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quarta-feira, 25 de junho de 2025

ENTREVISTA: ROSINALVA DIAS, TRABALHO PEDAGÓGICO DE ALFABETIZAÇÃO - COM GABARITO

 Entrevista:  Rosinalva Dias, Trabalho Pedagógico de Alfabetização

        Rosinalva Dias, professora da escola pública, no ensino fundamental há 24 anos, vinte dos quais na 1ª série, fala sobre seu trabalho na sala de aula e nos conta um pouco de sua história profissional, na busca de uma prática educativa de qualidade e de uma rotina adequada para o trabalho pedagógico de alfabetização.

Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj67OEVUoVRSnIQe4NymlKPNoSpO7ZnqvUP7ve6kxxSvhkn1DSthcttcS9PBeMXP1PwQ8Wf29Upga1LEoCoGqeZfPsAjOlVJg254l3yZqHlrZCJ_Sh8gRrNrBMsLVbJ4V933qDhBjyKkK7liA3vZiGQ9kKDlBfsNp_XVGVercUX-CvMEmvWqPlJB8xQCEI/s320/2%C2%BA_Sem-6_CAPA-e1597335853807.png

        PROFA: Como você planeja o trabalho nas primeiras semanas de aula?

        Rosinalva: Todo início de ano, nós, professores, ficamos ansiosos não só para conhecer os novos alunos, como também para organizar a rotina do trabalho pedagógico nas primeiras semanas de aula. Alguns anos atrás, isso não era muito tranquilo para mim e nem para os meus colegas, não só porque não tínhamos claro que atividades desenvolver, mas porque os objetivos de alcance do ano não eram discutidos pela equipe escolar. Antes de contar o que faço hoje, nas primeiras semanas de aula, gostaria de destacar que é importante que o professor tenha claros os objetivos didáticos colocados para a série com a qual vai trabalhar.

        PROFA: E quais são seus objetivos, em Língua Portuguesa, para a sua classe de 1ª série?

        Rosinalva: O que espero é que meus alunos cheguem alfabetizados ao final do 1o ano, isto é, que saibam ler e escrever com autonomia, mesmo que cometam ainda muitos erros. Há alguns anos, venho utilizando em meu plano de trabalho os objetivos apresentados nos Parâmetros Curriculares Nacionais. E tenho contado com a parceria da coordenadora pedagógica da minha escola, que tem me ajudado a compreender o real significado desses objetivos e a expressá-los de fato no meu planejamento. Com a implementação dos ciclos em nosso município, aumentou a minha preocupação em definir os objetivos para o ano letivo, pois o fato de não haver retenção, entre a 1ª e a 2ª série, para os alunos que não se alfabetizam, não significa que a grande maioria não possa aprender a ler e escrever em um ano. Essa possibilidade depende, em grande parte, das metas que a gente traçar.

        PROFA: Alfabetizar todos os alunos em um ano não é a meta de todo professor alfabetizador?

        Rosinalva: Sim. Todos querem que seus alunos se alfabetizem no 1º ano, mas a proposta de organização da escolaridade em ciclos provocou algumas distorções sérias, em alguns casos, por falta de clareza dos professores sobre os seus fundamentos. Eu mesma cheguei a dizer que, agora, com os ciclos, os alunos teriam dois anos para aprender a ler e escrever – o que não é a finalidade de um sistema de ciclos –, e isso se refletiu diretamente em minha prática. O que acontecia comigo, e acontece com muitos colegas ainda, é o seguinte: acham que se os alunos não aprendem no 1º ano, devem começar tudo de novo no 2º e, com esse raciocínio, repetem-se as mesmas atividades propostas no ano anterior e eles continuam sem saber ler e escrever.

        PROFA: Conte como você organiza seu trabalho no início do ano?

        Rosinalva: Na década de 80, eu já tinha como objetivo alfabetizar todos os alunos em um ano, mas meus primeiros dias de aula eram muito diferentes dos de hoje em dia. Nas duas escolas públicas em que trabalhava, sempre tive de três a cinco dias de reuniões de planejamento no início do ano, sendo que um dos dias era reservado para organizar o trabalho na primeira semana de aula. Eu sentava com as minhas colegas e definíamos uma série de atividades. A rotina do trabalho proposta para a semana era mais ou menos assim:

• Segunda-feira: apresentação dos alunos, visita à escola para conhecer suas dependências e funcionários, desenho da escola, leitura de história, apresentação do nome de cada criança no crachá e cópia do cabeçalho. Apresentação da vogal A, treinando uma página do seu traçado, levantamento de palavras que começam com A e pintura do desenho de objetos com nomes iniciados por A.

• Terça-feira: apresentação da vogal E, da mesma forma que foi feita a apresentação do A. Cópia do próprio nome, construção de maquete da sala (1ª parte), desenho livre e brincadeira no pátio.

• Quarta-feira: Trabalho com a vogal I, tal como foi feito com o A e o E. Cópia do nome, construção de maquete da sala (2ª parte) e leitura de história.

• Quinta-feira: trabalho com a vogal O, tal como com as anteriores. Colagem do nome com papel crepom, jogos, criação de uma história, oralmente, a partir de sequências de gravuras e canto de músicas infantis.

• Sexta-feira: trabalho com a vogal U, da mesma forma que foi feito com as anteriores. Recorte, colagem e apresentação de uma história em vídeo.

Como se pode ver, essas atividades pouco contribuem para que se possa conhecer quais são os saberes que os alunos possuem quando chegam à escola e não favorecem o alcance dos objetivos de ensino e aprendizagem em Língua Portuguesa.

        PROFA: Você diz que hoje faz um trabalho diferente. O que provocou essa mudança?

