quinta-feira, 24 de setembro de 2015

Redação Enem: Aumento da AIDS Entre os Jovens - Sugestão

 Redação Enem: Aumento da AIDS Entre os Jovens


Na década de 1980, o mundo todo descobriu o vírus HIV, causador da AIDS, e todos se assustaram muito com o número de mortos pela doença que, naquela época, era praticamente uma sentença de morte. Pessoas famosas mundialmente e anônimas começaram a descobrir que estavam infectadas, o vírus ganhou as páginas dos jornais e das revistas e espaço na televisão e os sintomas e a velocidade das mortes apavoraram todo o planeta. Com tudo isso, o preconceito e a discriminação em torno desses indivíduos nasceram como barreiras quase intransponíveis, pois os chamados grupos de risco foram denominados como os que mais corriam riscos de serem contaminados pelo HIV.
Ao longo dos anos, a medicina evoluiu e o conhecimento sobre a AIDS aumentou, assim como a sua prevenção e o seu tratamento. Casos em que pessoas se contaminavam por meio de transfusões sanguíneas diminuíram, o coquetel de remédios foi criado e passou a fazer parte dos sistemas de saúde e campanhas a favor do uso de preservativos e do teste foram realizadas em toda a mídia mundial.
Atualmente, a contaminação por meio de transfusões de sangue estão praticamente erradicadas, assim como a transmissão de mãe para filho durante o parto ou a amamentação; também não se fala mais em grupos de risco, mas sim em comportamento de risco, ou seja, relações sexuais sem o uso de preservativo masculino ou feminino e o coquetel de remédios proporciona ao soro positivo uma vida relativamente normal e longa, salvos os efeitos colaterais.
Todos esses avanços contribuíram para o aumento do conhecimento acerca do HIV e da AIDS (inclusive uma vacina está sendo testada), na diminuição da transmissão e no crescimento da qualidade de vida dos portadores. No entanto, há um lado negativo, o qual é o tema do texto de hoje: o aumento do número de jovens contaminados pelo vírus.

Devido aos avanços sobre a AIDS, muitos jovens brasileiros subestimam o HIV e não o consideram uma sentença de morte como ocorria no século XX. Apesar da quantidade imensa de remédios que devem ser tomados diariamente e dos respectivos efeitos colaterais, vários jovens pensam que basta tomar o coquetel e seguir com a vida que está tudo bem, mas não é certo pensar deste modo, já que a AIDS ainda é uma doença sem cura.
Os números de contaminados pelo HIV estavam diminuindo no Brasil já há algum tempo, mas dados da UNAIDS (Programa Conjunto da ONU sobre HIV/AIDS) relevaram que os casos de AIDS cresceram 11% entre 2005 e 2013 no nosso país e entre os jovens o número de contaminados é maior: entre os meninos de 15 a 19 anos, o número de casos cresceu 50% na última década.
Esses resultados nos mostram que, apesar de todas as informações acerca da AIDS, os casos da doença tendem a aumentar entre os jovens, ou seja, parece que o conhecimento não consegue barrar o crescimento da doença entre as pessoas ditas mais informadas. Um estudo realizado com mais de 35 mil meninos de 17 a 20 anos revelou que o aumento de contaminação entre os jovens pelo vírus HIV está relacionado ao baixo grau de escolaridade.
Dados da página do governo federal sobre a AIDS confirmam que a faixa etária na qual há maior contágio é entre 25 e 49 anos, em ambos os sexos, mas na faixa entre 13 e 19 anos a incidência é maior entre as meninas desde o ano de 1998. A cada dia que passa, os jovens estão explorando cada vez mais a sua sexualidade, das mais variadas formas, mas sem a devida proteção. Além disso, ao estarem em relacionamentos mais sérios, como namoros duradouros, o uso do preservativo é deixado de lado baseado na confiança no parceiro e é aí que muitos se contaminam, como ainda acontece com mulheres adultas casadas.
Por se tratar de um tema eternamente importante que impacta a sociedade brasileira, pensamos que o aumento dos casos de AIDS entre os jovens brasileiros é dos possíveis temas da proposta de redação do Enem, até porque a maioria dos candidatos está na faixa etária na qual os casos cresceram.
A mídia comunica, o governo realiza campanhas comunitárias de conscientização acerca da prevenção e dos testes, além de oferecer preservativos e o coquetel no Sistema Único de Saúde (SUS), a escola esclarece… O que mais precisa se feito para que o número de casos de AIDS diminua entre os jovens brasileiros?
Página recomendada:
·         aids.gov.br


