menos livres. Certamente, eles viram em sua segregação social, não a perda da liberdade, mas o preço a pagar por tê-la exercido plenamente.
        No mundo atual, em que opções políticas, religiosas, sociais e ideológicas as mais dedicadas se nos impõem, a cultura já não é apenas um meio de chegar à liberdade, porém uma arma a utilizar na preservação dela.
        Continuemo-nos, portanto. Pensar em liberdade sem ter cultura é como querer voar, tendo apenas condições para arrastar-se.
                                                                                                      EDSON OLIVEIRA.
1 – Qual a tese do autor?
       Ser livre implica poder optar, racionalmente, entre duas coisas.

2 – De que argumentos ele se utiliza para sustentar a sua tese?
       Diz-nos que o caráter racional dessa opção é que faz da cultura a base da liberdade e que a escolha, racionalmente feita, será um gesto de plena liberdade.

3 – De que recursos ele se utilizou para precisar seus argumentos?
       Utilizou-se de exemplos.

4 – Entendido o texto, que relação semântica você percebe no título escolhido?
       Percebe-se a relação de causa e consequência.

5 – Que outro título daria ao texto?
       Resposta pessoal.
6 – Qual o seu ponto de vista quanto ao assunto dissertado?
       Resposta pessoal.



CRÔNICA: O "S" DO PROBLEMA - PAULO MENDES CAMPOS - COM GABARITO

CRÔNICA - O "S" DO PROBLEMA
                 Paulo Mendes Campos
O jovem engenheiro, desde estudante, dividira o tempo entre os livros e os exercícios atléticos, do gênero força e saúde. Assim, quando viu que o encarregado da obra era um português que não tinha mais tamanho, gostou. Gostou porque os fortes se entendem e só confiam na força. Mas uma soturna rivalidade foi também se criando entre os dois. Que, entre dois fortes, fica infalivelmente suspensa no ar a tentação de saber quem é o mais forte. Um dia, o engenheiro chamou o encarregado:
– Mande dois homens para arrancar a moldura do concreto da laje.
O português sorriu com menoscabo:
– Dois homens, doutor?! Eu cá num abrir de olhos faço a coisa.
E zás-trás, plac-ploc, o encarregado foi arrancando com violência as peças de madeira que protegiam o concreto, enquanto o doutor o contemplava na faina hercúlea, entre embevecido e safado da vida. Aquilo lhe chegava como um desafio pessoal e ameaça à autoridade.
Três dias depois, parte-se a peça de ferro que prende a caçamba ao guincho. O engenheiro arranjou um bom pedaço de ferro retilíneo e foi ao português:
– Faça um S com este ferro.
O homem foi saindo com a barra na mão.
– Ei, onde você vai?
– Vou fazer o S no torno.
O engenheiro tomou-lhe a barra.
– Torno? Pra que torno?
Zás-trás, plac-ploc, sob o olhar pasmado do português, nosso amigo fez da peça de ferro um S perfeito.
– Tome isto. E fique sabendo que quem manda aqui sou eu! Tá?
(Paulo Mendes Campos)

Marque a única opção correta.
1. “O jovem engenheiro, desde estudante, dividira o tempo entre os livros e os exercícios atléticos, do gênero força e saúde.” Nesta passagem, o narrador nos leva a concluir que ele:
a.( ) critica o jovem engenheiro porque, como estudante, ele só devia estudar.
b.( ) ridiculariza o jovem engenheiro, porque força bruta não vai bem com capacidade intelectual.
c.( ) elogia o jovem engenheiro por fazer a união entre competência profissional e força física.
d.( ) louva o jovem por aproveitar o tempo livre em exercícios atléticos, ao invés de ficar sem fazer nada.
e.( ) considera irrelevante o fato de o jovem engenheiro ter-se dedicado também a exercícios atléticos.
2. “Soturna rivalidade” é o mesmo que rivalidade:
a.( ) permanente
b.( ) aparente
c.( ) ostensiva
d.( ) irracional
e.( ) dissimulada
3. Com a resposta: “… Eu cá num abrir de olhos faço a coisa”, o português revela-se:
a.( ) insubordinado
b.( ) competente
c.( ) orgulhoso
d.( ) prestativo
e.( ) ofendido
4. “Zás-trás, plac-ploc”, a onomatopeia dá ideia de:
a.( ) força
b.( ) rapidez
c.( ) concentração
d.( ) falta de jeito
e.( ) cautela
5. “Tá?”, esta expressão final, típica da linguagem popular, dá a entender que o engenheiro:
a.( ) fazia uma pergunta
b.( ) mostrava dúvidas
c.( ) afirmava categoricamente
d.( ) exclamava contente
e.( ) queria ouvir a opinião de outra pessoa.