        Rosinalva: Sem dúvida o conhecimento teórico que fui construindo ao longo do tempo. Eu sempre fiz os cursos que a Secretaria de Educação oferecia; aliás, tudo que sei é fruto das oportunidades que tive e nunca deixei de aproveitar. Uma das primeiras coisas que aprendi nos cursos de formação em serviço é que os alunos, mesmo os não-alfabetizados, têm conhecimentos sobre a escrita. Lembro-me de alunos que não usavam letras para escrever, mas que sabiam que se escreve da esquerda para a direita e faziam garatujas imitando escritas de adultos – conhecimentos que para mim não tinham o menor valor. Na verdade, o que fui aprendendo sobre o que pensam os alunos a respeito da escrita foi mudando o meu olhar e o meu jeito de trabalhar: aprendi a enxergar não mais o que eles não sabiam, mas quais saberes já possuíam. Quando temos clareza disso, muda a nossa relação com os alunos e o respeito intelectual por eles passa a ser muito maior. Considerar um aluno “fraquinho”, ou considerar que ele tem pouco conhecimento sobre a escrita, pode parecer a mesma coisa, mas não é. Essa compreensão faz toda a diferença.

        PROFA: Saber como os alunos aprendem é suficiente para organizar uma prática pedagógica de qualidade?

        Rosinalva: Acreditei nisso durante alguns anos. Com o tempo e muito estudo aprendi que não é assim. É necessário ter domínio dos conteúdos que ensinamos aos alunos. Todo professor que trabalha com a área de Língua Portuguesa precisa ter certos conhecimentos básicos, como, por exemplo: o que é ler, o que caracteriza e o que diferencia a linguagem oral e a escrita, para que serve a gramática, o que é prioritário ensinar aos alunos… entre muitos outros.

        PROFA: Há outro tipo de conhecimento que o professor precisa dispor para ensinar os alunos a ler e escrever?

        Rosinalva: Há sim. É o conhecimento didático, isto é, de como se ensina. Saber como os alunos aprendem e dominar os conteúdos do ensino não basta: é necessário saber como ensinar considerando os processos de aprendizagem e a natureza dos conteúdos a serem aprendidos.

        PROFA: Mas como ensinar não foi sempre a preocupação central dos professores?

        Rosinalva: É verdade. Só que nos preocupávamos com o ensino sem considerar as formas de aprender dos alunos. Hoje sabemos que o conhecimento didático que nos pode ser útil se apóia nos conhecimentos sobre o sujeito da aprendizagem (o aluno) e sobre o que é objeto de seu conhecimento (no caso da alfabetização, a Língua Portuguesa).

        PROFA: Como esses conhecimentos a ajudaram a rever seu trabalho no início do ano?

        Rosinalva: Eu continuo sentando com os meus colegas e planejando com eles o que faremos na sala de aula. Temos um plano anual que é sempre revisto antes de começar o ano letivo, desde a linguagem até as propostas. Ele sofre alterações, porque durante o ano anterior sempre aprendemos muitas coisas novas, principalmente nas reuniões coletivas da equipe escolar. E quanto mais nosso conhecimento avança, mais nosso olhar se renova e mais o nosso plano é aprimorado. Ele também é modificado em função das turmas de alunos, que são sempre diferentes.

        PROFA: Então, ter um plano já definido é fundamental para planejar os primeiros dias de aula?

        Rosinalva: Sem dúvida, mas o planejamento não é fechado, ele sofre alterações. É fundamental que se tenha claro o que se pretende ensinar para que se possa fazer um diagnóstico sobre o que os alunos já sabem a respeito. Isto serve não só para Língua Portuguesa, mas para qualquer área do conhecimento.

        PROFA: Conte-nos: o que você e seus colegas fazem nas primeiras semanas do ano letivo?

        Rosinalva: A partir do plano que envolve as diferentes áreas do conhecimento, nós priorizamos algumas para trabalhar. Na verdade, só não damos ênfase inicial a História, Geografia e Ciências, pois organizamos as atividades dessas áreas por meio de projetos, e estes só começam a ser desenvolvidos em meados de março. Listamos todas as atividades que julgamos importantes para os alunos realizarem e que podem nos dar informações sobre quais são os seus saberes em cada área a ser trabalhada.

        PROFA: E que atividades são essas que vocês listam?

        Rosinalva: Em Língua Portuguesa, as atividades envolvem principalmente:

• leitura e escrita dos nomes dos alunos;

• escrita de diferentes tipos de texto curto;

• apresentação do alfabeto com letra de fôrma maiúscula e minúscula;

• leitura diária de diferentes tipos de textos e principalmente de boas histórias (priorizamos os contos infantis tradicionais);

• manuseio de diferentes portadores de texto: gibis, revistas, jornais, livros etc.

• leitura feita pelos alunos que ainda não leem convencionalmente (para isso é necessário ir apresentando as atividades, para que eles possam se familiarizar com as propostas);

• roda de conversa para conhecer músicas, poemas, parlendas, quadrinhas e histórias que fazem parte do repertório dos alunos (caso eles tenham um repertório restrito, é o momento de ampliá-lo);

• roda de conversa informal, de notícia, de novidades etc.

        PROFA: Nas primeiras semanas os alunos usam algum caderno?

        Rosinalva: Sim, nele os alunos registram as atividades do dia e também copiam nomes significativos para eles: o nome da escola, seu próprio nome, os nomes dos colegas e de outras coisas que lhes façam sentido etc. Além disso, são coladas no caderno todas as atividades mimeografadas propostas na sala de aula. Essa é uma forma de os pais acompanharem o trabalho que é desenvolvido na classe e os alunos começarem a aprender os procedimentos de utilização do caderno.

        PROFA: Quais são os materiais que vocês consultam para preparar as atividades de alfabetização?

        Rosinalva: Hoje está mais fácil a pesquisa de material para organizar as atividades didáticas. Além de podermos contar com os PCNs, em nossa escola, por exemplo, a coordenadora pedagógica fez um trabalho de formação, com todos os professores, utilizando o Módulo de Alfabetização do Programa Parâmetros em Ação, o que deu maior fundamentação para nossa prática. A coordenadora também nos apresentou vários exemplos de atividades, por escrito e em programas de vídeo, discutindo conosco as melhores formas de desenvolvê-las com os alunos. Também, compramos alguns livros que foram indicados na bibliografia do Módulo de Alfabetização: cada professor comprou um e fomos trocando entre nós.