sábado, 5 de setembro de 2015

ARTIGO DE OPINIÃO: O"IMPEACHMENT" E A AUSÊNCIA DE RESPONSABILIDADE PRESIDENCIAL- PAULO BONAVIDES -COMGABARITO

O “IMPEACHMENT” E A AUSÊNCIA DE RESPONSABILIDADE PRESIDENCIAL

Tendo aludido ao lugar da obra de Rui Barbosa onde  se lê “mais vale, no governo, a instabilidade que a irresponsabilidade” – essa nota dominante do presidencialismo – um dos nossos bons  constitucionalistas retratou com suma clareza e singeleza a inoperância do  impeachment, de origem anglo-saxônica, acolhido pelas Constituições presidencialistas, ao afirmar que “sendo um processo de ‘formas’ criminais (ainda que não seja um procedimento penal ‘estrito’), repressivo, a posteriori, seu manejo é difícil, lento, corruptor e condicionado à prática de atos previamente capitulados como crimes”.  Sobre o impeachment, esse “canhão de cem toneladas” (Lord Bryce), que dorme “no museu das antiguidades constitucionais” (Boutmy) é ainda decisivo o juízo de Rui Barbosa, quando assevera que “a responsabilidade criada sob a forma do  impeachment  se faz absolutamente fictícia, irrealizável, mentirosa”, resultando daí no presidencialismo um poder “irresponsável e, por consequência, ilimitado, imoral, absoluto”. Essa afirmativa se completa noutra passagem em que Rui Barbosa, depois de lembrar o  impeachment nas instituições americanas como “uma ameaça desprezada e praticamente inverificável”, escreve: “Na irresponsabilidade vai dar, naturalmente, o presidencialismo. O presidencialismo, se não em teoria, com certeza praticamente, vem a ser, de ordinário, um sistema de governo irresponsável”. Onde o presidencialismo se mostra pois irremediavelmente vulnerável e comprometido é na parte relativa à responsabilidade presidencial. O presidencialismo conhece tão-somente a responsabilidade de ordem jurídica, que apenas permite a remoção do governante, incurso nos delitos previstos pela Constituição. Defronta-se o sistema porém com um processo lento e complicado (o  impeachment,  conforme vimos), que fora da doutrina quase nenhuma aplicação teve. Muito distinto aliás da responsabilidade política a que é chamado o Executivo na forma parlamentar, responsabilidade mediante a qual se deita facilmente por terra todo o ministério decaído da confiança do Parlamento.  (BONAVIDES, Paulo. Ciência política, p. 384)
1) Dentre as mazelas do presidencialismo que integram a crítica de Rui Barbosa, a que o texto mais destaca é:
a) a irresponsabilidade
b) a instabilidade
c) o absolutismo
d) a imoralidade

2) Dentre as citações do texto, a que mais se distancia dos recentes acontecimentos políticos ocorridos no Brasil é:
a) “(…) um dos nossos bons constitucionalistas retratou com suma clareza e singeleza a inoperância do impeachment.”
b) “sobre o  impeachment,  esse “canhão de cem toneladas” (Lord Bryce), que dorme “no museu das antiguidades constitucionais” (Boutmy) é ainda decisivo o juízo de Rui Barbosa (…)”
c) “defronta-se o sistema porém com um processo lento e complicado (…) que fora da doutrina quase nenhuma aplicação teve.”
d) “(…) responsabilidade mediante a qual se deita facilmente por terra todo o ministério decaído da confiança do Parlamento.

3) Das referências ao  impeachment  feitas abaixo, a única que não  se encontra no texto é:
a) trata-se de um instituto criado por constitucionalistas brasileiros.
b) pode ser incluído entre as falhas do sistema presidencialista.
c) carece, enquanto processo, de presteza e simplificação.
d) constitui um instrumento constitucional ultrapassado.

