quarta-feira, 3 de julho de 2024

POEMA: ESTAS MÃOS - CORA CORALINA - COM GABARITO

 Poema: Estas Mãos

              Cora Coralina

Olha para estas mãos
de mulher roceira,
esforçadas mãos cavouqueiras.

Pesadas, de falanges curtas,
sem trato e sem carinho.
Ossudas e grosseiras.

Mãos que jamais calçaram luvas.
Nunca para elas o brilho dos anéis.
Minha pequenina aliança.
Um dia o chamado heroico emocionante:
– Dei Ouro para o Bem de São Paulo.

Mãos que varreram e cozinharam.
Lavaram e estenderam
roupas nos varais.
Pouparam e remendaram.
Mãos domésticas e remendonas.

Íntimas da economia,
do arroz e do feijão
da sua casa.
Do tacho de cobre.
Da panela de barro.
Da acha de lenha.
Da cinza da fornalha.
Que encestavam o velho barreleiro
e faziam sabão.

Minhas mãos doceiras...
Jamais ociosas.
Fecundas, imensas e ocupadas.
Mãos laboriosas.
Abertas sempre para dar, ajudar,
unir e abençoar.

Mãos de semeador afeitas
à sementeira do trabalho.
Minhas mãos raízes
procurando a terra.

Semeando sempre.
Jamais para elas
os júbilos da colheita.

Mãos tenazes e obtusas,
feridas na remoção de pedras e tropeços,
quebrando as arestas da vida.
Mãos alavancas
na escava de construções inconclusas.

Mãos pequenas e curtas de mulher
que nunca encontrou nada na vida.
Caminheira de uma longa estrada.
Sempre a caminhar.
Sozinha a procurar,
o ângulo perdido, a pedra rejeitada.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjxRNonFKEWEg7l4otXdJKk_QUjmZ4j1336OnmWqt4M2TAYHV3N99usRs2myttMeZjINOO8UULBFN348On0JheLJSsL82R89-ps1JXq5hVuOG9LgmMNqayLKMe3NR177wI5QD4mFyL5HEpd-KgZ0MSnvDwt4ppDjmZPIEaOoecjkR_8VvxQSHIvtydEUDg/s320/MAOS.jpg

 

 

Entendendo o texto

 

01.Quem é o sujeito lírico do poema "Estas Mãos"?

     O sujeito lírico é uma mulher roceira, que descreve suas mãos e o trabalho árduo que elas realizam.

02. Como o poema descreve as mãos da mulher roceira?

      As mãos são descritas como esforçadas, pesadas, de falanges curtas, ossudas, grosseiras, e jamais calçaram luvas ou receberam o brilho dos anéis.

03. Quais atividades as mãos da mulher roceira realizavam no poema?

        As mãos varreram, cozinharam, lavaram e estenderam roupas, pouparam e remendaram, e também fizeram sabão.

04. Que objetos do cotidiano rural são mencionados no poema?

      São mencionados o arroz, o feijão, o tacho de cobre, a panela de barro, a acha de lenha, e a cinza da fornalha.

05. Como o poema caracteriza as mãos em relação à economia doméstica?

       As mãos são íntimas da economia, especialmente relacionadas ao arroz e feijão, e são descritas como domésticas e remendonas.

 06. Qual o papel das mãos na produção de doces, segundo o poema?

       As mãos são chamadas de "minhas mãos doceiras", indicando que também eram usadas na produção de doces, sempre ocupadas e fecundas.

07. O que as mãos representam em termos de trabalho e esforço contínuo?

      As mãos representam trabalho incessante e esforço contínuo, sempre ocupadas, laboriosas, sem jamais conhecer os júbilos da colheita.

08. Como o poema descreve a busca da mulher roceira ao longo da vida?

      A mulher é descrita como caminhante de uma longa estrada, sempre procurando sozinha o ângulo perdido, a pedra rejeitada.

09. Que metáforas são usadas no poema para descrever a função das mãos?

      As mãos são descritas como alavancas na escava de construções inconclusas e como raízes procurando a terra.

10. Qual é a mensagem central do poema "Estas Mãos" de Cora Coralina?

       A mensagem central é uma homenagem às mãos trabalhadoras e esforçadas das mulheres roceiras, que, apesar de não receberem reconhecimento ou ornamentos, são fundamentais na construção e manutenção da vida cotidiana.

 

segunda-feira, 1 de julho de 2024

ABAIXO-ASSINADO: QUEREMOS MAIS AUTORAS MULHERES NA LISTA DE LIVROS OBRIGATÓRIOS DA FUVEST - COM GABARITO

 

Abaixo-assinado: Queremos mais autoras mulheres na lista de livros obrigatórios da Fuvest!

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhcBb1zjgvmVz23D8sbl8h7QhnPWyNLDVgJkW6XhKtB5wz3l1FxtKLyFL2w8wo2JR2TldzHCZAji5LWMZ9SD7kAIpfif61oW6Z4n0i_8nxHkdvBj4-flRGluzyLCBaz62C0CIYaeA3VVxxQo47SY45d5OxILF0iAvadU5kbpdhAZLYyWdY9whKpk6E5LAc/s320/autoras.jpg



        Somos a Lena, Alice e Luzia, do coletivo feminista “Eu não sou uma Gracinha”, organizado pelas alunas da Escola Gracinha. Nós e nossas colegas estamos entre o Ensino Fundamental II e Ensino Médio e logo entraremos em fase de vestibular. Por isso, ao ler a lista de livros obrigatórios da Fuvest, ficamos impressionadas com a falta de valorização das escritoras mulheres: de 9 livros, há apenas 1 livro escrito por uma mulher para os próximos 3 anos de vestibular. 