        PROFA: Você afirmou que as primeiras semanas de aula são para conhecer os alunos? E se eles não souberem fazer as atividades?

        Rosinalva: O objetivo é oferecer uma diversidade de situações que permitam conhecer o que os alunos sabem e, caso não saibam o que se imaginava que soubessem, apresentar a eles propostas que contribuam para que comecem a se familiarizar com o que desconhecem. Os primeiros dias de aula são para o professor diagnosticar os saberes dos alunos, mas são também para eles aprenderem muitas coisas.

        PROFA: Você não faz as atividades do chamado período preparatório?

        Rosinalva: Não faço e, para ser sincera, nunca fiz. Sempre tive uma intuição de que o período preparatório não servia para nada. Meus alunos sempre aprenderam a ler e escrever sem ter passado pelas atividades do período preparatório, mesmo quando eu alfabetizava pelo método analítico-sintético. É escrevendo, copiando textos significativos, fazendo desenhos que os alunos exercitam a coordenação motora. É realizando as diferentes atividades de leitura e escrita propostas na sala de aula que eles põem em uso a capacidade de discriminação visual e auditiva e as demais capacidades que se pretende desenvolver nesse período. O período preparatório não é condição para aprender a ler e escrever.

        PROFA: Você e os seus colegas fazem um planejamento com atividades iguais para todas as turmas, desenvolvidas nos mesmos horários do dia?

        Rosinalva: Não. Como eu disse anteriormente, nós listamos todas as atividades das áreas a serem trabalhadas, o que, nesse período inicial, inclui jogos de mesa e conhecimento do espaço da escola e das pessoas que nela trabalham. Depois, cada professor faz a organização da sua rotina semanal, considerando o que discutimos e as necessidades específicas do seu agrupamento. Portanto, não existe mais aquela coisa estranha de todo mundo, no mesmo horário, realizar as mesmas atividades.

        PROFA: De onde vêm os recursos para vocês comprarem os materiais de que precisam?

        Rosinalva: Alguns vêm da verba do Fundef: foi com esse dinheiro que compramos o mimeógrafo, o vídeo, a tevê e outros materiais para os alunos: jogos, brinquedos e alguns materiais escolares. Os livros, recebemos do Ministério da Educação. As revistas e gibis foram doados, inclusive por familiares dos professores. Dificilmente podemos contar com a ajuda financeira dos pais, mas quando fazemos festas que revertem em fundos para a escola eles comparecem e colaboram de uma forma ou de outra. O pouco que arrecadamos, investimos em livros e outros materiais para os alunos. Não é nada fácil, mas os resultados são sempre gratificantes. Com o tempo a gente vai aprendendo que quando se quer verdadeiramente algo nada nos impede de conseguir. O material que temos ainda é pouco, mas já provocou grandes avanços em nosso trabalho.

        PROFA: Há uma pergunta que ainda gostaríamos de fazer. Como você faz quando encontra na sua classe alunos já alfabetizados, no início do ano? Existe uma rotina semanal diferente para eles? Não seria melhor remanejá-los?

        Rosinalva: Não é fácil responder essas questões em poucas palavras… Mas vamos lá. Em todas as classes, há alunos que iniciam o ano alfabetizados: nesse caso, não há necessidade de se fazer uma rotina diferenciada e sim propostas que atendam a suas necessidades de aprendizagem. Por exemplo, quando os alunos com escrita não-alfabética realizam uma atividade de leitura de um texto com algum tipo de apoio que permita tornar o desafio de ler possível para eles, os alunos já alfabetizados podem ler esse mesmo texto sem nenhum tipo de apoio, ou escrever o texto, ditado pelo professor. Quando a proposta é de escrita, os alunos que já estão alfabetizados escreverão de forma mais próxima da convencional e os que ainda não estão alfabetizados escreverão conforme suas próprias hipóteses de escrita. Durante todo o ano em minha sala de aula, há situações em que todos realizam a mesma atividade, cada qual de acordo com a sua competência; há situações em que o texto é o mesmo e a proposta é que varia, conforme as possibilidades de realização dos alunos; e há situações em que as propostas são mesmo diferenciadas. Mas isso não significa uma rotina de trabalho diferente para alunos que já sabem ler e que ainda não sabem… E a possibilidade de remanejamento nem passa pela nossa cabeça, por vários motivos. Em primeiro lugar, porque é horrível para um aluno ficar mudando de professora em função do que sabe ou não. E, depois, porque os alunos com um nível de conhecimento superior à média da classe são informantes importantes, que em muito contribuem com o trabalho de todos. O cuidado necessário, entretanto, é para não colocá-los na condição de ajudantes do professor, pois eles são alunos que precisam ter atendidas as suas próprias necessidades de aprendizagem.

        PROFA: Mas, de qualquer forma, esses alunos com mais conhecimento não ficam prejudicados?

        Rosinalva: Eu também pensava assim. Mas se eles têm suas próprias necessidades de aprendizagem atendidas esse risco não existe. Além do que, quando esses alunos experimentam situações em que precisam ensinar o que sabem aos colegas que ainda não sabem, acabam aprendendo muito também. Hoje sabemos que diante da tarefa de ensinar o outro, todo indivíduo aprende mais sobre o que ensina, pois precisa organizar os conhecimentos disponíveis para dar explicações e elaborar argumentações convincentes. Isto parece fácil, mas não é. Por fim, quero dizer uma coisa que me parece necessária: ter uma classe heterogênea é muito bom para os alunos, mas ainda um grande desafio para o professor.

Entendendo a entrevista:

01 – Qual a experiência profissional de Rosinalva Dias no ensino fundamental, e especificamente na 1ª série?

      Rosinalva Dias tem 24 anos de experiência no ensino fundamental em escola pública, sendo 20 desses anos dedicados à 1ª série.

02 – Qual a principal preocupação de Rosinalva Dias ao planejar as primeiras semanas de aula?

      Sua principal preocupação é organizar a rotina do trabalho pedagógico e ter claros os objetivos didáticos para a série, além de conhecer os novos alunos.

