Política de Privacidade

quinta-feira, 30 de novembro de 2017

MÚSICA(ATIVIDADES) OITAVO ANDAR(UMA CANÇÃO SOBRE AMOR) - CLARICE FALCÃO

Música(Atividades): Oitavo Andar (Uma Canção Sobre Amor)


                                                                 Clarice Falcão
Quando eu te vi fechar a porta
Eu pensei em me atirar pela janela do 8º andar
Onde a Dona Maria mora
Porque ela me adora e eu sempre posso entrar
Era bem o tempo de você chegar no T
Olhar no espelho o seu cabelo, falar com o seu Zé
E me ver caindo em cima de você
Como uma bigorna cai em cima de um cartoon qualquer

E ai, só nos dois no chão frio
De conchinha bem no meio fio
No asfalto riscados de giz
Imagina que cena feliz

Quando os paramédicos chegassem
E os bombeiros retirassem nossos corpos do Leblon
A gente ia para o necrotério
Ficar brincando de sério deitadinhos no bem-bom

Cada um feito um picolé
Com a mesma etiqueta no pé
Na autópsia daria pra ver
Como eu só morri por você

Quando eu te vi fechar a porta
Eu pensei em me atirar pela janela do 8° andar
Em vez disso eu dei meia volta
E comi uma torta inteira de amora no jantar.
      -- Tem como objetivo mostrar a forma como as figuras de linguagem podem contribuir para o melhor entendimento do textos em seus diferentes aspectos, como neste caso que é a música. Além de apontar mensagem implícitas nas canções através da ajuda destes recursos e desta forma sinalizar as complexidades da língua portuguesa.
      Vale evidenciar que as figuras de linguagem que serão abordadas especificamente são: comparação, ironia, hipérbole e eufemismo em seus diferentes graus do texto, ou seja, algumas figuras são mais constantes que outras no objeto estudado.

Compreendendo o texto:

01 – Que temática é abordada nesta canção?
      Uma história de amor.

02 – Nos versos:
        “E me ver caindo em cima de você
        Como uma bigorna cai em cima de um cartoon qualquer”.
Que figura de linguagem encontramos?
      Comparação.

03 – Cite as rimas encontradas na 3ª estrofe.
      Frio/fio; giz/feliz.

04 – Na quarta estrofe os verbos: chegassem e retirassem estão em que tempo verbal?
      Modo subjuntivo (expressam-se ações imprecisas, que ainda não foram realizadas) e no Pretérito Imperfeito.

05 – Na terceira estrofe existe uma metáfora em que verso?
      “De conchinha bem no meio fio.”

06 – Tem na quarta estrofe a figura de linguagem eufemismo, localize-a e copie abaixo.
      “Ficar brincando de sério deitadinhos no bem-bom.”




SONETO: CONVITE À MARÍLIA - BOCAGE - COM GABARITO

 CONVITE À MARÍLIA


        Algumas das principais características da poesia árcade podem ser identificadas neste soneto de Bocage.

Já se afastou de nós o Inverno agreste
Envolto nos seus úmidos vapores;
A fértil Primavera, a mãe das flores
O prado ameno de boninas veste:

Varrendo os ares o sutil nordeste
Os torna azuis; as aves de mil cores
Adejam entre Zéfiros, e Amores,
E toma o fresco Tejo a cor celeste:

Vem, ó Marília, vem lograr comigo
Destes alegres campos a beleza,
Destas copadas árvores o abrigo:

Deixa louvar da corte a vã grandeza:
Quanto me agrada mais estar contigo
Notando as perfeições da Natureza!

                          Bocage. Obras. Porto: Lello & Irmão, 1968. p. 142.

Interpretação do texto:
01 – Qual é o assunto tratado no poema?
      O eu lírico faz um convite à sua amada para que desfrute, com ele, a beleza e a simplicidade da natureza.

02 – Um dos elementos caracterizadores do Arcadismo é o cenário em que se encontra o eu lírico. Que cenário é apresentado no poema? Como é descrito?
      O cenário apresentado é bucólico. O inverno se foi e a “fértil Primavera” enche o prado de flores, as aves voam e o vento nordeste torna o céu e o rio Tejo azuis.

a)   Explique que tema da poesia árcade é a apresentado na descrição desse cenário.
O tema árcade presente nessa descrição é o locus amoenus, isto é, a natureza é apresentada como um lugar tranquilo e agradável onde os amantes se encontram.