FRASES DO RIOBALDO - GRANDE SERTÃO VEREDAS


FRASES  DO  RIOBALDO -  Grande Sertão: Veredas:


“Posso me esconder de mim?”

“Amor é assim – o rato que sai dum buraquinho: é um ratazão, é um tigre leão.”

“O pássaro que se separa de outro, vai voando adeus o tempo todo.”

“O sertão é confusão em grande demasiado sossego.”

“Aqui digo: que se teme por amor; mas que, por amor, também, é que a coragem se faz.”

“A gente principia as coisas, no não saber por que, e desde aí perde o poder de continuação.”

“Só quando se tem rio fundo, ou cava de buraco, é que a gente por riba põe ponte.”

“Muito quieto é que a gente chama o amor: como em quieto as coisas chamam a gente.”

“Um menino nasceu – o mundo tornou a começar.”

“Arejei que toda criatura merecia tarefa de viver.”

“E o demo existe? Só se existe o estilo dele, solto, sem um ente próprio – feito remanchas n’água.”

“Ao que tropecei, e o chão não quis minha queda.”

“Minha alma tem de ser de Deus: se não, como é que ela podia ser minha?”

“Meu medo é esse. Todos não vendem? Digo ao senhor: o diabo não existe, não há, e a ele eu vendi a alma... Meu medo é este. A quem vendi? Medo meu é este, meu senhor: então, a alma, a gente vende, só, é sem nenhum comprador...”

“O amor só mente para dizer maior verdade.”

“O sertão aceita todos os nomes.”

“O que não existe de se ver, tem força completa demais, em certas ocasiões.”

“Um homem é um homem, no que não vê e no que consome.”

“Homem tem nojo é do humano.”

“O sertão não tem janelas nem porta. E a regra é assim: ou o senhor bendito governa o sertão, ou o sertão maldito vos governa...”

“Um lugar conhece o outro é por calúnias e falsos levantados; as pessoas também, nesta vida.”

“A vida é um vago variado.”

“Picapau voa é duvidando do ar.”

“Sossego traz desejos.”

“Hoje-em-dia eu nem sei o que sei, e, o que soubesse, deixei de saber o que sabia...” (Diadorim falando pra Riobaldo)

“Quem ama é sempre muito escravo, mas não obedece nunca de verdade.”

“Tinha medo não. Tinha era cansaço de esperança.”

“Sertão: quem sabe dele é urubu, gavião, gaivota, esses pássaros: eles estão sempre no alto, apalpando ares com pendurado pé, com o olhar remedindo a alegria e as misérias todas...”

“Aprender-a-viver é que é o viver, mesmo.”

“A vida da gente nunca tem termo real.”

“O existir da alma é a reza.”

“O diabo não há! É o que eu digo, se for... Existe é homem humano. Travessia.”


... 

MÚSICA(ATIVIDADES): BRASIL PANDEIRO - ASSIS VALENTE - COM GABARITO

Música(Atividades): Brasil Pandeiro
Assis Valente

 
Chegou a hora dessa gente bronzeada
Mostrar seu valor
Eu fui à penha fui pedir à padroeira para
Me ajudar
Salve o morro do vintém, pendura-saia,
Eu quero ver
Eu quero ver o tio Sam tocar pandeiro
Para o mundo sambar



O tio Sam está querendo conhecer
A nossa batucada
Anda dizendo que o molho da baiana
Melhorou seu prato
Vai entrar no cuscuz, acarajé e abará
Na casa branca já dançou a batucada
De ioiô i iaiá

Brasil, esquentai vossos pandeiros iluminai os terreiros
Que nós queremos sambar

Há quem sambe diferente
Noutras terras, outra gente
Um batuque de matar
Batucada, reuni vossos valores
Pastorinhas e cantores
Expressões que não tem par
Oh! Meu Brasil

Brasil, esquentai vossos pandeiros...