03 – Qual o objetivo de Rosinalva para seus alunos de 1ª série em Língua Portuguesa ao final do ano?

      O objetivo é que seus alunos cheguem alfabetizados ao final do 1º ano, ou seja, que saibam ler e escrever com autonomia, mesmo que ainda cometam erros.

04 – Como a implementação dos ciclos no município de Rosinalva influenciou sua prática e a de seus colegas, e o que ela aprendeu sobre isso?

      A implementação dos ciclos gerou, inicialmente, a distorção de que os alunos teriam dois anos para se alfabetizar, o que Rosinalva percebeu não ser o objetivo. Ela aprendeu que essa mentalidade levava à repetição das mesmas atividades no 2º ano, sem avanços, e que a definição clara de metas anuais é crucial.

05 – Qual a principal mudança no planejamento inicial de aula de Rosinalva, em comparação com sua prática na década de 80?

      Antes, o planejamento era focado em uma rotina rígida de apresentação de vogais e cópias, que pouco contribuía para conhecer os saberes dos alunos. Atualmente, o foco é em diagnosticar os conhecimentos prévios dos alunos sobre a escrita, reconhecendo seus saberes e não apenas suas deficiências.

06 – Qual a importância do conhecimento teórico na mudança da prática pedagógica de Rosinalva?

      O conhecimento teórico a ajudou a mudar seu olhar sobre os alunos, aprendendo que mesmo os não-alfabetizados possuem conhecimentos sobre a escrita. Isso a fez enxergar o que os alunos já sabiam, aumentando o respeito intelectual por eles.

07 – Além de saber como os alunos aprendem, que outros dois tipos de conhecimento Rosinalva considera essenciais para uma prática pedagógica de qualidade?

      Ela menciona o domínio dos conteúdos (saber o que ensinar, como ler, o que é gramática, etc.) e o conhecimento didático (saber como ensinar, considerando os processos de aprendizagem e a natureza dos conteúdos).

08 – Que tipo de atividades são priorizadas por Rosinalva e seus colegas em Língua Portuguesa nas primeiras semanas do ano letivo?

      As atividades incluem leitura e escrita de nomes, escrita de textos curtos, apresentação do alfabeto, leitura diária de diferentes tipos de textos e histórias, manuseio de portadores de texto (gibis, revistas), rodas de conversa sobre repertório dos alunos (músicas, poemas), e rodas de conversa informais.

09 – Como Rosinalva lida com a presença de alunos já alfabetizados em sua classe no início do ano?

      Ela não faz uma rotina semanal diferenciada, mas oferece propostas que atendam às necessidades de aprendizagem de cada um. Os alunos já alfabetizados podem ler sem apoio, escrever textos ditados ou aprofundar-se, enquanto os demais realizam atividades adaptadas ao seu nível.

10 – Por que Rosinalva considera uma classe heterogênea (com diferentes níveis de conhecimento) benéfica?

      Ela acredita que é "muito bom para os alunos" porque os que têm maior conhecimento podem atuar como informantes importantes, contribuindo com o trabalho de todos. Além disso, ao precisarem ensinar o que sabem aos colegas, eles próprios aprendem mais, organizando seus conhecimentos e elaborando explicações.

 

quarta-feira, 4 de junho de 2025

ARTIGO DE OPINIÃO: MUROS INTERNALIZADOS - FRAGMENTO - SERPA, A. - COM GABARITO

 Artigo de opinião: Muros internalizados – Fragmento

           Serpa, A.

        Vinte anos se passaram desde a queda do Muro de Berlim. A cidade comemora com uma programação rica em atividades. Pode-se conferir, por exemplo, uma grande exposição de fotografias na Alexander Platz ou ver de perto a restauração da East Side Gallery, um pedaço de muro ainda existente que se transformou numa galeria de arte a céu aberto. [...] Em Berlim, [...] tenho ouvido a afirmação recorrente de que o muro persiste enquanto paisagem interiorizada pelos habitantes da cidade. [...] Onde buscar esse muro internalizado?

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgsTqsTfEsZhPJRn9dQOa3S-dcKwuH1PCYB9MoLbkkWIJNaDeA4PVzdfjIqLvOWl95YkUYayiqK7mGMZU8OZ3dprU3qfW3RAh2Xz2Aenq9p2_bwPtwbgurAfDScjOTn6ta98q856RthjFo4nenLqR7C2Y-X-5UbQOYXUlYZTh4ekQqYPUC_ju-xNQATdjI/s320/queda-muro-de-berlin1.jpg


        [...]

        Tudo isso faz pensar nas cidades brasileiras, onde os muros tomam conta da paisagem, seja segregando favelas e bairros populares, seja cercando os condomínios fechados dos bairros nobres. Berlim nos ensina que o muro é forma-conteúdo, é produto e também processo, reflete e condiciona o modo como uma sociedade lida com a diferença. O muro também produz a diferença e radicaliza a ocultação do “outro”, transforma diferença em segregação e desigualdade.

SERPA, A. Muros internalizados. A Tarde, Salvador, 1o ago. 2009. Caderno Opinião, p. A 3.

Fonte: Livro – Português: Linguagens, 3ª Série – Ensino Médio – William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães, 9ª ed. – São Paulo: Saraiva Editora, 2013. p. 292.

Entendendo o artigo:

01 – Qual o principal evento que o artigo menciona como ponto de partida para sua reflexão?

      O principal evento que o artigo menciona é a queda do Muro de Berlim, ocorrida vinte anos antes da escrita do texto. A cidade celebra essa data com diversas atividades.

02 – Mesmo após a queda física do Muro de Berlim, que tipo de "muro" a autora afirma que persiste na cidade?

      Mesmo após a queda física, a autora afirma que o muro persiste como uma "paisagem interiorizada pelos habitantes da cidade". Isso sugere que as divisões e mentalidades criadas pelo muro continuam existindo na psique e nas relações sociais das pessoas.

03 – Como a autora relaciona a situação de Berlim com a realidade das cidades brasileiras?