4) A referência explícita ao parlamentarismo, no texto, ocorre:
a) somente no primeiro parágrafo
b) nos dois primeiros parágrafos
c) somente no último parágrafo
d) nos dois últimos parágrafos

5) ”(…) atos previamente capitulados  como crime”; o adjetivo sublinhado corresponde a:
a) acatados
b) condenados
c) lastreados
d) enumerados

6) O primeiro parágrafo do texto revela que a alusão à máxima “mais vale, no governo, a instabilidade que a irresponsabilidade” se deve a:
a) uma crítica de Rui Barbosa
b) um estudioso das Constituições
c) autores de origem anglo-saxônica
d) alguns críticos do presidencialismo







quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Redação ENEM: Excesso de Peso e Obesidade no Brasil - Sugestão

Tema Redação: Excesso de Peso e Obesidade no Brasil


O tema – excesso de peso e obesidade no Brasil – ganhou uma maior relevância na última semana  com a divulgação de uma nova pesquisa, realizada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), que afirma que 56,9% dos brasileiros estão acima do peso e 20,8% dos cidadãos estão obesos.
A fim de distinguir um do outro, o excesso de peso é diagnosticado quando o cálculo do IMC (Índice de Massa Corporal) está igual ou superior a 25 quilos por metro quadrado; já a obesidade é constatada quando o resultado é maior do que 30 quilos por metro quadrado.
Excesso de peso e obesidade são assuntos que têm sido levantados há um bom tempo quando se fala em problemas de saúde pública, nutrição e preconceito no nosso país, já que o Sistema Único de Saúde (SUS) deveria estar preparado para tratar, clinicamente e por meio de cirurgias, com equipes multidisciplinares (compostas por médicos, nutricionistas, psicólogos, cirurgiões plásticos e educadores físicos), pessoas que estão acima do peso ou obesas; além disso, infelizmente, estes indivíduos são tratados como preguiçosos e não como doentes, já que obesidade é uma doença que deve ser tratada como outra qualquer, ou seja, há muito preconceito e discriminação acerca deste tema.

Pesquisa do PNS revelou que 20% dos brasileiros são obesos.

Recentemente os transportes públicos, como ônibus, metrôs e trens, passaram a ter assentos especiais para obesos, assim como salas de cinema e teatro, mas apenas isso não basta. Candidatos a concursos públicos já foram barrados na etapa do exame médico por estarem acima do peso, mas não por não estarem aptas ao cargo, mas por preconceito. Inclusive, crianças nestas condições são um dos maiores alvos de bullying nas escolas brasileiras.
A Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), realizada pelo IBGE, entrevistou e avaliou fisicamente mais de 81 mil pessoas em toda a nação no segundo semestre de 2013 e relaciona o excesso de peso e a obesidade à má nutrição e ao sedentarismo. Resumindo, seis de cada dez brasileiros adultos estão acima do peso e dois de cada dez estão obesos e o resultado se mostra cada vez pior, pois há dez anos atrás o índice de pessoas com excesso de peso era de 42,3%; já entre 2008 e 2009, a porcentagem chegou aos 50%.

Segundo a PNS, o estado do Rio Grande do Sul concentra o maior número de pessoas com excesso de peso (63,3% dos adultos acima dos 18 anos), seguido do Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro e São Paulo, todos com 60,4%.
Para o médico endocrinologista Walmir Coutinho, presidente da World Obsity Federation, se continuar assim, o Brasil poderá ter o maior número de obesos no mundo dentro de 15 anos, já que para ele trata-se de uma verdadeira epidemia. Em entrevista à página da BBC Brasil, Coutinho aponta para a ingestão de comidas e bebidas pouco ou nada saudáveis, por crianças e adultos, além do sedentarismo, como os maiores problemas em relação ao peso no país. O médico também aponta que Governo, família e escola têm responsabilidades nesta questão, já que as crianças comem o que os pais oferecerem e permitem, a escola proporciona poucas aulas de Educação Física e o Governo em relação a saúde pública.
E você, leitor, como pensa que devemos agir a fim de combatermos esta epidemia?