QUESTÃO 01
 Leia estas afirmações.
I.              Segundo a música, é possível afirmar que Tio Sam é um sambista renomado com peculiar talento para tocar pandeiro, sendo, por isso, capaz de fazer o mundo sambar.
II.             Assis Valente retratou o povo brasileiro por meio de sua musicalidade no samba e na batucada, da sua culinária no cuscuz, acarajé e abará, bem como nas suas manifestações culturais como as pastorinhas.
III.            A escolha do pandeiro como instrumento adjetivo da nação brasileira eleva a batucada ao patamar de valor cultural relevante.
IV.           Por diversos momentos a cultura baiana foi ressaltada como em “molho da baiana”, “acarajé e abará” o que denota um reconhecimento dela como a principal fonte da cultura brasileira.
 Com base nessas afirmações, pode-se concluir que
a) I e II estão corretas.
 b) III e IV estão corretas.
 c) II e III estão incorretas.
 d) I e IV estão incorretas.
 e) todas são corretas

 QUESTÃO 02
 Pode-se afirmar que o trecho: “Chegou a hora dessa gente bronzeada mostrar seu valor...”
a) Denota o racismo sofrido pelos brasileiros frente aos estrangeiros.
 b) Relaciona a mestiçagem do povo brasileiro à supremacia do povo americano.
 c) Conclama o brasileiro, eminentemente mestiço, a reconhecer seus próprios valores.
d) Faz alusão à temperatura do Brasil e à incidência dos raios solares, responsáveis pelo bronzeamento intenso da pele da população.
 e) n.d.a.


quarta-feira, 24 de maio de 2017

MÚSICA(ATIVIDADES): DOMINGO NO PARQUE - GILBERTO GIL- COM GABARITO

 MÚSICA(ATIVIDADES):  DOMINGO NO PARQUE
GILBERTO GIL


O rei da brincadeira
Ê, José!
O rei da confusão
Ê, João!
Um trabalhava na feira
Ê, José!
Outro na construção
Ê, João!...

A semana passada
No fim da semana
João resolveu não brigar
No domingo de tarde
Saiu apressado
E não foi prá Ribeira jogar
Capoeira!
Não foi prá lá
Pra Ribeira, foi namorar...

O José como sempre
No fim da semana
Guardou a barraca e sumiu
Foi fazer no domingo
Um passeio no parque
Lá perto da Boca do Rio...

Foi no parque
Que ele avistou
Juliana
Foi que ele viu
Foi que ele viu Juliana na roda com João
Uma rosa e um sorvete na mão
Juliana seu sonho, uma ilusão
Juliana e o amigo João...

O espinho da rosa feriu Zé
(Feriu Zé!) (Feriu Zé!)
E o sorvete gelou seu coração
O sorvete e a rosa
Ô, José!
A rosa e o sorvete
Ô, José!
Foi dançando no peito
Ô, José!
Do José brincalhão
Ô, José!...

O sorvete e a rosa
Ô, José!
A rosa e o sorvete
Ô, José!
Oi girando na mente
Ô, José!
Do José brincalhão
Ô, José!...

Juliana girando
Oi girando!
Oi, na roda gigante
Oi, girando!
Oi, na roda gigante
Oi, girando!
O amigo João (João)...

O sorvete é morango
É vermelho!
Oi, girando e a rosa
É vermelha!
Oi girando, girando
É vermelha!
Oi, girando, girando...

Olha a faca! (Olha a faca!)
Olha o sangue na mão
Ê, José!
Juliana no chão
Ê, José!
Outro corpo caído
Ê, José!
Seu amigo João
Ê, José!...