      A autora relaciona a situação de Berlim com as cidades brasileiras ao observar que muros físicos também "tomam conta da paisagem" no Brasil. Ela cita a segregação de favelas e bairros populares, bem como os condomínios fechados nos bairros nobres, como exemplos dessa muralha urbana.

04 – O que o artigo quer dizer com a afirmação de que "o muro é forma-conteúdo"?

      A afirmação de que "o muro é forma-conteúdo" significa que o muro não é apenas uma estrutura física (forma), mas também carrega um significado profundo e um impacto social (conteúdo). Ele é tanto um produto das desigualdades quanto um processo que reflete e condiciona a forma como uma sociedade lida com as diferenças.

05 – De que maneira, segundo a autora, o muro afeta a percepção do "outro" na sociedade?

      Segundo a autora, o muro afeta a percepção do "outro" ao "radicalizar a ocultação do 'outro'" e transformar a diferença em segregação e desigualdade. Ao erguer barreiras, sejam elas físicas ou mentais, o muro impede o contato e a compreensão entre diferentes grupos sociais, reforçando estigmas e distanciamentos.

 

segunda-feira, 30 de dezembro de 2024

NOTÍCIA: SKATE TERÁ 1º CENTRO OLÍMPICO DE TREINAMENTO EM SP ATÉ FIM DE 2022 - AGÊNCIA BRASIL - COM GABARITO

 Notícia: Skate terá 1º Centro Olímpico de Treinamento em SP até fim de 2022

        Complexo em Campinas terá pistas de street, de park e de half pipe

Agência Brasil – Publicado em 18/08/2021 – 12:44 – Rio de Janeiro

        Após o sucesso do skate brasileiro na Olimpíada de Tóquio (Japão) – três prata com Kelvin Hoefler, Rayssa Leal e Pedro Barros, na estreia da modalidade nos Jogos – os atletas ganharão o primeiro Centro Olímpico voltado ao esporte sobre quatro rodinhas. O complexo com mais de 3.100 metros quadrados será erguido na cidade de Campinas (SP), até o final de 2022. Esta é a previsão da Confederação Brasileira de Skate (CBSK), que firmou uma parceria com a prefeitura da cidade paulista, o Ministério da Cidadania e Secretaria Especial do Esporte. 


Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgrU9JGnpgwXjdPESVstyIoX161XMbxAWQAjHwgWy4EkNs-Ww33Dh-0fSno4kinW43PX3otvKteNQ0aS88mOe-RXEBczbqTSnkHOLTZegwm_gQNvdWynJZdOO5SwBMqYho6EjjCGirQJEr5Se4iLtttykRobQSapKrHg3gd_07pOeGVKtJYFVD_dLe9i4c/s320/o-skate-jogos-1654970.jpg


        Além de pistas de street, de park e de half pipe (vertical),o Centro Olímpico também terá locais para atividades administrativas e multidisciplinares (academia, fisioterapia e alojamento). O complexo será construído em terreno disponível no Centro Esportivo de Alto Rendimento na cidade paulista, onde já ocorrem treinos de natação, de atletismo, de tênis e de saltos ornamentais.

        “O Centro Olímpico nos permitirá trabalhar com um planejamento mais assertivo e de acordo com os objetivos para a Seleção Brasileira de Skate e o ciclo de Paris 2024. Devido à necessidade de pistas adequadas e de um ambiente mais seguro em relação à pandemia, houve um desgaste muito grande nessa logística nos últimos anos, além do investimento financeiro, para que conseguíssemos oferecer a melhor estrutura para os skatistas se prepararem para os Jogos em Tóquio. É uma conquista importantíssima para o skate brasileiro e suas futuras gerações”, disse Eduardo Musa, presidente da CBSK, em nota da entidade.

        A CSBK será responsável pelo projeto, que será doado ao município de Campinas para licitação. De acordo com a entidade, o Ministério da Cidadania investirá R$ 8 milhões no complexo, que serão repassados à prefeitura da cidade paulista, por meio da Secretaria Especial do Esporte.

RODRIGUES, Cláudia Soares. Skate terá 1º Centro Olímpico de Treinamento em SP até fim de 2022. Agência Brasil. Rio de Janeiro, 18 ago. 2021. Disponível em: https://agenciabrasil.ebc.com.br/esportes/noticia/2021-08/skate-tera-1o-centro-olimpico-de-treinamento-em-sp-ate-fim-de-2022. Acesso em: 31 mar. 2022.

Fonte: Língua Portuguesa. Linguagens – Séries finais, caderno 1. 8º ano – Larissa G. Paris & Maria C. Pina – 1ª ed. 2ª impressão – FGV – MAXI – São Paulo, 2023. p. 67.

Entendendo a notícia:

01 – Qual foi o principal motivo para a construção do primeiro Centro Olímpico de Skate no Brasil?

      O sucesso do skate brasileiro nas Olimpíadas de Tóquio 2020, com a conquista de três medalhas de prata, impulsionou a criação de um centro de treinamento de alto nível para os atletas da modalidade.

02 – Onde será construído o Centro Olímpico de Skate e qual a previsão de conclusão?

      O centro será construído em Campinas, São Paulo, e a previsão é que esteja pronto até o final de 2022.

03 – Quais tipos de pistas o Centro Olímpico de Skate terá?

      O centro contará com pistas de street, de park e de half pipe, que são as principais modalidades do skate olímpico.

04 – Quais os benefícios da construção do Centro Olímpico para o skate brasileiro?

      O centro permitirá um planejamento mais eficiente para a Seleção Brasileira de Skate, oferecendo estrutura adequada para os atletas se prepararem para futuras competições, como os Jogos Olímpicos de Paris 2024. Além disso, o centro proporcionará um ambiente mais seguro e com menos custos logísticos para os atletas.

05 – Qual o papel do governo e da Confederação Brasileira de Skate nesse projeto?

      O Ministério da Cidadania investirá R$ 8 milhões no projeto, que será repassado à prefeitura de Campinas. A Confederação Brasileira de Skate (CBSK) será responsável pelo projeto e doará o mesmo ao município para licitação.