        Queremos que a escolha dos autores dos livros adotados seja mais representativa e igualitária na questão de gênero, pois desconsiderar as autoras mulheres é reforçar a desvalorização que a classe já sofre em todos os âmbitos, inclusive (e principalmente) no intelectual. 

        Alguns livros sugeridos para que a Fuvest adote: 

        "Úrsula", de Maria Firmina dos Reis, é o primeiro romance escrito por uma mulher negra no romantismo. O livro trata da escravidão a partir do ponto de vista dos escravos.

        "Quarto de despejo: diário de uma favelada", de Maria Carolina de Jesus. O livro é o diário de Carolina de Jesus, uma mulher negra de São Paulo que narra seu cotidiano nas comunidades carentes da cidade.

        E existem muitos mais! Fuvest, por favor, escute nosso pedido e repense a lista de livros obrigatórios para prestar o vestibular.

Disponível em: www.charge.org/p/funda%C3%A7%C3%A3o-fuvest-queremos-mais-autoras-mulheres-na-lista-de-livros-obrigat%C3%B3rios-da-fuvest. Acesso em: 23 jul. 2019.

Entendendo o abaixo-assinado:

01 – Quem está por trás do abaixo-assinado "Queremos mais autoras mulheres na lista de livros obrigatórios da Fuvest"?

      O abaixo-assinado foi criado por Lena, Alice e Luzia, que fazem parte do coletivo feminista "Eu não sou uma Gracinha", organizado pelas alunas da Escola Gracinha.

02 – Qual é a principal reclamação das criadoras do abaixo-assinado em relação à lista de livros obrigatórios da Fuvest?

      A principal reclamação é a falta de valorização das escritoras mulheres na lista de livros obrigatórios da Fuvest, onde apenas 1 dos 9 livros listados para os próximos 3 anos de vestibular é escrito por uma mulher.

03 – Por que as autoras do abaixo-assinado acreditam que é importante incluir mais escritoras mulheres na lista de livros obrigatórios da Fuvest?

      Elas acreditam que a inclusão de mais escritoras mulheres na lista de livros obrigatórios é importante para uma escolha mais representativa e igualitária em termos de gênero. Desconsiderar as autoras mulheres reforça a desvalorização da classe em todos os âmbitos, especialmente no intelectual.

04 – Quais são alguns dos livros sugeridos pelas criadoras do abaixo-assinado para serem incluídos na lista de livros obrigatórios da Fuvest?

      Alguns dos livros sugeridos incluem "Úrsula" de Maria Firmina dos Reis, que é o primeiro romance escrito por uma mulher negra no romantismo e aborda a escravidão do ponto de vista dos escravos, e "Quarto de despejo: diário de uma favelada" de Maria Carolina de Jesus, que é o diário de uma mulher negra de São Paulo narrando seu cotidiano nas comunidades carentes da cidade.

05 – Qual é o objetivo final das criadoras do abaixo-assinado ao pedirem uma revisão da lista de livros obrigatórios da Fuvest?

      O objetivo final é que a Fuvest adote uma lista de livros obrigatórios mais representativa e igualitária, considerando as autoras mulheres e, assim, valorizando a contribuição intelectual das mulheres na literatura.

 

 

NOTÍCIA: JUSTIÇA CONDENA ESTADO FRANCÊS POR POLUIÇÃO DO AR DE PARIS - FRAGMENTO - COM GABARITO

 Notícia: Justiça condena Estado francês por poluição do ar de Paris – Fragmento

        O Estado francês foi considerado culpado pela Justiça por não tomar medidas contra a poluição do ar. A decisão do tribunal administrativo de Montreuil, nos arredores de Paris, foi proferida nesta terça (25), resultado de um processo levado a cabo por uma mulher e sua filha adolescente que sofrem com doenças respiratórias.

 Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEioRBCK80hY_PklBqHrd5CYeaWXSDvy3rWpQK5bVymOy2tg2_y-i-rC2SbH4BL2I-1cg-5M7d5qv6tMM8L21mk3ZLj26q9cHErdNxS9qIguljA2nxtcR5R82cYvOrDxnyBt-PyjkPQ7hV4ta-yA6sd2abXfCee1N8dNMGU_pjiFNSey37Ya-3Mk0jncVfQ/s1600/PARIS.jpg


        A decisão foi considerada histórica. Pela primeira vez, o Estado foi responsabilizado pelos níveis de poluentes do ar. [...]. O tribunal reconheceu a responsabilidade do governo, que não haveria cumprido com um plano de proteção atmosférico [...] — há alguns anos, a França tem desrespeitado legislações europeias de manutenção da qualidade do ar.

        “A porta fica aberta para outras vítimas da poluição”, comentou ao jornal Le Monde o advogado François Lafforgue, que representa as requerentes da ação judicial: Farida, uma mulher de 52 que preferiu não revelar seu sobrenome, e sua filha de 17 anos. As duas viveram por anos em Saint-Ouen, subúrbio ao norte de Paris rodeado de avenidas movimentadas.

        Farida sofria de tosse constante, bronquites e crises de asma. Conviveu por anos com antibióticos, dores, cansaço e por vezes precisa faltava ao trabalho. Sua filha cresceu com crises de bronquite e sessões periódicas de cinesioterapia respiratória, mas os problemas se agravaram em 2016 e as duas chegaram a ouvir de um pneumologista: “A vida na região parisiense não é mais possível”. Foi aí que decidiram deixar a capital e se mudar para Orléans. Desde então, segundo relataram à imprensa francesa, as crises respiratórias não são mais que uma lembrança ruim.