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sexta-feira, 28 de agosto de 2015

Redação Enem : Aplicativos - WhatsApp/Netflix/Uber

 Redação Enem: Aplicativos VS Serviços

Desde o início deste ano, a sociedade brasileira tem sido telespectadora de pelo menos três guerras entre aplicativos de internet e serviços nas quais a concorrência, a preferência do consumidor, a qualidade do atendimento e da prestação de serviço e os impostos devidos estão no centro dos embates. Estamos nos referindo às brigas comerciais entre o Netflix® e as operadoras de TV a cabo, o Uber® e os taxistas e o WhatsApp® e as operadoras de telefonia móvel. Como o Enem já abordou em suas propostas de redação temas relacionados a internet, pensamos ser importante abordar esta questão na coluna de redação, até porque trata-se de uma discussão atual que envolve a grande maioria dos brasileiros, já que o uso da rede mundial de computadores e dos smartphones só cresce no Brasil.
De forma simplista, já que o Netflix utiliza um aplicativo para fornecer o seu serviço, os aplicativos chamam muito a atenção e atraem cada vez mais pessoas por serem gratuitos ou por cobrarem valores muito menores do que os praticados pelos concorrentes, além de oferecerem um serviço mais personalizado de acordo com o perfil e as necessidades de seu público alvo. Além disso, por terem sido criados pensando na internet em todos os sentidos, a divulgação dos mesmos é rápida e abrangente e, consequentemente, sua disseminação também.
Netflix®, por exemplo, oferece um serviço chamado streaming no qual você pode assistir – por meio de celulares,tablets, computadores, notebooks e televisões – filmes, séries, shows, novelas, documentários, dentre outros gêneros, por menos de R$20,00 mensais cobrados na fatura do cartão de crédito. O telespectador pode pausar o que está assistindo e voltar a assistir do ponto em que parou, pode classificar o que assistiu e, assim, gêneros e temas semelhantes aos que ele mais gostou serão mostrados e os que obtiveram as notas mais baixas não aparecerão mais e pode escolher entre assistir um filme dublado ou legendado (em várias línguas, inclusive). Ou seja, neste caso, o cliente escolhe o que quer assistir e não depende da grade de programação e dos horários do canal de televisão a cabo ou aberto.
Para as operadoras de TV a cabo, trata-se de uma concorrência desleal, já que, segundo elas, o Netflix® não paga os mesmos impostos, argumento rebatido pela empresa. As operadoras desejam regulamentar esse tipo de serviço no Brasil que já conta com quase três milhões de assinantes com apenas cinco anos presente no país.

Outra briga envolvendo um aplicativo e uma série de empresas é a entre o WhatsApp® e as operadoras de telefonia e internet móvel. Estas acusam o aplicativo, que foi comprado pelo Facebook®, de usarem o número de celular de cada cliente para criar um usuário e, por meio deste número, realizar chamadas de voz. Recentemente, o WhatsApp® lançou as chamadas de voz, pois até o momento era possível apenas enviar mensagens de voz e, mais uma vez, os impostos estão no cerne do embate, pois as operadoras alegam que pagam taxas por cada número de celular ativado no Brasil, o que não é feito pelo aplicativo. Para os órgãos de defesa do consumidor, não se trata de uma operadora pirata, mas sim de chamadas de voz realizadas através da internet e, portanto, diferentes de ligações entre dois celulares.
Apesar destas duas brigas de cachorros grandes, como se diz no Português popular, nenhuma causou tanta confusão e gerou manifestações e até agressões como a briga entre o Uber® e os taxistas. O Uber® é um aplicativo de celular pelo qual um carro pode ser chamado pelo cliente a fim de buscá-lo e levá-lo aonde quiser, isto é, trata-se de um serviço de transporte alternativo, semelhante aos táxis, porém com algumas diferenças que estão no centro dos debates.
O motorista Uber®, pelas regras do aplicativo, deve sempre estar vestindo roupas sociais e estar dirigindo um carro preto, de preferência de luxo, com ar-condicionado e bancos de couro, do qual arca com todos os custos, diferentemente dos taxistas que ganham descontos no momento da compra do carro, assim como obtém isenção de alguns impostos e não pagam IPVA, direitos não concedidos aos motoristas do aplicativo. No entanto, os taxistas devem pagar uma licença para trabalhar e a cada cinco ano devem passar por exames, algo que não precisa ser feito pelos motoristas do Uber®.