 

 

 

sábado, 10 de setembro de 2022

OBRAS: AEROBATIC BALLS E FLOURISH - JOHN EDMARK - COM GABARITO

 Obras: Aerobatic Balls e Flourish

            John Edmark

Aerobatic Balls [Bolas acrobáticas aéreas], seção “Air & Water”, de John Edmark, 2011 (bolas de pingue-pongue, sistema com doze correntes de ar, plataforma metálica, dimensões variáveis – Acervo do artista).



Flourish [Florescer], série “Blooms”, de John Edmark, 2011 (plástico branco, motor, luz estroboscópica, 11,58 cm x 11,61 cm x 4,38 cm – Galeria Osher, São Francisco, Estados Unidos.

Fonte: Estações e Linguagens – Rotas da Ciência e Tecnologia – Ensino Médio – Editora Ática – 1ª edição, São Paulo, 2020. p.  19-20.

Entendendo as obras:

01 – O artista estadunidense John Edmark (1965 -) também explora a ciência em suas obras, que se movimentam obedecendo a diferentes princípios da física.

a)   Assista ao vídeo de uma de suas obras, chamada Aerobatic Balls [Bolas acrobáticas aéreas], no site do artista, disponível em: http://www.johnedmark.com/air-water1/2016/4/29/aerobatic-balls (acesso em: 1° jul. 2020).

No site há vídeos de todas as suas obras. Aerobatic Balls faz parte da seção “Air & Water” [ar e água].

b)   Qual é o significado do nome dessa obra? Ele está relacionado ao funcionamento dela?

A palavra “aerobatic”, em inglês, é uma junção das palavras “aerial” e “acrobacia” (acrobacia aérea). O nome está ligado ao comportamento das bolas de pingue-pongue, que descrevem movimentos como acrobacias. Na obra, as bolas ficam suspensas por doze correntes de ar que fazem com que fiquem em movimento constante. Os movimentos podem se alterar, variando o número de bolas e a velocidade do ar.

c)   Ainda no site do artista, assista ao vídeo da série chamada “Blooms” [Florecimento], que utiliza a proporção áurea para que a escultura de uma flor impressa em 3D desabroche. Esse efeito é causado por rotações progressivas sob uma luz estroboscópica. O que chama sua atenção nesta obra específica? Comente com os colegas.

Resposta pessoal do aluno. O vídeo está disponível em: http://johnedmark.com/phifib/2017/1/9/blooms-2. Acesso em: 2 jul. 2020.

d)   Leia a seguir um depoimento do artista acerca de seu trabalho. Depois, responda às questões.

Declaração

        Se a mudança é a única constante na natureza, ela está escrita na linguagem da geometria.

        Grande parte do meu trabalho se liga a padrões de espaço e de crescimento. Por meio de esculturas cinéticas e objetos que se transformam, eu busco oferecer ao observador estruturas surpreendentes escondidas em um espaço aparentemente amorfo.

        Embora geralmente a arte seja um instrumento de fantasia, meu trabalho é um convite para mergulhar fundo em nosso próprio mundo e descobrir o quão surpreendente ele pode ser [...].

        Eu emprego precisão matemática na concepção e produção do meu trabalho. Não faço isso com o objetivo de exibir apenas exatidão ou exaltar a tecnologia atual, mas porque estou tentando formular perguntas e respostas sobre relações espaciais, que só podem ser abordadas com construções geométricas exatas. A precisão matemática é um aliado essencial no meu objetivo de obter clareza.

        [...] Por meio do meu trabalho, eu me esforço para compartilhar a alegria da descoberta com outras pessoas em uma busca contínua pelos padrões atemporais de mudança. 

EDMARK, John. Statement. Disponível em: http://www.johnedmark.com/statement. Acesso em: 1o jul. 2020. [Livremente traduzido para fins didáticos].

 

·        De acordo com o texto, como o artista articula arte e ciência em seu trabalho? 

Segundo o depoimento, Edmark busca mostrar em seu trabalho como a compreensão geométrica da natureza pode ser tão surpreendente quanto a fantasia proposta para a arte. 

·        John Edmark usa a escultura cinética como uma das técnicas de suas obras. Você sabe o que é uma escultura cinética?

Espera-se que os estudantes percebam o movimento que há nas obras de John Edmark para responder à questão. A arte cinética é uma vertente das artes visuais cuja principal característica é a utilização de recursos visuais e técnicas que atribuem movimento ou impressão de movimento à obra. 

 

sexta-feira, 30 de abril de 2021

AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA DE LÍNGUA PORTUGUESA PARA O 8º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL - COM GABARITO

AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA DE LÍNGUA PORTUGUESA PARA O 8º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL - COM GABARITO

Leia o texto e responda à questão 01.

 Música: Azul da Cor do Mar

              Tim Maia

 Ah! Se o mundo inteiro me pudesse ouvir

Tenho muito pra contar, dizer que aprendi

E na vida a gente tem que entender

Que um nasce pra sofrer enquanto o outro ri

[...]

Disponível em:<https://www.letras.mus.br/tim-maia/48917/>. Acesso em: 17 dez. 2018. (adaptado)

 Habilidade

Reconhecer os usos da norma-padrão ou de outras variações linguísticas em um texto.

Questão 01

Em “E na vida a gente tem que entender/ Que um nasce pra sofrer enquanto o outro ri”, a palavra em destaque “pra” representa uma forma de linguagem

(A) sofisticada e correta.

(B) informal e coloquial.

(C) culta e simples.

(D) errada e fácil.


Leia o poema e responda à questão 02.

Poema: Retrato

Cecília Meireles

Eu não tinha este rosto de hoje,

assim calmo, assim triste, assim magro,

nem estes olhos tão vazios,

nem o lábio amargo.

Eu não tinha estas mãos sem força,

tão paradas e frias e mortas;

eu não tinha este coração

que nem se mostra.

 

Eu não dei por esta mudança,

tão simples, tão certa, tão fácil:

- Em que espelho ficou perdida

a minha face?

 

Disponível em:<https://www.pensador.com/textos_descritivos_de_cecilia_meireles/>. Acesso em: 17 out. 2019. 

