sábado, 4 de março de 2017

TEXTO: ÉTICA - JORNAL DE OPINIÃO - COM GABARITO


   TEXTO: ÉTICA

  A ética nasceu na pólis grega com a pergunta pelos critérios que pudessem tornar possível o enfrentamento da vida com dignidade. Isto significa dizer que o ponto de partida da ética é a vida, a realidade humana, que, em nosso caso, é uma realidade de fome e miséria, de exploração e exclusão, de desespero e desencanto frente a um sentido da vida. É neste ponto que somos remetidos diretamente à questão da democracia, um projeto que se realiza nas relações da sociabilidade humana.

Disponível em: http://www.jornaldeopinião.com.br.
                                                                                       Acesso em 03 maio 2009.

     O texto pretende que o leitor se convença de que a:

a)     Ética é a vivência da realidade das classes pobres, como mostra o fragmento “é uma realidade de fome e miséria”.
b)    Ética é o cultivo dos valores morais para encontrar sentido na vida, como mostra o fragmento “de desespero e desencanto frente a um sentido da vida”.
c)     Experiência democrática deve ser um projeto vivido na coletividade, como mostra o fragmento “um projeto que se realiza nas relações da sociabilidade humana”.
d)    Experiência democrática precisa ser exercitada em benefício dos mais pobres, com base no fragmento “tornar possível e enfrentamento da vida com dignidade”.
e)     Democracia é a melhor forma de governo para as classes menos favorecidas, como mostra o fragmento “é neste ponto que somos remetidos diretamente à questão da democracia”.

RESOLUÇÃO: A alternativa C respeita o texto, correlacionando adequadamente dois elementos dele: nas demais, as associações propostas não são congruentes nem são fiéis ao sentido do texto. Resposta: C


HISTÓRIAS EM QUADRINHOS - COM GABARITO

GÊNERO TEXTUAL - HISTÓRIAS EM QUADRINHOS

     Os quadrinhos exemplificam que as Histórias em Quadrinhos constituem um gênero textual:
a)     Em que a imagem pouco contribui para facilitar a interpretação da mensagem contida no texto, como pode ser constatado no primeiro quadrinho.
b)    Cuja linguagem se caracteriza por ser rápida e clara, que facilita a compreensão, como se percebe na fala do segundo quadrinho:
“</DIV></SPAN><BRCLEAR = ALL><BR><BR><SCRIPT>”.

c)     Em que o uso de letras com espessuras diversas está ligado a sentimentos diversas está ligado a sentimentos expressos pelos personagens, como pode ser percebido no último quadrinho.
d)    Que possui em seu texto escrito características próximas a uma convenção face a face, como pode ser percebido no segundo quadrinho.
e)     Em que a localização casual dos balões nos quadrinhos expressa com clareza a sucessão cronológica da história, como pode ser percebido no segundo quadrinho.

RESOLUÇÃO: A história em quadrinhos é um gênero textual que explora a conversação. O segundo quadrinho retrata o diálogo entre os interlocutores. Resposta: D



TEXTO NÃO VERBAL - LINGUAGEM - COM GABARITO


TEXTO NÃO VERBAL - LINGUAGEM

Na parte superior, há um comentário escrito que aborda a questão das atividades linguísticas e sua relação com as modalidades oral e escrita da língua. Esse comentário deixa evidente uma posição crítica quanto a usos que se fazem da linguagem, enfatizando ser necessário:

    a)   Implementar a fala, tendo em vista maior desenvoltura, naturalidade e segurança no uso da língua.
  b)   Conhecer gêneros mais formais da modalidade oral para a obtenção de clareza na comunicação oral e escrita.
  c)    Dominar as diferentes variedades do registro oral da língua portuguesa para escrever com adequação, eficiência e correção.
  d)   Empregar vocabulário adequado e usar regras da norma padrão da língua em se tratando da modalidade escrita.


e)     Utilizar recursos mais expressivos e menos desgastados da variedade padrão da língua para se expressar com alguma segurança e sucesso.