03 – Observe a forma e o conteúdo do poema. Que elementos evocam o Classicismo? Explique.
      Há dois elementos que retomam a poesia clássica: na forma, o uso do soneto; no conteúdo, a referência a elementos da mitologia clássica (os Zéfiros e os Amores).

04 – Releia.
      “Deixa louvar da corte a vã grandeza:
       Quanto me agrada mais estar contigo
       Notando as perfeições da Natureza!”
a)   Nessa estrofe, o eu lírico opõe dois cenários. Quais são eles e como são caracterizados?
Os cenários que se opõem são a cidade (simbolizada pela corte) e a natureza. A corte é caracterizada pela sua grandeza falsa, oca, e a natureza, pela perfeição.

b)   Que outro tema árcade é desenvolvido a partir dessa oposição? Explique.
O tema desenvolvido é o fugere urbem. O eu lírico convida a sua amada a abandonar a grandeza vazia da cidade, da urbanização, e a desfrutar da perfeição que o cenário bucólico oferece aos amantes.

05 – O poema pode ser dividido em duas partes: uma que enfatiza o cenário, e outra em que eu lírico faz um convite à sua amada. Quais estrofes compõem essas partes e o que é apresentado em cada uma delas?
      O cenário bucólico, com a descrição da natureza como um lugar agradável, é apresentado nas duas primeiras estrofes; o convite a amada, nos dois tercetos.

a)   É possível afirmar que a construção do cenário tem como objetivo preparar o desenvolvimento do segundo tema árcade do poema. Explique.
A construção do cenário, além de desenvolver o tema do locus amoenus, serve de base para a apresentação do fugere urbem. A natureza, apresentada como modelo de perfeição, é o argumento para que a amada aceite o convite do eu lírico, abandonando a “falsa” grandeza da corte.

06 – Na linha do tempo, quais acontecimentos e ideias geram, nas manifestações artísticas do Arcadismo, a busca pelo racionalismo e o retorno aos modelos clássicos da Antiguidade? Justifique sua resposta.
      Espera-se que os alunos, ao observarem os acontecimentos apresentados na linha do tempo, percebam a importância das novas ideias surgidas na Europa que se opõem à força da religião na determinação dos comportamentos humanos.



SONETO: RECREIOS CAMPESTRES NA COMPANHIA DE MARÍLIA - BOCAGE - COM GABARITO

Soneto: Recreios Campestres na companhia de Marília
             Bocage


Olha Marília, as flautas dos pastores
Que bem que soam, como estão cadentes!
Olha o Tejo a sorrir-se! Olha, não sentes
Os Zéfiros brincar por entre as flores?

Vê como ali beijando-se os Amores
Incitam nossos ósculos ardentes!
Ei-las de planta em planta as inocentes,
As vagas borboletas de mil cores!

Naquele arbusto o rouxinol suspira,
Ora nas folhas a abelhinha para,
Ora nos ares sussurrando gira:

Que alegre campo! Que manhã tão clara!
Mas ah! Tudo o que vês, se eu te não vira,
Mais tristeza que a morte me causara.

                                                         Bocage, Manoel M. Barbosa du.
                        Obras de Bocage. Porto: Lello & Irmão, 1968. p. 152.

Interpretação do texto:
01 – Leia o soneto abaixo. Nele, o poeta português Bocage constrói um cenário muito específico com os elementos da natureza.
a)   A quem se dirige o eu lírico?
O eu lírico se dirige a uma mulher, chamada Marília.

b)   Que convite ele faz a essa pessoa?
Que observe, com ele, as perfeições da natureza.