Habilidade

Reconhecer marcas linguísticas em um texto do ponto de vista do léxico, da morfologia ou da sintaxe.

Questão 02

A autora realiza a descrição de um rosto, por meio de

(A) adjetivos.

(B) conjunções.

(C) interjeições.

(D) substantivos.

Leia o texto a seguir e responda à questão 03.

 Texto: Importância da vacinação

 A importância da vacinação vai muito além da prevenção individual. Ao se vacinar, você está ajudando toda a comunidade a diminuir os casos de determinada doença.

[...] Vacinas são substâncias que possuem como função estimular nosso corpo a produzir respostas imunológicas a fim de nos proteger contra determinada doença. Elas são produzidas a partir do próprio agente causador da doença, que é colocado em nosso corpo de forma enfraquecida ou inativada. Apesar de não causar a doença, as formas atenuadas e inativadas do antígeno são capazes de estimular nosso sistema imunológico.

[...]

Disponível em:<https://brasilescola.uol.com.br/saude-na-escola/importancia-vacinacao.htm>. Acesso em: 17 out. 2019. (adaptado)

Habilidade

Reconhecer os usos da norma-padrão ou de outras variações linguísticas em um texto.

A linguagem utilizada no texto é

(A) informal, com o uso incorreto da língua portuguesa.

(B) formal, seguindo a norma-padrão da língua portuguesa.

(C) científica, com termos específicos que apenas cientistas utilizam.

(D) regional, com variações linguísticas, características de uma região do país.


Leia o texto e responda à questão 04.

Poema: A namorada

                                Manoel de Barros

Havia um muro alto entre nossas casas.

Difícil de mandar recado para ela.

Não havia e-mail.

O pai era uma onça.

A gente amarrava o bilhete numa pedra presa por um cordão

E pichava a pedra no quintal da casa dela.

Se a namorada respondesse pela mesma pedra

Era uma glória!

Mas por vezes o bilhete enganchava nos galhos da goiabeira

E então era agonia.

No tempo do onça era assim.

Disponível em:<http://www.releituras.com/manoeldebarros_namorada.asp>. Acesso em: 17 out. 2019.

Habilidade

Localizar informação explícita em um texto.

Questão 04

O casal se comunicava com

(A) e-mail.

(B) bilhetes em pedras.

(C) os galhos de uma goiabeira.

(D) bolinhas de papel na árvore.

 

Leia o texto e responda à questão 05.

Biografia de Marie Curie

 Marie Skłodowska Curie (1867-1934) foi uma cientista e física polonesa naturalizada francesa, primeira mulher a ser admitida como professora na Universidade de Paris, que conduziu pesquisas pioneiras em todo o mundo no ramo da radioatividade. Foi a primeira mulher a ser laureada com um Prêmio Nobel e a primeira pessoa e única mulher a ganhar o prêmio duas vezes. [...]

As conquistas de Marie incluem a teoria da radioatividade (termo que ela mesma cunhou), técnicas para isolar isótopos radioativos e a descoberta de dois elementos, o polônio e o rádio. Sob a direção dela foram conduzidos os primeiros estudos sobre o tratamento de neoplasmas com o uso de isótopos radioativos. A cientista fundou os Institutos Curie em Paris e Varsóvia, que até hoje são grandes centros de pesquisa médica. Durante a Primeira Guerra Mundial, fundou os primeiros centros militares no campo da radioatividade.

[...]

Disponível em:<https://pt.wikipedia.org/wiki/Marie_Curie>. Acesso em: 21 out. 2019. (adaptado).

Habilidade

Estabelecer relações lógico-discursivas presentes no texto por meio de elementos de referenciação.

 

Questão 05

No trecho “[...] que conduziu [...]”, o termo destacado faz referência à

(A) “teoria”.

(B) “radioatividade”.

(C) “Universidade de Paris”.

(D) “Marie Skłodowska Curie”.

 

Leia o texto e responda às questões 07, 08 e 09.

Conto: As aventuras de Malazarte

                                           Clarice Lispector

Como o pai tinha morrido, a mãe dividira em pedaços a casa toda, dando-os a cada filho. A Pedro Malazarte coube uma porta. Ele pensou: com esta porta conquistarei o mundo. Realmente, em breve viu um urubu pousado num burro morto. Mais que depressa jogou a porta em cima deles – e como o urubu ficou manco, foi fácil pegá-lo. Para que queria ele um urubu? Lá disso sabia ele. E quando sentiu no ar o cheiro de um jantar magnífico, bateu à porta da casa de uma senhora, gulosa e sabida, que estava preparando para si mesma um banquete, escondido do marido que fora viajar. Malazarte foi irritadamente expulso pela sabidona e sua criada. Então, com o auxílio da porta encostada na parede, subiu ao teto e de lá viu embaixo comida boa para valer. Tinha leitão assado, peru, e tudo o mais que delicia um homem. Foi quando o marido chegou, inesperadamente. A mulher matreira lamentou-se: se eu soubesse que você vinha eu preparava coisa boa de se comer, mas como não te esperava só tenho carne-seca, feijão ralo e farinha morrinhenta...

Aí Malazarte apresentou-se de novo com o seu urubu, sabendo que o marido não lhe recusaria um pouco do minguado jantar. Mal começara a comer quando Malazarte deu, bem disfarçado, uma cutucada no urubu, que gemeu.

— Por que é que ele está se lamentando?, perguntou o dono da casa.

— Está me dizendo umas novidades, respondeu Malazarte. O meu urubu, ao contrário dos outros, fala e está me contando que sua mulher lhe guardou um leitãozinho assado de surpresa...

A mulher teve medo de Malazarte e disse: — Oh, urubu danado, estragou a surpresa! Tenho mesmo esse leitãozinho para você...

Daqui a pouco o urubu gemeu de novo, o que fez Malazarte dizer:

— Ô urubu intrometido, para de me contar?

— O que é que ele está contando?

— Que tem peru recheado.