Taxistas que são contra o aplicativo por considerarem que ele concorre deslealmente, realizaram manifestações em várias cidades brasileiras e alguns chegaram a agredir motoristas Uber® e a cometer atos de vandalismos contra seus carros.
Um dos contra-argumentos relacionados a estas três guerras comerciais diz respeito à qualidade do serviço: muitas pessoas afirmam que os taxistas e as operadoras de TV a cabo e de telefonia e internet móvel deveriam se preocupar em melhorar a qualidade de seus serviços e de seu atendimento ao invés de reclamarem de concorrência desleal e de pirataria. Ou seja, o direito de escolha e a opinião do consumidor estão no centro destes três debates, além de toda a questão da customização e da globalização e acessibilidade dos serviços por meio da internet, já que estamos falando, no caso das operadoras, de grandes marcas de grandes empresas.
Não podemos nos esquecer de que as operadoras de telefonia móvel lideram, há um bom tempo, a lista de reclamações de órgãos de defesa do consumidor pela má qualidade no atendimento e pela cobrança indevida de taxas extras.
E você, leitor, como se coloca nesta questão? De qual lado você está e por quê?

sexta-feira, 21 de agosto de 2015

REDAÇÃO ENEM: EDUCAÇÃO E POLÍCIA MILITAR

 Redação Enem: Educação e Polícia Militar

Um fenômeno na esfera escolar pública brasileira tem chamado a atenção da mídia e da sociedade como um todo ao longo deste ano: o número crescente de escolas municipais e/ou estaduais que passaram a ser dirigidas pela Polícia Militar. O tema gera debates acalorados entre as pessoas favoráveis e contrárias à medida, entre pais e policiais envolvidos e educadores que pensam se tratar de um retrocesso.

As gerações passadas, de nossos pais e parentes mais velhos, como tios, estudaram em escolas que estavam se abrindo à classe trabalhadora, já que desde o início da escolarização do Brasil até meados do século XX, a escola brasileira era destinada apenas para os meninos da elite. Com a democratização do ensino, os colégios abriram as portas para as meninas e para os filhos das camadas mais humildes da população, processo que se deu nem um acompanhamento reflexivo acerca do trabalho docente.
Ao longo do Ditadura Militar, as escolas serviam como incentivadoras do regime e no nacionalismo exacerbado que é característico de regimes militares e, assim, a disciplina Educação Moral e Cívica fazia parte do currículo e ensinava ética, moral e civismo de acordo com a ideologia militar. Meninas tinham suas meias ¾ e suas saias medidas na entrada da escola e maquiagens e adornos eram proibidos, além do cabelo sempre precisar estar preso; o penteado dos meninos também era fiscalizado, assim como o comportamento de todos.
Com o passar do tempo e com as conquistas feministas, as garotas tomaram mais espaço e as calças compridas foram permitidas, assim como adornos pequenos e um batom discreto. Hoje, em muitos colégios, o uniforme é, apenas, a camiseta da instituição e os alunos podem manifestar sua identidade de maneira mais livre.
Porém, há escolas que parecem estar andando na direção contrária, pois estão sendo dirigidas pela Polícia Militar com um rigor disciplinar que assusta alguns educadores. Os estudantes são obrigados a usarem uniformes que lembram fardas (e que devem ser compradas pelos alunos) e devem bater continência aos policiais, aos professores e aos colegas que possuem patentes dentro do colégio; além disso, manifestações de carinho são estritamente proibidas, assim como cortes de cabelo fora do padrão, maquiagens, adornos etc.
Somente no estado de Goiás, por exemplo, há 26 colégios que são dirigidos pela Polícia Militar e, segundo a instituição, o desempenho dos alunos nas avaliações externas aumentou muito, além da violência dentro e ao redor da escola ter diminuído. O argumento favorável considera que a vigilância e a disciplina militar afastam o crime, o tráfico de drogas e a indisciplina dessas escolas, já que grande parte delas está localizada em áreas violentas e pobres das cidades; é o caso da escola estadual Prof. Waldocke Fricke de Lyra, em Manaus, na qual havia muito vandalismo e medo de assaltos.
Alguns professores e alunos não se adequaram ao novo sistema e saíram do, agora, 3º Colégio Militar da PM Prof. Waldocke Fricke de Lyra, já que os docentes são subordinados à direção da Polícia Militar. Apesar das controvérsias, muitos pais apoiam a medida por pensarem que o desempenho de seus filhos melhorou e o índice de criminalidade caiu nos bairros nos quais as escolas estão localizadas.