02 – Como a natureza é apresentada no poema?
      A natureza é apresentada de modo positivo: o rio Tejo “sorri”, as borboletas coloridas brincam, enquanto o rouxinol e a abelhinha voam; o campo é “alegre” e a manhã é clara. Em resumo, o cenário apresentado pelo eu lírico é alegre e acolhedor.

a)   No último terceto, a caracterização da natureza funciona como argumento para convencer Marília do quanto ela é amada. Explique qual é a relação estabelecida entre a natureza e os sentimentos do eu lírico.
O eu lírico usa a natureza para mostrar como o seu estado de espírito depende da visão de Marília. Quando caracteriza a natureza de modo positivo, definido um ambiente marcado pela alegria e pelo otimismo, está preparando a apresentação do argumento final: “Tudo o que vês, se eu não te vira, / Mais tristeza que a morte me causara”. A alegria e o bem-estar promovidos pelo lugar agradável em que se encontram perderiam o significado se ele não pudesse ver a sua amada Marília.

03 – Observe os verbos associados aos elementos da natureza e o diminutivo empregado no texto. O que eles demonstram?
     Os verbos associados aos elementos da natureza demonstram ações simples e inocentes: o rio sorri, o vento brinca, o rouxinol suspira, a abelhinha gira. O diminutivo abelhinha transmite uma certa infantilização e, portanto, marca inocência.  
  
a)   Explique de que modo a linguagem foi utilizada para sugerir um espaço agradável e inocente.
A combinação da descrição positiva, das ações associadas à natureza e do diminutivo provoca uma sensação de que há um clima de festa, de brincadeira que se desenrola naquele campo alegre diante do olhar de Marília.

04 – Há, no cenário natural do soneto, uma evidente artificialidade. Em que ela pode ser percebida?
      A perfeição do cenário sugere tratar-se de uma natureza artificial. O modo infantilizado como os elementos da natureza são referidos no poema também reforça a ideia de uma natureza pouco natural.

a)   Essa artificialidade pode ser comparada aos jardins do Palácio de Versalhes? Por quê?

Resposta pessoal do aluno. Espera-se que o aluno perceba que, no poema, a natureza é tão “construída” pelo olhar de Bocage quanto os jardins do palácio.

terça-feira, 28 de novembro de 2017

POEMA - GREGÓRIO DE MATOS - COM GABARITO

POEMA: Aos afetos, e lágrimas derramadas na ausência da a quem queria bem
Gregório de Matos


Ardor em firme coração nascido;
Pronto por belos olhos derramado;
Incêndio em mares de água disfarçado;
Rio de neve em fogo convertido.
Tu, que em um peito abrasas escondido;
Tu, que em um rosto corres desatado;
Quando fogo, em cristais aprisionado;
Quando cristal, em chamas derretido.

Se és fogo, como passas brandamente,

Se és neve, como queimas com porfia?
Mas ai, que andou Amor em ti prudente!

Pois para temperar a tirania,
Como quis que aqui fosse a neve ardente,
Permitiu parecesse a chama fria.

                                       Matos, Gregório de. In: Wisnik, José Miguel
                                             (Sel., Intr. e notas). Poemas escolhidos.
                                                         São Paulo: Cultrix, 1997. p. 218.
Interpretação do texto:
01 – Quais são os dois elementos da natureza que se opõem e representam as contradições que o sentimento amoroso desperta no eu lírico?
      O fogo (ardor) e a água (pranto, contenção).

a)   O que cada um deles simboliza no poema?
O fogo simboliza a paixão que toma o eu lírico, e a água, o pranto pelo sofrimento amoroso, mas também pode ser interpretada como a contenção dessa paixão.

b)   Nas duas primeiras estrofes, quais as imagens e metáforas utilizadas pelo eu lírico para fazer referência a esses elementos?
As imagens utilizadas para fazer referência ao fogo são: “ardor”; “incêndio”; “abrasas”, “chamas”.
As imagens para a água temos: “pranto”; “mares de água”; “rio de neve”; “corres desatado”; “cristais”.

02 – Releia:
        “Incêndio em mares de água disfarçado;
        Rio de neve em fogo convertido”.

a)   Qual é a figura de linguagem que indica a tensão entre os opostos? Explique.
A figura que indica essa tensão é a antítese: o eu lírico opõe os termos “incêndio” a “mares de água”; e “fogo” a “rio de neve”.

b)   Há outros exemplos dessa figura no poema? Quais?
Abrasas X corres desatado; fogo X cristais; cristal X chamas; fogo X neve.

c)   O Barroso apresenta não apenas o confronto dos opostos, mas também sua fusão ou aproximação. Como ela pode ser observada nos versos transcritos?
A fusão ou aproximação dos opostos se dá pela transformação dos elementos que simbolizam os sentimentos descritos: o “incêndio” está disfarçado em “mares de água”; o “rio de neve” se converte em “fogo”. Assim, a paixão se funde com a manifestação de seu refreamento/sofrimento.