        Apesar da vitória nos tribunais, a Justiça negou o pedido de uma indenização de 160 mil euros (algo como R$ 700 mil) a Farida e sua filha, alegando que não era possível provar que suas doenças respiratórias estavam diretamente ligadas à poluição. Segundo o advogado Lafforgue, elas devem recorrer.

        [...]

JUSTIÇA condena Estado francês por poluição do ar de Paris. Galileu, 26 de jun. 2019. Disponível em: https://revistagalileu.globo.com/Ciencia/Meio-Ambiente/noticia/2019/06/justica-condena-estado-frances-por-poluicao-do-ar-de-paris.html. Acesso em: 8 set. 2019.

Entendendo a notícia:

01 – Qual foi a decisão do tribunal administrativo de Montreuil sobre o Estado francês em relação à poluição do ar?

      O tribunal administrativo de Montreuil condenou o Estado francês por não tomar medidas adequadas contra a poluição do ar, responsabilizando-o pelos altos níveis de poluentes em Paris.

02 – Quem foram os autores do processo contra o Estado francês e quais problemas de saúde enfrentavam?

      O processo foi levado a cabo por Farida, uma mulher de 52 anos, e sua filha de 17 anos. Ambas sofriam de doenças respiratórias, incluindo tosse constante, bronquites, crises de asma e a necessidade de cinesioterapia respiratória periódica.

03 – Qual foi o argumento do tribunal para responsabilizar o governo francês?

      O tribunal argumentou que o governo francês não cumpriu com o plano de proteção atmosférico e desrespeitou legislações europeias de manutenção da qualidade do ar.

04 – O que a decisão do tribunal significa para outras vítimas da poluição do ar, segundo o advogado François Lafforgue?

      Segundo o advogado François Lafforgue, a decisão abre a porta para que outras vítimas da poluição do ar também possam buscar justiça e responsabilizar o Estado por danos à saúde causados pela poluição.

05 – Por que Farida e sua filha decidiram deixar a região parisiense e mudar-se para Orléans?

      Elas decidiram se mudar para Orléans após receberem a recomendação de um pneumologista de que "a vida na região parisiense não é mais possível" devido aos graves problemas respiratórios que enfrentavam. Após a mudança, as crises respiratórias diminuíram significativamente.

06 – O que aconteceu com o pedido de indenização de 160 mil euros feito por Farida e sua filha?

      A Justiça negou o pedido de indenização de 160 mil euros (aproximadamente R$ 700 mil), alegando que não era possível provar que as doenças respiratórias das autoras estavam diretamente ligadas à poluição do ar.

07 – Quais foram as declarações de Farida e sua filha após a mudança para Orléans sobre suas condições de saúde?

      Farida e sua filha relataram à imprensa francesa que, desde a mudança para Orléans, as crises respiratórias que enfrentavam se tornaram apenas uma lembrança ruim, indicando uma melhoria significativa na saúde de ambas.

 

 

TEXTO: "HOMEM-ARANHA: LONGE DE CASA" É UM DOS MELHORES FILMES DA MARVEL - (FRAGMENTO) - NATHALIA FABRO - COM GABARITO

 Texto: Homem-Aranha: Longe de Casa” é um dos melhores filmes da Marvel – Fragmento

        Cheio de humor, cenas de ação e momentos lúdicos com efeitos especiais incríveis, Homem-Aranha: Longe de Casa chega aos cinemas mundiais nesta quinta-feira, 4 de julho. O novo longa da Marvel encerra a Saga do Infinito, que teve os principais acontecimentos retratados em Vingadores: Guerra Infinita e Vingadores: Ultimato.

Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjRrN-wLCzDvNb6FTdFF8j-m-PfiG7DnIRA3TAPFhwKAoGj_yrH1ycZCnTAWGywYsPJUYO1VnygsgGTAZmk6-3q9BWb45kHLIUDonupHZRFHpBuWQsBmuooNzu-RvZv879T4KzeewDcb4m38wpf91GlgriNcrFteebwcLSeydSOB5l3e7LUu4K2ZOMd9cA/s1600/ARANHA.jpg

        Após a perda de Tony Stark (Robert Downey Jr.), Peter Parker (Tom Holland) tenta seguir em frente e decide ir para a Europa com os amigos nas férias de verão. Ele quer fugir da ação, mas, com grandes poderes vêm grandes responsabilidades: Nick Fury (Samuel L. Jackson) e Maria Hill (Cobie Smulders) o convocam para uma missão, visto que criaturas estranhas estão atacando a Terra.

        Parker se junta a um novo personagem, interpretado por Jake Gyllenhaal. Mysterio, como é chamado, tem papel importantíssimo no desenvolvimento da trama e no amadurecimento do herói da teia.

        Enquanto as ameaças rondam o planeta, Parker tenta resolver outra questão: seu relacionamento com M.J. (Zendaya). A protagonista, que tem aparição discreta no primeiro filme, De Volta ao Lar, ganha destaque na nova produção. [...]

        Homem-Aranha: Longe de Casa é repleto de surpresas que vão agradar aos fãs dos quadrinhos e ao público que acompanha as produções da Marvel no cinema. [...]

FABRO, Nathalia. “Homem-Aranha: Longe de Casa" é um dos melhores filmes da Marvel. Galileu, jul. 2019. Disponível em: https://revistagalileu.globo.com/Cultura/Cinema/noticia/2019/07/homem-aranha-longe-de-casa-e-um-dos-melhores-filmes-da-marvel.html.  Acesso em: 8 set. 2019.

Entendendo o texto:

01 – Qual é a data de estreia de "Homem-Aranha: Longe de Casa"?