RESOLUÇÃO: O comentário manuscrito desaconselha a prática de os jovens escreverem como falam. Resposta: D


EDITORIAL: A CARREIRA DO CRIME - FOLHA DE SÃO PAULO - COM GABARITO

         
 EDITORIAL:   A CARREIRA DO CRIME

     Estudo feito por pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz sobre adolescentes recrutados pelo tráfico de drogas nas favelas cariocas expõe as bases sociais dessas quadrilhas, contribuindo para explicar as dificuldades que o Estado enfrenta no combate ao crime organizado.
     O tráfico oferece aos jovens de escolaridade precária (nenhum dos entrevistados havia completado o ensino fundamental) um plano de carreira bem estruturado, com salários que variam de R$ 400,00 a R$ 12.000,00 mensais. Para uma base de comparação, convém notar que, segundo dados do IBGE de 2001, 59% da população brasileira com mais de 10 anos que declara ter uma atividade remunerada ganha no máximo o piso salarial oferecido peto crime. Dos traficantes ouvidos pela pesquisa, 25% recebiam mais de R$ 2.000,00 mensais; já na população brasileira essa taxa não ultrapassa 6%. Tais rendimentos mostram que as políticas sociais compensatórias, como o Bolsa-Escola (que paga R$ 15,00 mensais por aluno matriculado), são por si só incapazes de impedir que o narcotráfico continue aliciando crianças provenientes de estratos de baixa renda: tais políticas aliviam um pouco o orçamento familiar e incentivam os pais a manterem os filhos estudando, o que de modo algum impossibilita a opção pela delinquência. No mesmo sentido, os programas voltados aos jovens vulneráveis ao crime organizado (circo-escolas, oficinas de cultura, escolinhas de futebol) são importantes, mas não resolvem o problema.
     A única maneira de reduzir a atração exercida pelo tráfico é a repressão, que aumenta os riscos para os que escolhem esse caminho. Os rendimentos pagos aos adolescentes provam isso: eles são elevados precisamente porque a possibilidade de ser preso não é desprezível. É preciso que o Executivo federal e os estaduais desmontem as  organizações paralelas erguidas pelas quadrilhas, para que a certeza de punição elimine o fascínio dos salários do crime.
                                                       (Editorial. Folha de São Paulo, 15 jan. 2003.)

I – No Editorial, o autor defende a tese de que “as políticas sociais que procuram evitar a entrada dos jovens no tráfico não terão chance de sucesso enquanto a remuneração oferecida pelos traficantes for tão mais compensatória que aquela oferecida pelos programas do governo”. Para comprovar sua tese, o autor apresenta:
a)     Instituições que divulgam o crescimento de jovens no crime organizado.
b)    Sugestões que ajudam a reduzir a atração exercida pelo crime organizado.
c)     Políticas sociais que impedem o aliciamento de crianças no crime organizado.
d)    Pesquisadores que se preocupam com os jovens envolvidos no crime organizado.
e)     Números que comparam os valores pagos entre os programas de governo e o crime organizado.

RESOLUÇÃO: Os principais dados que o texto apresenta a respeito do problema tratado são os valores muito díspares dos salários pagos aos traficantes e da ajuda concedida por programas sociais do governo. Resposta: E

II – Com base nos argumentos do autor, o texto aponta para:
a)     Uma denúncia de quadrilhas que se organizam em torno do narcotráfico.
b)     A constatação de que o narcotráfico restringe-se aos centros urbanos.
c)     A informação de que as políticas sociais compensatórias eliminarão a atividade criminosa a longo prazo.
d)    O convencimento do leitor e que para haver a superação do problema do narcotráfico é preciso aumentar a ação policial.
e)     Uma exposição numérica realizada com o fim de mostrar que o negócio do narcotráfico é vantajoso e sem riscos.

RESOLUÇÃO: O parágrafo final deixa claro o objetivo do texto: levar à convicção de que a repressão policial é “a única maneira de reduzir a atração exercida pelo tráfico”. Resposta: D


TEXTO: GENÉTICA HUMANA - COM GABARITO


TEXTO: GENÉTICA HUMANA

     Cientistas da Grã-Bretanha anunciaram ter identificado o primeiro gene humano relacionado com o desenvolvimento da linguagem, o FOXP2. A descoberta pode ajudar os pesquisadores a compreender os misteriosos mecanismos do discurso – que é uma características exclusiva dos seres humanos. O gene pode indicar por que e como as pessoas aprendem a se comunicar e a se expressar e por que algumas crianças têm disfunções nessa área. Segundo o professor Anthony Monaco, do Centro Wellcome Trust de Genética humana, de Oxford, além de ajudar a diagnosticar desordens de discurso, o estudo do gene vai possibilitar a descoberta de outros genes com imperfeições. Dessa forma, o prosseguimento das investigações pode levar a descobrir também esses genes associados e, assim, abrir uma possibilidade de curar todos os males relacionados à linguagem.