03 – Quem é o interlocutor a que o eu lírico se refere na segunda e na terceira estrofes?
      O interlocutor é o sentimento amoroso, a paixão.

a)   Como ele é caracterizado?
A paixão é caracterizada a partir de duas diferentes manifestações: ela “queima” escondida no peito do eu lírico e corre em pranto pelo seu rosto. Além disso, é fogo e, quando assim se manifesta, está aprisionada em cristais, simbolizando a contensão ou a prudência com relação a esse sentimento; quando cristal, é derretido pelas chamas.

b)   Qual é o questionamento feito pelo eu lírico nesses versos?
O eu lírico questiona a contradição na manifestação do sentimento amoroso: se ele é fogo, não deveria passar brandamente; se é neve, não poderia queimar tanto. Mais uma vez, temos as contradições da paixão, que confundem o eu lírico por uma manifestação conflituosa.

04 – No soneto, vemos a habilidade de Gregório de Matos em trabalhar a linguagem para conciliar os opostos. Releia os versos a seguir, observando os trechos destacados em negrito e em itálico.

“Se és fogo, como passas brandamente,
 Se és neve, como queimas com porfia?”
“Como quis que aqui fosse a neve ardente,
 Permitiu parecesse a chama fria.”

a)   No início do poema, o eu lírico apresenta a oposição entre o calor e o frio, o fogo e a água, a paixão e a contenção (ou refreamento). Explique de que maneira os dois primeiros versos transcritos acima encaminham a fusão que ocorrerá entre esses elementos opostos no fim do poema.
Nos dois versos, há paradoxos que encaminham a fusão completa entre os opostos que se concretizam nos versos finais. Ao questionar a contradição extrema que há entre um “fogo que passa brandamente” e a “neve que queima”, o eu lírico aproxima os elementos que se fundirão em uma única expressão nos últimos versos (“neve ardente” / “chama fria”).

b)   As expressões destacadas nos dois últimos versos são paradoxos, construídos a partir da oposição dos mesmos elementos: frio x calor; fogo x neve. Elas encerram o mesmo sentido? Por quê?
Não. Embora sejam construídas a partir da oposição dos mesmos elementos, temos uma inversão na porção de cada um deles: em “neve ardente”, o primeiro elemento refere-se ao frio e o segundo ao calor; em “chama fria”, temos primeiro a referência ao calor e depois ao frio. Por si só, essa inversão já altera o significado de cada expressão, mas, no contexto do poema, essa diferença é mais significativa.

c)   Considerando que a neve simboliza a prudência/o controle e o fogo, a paixão, qual é o significado, no contexto do poema, das expressões “neve ardente” e “chama fria”?
O paradoxo “neve ardente” pode ser interpretado como a contenção que desaparece quando a paixão nasce; por oposição, “chama fria” pode significar a paixão “controlada”, que não representa ameaça ou descontrole (não queima).

05 – O eu lírico afirma que o Amor “temperou” sua tirania. De que maneira isso foi feito? Por quê?
      O Amor, segundo o eu lírico, utilizou uma estratégia para “disfarçar” a sua tirania, fazendo com que parecesse menos ameaçadora: o que ele desejava era despertar um sentimento mais arrebatado (“como quis que aqui fosse a neve ardente”) que eliminasse qualquer defesa ou prudência contra a paixão. Para que isso de fato ocorresse, fez com que a paixão parecesse, primeiro, um sentimento contido (“Permitiu parecesse a chama fria”). Assim, garantiu que o eu lírico não se precavesse contra a paixão que ameaçava dominá-lo.