      A estreia de "Homem-Aranha: Longe de Casa" nos cinemas mundiais é no dia 4 de julho.

02 – Qual saga é encerrada com o filme "Homem-Aranha: Longe de Casa"?

      O filme encerra a Saga do Infinito, que teve seus principais acontecimentos retratados em "Vingadores: Guerra Infinita" e "Vingadores: Ultimato".

03 – Qual personagem Tom Holland interpreta em "Homem-Aranha: Longe de Casa"?

      Tom Holland interpreta Peter Parker, o Homem-Aranha.

04 – Qual é o dilema pessoal que Peter Parker enfrenta no filme?

      Peter Parker enfrenta o dilema de seguir em frente após a perda de Tony Stark e tenta resolver seu relacionamento com M.J., interpretada por Zendaya.

05 – Quem convoca Peter Parker para uma nova missão e por quê?

      Nick Fury (Samuel L. Jackson) e Maria Hill (Cobie Smulders) convocam Peter Parker para uma missão porque criaturas estranhas estão atacando a Terra.

06 – Qual ator interpreta o novo personagem Mysterio e qual é sua importância na trama?

      Jake Gyllenhaal interpreta Mysterio, que tem um papel importantíssimo no desenvolvimento da trama e no amadurecimento do herói Homem-Aranha.

07 – Como o filme "Homem-Aranha: Longe de Casa" é descrito em termos de conteúdo e impacto para os fãs?

      O filme é descrito como repleto de humor, cenas de ação, momentos lúdicos com efeitos especiais incríveis e cheio de surpresas que agradarão tanto aos fãs dos quadrinhos quanto ao público que acompanha as produções da Marvel no cinema.

 

TEXTO: PELA APOSENTADORIA ESPECIAL DOS DEFICIENTES - SENADO FEDERAL - ARI HECK - COM GABARITO

 Texto: PELA APOSENTADORIA ESPECIAL DOS DEFICIENTES

Destinatário: Senado Federal

        Senhores (as) Senadores (as):

        Segundo estatísticas oficiais da Organização Mundial da Saúde (OMS), a expectativa de vida das pessoas portadoras de deficiências é reduzida em pelo menos 10%. O que significa que, se a média de vida do cidadão brasileiro é de aproximadamente 60 anos, a média de vida de um portador de deficiência é de 54 anos. E como a legislação brasileira prevê aposentadoria somente com mais de 60 anos, a probabilidade de um trabalhador portador de deficiência se aposentar será remota nos moldes que aí estão. 

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhnj-Km9VFPFrBcmyTWLNnPUXc2-q3m8r5t6CCBnMu8LGun1kItr_3_Fz_KSMTWTNd-0a4ianQT7J2ElwvmyKGv_NKm-p9d5pQeLYkXa-7ewJf-kC3N03qgJTHXNXv5a1FBX5VyiIlBjPF2PvvcgDkHVQsvpA705L-jQfjsj1TcsOweV7hHSgqkmtEJSgI/s1600/Aposentadoria-especial-para-deficientes-e1386595627925.png


Por isso, os Projetos de Leis do Senado nº 250/05 e 252/05 do Senador gaúcho Paulo Paim vem contemplar a possibilidade real do trabalhador portador de deficiência se aposentar e usufruir de sua aposentadoria. E, segundo dados do IBGE, no Brasil cerca de 14,8% da população é portadora de algum tipo de deficiência, o que representa uma população de aproximadamente 25 milhões de brasileiros. Portanto, a matéria é relevante, justa e precisa ser imediatamente aprovada.

Ari Heck – Deficiente e ativista dos Direitos Humanos. Disponível em: www.abaixoassinado.org/abaixoassinados/557. Acesso em: 23 jul. 2019.

Entendendo o texto:

01 – Por que a expectativa de vida das pessoas portadoras de deficiências é reduzida, segundo a OMS?

      Segundo estatísticas oficiais da Organização Mundial da Saúde (OMS), a expectativa de vida das pessoas portadoras de deficiências é reduzida em pelo menos 10%.

02 – Qual é a média de vida de um cidadão brasileiro e como isso se compara com a média de vida de uma pessoa com deficiência?

      A média de vida de um cidadão brasileiro é de aproximadamente 60 anos, enquanto a média de vida de uma pessoa com deficiência é de 54 anos, segundo as estatísticas apresentadas.

03 – Como a legislação brasileira atual afeta a aposentadoria dos trabalhadores portadores de deficiência?

      A legislação brasileira atual prevê aposentadoria somente com mais de 60 anos, tornando remota a possibilidade de um trabalhador portador de deficiência se aposentar nos moldes atuais, devido à menor expectativa de vida dessa população.

04 – Quais são os projetos de lei apresentados pelo Senador Paulo Paim relacionados à aposentadoria de trabalhadores com deficiência?

      Os Projetos de Leis do Senado nº 250/05 e 252/05, apresentados pelo Senador Paulo Paim, contemplam a possibilidade real do trabalhador portador de deficiência se aposentar e usufruir de sua aposentadoria.

05 – Qual é a relevância da aprovação imediata dos projetos de lei mencionados no texto?

      A aprovação imediata dos projetos de lei é relevante e justa, pois cerca de 14,8% da população brasileira, representando aproximadamente 25 milhões de brasileiros, é portadora de algum tipo de deficiência.