                                                                   Disponível em http://www.bbc.co.uk
                                                                   Acesso em: 4 maio 2009 (adaptado).

I – Para convencer o leitor da veracidade das informações contidas no texto, o autor recorre à estratégia de:

a)     Citar autoridade especialista no assunto em questão.
b)    Destacar os cientistas da Grã-Bretanha.
c)     Apresentar citações de diferentes fontes de divulgação cientifica.
d)    Detalhar os procedimentos efetuados durante o processo da pesquisa.
e)     Elencar as possíveis consequências positivas que a descoberta vai trazer.


RESOLUÇÃO: Das estratégias mencionadas nas alternativas, a única utilizada no texto com o objetivo de “convencer o leitor da veracidade das informações” é a citação de um especialista. Embora elenque “as possíveis consequências positivas que a descoberta vai trazer”, isso não é feito para “convencer o leitor da veracidade das informações”. Resposta: A

CRÔNICA ESCRITA - MACHADO DE ASSIS - COM GABARITO

CRÔNICA ESCRITA
Machado de Assis

         Suponha o leitor que possuía duzentos escravos no dia 12 de maio e que os perdeu com a lei de 13 de maio. Chegava eu ao seu estabelecimento e perguntava-lhe:
     - Os seus libertos ficaram todos?
     - Metade só; ficaram cem. Os outros cem dispersaram-se; consta-me que andam por Santo Antônio de Pádua.
     - Quer o senhor vender-nos?
     Espanto do leitor; eu, explicando:
     - Vender-nos todos, tanto os que ficaram, como os que fugiram.
     O leitor assombrado:
     - Mas, senhor, que interesse pode ter o senhor...
     - Não lhe importe isso. Vende-nos?
     - Libertados não se vendem.
     - É verdade, mas a escritura de venda terá a data de 29 de abril; nesse caso, não foi o senhor que perdeu os escravos, fui eu. Os preços marcados na escritura serão os da tabela da lei de 1885; mas eu realmente não dou mais de dez mil réis por cada um.
     Calcula o leitor:
     - Duzentas cabeças a dez mil réis são dois contos. Dois contos por sujeitos que não valem nada, porque já estão livres, é um bom negócio.
     Depois refletindo:
     - Mas, perdão, o senhor leva-os consigo?
     - Não, senhor: ficam trabalhando para o senhor; eu só levo a escritura.
     - Que salário pede por eles?
     - Nenhum, pela minha parte, ficam trabalhando de graça. O senhor pagar-lhes-á o que já paga.
     Naturalmente, o leitor, à força de não entender, aceitava o negócio. Eu ia a outro, depois a outro, depois a outro, até arranjar quinhentos libertos, que é até onde podiam ir os cinco contos emprestados; recolhia-me a casa e ficava esperando.
     Esperando o quê? Esperando a indenização, com todos os diabos! Quinhentos libertos, a trezentos mil réis, termo médio, eram cento e cinquenta contos; lucro certo: cento e quarenta e cinco.
                                                                        (Machado de Assis, Crônica escrita
                                                                          Em 26/06/1888. Obra Completa.)

I – A frase – Quer o senhor vender-nos? – poderia ser reescrita, segundo uma perspectiva contemporânea e coloquial, da seguinte maneira:
a)     O senhor quer me vender esses libertos?
b)    O senhor quer-me os vender?
c)     O senhor quer me vender-lhes?
d)    O senhor nos quer vender os libertos?
e)     Quer o senhor me os vender?
RESOLUÇÃO: A frase da alternativa a é a única que corresponde ao emprego “contemporâneo e coloquial” do Português do Brasil. No teste, não se teve a preocupação de distinguir o coloquial brasileiro do português. Neste último, porém, a próclise em “me vender” seria substituída por ênclise em “quer-me”. Resposta:  A