O estado de Goiás libera o ranking como a unidade federativa que possui mais colégios militares (26), seguido por Minas Gerais (22) e Bahia (13). Para alguns especialistas em educação, a medida é um retrocesso, pois padroniza os alunos e impõe a eles um comportamento, além de inibir questionamentos e uma postura mais crítica, afinal os policiais, inclusive, permanecem armados dentro das escolas.
E você, leitor, o que pensa sobre o assunto?

sexta-feira, 3 de julho de 2015

REDAÇÃO ENEM : REDES SOCIAIS

Os últimos dias do mês de junho foram conturbados devido a dois fatos: um internacional, que divide a sociedade mundial, e um nacional que também, de certa forma, dividiu a população brasileira. Ambos os acontecimentos foram temas de debates acalorados entre as pessoas, principalmente nas redes sociais da internet.
O fato internacional foi a legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo nos Estados Unidos; desde a última sexta-feira (26/06), todos os estados do país norte-americano devem aceitar e realizar casamentos civis entre pessoas do mesmo sexo, assim como já é realizado com casais heterossexuais. O Facebook, apoiador da causa, lançou um aplicativo que colore as fotos dos perfis com as cores do arco-íris e mais de 26 milhões de usuários coloriram suas fotos de perfis.
Em contrapartida, outros tantos usuários saíram em combate à causa do casamento homossexual, afirmando que há outras causas mais importantes, como por exemplo, a fome e a desigualdade social e então o circo pegou fogo, como diz a linguagem popular.
Já o acontecimento nacional foi a trágica e prematura morte do cantor sertanejo Cristiano Araújo e de sua namorada, Allana Moraes, em um acidente de carro em uma estrada no estado de Goiás. A maciça cobertura da mídia foi alvo de questionamento de pessoas que trabalham na própria mídia, como o apresentador e jornalista Zeca Camargo, e de pessoas que argumentaram que não conheciam o artista. Contrariamente, os fãs do Cristiano Araújo saíram em defesa do seu ídolo, afirmando que ele era conhecido e querido por milhões de pessoas em todo o país.

O intuito deste texto não é entrar no mérito destas questões neste momento, mas dissertar sobre o fato de como as pessoas, em discussões como estas nas redes sociais, argumentam, de uma maneira ou de outra, e não o fazem ou têm uma enorme dificuldade de fazê-lo ao escrever uma dissertação-argumentativa na prova de redação do Enem.
Por se tratar de temas polêmicos e que atingem, de diversas formas, a sociedade como um todo ou uma considerável parcela da população, estes temas inflamam, digamos assim, as colocações e as redes sociais são os espaços mais abertos e democráticos para estes debates acontecerem e, por isso, as pessoas parecem não encontrar obstáculos para participarem destas discussões. Porém, é adequado ressaltar que muitos usuários não argumentam adequadamente, com afirmações embasadas, e sim apelam para ofensas pessoais, algo raso e condenável.
Por outro lado, a dissertação-argumentativa, como já falamos em outros textos, é uma situação de produção textual simulada, com um número limitado de linhas que, justamente, limita a discussão que, por vezes, é bem mais ampla e complexa do que as 35 linhas da folha de redação permitem. Além disso, há toda a pressão psicológica e física que influenciam no desempenho do candidato, algo inexistente em um debate dentro de uma rede social.

Portanto, é interessante observar, ler e participar de discussões acirradas nas redes sociais e em sites como o infoEnem a fim de desenvolver estratégias argumentativas sobre diversos assuntos por meio da interação real com outros leitores e usuários.