 

 

 

domingo, 30 de junho de 2024

CORDEL: A PELEJA DO CÉREBRO COM O CORAÇÃO (FRAGMENTO) - MARCUS LUCENA - COM GABARITO

 Cordel: A peleja do Cérebro com o Coração – Fragmento

            Marcus Lucena
O Cérebro e o Coração
Um dia marcaram encontro
E como dois violeiros
Pelejaram num confronto
Pra disputar qual dos dois
Pra vida estava mais pronto

Essa história agora eu conto
Meu leitor sinta e entenda
Com o coração e o cérebro
Pra que você compreenda
Que essa briga é verdadeira
Não é invenção ou lenda

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgkWoFCHj8LQifxqpDgQ13Ze_-TJyzalGqcSQK3Xp_ZKCdcbrOoZ3_3JYDCyHhN617tfNAdEmE7GzKlXftcQBst4wsMN8ALpC1V9eIDUadwywA6liCPZ3K8abhZu_VQe1G3zL7sJ67neiG0gYO35a76enax1TbrpQjyetegbLuLUoBusUHq8-jrQLZ-a_Y/s320/CORA%C3%87%C3%83O.jpg


O Cérebro abriu a contenda
Dizendo pro Coração
Eu fiz o homem crescer
Ter lucidez e razão
Graças a mim ele pôde
Dominar a criação

Retrucou o Coração
Cérebro, deixe de heresia
A evolução da vida
Antes de ti já existia
Antes de um cérebro pensar
Um coração já batia

Isso de nada valia
Faltava minha influência
A vida era primitiva
Sem matemática ou ciência
Eu cheguei e dei a ela
O poder da consciência

É muita maledicência
Também muita pretensão
Chegar por último e querer
Ser dono da evolução
Cérebro, você só existe,
Por causa do coração

Sou a fonte da razão
Em mim nasce o pensamento
Sou o pai da inteligência
Da criação, do invento,
Dou ao homem lucidez
A competência e o talento

Já eu, sou o sentimento,
Que eleva a sabedoria
Eu tenho cinco sentidos
Trabalhando noite e dia
Pra dotar a existência
De prazer, sonho, magia.

[...]

Sou o cérebro pensador
Moro dentro da cabeça
Ponto mais alto do corpo
Pra que ele não se esqueça
Sou eu quem comanda ele
É bom que ele me obedeça

Cérebro, não se aborreça,
Sou a fonte da ternura
Moro no meio do peito
Onde a alma se depura
Nem acima nem abaixo
No equilíbrio da altura

És um músculo sem postura
Disso eu nunca me esqueço
Bomba de bombear sangue
Contigo não me aborreço
É pobre a sua função
Mas tem valor, reconheço.

Sou músculo e não lhe obedeço
Bato à sua revelia
Se eu parar a vida acaba
Cessa a sua serventia
Reconheço o seu valor
Mas tu, não é o meu guia.

[...]

Coração, eu dou a meta
Que o homem deve alcançar
Você com seu romantismo
Só serve pra atrapalhar
Vive no mundo da lua
Só presta para sonhar

És vaidoso sem par
Orgulhoso e prepotente
Tu queres controlar tudo
Vives sempre descontente
És pai de qualquer estudo
Mas és chamado “de mente”

Que trocadilho indecente
Demente és tu coração
Que bates descompassado
Comprometendo a pressão
Ao ficar apaixonado
E sofrer uma traição

Feliz é o coração
Que de amor adoece
O cérebro é tão racional
Que o amor não lhe apetece
Eu tenho a maior razão
A que a razão desconhece

Coração, ao que parece
Essa nossa discussão
Nos dá a chance sagrada
Para a valorização
Do trabalho de nós dois
Se for feito em união

Eu te dou de coração
Minha sensibilidade
Se você me emprestar
Sua criatividade
Juntaremos nossas forças
Pro bem da humanidade

Te dou essa qualidade
De ti quero a emoção
Quero a sensibilidade
O sonho, o amor, a paixão
Para o homem ser feliz
Depois da nossa união

Sinto com toda emoção
Que a discussão chega ao fim
Com a gente se entendendo
E se completando enfim
Porque coração e cérebro
Não são Abel e Caim

Você não sente sem mim,
Não penso sem teu bater
Você me entende, eu te entendo
É melhor a gente ser
Dois parceiros que precisam
Um do outro pra viver

Eu não paro de bater
Tu não paras de pensar
Quando eu precisar de ti
Te peço pra me ajudar
Ao precisares de mim
Te dou o que lhe faltar

Meu amigo, o coração
Ao cérebro falou bonito
Razão é muito importante
Com emoção, sem conflito
Um dá suporte pro outro
Sem confronto e nem atrito

Lá no cérebro ecoa um grito
Una-se à lógica a paixão
Com a junção dessas forças
Encontramos emoção
Na vida ao buscar apoio
Na ordem que deu o joio
Ao trigo na evolução.

LUCENA, Marcus. A peleja do cérebro com o coração. Disponível em: www.ablc.com.br/a-peleja-do-cerebro-com-o-coracao. Acesso em: 10 de ago. 2019.

Entendendo o cordel:

01 – Qual é o tema central do cordel "A peleja do Cérebro com o Coração"?

      O tema central é a disputa simbólica entre o Cérebro e o Coração, representando a razão e a emoção, e a importância do equilíbrio entre os dois.

02 – Como o Cérebro inicia a contenda com o Coração?

      O Cérebro inicia a contenda afirmando que fez o homem crescer, ter lucidez e razão, e dominar a criação.

03 – Qual é a resposta do Coração ao Cérebro no início da contenda?

      O Coração retruca dizendo que a vida já existia antes do cérebro, pois antes de um cérebro pensar, um coração já batia.

04 – O que o Cérebro alega ter trazido para a humanidade?

      O Cérebro alega ter trazido a consciência, a matemática, a ciência, e a capacidade de criação e invento.

05 – Como o Coração descreve sua própria importância na vida humana?