— Meu maridinho, essa era outra surpresa que o urubu desaforado estragou. Mas coma um pouco deste peru. E tenho doces, frutas, bebidas...

Como era 1o de abril, dia de se enganar os outros, Malazarte vendeu falsamente o precioso urubu ao dono da casa para lhe servir de espião.

Bem alimentado, Malazarte prosseguiu caminho com a porta debaixo do braço.

Moral: mais vale uma porta desvalida e esperteza de Malazarte, que uma casa inteira para quem não tem arte.

LISPECTOR, Clarice. Como nasceram as estrelas. Rio de Janeiro: Rocco, 1999. p. 13.

Habilidade

Localizar informação explícita em um texto.

Questão 07

A mulher, dona da casa, já conhecia Pedro Malazarte antes do incidente do urubu. Isso se constata em:

(A) “Como era 1o de abril, dia de se enganar os outros, Malazarte vendeu falsamente o precioso urubu ao dono da casa para lhe servir de espião.”

(B) “Aí Malazarte apresentou-se de novo com o seu urubu, sabendo que o marido não lhe recusaria um pouco do minguado jantar.”

(C) “Então, com o auxílio da porta encostada na parede, subiu ao teto e de lá viu embaixo comida boa para valer. “

(D) “A mulher matreira lamentou-se: se eu soubesse que você vinha eu preparava coisa boa de se comer [...]”

 

Habilidade

Reconhecer marcas linguísticas em um texto do ponto de vista do léxico, da morfologia ou da sintaxe.


Questão 08

O pretérito imperfeito do subjuntivo é utilizado na expressão de desejos e probabilidades. O uso desse tempo verbal está presente em:

(A) “Tenho mesmo esse leitãozinho para você...”

(B) “Se eu soubesse que você vinha eu preparava coisa boa de se comer [...]”

(C) “Como o pai tinha morrido, a mãe dividira em pedaços a casa toda, dando-os a cada filho.”

(D) “Mais que depressa jogou a porta em cima deles – e como o urubu ficou manco, foi fácil pegá-lo.”

Habilidade

Reconhecer elementos da narrativa (personagem, enredo, tempo, espaço ou foco narrativo) em um texto.


Questão 09

O acontecimento que dá origem à aventura de Malazarte é

(A) a chegada inesperada do marido da cozinheira.

(B) o encontro com um burro e um urubu na estrada.

(C) a reação da mulher ao expulsar o rapaz de sua casa.

(D) o recebimento da herança após a morte do pai do rapaz.

 

Leia o texto e responda às questões 10 e 11.

Texto: O Escaravelho do Diabo

Lucia Machado de Almeida

Cora O’Shea quase desmaiou quando soube que o filho morrera envenenado. A hipótese de suicídio ficou logo afastada. Clarence, apesar de egoísta e insatisfeito, gostava imensamente da vida e jamais faria uma coisa dessa.

— O cianeto age em segundos e preciso saber se o rapaz comeu ou bebeu alguma coisa antes de cair no chão, disse o Inspetor.

Cora pensou algum tempo e exclamou aflita:

— A cápsula! A cápsula!

E contou que Clarence se achava muito gripado, ligeiramente febril, e que ela mandara aviar para ele uma velha fórmula com aspirina. Tomara o remédio naquela sala mesmo, à vista de todos.

O rapaz já havia ingerido duas cápsulas, uma pela manhã, outra à tarde, sem que nada houvesse acontecido. [...]

Ainda havia três cápsulas dentro dela. Da caixinha, se desprendia um vago odor de amêndoas amargas, característico do cianeto. Examinando as três cápsulas, constatou que elas realmente continham aspirina.

— O veneno foi depositado apenas numa delas, disse ele. A fórmula fora preparada na maior e mais afamada drogaria da cidade. [...]

Sentada numa poltrona forrada de pano escocês, achava-se uma pequena mulher, extremamente feminina, de ar decidido e frágil ao mesmo tempo. A moça trazia um lenço na mão e de vez em quando enxugava uma lágrima.

— Miss Verônica, disse Cora apresentando-a aos dois homens. Ao vê-la, Alberto sentiu uma estranha emoção. O coração bateu-lhe apressado e ele se viu subitamente transportado para um mundo de irrealidade e sonho. Não saberia dizer se era bonita ou feia, morena ou loura, gorda ou magra, tal a perturbação em que se achava.

Como que magnetizado, ficou olhando para a pequena criatura sentada na poltrona. Sem perceber o que se passava com o estudante, o Inspetor examinou cuidadosamente todos os detalhes do quarto de Clarence.

— Um besouro! — exclamou Alberto de repente, segurando uma caixinha aberta com um pequeno escaravelho negro fincado numa rolha, em cima de uma cômoda.

A caixa era exatamente igual à que Hugo recebera na véspera de sua morte.

— Seu filho era entomologista10, minha senhora?

— Não. Clarence recebeu isso ontem de manhã, pelo correio.

Deve ser alguma brincadeira...

Alberto sentiu um arrepio percorrer-lhe o corpo. Em sua imaginação misturavam-se duas cabeleiras vermelhas, a de “Foguinho” com a de Clarence, e dois besouros negros, ambos fincados numa rolha.

— Pode ceder-me esse inseto? perguntou Alberto a Mrs. O’Shea. Estou fazendo coleção deles.

ALMEIDA, Lúcia Machado. O Escaravelho do Diabo. São Paulo: Ática, 1985. p.25-26. 32.

Habilidade

Reconhecer elementos da narrativa (personagem, enredo, tempo, espaço ou foco narrativo) em um texto.

 

Questão 11

O trecho transcrito se passa

(A) na delegacia.

(B) na casa de Alberto.

(C) no funeral de Clarence.

(D) na casa da Mrs. O’ Shea.

Habilidade

Estabelecer relações lógico-discursivas presentes no texto por meio de elementos de referenciação.


Questão 12

Em “ela mandara aviar para ele uma velha fórmula com aspirina”, o termo em destaque faz referência à

(A) Clarence.

(B) Mrs. O’ Shea.

(C) Miss Verônica.

(D) farmacêutica.