Amanhã não tem feira
Ê, José!
Não tem mais construção
Ê, João!
Não tem mais brincadeira
Ê, José!
Não tem mais confusão
Ê, João!...

Êh! Êh! Êh Êh Êh Êh!
Êh! Êh! Êh Êh Êh Êh!
Êh! Êh! Êh Êh Êh Êh!

Êh! Êh! Êh Êh Êh Êh!

 VOCABULÁRIO
01. Observe as palavras  no texto:
“Foi no parque que ele avistou
Juliana, foi que ele viu
Juliana na roda com João”

Apresente o significado dessas palavras e explique por que o autor usou primeiro avistou e depois viu.
RESPOSTA: Primeiro José avistou (viu de longe) Juliana com João, depois ele viu (teve a visão mais aproximada) os dois e pôde ter a certeza de que eram eles mesmos e de que estavam juntos.

02. Leia atentamente estes versos:
“O espinho da rosa feriu Zé
E o sorvete gelou seu coração”
Agora responda:
a) Os verbos gerir e gelar foram usados em sentido próprio ou em sentido figurado?
RESPOSTA: Em sentido próprio.

b) Qual o significado desses verbos nos versos?
RESPOSTA: Ferir: magoar, fazer sofrer/ Gelar: deixar aflito, a espera de uma reação.

03. Leia atentamente estes versos:
O sorvete e a rosa (Ô, José!)
A rosa e o sorvete (Ô, José!)
Foi dançando no peito (Ô, José!)
Do José brincalhão (Ô, José!...)
O sorvete e a rosa (Ô, José!)
A rosa e o sorvete (Ô, José!)
Oi girando na mente (Ô, José!)
Do José brincalhão (Ô, José!...)

Agora responda:
a) Os verbos dançar e girar foram empregados em sentido próprio ou em sentido figurado?
RESPOSTA: Em sentido figurado.

b) Qual o significado desses verbos nos versos?
RESPOSTA: Dançar: provocar uma reação; Girar: confundir.

c) Como podem ser entendidas as seguintes combinações: dançando no peito; girando na mente?
RESPOSTA: Provocando uma reação emocional, mexendo com seus sentimentos; confundindo seus pensamentos, sua razão.

 RELEITURA DO TEXTO
O texto de leitura desta lição é a letra de uma música que contém uma narração. Assim, podemos encontrar nela os elementos: personagens, enredo, espaço, tempo e foco narrativo. Vamos verificar isso.
04. Quem são os personagens principais?
RESPOSTA: José, Juliana e João.

05. O que sabemos a respeito de cada um deles?
RESPOSTA: José – brincalhão, feirante; João – rei da confusão, trabalhador na construção, lutador de capoeira; Juliana, amada de José, mas passeando com João.

06. Onde se passam os principais acontecimentos narrados?
RESPOSTA: Num parque de diversões de diversões.

07. Quando se passam os acontecimentos narrados?
RESPOSTA: Num domingo à tarde.

08. Qual é a sequência das ações das personagens que compõem o enredo?
RESPOSTA: João resolve não jogar capoeira e vai a um parque de diversões. José guarda sua barraca de feirante e vai ao mesmo parque de diversões. Lá José vê João e Juliana juntos. Cheio de ciúmes ele acaba matando os dois.

09. Como é o narrador:
a) Apenas um observador ou ele é também uma personagem?
RESPOSTA: Apenas um observador.

b) O narrador sabe dos pensamentos e sentimentos dos personagens?
RESPOSTA: Sim.

 COMPREENSÃO DO TEXTO

Como já vimos, o texto Domingo no Parque é a letra de uma música e contém uma narração. Mas essa narração é feita de uma maneira especial, pois está composta sob a forma de poesia e não de prosa.
A poesia trabalha com versos. Verso é cada linha escrita no poema.
Como poesia, a narração apresenta pequenas sequencias, cortes e figuras de linguagem. Todos esses recursos mais sugerem impressões ao leitor do que possibilitam a descrição detalhada de uma cena ou a narração fiel de uma sequência de ações.
Para esse trabalho com as emoções do leitor, o texto poético explora os significados das palavras. Não os que o dicionário apresenta, mas os significados que as palavras ganham no texto, e que, portanto, permitem muitas interpretações.