      O Coração se descreve como a fonte do sentimento, da sabedoria, e da sensibilidade, trabalhando para dotar a existência de prazer, sonho e magia.

06 – Onde o Cérebro e o Coração dizem morar, respectivamente?

      O Cérebro diz morar dentro da cabeça, o ponto mais alto do corpo, enquanto o Coração diz morar no meio do peito, onde a alma se depura.

07 – Qual é a crítica do Cérebro ao Coração sobre sua função no corpo humano?

      O Cérebro critica o Coração dizendo que ele é apenas um músculo que bombeia sangue e que sua função é pobre.

08 – Como o Coração defende sua importância em relação ao Cérebro?

      O Coração defende sua importância afirmando que se ele parar, a vida acaba e o cérebro deixa de ter serventia, reconhecendo a importância mútua.

09 – O que o Cérebro e o Coração decidem ao final da disputa?

      Eles decidem que, ao se unirem, podem combinar razão e emoção para o bem da humanidade, valorizando o trabalho de ambos sem conflito.

10 – Qual é a mensagem final do cordel sobre a relação entre o Cérebro e o Coração?

      A mensagem final é que o Cérebro e o Coração devem ser parceiros que precisam um do outro para viver, combinando lógica e paixão para alcançar a felicidade e a evolução humana.

 

ROMANCE: NOITE DOS CAPITÃES DA AREIA - (FRAGMENTO) - JORGE AMADO - COM GABARITO

 Romance: NOITE DOS CAPITÃES DA AREIA – Fragmento

                 Jorge Amado

        A grande noite de paz da Bahia veio do cais, envolveu os saveiros, o forte, o quebra-mar, se estendeu sobre as ladeiras e as torres das igrejas. Os sinos já não tocam as ave-marias que as seis horas há muito que passaram. E o céu está cheio de estrelas, se bem a lua não tenha surgido nesta noite clara. O trapiche se destaca na brancura do areal, que conserva as marcas dos passos dos Capitães da Areia, que já se recolheram. Ao longe, a fraca luz da lanterna da Porta do Mar, botequim de marítimos, parece agonizar. Passa um vento frio que levanta a areia e torna difíceis os passos do negro João Grande, que se recolhe. Vai curvado pelo vento como a vela de um barco.  É alto, o mais alto do bando, e o mais forte também, negro de carapinha baixa e músculos retesados, embora tenha apenas treze anos, dos quais quatro passados na mais absoluta liberdade, correndo as ruas da Bahia com os Capitães da Areia. Desde aquela tarde em que seu pai, um carroceiro gigantesco, foi pegado por um caminhão quando tentava desviar o cavalo para um lado da rua, João Grande não voltou à pequena casa do morro. Na sua frente estava a cidade misteriosa, e ele partiu para conquistá-la. A cidade da Bahia, negra e religiosa, é quase tão misteriosa como o verde mar. Por isso João Grande não voltou mais. Engajou com nove anos nos Capitães da Areia, quando o Caboclo ainda era o chefe e o grupo pouco conhecido, pois o Caboclo não gostava de se arriscar. Cedo João Grande se fez um dos chefes e nunca deixou de ser convidado para as reuniões que os maiorais faziam para planejar os furtos. Não que fosse um bom organizador de assaltos, uma inteligência viva. Ao contrário, doía-lhe a cabeça se tinha que pensar. Ficava com os olhos ardendo, como ficava também quando via alguém fazendo maldade com os menores. Então seus músculos se retesavam e estava disposto a qualquer briga. Mas a sua enorme força muscular o fizera temido. O Sem-Pernas dizia dele:

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        — Este negro é burro mas é uma prensa…

        E os menores, aqueles pequeninos que chegavam para o grupo cheios de receio tinham nele o mais decidido protetor. Pedro, o chefe, também gostava de ouvi-lo. E João Grande bem sabia que não era por causa da sua força que tinha a amizade do Bala. Pedro achava que o negro era bom e não se cansava de dizer:

        — Tu é bom, Grande. Tu é melhor que a gente. Gosto de você — e batia pancadinhas na perna do negro, que ficava encabulado.

        João Grande vem vindo para o trapiche. O vento quer impedir seus passos e ele se curva todo, resistindo contra o vento que levanta a areia. Ele foi à Porta do Mar beber um trago de cachaça com o Querido-de-Deus, que chegou hoje dos mares do sul, de uma pescaria. O Querido-de-Deus é o mais célebre capoeirista da cidade. Quem não o respeita na Bahia? No jogo de capoeira de Angola ninguém pode se medir com o Querido-de-Deus, nem mesmo Zé Moleque, que deixou fama no Rio de Janeiro. O Querido-de-Deus contou as novidades e avisou que no dia seguinte apareceria no trapiche para continuar as lições de capoeira que Pedro Bala, João Grande e o Gato tomam. João Grande fuma um cigarro e anda para o trapiche. As marcas dos seus grandes pés ficam na areia, mas o vento logo as destrói. O negro pensa que nessa noite de tanto vento são perigosos os caminhos do mar.

        João Grande passa por debaixo da ponte — os pés afundam na areia — evitando tocar no corpo dos companheiros que já dor mem. Penetra no trapiche. Espia um momento indeciso até que nota a luz da vela do Professor. Lá está ele, no mais longínquo canto do casarão, lendo à luz de uma vela. João Grande pensa que aquela luz ainda é menor e mais vacilante que a da lanterna da Porta do Mar e que o Professor está comendo os olhos de tanto ler aqueles livros de letra miúda. João Grande anda para onde está o Professor, se bem durma sempre na porta do trapiche, como um cão de fila, o punhal próximo da mão, para evitar alguma surpresa.