quinta-feira, 25 de junho de 2015

Redação ENEM : Intolerância Religiosa - sugestão


§  16 de maio de 2015 – Barretos/SP: o tio de uma adolescente evangélica, que se diz discriminada pelos colegas de escola pela religião, foi espancado por 30 pessoas ao tentar salvar e proteger a sobrinha de agressões motivadas por intolerância religiosa. O homem, de 31 anos, teve o rosto desfigurado e traumatismo craniano devido as pauladas que levou e passou por cirurgia. A jovem relata ter sido ofendida pelas roupas que usa e pelo cabelo comprido.
§  14 de junho de 2015 – Rio de Janeiro/RJ: uma menina de apenas 11 anos é vítima de intolerância religiosa ao levar uma pedrada na cabeça quando saia de um culto de candomblé (religião de matriz africana) acompanhada pela avó e por um grupo de amigos. Todos, que vestiam roupas típicas da religião, estavam em uma calçada quando dois homens se aproximaram, os xingaram de “diabo” e levantaram a Bíblia, afirmando que Jesus Cristo estava voltando e que os demais deveriam ir ao inferno. A menina levou pontos na cabeça e passa bem. O caso foi registrado como lesão corporal e classificado pelo artigo 20 da lei 7.716 (prática, indução ou incitação à discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional). Dias depois, ao sair do Instituto Médico Legal (IML) onde fez um exame de corpo de delito, a menina foi novamente ofendida verbalmente por um homem que passava pelo local e que gritou “A imprensa só da ibope para macumbeiro e gay!”.
§  18 de junho de 2015 – Uberaba/MG: o túmulo do médium kardecista Chico Xavier, autor de mais de 400 livros psicografados, dos quais não ficou com nem um centavo, e realizador de inúmeras obras de caridade, foi alvo de vandalismo. A construção possui um busto de Chico protegido por uma redoma de vidro e esta estrutura estava danificada, com pancadas e riscos. O filho adotivo do médium, Eurípedes Higino, acredita em vandalismo motivado por intolerância religiosa.
§  18 de junho de 2015 – Rio de Janeiro/RJ: o templo Casa do Mago, situado na zona sul da cidade do Rio de Janeiro, foi apedrejado por três homens com Bíblias nas mãos. As pedras atingiram uma estrela, uma imagem de Nossa Senhora Aparecida e algumas imagens de Buda.
§  19 de junho de 2015 – Rio de Janeiro/RJ: o médium Gilberto Arruda (73 anos), principal integrante do centro espírita Lar de Frei Luiz, foi encontrado morto amarrado a uma cama com sinais de espancamento. Gilberto era praticante do espiritismo desde a infância e realizava cirurgias espirituais gratuitamente, além de manter uma creche juntamente com a esposa. A polícia não descarta a hipótese de crime motivado por intolerância religiosa.

Estes cinco casos são os exemplos mais recentes e mais noticiados de atos de intolerância religiosa ocorridos no Brasil. Ed René Kivitz, teólogo e mestre em Ciência da Religião pela Universidade Metodista de São Paulo e integrante do movimento Missão Integral (congregação de diferentes lideranças evangélicas), em entrevista para o portal de notícias UOL, vê este momento com grande preocupação. Para ele, alguns políticos da bancada evangélica e alguns pastores usam um “tom bélico” e assim criam “um clima propício para gente doente, ignorante, mal esclarecida e mal resolvida” para dar vazão a impulsos de “violência e rejeição ao próximo”.
A verdade é que há muito tempo, infelizmente, vivemos uma tensão religiosa no Brasil na qual as principais vítimas são fiéis de religiões menos divulgadas pela mídia e, deste modo, alvos de preconceito por serem minorias pouco compreendidas, como todas as minorias. Porém, não são apenas as crenças de matriz africana (candomblé, umbanda, quimbanda dentre outras) que são alvos de intolerância religiosa; o caso da menina evangélica discriminada na escola comprova isso, mas os ateus e agnósticos também são vítimas devido a sua descrença, como se não fosse permitido não crer em uma entidade divina.
A jornalista Eliane Brum escreveu, em 2011, um artigo opinativo no qual aborda o preconceito contra os ateus para a revista Época. No texto, a autora conta uma conversa que teve com um taxista evangélico que tenta convencê-la a se converter ao Cristianismo argumentando que só os cristãos serão salvos no dia do juízo final. A jornalista rebate, dizendo que ela respeita ele ser evangélico, mas que ele não respeita o fato de ela ser ateia.
Os seguidores do Islamismo também são vistos com receio por muitas pessoas que estranham as vestimentas e que pensam que todo muçulmano é terrorista. Na cidade de Sorocaba, interior de São Paulo, uma estudante da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), cansada de ser alvo de olhares maldosos, sugeriu que algumas mulheres usassem a Hijab por 24 horas para sentirem na pele o preconceito e todas, infelizmente, o sentiram realmente. Larissa Sato (18) se diz uma “mulher velada”, não muçulmana, que usa a Hijab por opção. A reportagem que conta a experiência de suas amigas e de uma jornalista que vestiu a Hijab por um dia pode ser lida na página do jornal Cruzeiro do Sul.
Por se tratar de um tema atual situado no contexto brasileiro, tão miscigenado tanto na etnia quanto nas religiões, os candidatos ao Enem devem estudar e discutir a intolerância religiosa não apenas como possível tema da proposta de redação, mas como algo que deve ser combatido a fim de ser exterminado.



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