Essas interpretações dependem ainda das emoções que as palavras e seus significados despertam no leitor. Por isso o poeta pode dizer:

“O sorvete e a rosa (Ô, José)
A rosa e o sorvete (Ô, José)
Oi, dançando no peito (Ô, José)
Do José brincalhão (Ô, José)
O sorvete e a rosa (Ô, José)
A rosa e o sorvete (Ô, José)
Oi, girando na mente (Oi, José)
Do José brincalhão (Oi, José)”
Aos leitores cabe interpretar, segundo suas emoções, os significados que as expressões dançar no peito e girar na mente ganham nesse texto.

10. Vamos identificar as pequenas sequencias do texto. Indique em que verso começa e em que verso termina cada uma das sequencias seguintes:
a) apresentação de José e de João; R: 1 – 4
b) os momentos anteriores da ida de João ao parque; R: 5 – 10
c) os momentos anteriores da ida de José ao parque; R: 11 – 14
d) o momento em que José vê Juliana com João; R: 15 – 20
e) os sentimentos de José; R: 21 – 38
f) a reação de José movido pelo ciúme; R: 39 – 43
g) o futuro cheio de negação para João e José; R: 44 – 47

11. Observe que entre a segunda e a terceira sequencia existe um corte, isto é, não é dado nenhum aviso ao leitor que depois de falar sobre João vai se falar sobre José. O leitor percebe isso por si só. Indique um outro corte na narração.
RESPOSTA: Entre os versos 38 e 39, quando se deixa de falar do mundo interior de José e é narrado o crime.

12. Um outro recurso usado para não se fazer uma narração muito direta são os índices, isto é, as pistas que são dadas ao leitor para que ele vá suspeitando do que pode acontecer. Se o texto é poético, os índices são mais dirigidos as emoções do leitor do que ao seu raciocínio lógico. Em Domingo no Parque, ficamos sabendo José está com ciúme de Juliana. A certa altura começamos a suspeitar de que haverá sangue, que José vai ferir ou mesmo matar Juliana e João. Que índices nos despertam essa suspeita?
RESPOSTA: A cor vermelha do sorvete e da rosa e a faca.

13. Existem no texto algumas antíteses, isto é, algumas oposições. Por exemplo, um domingo no parque de diversões sugere um momento de alegria e descontração; entretanto, o que acontece é uma tragédia. Indique outras duas antíteses do texto que dizem respeito às personagens.
RESPOSTA: José era brincalhão, mas é ele que acaba cometendo um assassinato. João era briguento, mas é ele que acaba sendo morto.

14. Um outro recurso literário que chama atenção neste texto é a presença das palavras entre parênteses ao final de cada verso. Quando a letra dessa música é cantada, a parte que está entre parênteses é interpretada pelo coro. Na Antiguidade, existia, nas apresentações teatrais, um coro cuja função principal era questionar ou destacar alguns fatos que aconteciam na sequência da história encenada. Podemos dizer que no texto Domingo no parque ocorre a mesma coisa? Justifique a sua resposta.
RESPOSTA: Sim, porque a parte cantada pelo coro, indicada pelos parênteses, vai destacando personagens, ações, índices da narração.

15. Por que o poeta repete insistentemente a palavra girando entre os versos 29 e 38, que antecedem o momento da ação de José?
RESPOSTA: Para provocar a imagem da progressiva confusão de sentimentos e de raciocínio de José.

16. Explique esta metáfora de Domingo no parque: “Juliana, seu sonho, uma ilusão”.
RESPOSTA: José identifica Juliana como seu ideal(sonho) e sua esperança de felicidade.

17. Indique outras quatro metáforas presentes no texto.
RESPOSTA: O espinho da rosa feriu Zé/ E o sorvete gelou seu coração/ A rosa e o sorvete/ Oi, dançando no peito/ A rosa e o sorvete/ girando na mente.