        Anda entre os grupos que conversam, entre as crianças que dormem, e chega para perto do Professor. Acocora-se junto a ele e fica espiando a leitura atenta do outro.

        João José, o Professor, desde o dia em que furtara um livro de histórias numa estante de uma casa da Barra, se tornara perito nestes furtos. Nunca, porém, vendia os livros, que ia empilhando num canto do trapiche, sob tijolos, para que os ratos não os roessem.  Lia-os todos numa ânsia que era quase febre. Gostava de saber coisas e era ele quem, muitas noites, contava aos outros histórias de aventureiros, de homens do mar, de personagens heroicos e lendários, histórias que faziam aqueles olhos vivos se espicharem para o mar ou para as misteriosas ladeiras da cidade, numa ânsia de aventuras e de heroísmo. João José era o único que lia correntemente entre eles e, no entanto, só estivera na escola ano e meio. Mas o treino diário da leitura despertara completamente sua imaginação e talvez fosse ele o único que tivesse uma certa consciência do heroico das suas vidas.

        Aquele saber, aquela vocação para contar histórias, fizera-o respeitado entre os Capitães da Areia, se bem fosse franzino, magro e triste, o cabelo moreno caindo sobre os olhos apertados de míope. Apelidaram-no de Professor porque num livro furtado ele aprendera a fazer mágicas com lenços e níqueis e também porque, contando aquelas histórias que lia e muitas que inventava, fazia a grande e misteriosa mágica de os transportar para mundos diversos, fazia com que os olhos vivos dos Capitães da Areia brilhassem como só brilham as estrelas da noite da Bahia. Pedro Bala nada resolvia sem o consultar e várias vezes foi a imaginação do Professor que criou os melhores planos de roubo. Ninguém sabia, no entanto, que um dia, anos passados, seria ele quem haveria de contar em quadros que assombrariam o país a história daquelas vidas e muitas outras histórias de homens lutadores e sofredores. Talvez só o soubesse Don’Aninha, a mãe do terreiro da Cruz de Opô Afonjá, porque Don’Aninha sabe de tudo que Iá lhe diz através de um búzio nas noites de temporal.

        João Grande ficou muito tempo atento à leitura. Para o negro aquelas letras nada diziam. O seu olhar ia do livro para a luz oscilante da vela, e desta para o cabelo despenteado do Professor. Terminou por se cansar e perguntou com sua voz cheia e quente:

        — Bonita, Professor?

        Professor desviou os olhos do livro, bateu a mão descarnada no ombro do negro, seu mais ardente admirador:

        — Uma história zorreta, seu Grande — seus olhos brilhavam.

        — De marinheiro?

        — É de um negro assim como tu. Um negro macho de verdade.

        — Tu conta?

        — Quando findar de ler eu conto. Tu vai ver só que negro…

        E volveu os olhos para as páginas do livro. João Grande acendeu um cigarro barato, ofereceu outro em silêncio ao Professor e ficou fumando de cócoras, como que guardando a leitura do outro. Pelo trapiche ia um rumor de risadas, de conversas, de gritos. João Grande distinguia bem a voz do Sem-Pernas, estrídula e fanhosa. O Sem-Pernas falava alto, ria muito. Era o espião do grupo, aquele que sabia se meter na casa de uma família uma semana, passando por um bom menino perdido dos pais na imensidão agressiva da cidade. Coxo, o defeito físico valera-lhe o apelido. Mas valia-lhe também a simpatia de quanta mãe de família o via, humilde e tristonho, na sua porta, pedindo um pouco de comida e pousada por uma noite. Agora, no meio do trapiche, o Sem-Pernas metia a ridículo o Gato, que perde todo um dia para furtar um anelão cor de vinho, sem nenhum valor real, pedra falsa, de falsa beleza também.

        [...].

AMADO, Jorge. Capitães da Areia. 3. ed. reimp. São Paulo: Companhia das Letras, 2014. p. 30-33.

Entendendo o romance:

01 – Qual é o ambiente descrito no início do fragmento?

      O ambiente descrito no início do fragmento é a grande noite de paz da Bahia, com destaque para o cais, os saveiros, o forte, o quebra-mar, as ladeiras e as torres das igrejas. O trapiche é um ponto central da narrativa.

02 – Quem é João Grande e qual é sua história?

      João Grande é um menino negro de treze anos, alto e forte, que vive em liberdade com os Capitães da Areia desde que seu pai morreu em um acidente. Ele é um dos chefes do grupo, respeitado por sua força, mas não é conhecido por sua inteligência.

03 – Qual é a relação de João Grande com Pedro Bala?

      Pedro Bala, o chefe dos Capitães da Areia, tem uma relação de amizade e respeito com João Grande. Pedro Bala aprecia a bondade de João Grande e frequentemente diz que gosta dele por sua bondade, e não apenas por sua força.

04 – Quem é o Querido-de-Deus e qual é seu papel na história?

      O Querido-de-Deus é um célebre capoeirista da Bahia, respeitado por todos. Ele ensina capoeira a João Grande, Pedro Bala e o Gato, e aparece na história para trazer novidades e continuar as lições de capoeira.

05 – Como é descrita a relação de João Grande com o Professor?

      João Grande admira o Professor e frequentemente observa sua leitura. O Professor, por sua vez, respeita João Grande e é chamado para contar histórias. João Grande é o mais ardente admirador do Professor e se encanta com as histórias que ele conta.

06 – Quem é o Professor e qual é sua importância no grupo dos Capitães da Areia?