II – No processo argumentativo, o trecho - ...mas a escritura de venda terá a data de 29 de abril... – tem a função de:
a)     Criar uma falsa analogia.
b)    Desfazer uma incompatibilidade.
c)     Estabelecer uma negociação justa.
d)    Valorizar a perda de uma da partes.
e)     Abrir caminho a uma renegociação.
RESOLUÇÃO: A oração “mas a escritura de venda terá a data de 29 de abril” sugere uma falsificação que desfaz a incompatibilidade de vender escravos após a Lei Áurea, de 13 de maio de 1888, que extinguia a escravidão no Brasil. Resposta: B

III – A frase – Nenhum, pela minha parte, ficam trabalhando de graça. – pode ser reescrita, sem mudança de sentido, da seguinte maneira:
a)     Nenhum, com a minha parte, fica trabalhando d graça.
b)    Nenhum pagamento da minha parte, ficam trabalhando de graça.
c)     Nenhum, pela minha parte fica trabalhando de graça.
d)    Nenhum deles, pela minha parte, fica trabalhando de graça.
e)     Nenhum pagamento, pela minha parte, ficam trabalhando de graça.
RESOLUÇÃO: No pronome adjetivo nenhum, empregado na resposta, está implícito o substantivo “salário”, que era o núcleo da pergunta. Resposta: E.

IV – Os pronomes seu em – Chegava eu ao seu estabelecimento... – (no início do texto) e outro em – Eu ia a outro, depois a outro, depois a outro... – (no final do texto) têm como referência, respectivamente:
a)     Libertos, libertos.
b)    O leitor, ex-donos de escravos.
c)     Local de comércio, libertos.
d)    O leitor, títulos de posse.
e)     Local de comércio, valores.

RESOLUÇÃO: Em “seu estabelecimento”, o pronome possessivo refere-se a “leitor” (“Suponha o leitor”). A reiteração de “outro” refere-se a ex-donos de escravos que seriam contatados pelo narrador. Resposta: B

sexta-feira, 3 de março de 2017

CRÔNICA: O SENHOR - RUBEM BRAGA - COM GABARITO

         CRÔNICA:  O SENHOR


     Carta a uma jovem que, estando em uma roda em que dava aos presentes o tratamento de você, se dirigiu ao autor chamando-o “o senhor”:
     Senhora:
     Aquele a quem chamastes senhor aqui está, de peito magoado e cara triste, para voz dizer que senhor ele não é, de nada, nem de ninguém.
     Bem sabeis, por certo, que a única nobreza do plebeu está em não querer esconder sua condição, e esta nobreza tenho eu. Assim, se entre tantos senhores ricos e nobres a quem chamáveis você escolhestes a mim para tratar de senhor, é bem de ver que só poderíeis ter encontrado essa senhoria nas rugas de minha testa e na prata de meus cabelos. Senhor de muitos anos, eis aí; o território onde eu mando é no país do tempo que foi. Essa palavra “senhor”, no meio de uma frase, ergueu entre nós um muro frio e triste.
     Vi o muro e calei: não é de muito, eu juro, que me acontece essa tristeza; mas também não era a vez primeira.
                                                                           (BRAGA, R. A borboleta amarela.  
                                                                           Rio de Janeiro: Record, 1991.)
Entendendo o texto

I – A escolha do tratamento que se queira atribuir a alguém geralmente considera as situações específicas de uso social. A violação desse princípio causou um mal-estar no autor da carta. O trecho que descreve essa violação é:
a)     “Essa palavra, SENHOR, no meio de uma frase ergueu entre nós um muro frio e triste.”
b)    “A única nobreza o plebeu está em não querer esconder a sua condição.”
c)     “Só poderíeis ter encontrado essa senhoria nas rugas de minha testa.”
d)    “O território onde eu mando é no país do tempo que foi.”
e)     “Não é de muito, eu juro, que acontece essa tristeza; mas também não era a vez primeira.”

RESOLUÇÃO: A “violação” do princípio em questão – de que o tratamento que se dá às pessoas deve levar em conta a situação social – ocorreu porque a interlocutora, com sua forma cerimoniosa de tratamento, excluiu o autor do grupo de homens a que ela se dirigia de maneira informal e, portanto, mais calorosa e alegre (em oposição ao “muro frio e triste” do tratamento formal). Resposta: A.