      O Professor, cujo nome é João José, é um membro dos Capitães da Areia que lê e conta histórias para o grupo. Ele é respeitado por seu conhecimento e imaginação, e frequentemente ajuda a criar planos de roubo. É o único que lê correntemente entre eles, apesar de ter estudado por apenas um ano e meio.

07 – Qual é a principal característica física e emocional de João Grande?

      João Grande é fisicamente alto e forte, com músculos retesados e treze anos de idade. Emocionalmente, ele é descrito como um protetor dos menores e uma pessoa boa, embora não seja muito inteligente.

08 – Como é a rotina noturna no trapiche, segundo a narrativa?

      A rotina noturna no trapiche inclui os meninos se recolhendo para dormir, conversas e risadas entre os membros do grupo. O Professor fica lendo à luz de uma vela, e João Grande, embora durma perto da porta, frequentemente vai observar o Professor lendo.

09 – Quem é o Sem-Pernas e qual é seu papel no grupo?

      Sem-Pernas é um menino coxo, conhecido por ser o espião do grupo. Ele tem a habilidade de se infiltrar nas casas das famílias, passando-se por um bom menino perdido. No trapiche, ele é conhecido por suas brincadeiras e conversas altas.

10 – Qual é a importância das histórias contadas pelo Professor para o grupo?

      As histórias contadas pelo Professor são importantes porque transportam os Capitães da Areia para mundos diversos, despertando a imaginação e o desejo de aventuras e heroísmo nos meninos. As histórias também ajudam a fortalecer o senso de comunidade e camaradagem entre eles.

 

CONTO: O MISTÉRIO DA CASA VERDE - (FRAGMENTO 3) - MOACYR SCLIAR - COM GABARITO

 Conto: O mistério da casa verde – Fragmento 3

            Moacyr Scliar

        No qual eles se apresentam ao hóspede da Casa Verde

        O dia seguinte foi difícil para os quatro. Pedro Bola foi tirado da cama à força pelo irmão mais velho, mas adormeceu de novo na mesa do café. Arturzinho cochilou três vezes nas aulas da manhã e teve de ser advertido pelos professores. André movia-se como um zumbi. Mesmo o dedicado Leo teve dificuldade em fazer o exame de inglês, no qual habitualmente se saía bem. Por tudo isso, quando se encontraram, à noite, estavam num péssimo humor. Pedro Bola queria mesmo desistir daquela história: é muito trabalho para arranjar um clube. Além disso, a ideia de enfrentar de novo o maluco — seu diagnóstico já estava feito — não lhe agradava em nada. Em vão Arturzinho tentava animar os companheiros. Leo, ainda que cansado, o acompanharia. Mas Pedro Bola e André, irritados, relutavam em entrar na casa. Por fim Arturzinho saiu-se com uma fórmula conciliadora: — Eu e o Leo entramos, vocês esperam aqui. Se tudo der certo com o homem, chamamos vocês, continuamos com nosso plano. Se não der certo, desistimos.


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        Todos de acordo, Arturzinho e Leo embrenharam-se de novo no matagal. Quando chegaram aos fundos da casa, uma surpresa: a abertura que tinham feito na noite anterior estava fechada com tábuas. Colocadas sem dúvida pelo estranho morador.

        — Está certo — observou Arturzinho. — O homem tem o direito de se proteger. Experimentou as tábuas: não estavam fixas. Sem muito esforço, conseguiu afastá-las, empurrando-as junto com os tijolos que as calçavam. Leo olhava-o, sem dizer nada.

        Arturzinho hesitou; agora também ele estava obviamente apreensivo. Mas não era de desistir:

        — Que diabos — gritou —, já que chegamos até aqui vamos em frente. E meteu-se pelo buraco na parede. Leo seguiu-o.

SCLIAR, Moacyr. O mistério da casa verde. São Paulo: Editora Ática, 2000. p. 25.

Entendendo o conto:

01 – Quais foram as dificuldades enfrentadas pelos quatro personagens no dia seguinte?

      Pedro Bola foi tirado da cama à força pelo irmão mais velho, mas adormeceu de novo na mesa do café. Arturzinho cochilou três vezes nas aulas da manhã e foi advertido pelos professores. André movia-se como um zumbi. Leo teve dificuldade em fazer o exame de inglês, no qual habitualmente se saía bem.

02 – Qual foi a reação de Pedro Bola ao encontro com o hóspede da Casa Verde?

      Pedro Bola queria desistir da história, achando que era muito trabalho para arranjar um clube, e a ideia de enfrentar o homem, que ele considerava um maluco, não lhe agradava.

03 – Como Arturzinho tentou resolver a relutância de Pedro Bola e André em entrar na casa?

      Arturzinho propôs uma fórmula conciliadora: ele e Leo entrariam na casa, enquanto Pedro Bola e André esperariam. Se tudo corresse bem, eles chamariam os outros; caso contrário, desistiriam.

04 – O que os meninos encontraram quando chegaram aos fundos da casa?

      Eles descobriram que a abertura que haviam feito na noite anterior estava fechada com tábuas, provavelmente colocadas pelo estranho morador.

05 – Qual foi a reação de Arturzinho ao ver que a abertura estava fechada?

      Arturzinho observou que o homem tinha o direito de se proteger e, ao perceber que as tábuas não estavam fixas, conseguiu afastá-las e abrir a passagem novamente.

06 – Como Leo reagiu durante a tentativa de Arturzinho de abrir a passagem?

      Leo observava Arturzinho sem dizer nada, acompanhando suas ações.

07 – Qual foi a atitude de Arturzinho após conseguir abrir a passagem?

      Arturzinho, mesmo apreensivo, decidiu continuar e entrou pelo buraco na parede, seguido por Leo.