06 – Releia a linha do tempo. Que acontecimento ilustra como o século XVII era uma época dividida entre a razão e a fé?
      O julgamento de Galileu Galilei pelo Tribunal do Santo Ofício.

a)   Explique de que forma esse acontecimento exemplifica o contexto que gera o conflito do ser humano durante o Barroco.
Gostaríamos que os alunos, ao refletirem sobre o julgamento de Galileu, percebessem que a condenação do cientista ilustra o embate que caracteriza o conflito barroco. De um lado, está a razão: de outro, estão a fé e os dogmas da Igreja Católica, que condena a teoria de Copérnico por contradizer a visão geocêntrica defendida por ela.



TEXTO: MEDITAÇÃO XVII - JONH DONNE - COM GABARITO

Texto: MEDITAÇÃO XVII
           Jonh Donne


     [...] A Igreja é católica, universal, e assim são os seus atos; tudo o que faz pertence a todos. Quando ela batiza uma criança, tal ato me diz respeito; pois aquela criança, dessa forma, se une àquele corpo que igualmente é minha cabeça, e se enxerta naquele corpo do qual sou membro. E quando ela enterra um homem, tal ato me diz respeito: a humanidade toda é de um só autor, e constitui um só volume; quando um homem morre, não é um capítulo que se arranca do livro, mas é apenas um que se traduziu para idioma melhor; e todos os capítulos devem ser traduzidos. Deus emprega diversos tradutores; alguns trechos são traduzidos pela idade, outros pela doenças, outros pela guerra, outros pela justiça; mas a mão de Deus está presente em todas as traduções, e é sua mão que reencadernará todas as nossas folhas dispersas para aquela biblioteca onde cada livro deverá jazer aberto um para o outro. Portanto, assim como o sino ao anunciar o sermão não convoca apenas o pregador, mas a congregação inteira, assim também este sino convoca a todos nós [...]. Nenhum homem é uma ilha, completa em si mesma; todo homem é um pedaço do continente, uma parte da terra firme. Se um torrão de terra for levado pelo mar, a Europa fica menor, como se tivesse perdido um promontório, ou perdido o solar de um teu amigo, ou o teu próprio. A morte de qualquer homem diminui a mim, porque na humanidade me encontro envolvido; por isso, nunca mandes indagar por quem os sinos dobram; eles dobram por ti. [...]

  Donne, Jonh. In: Vizioli, Paulo (Intr., sel., trad. e notas). Jonh Donne.
                O poeta do amor e da morte. Ed. bilíngue. São Paulo: J. C. Ismael, 1985. p. 103-105.

Interpretação do texto:

01 – No século XVII, diferentes formas de arte exploram temas ligados à religião. O texto a seguir foi retirado de uma das meditações escritas por Jonh Donne, um bispo da Igreja Anglicana da Inglaterra.
Jonh Donne inicia sua meditação explicitando a tese que irá defender ao longo do texto. Que tese é essa?
      A tese de que, na perspectiva cristã, há uma irmandade entre os seres humanos. Portanto, aquilo que afeta uma pessoa afeta todas as demais.

02 – Podemos afirmar que a ideia básica por trás dessa tese é antecipada pela epígrafe: “Este sino, ora a dobrar por outro lentamente, me diz: ‘Irás morrer’”. Por quê?
      Para entender o sentido geral da epígrafe é preciso saber que, no ritual fúnebre da Igreja Católica, os sinos dobram pela pessoa que morreu. A epígrafe afirma que uma pessoa, ao ouvir o sino tocar pela morte de outra, deve entender tal ação como um anúncio da sua própria mortalidade. Sendo assim, a epígrafe também afirma o princípio geral da universalidade dos atos da Igreja.

03 – Duas imagens são utilizadas, por Jonh Donne, como uma “ilustração” metafórica da tese que defende. Quais são elas?
      A primeira imagem é a do corpo e seus membros. A Igreja Católica seria um corpo formado por todos os católicos, seus “membros”. Em seguida, aparece a imagem da humanidade como um livro, escrito por um só autor. Essas duas metáforas mantêm o princípio da unidade de todos os fiéis, que é a expressão da tese principal.

a)   Explique por que, na perspectiva cristã, tradução é uma boa metáfora para morte.
      Como, para os católicos, o momento da morte é um momento de passagem para a vida eterna, faz sentido representa-lo, metaforicamente, pela ideia de tradução. A tradução é a transposição de um texto escrito em sua língua para uma segunda língua. Nesse sentido, a morte traduz a vida terrena em vida eterna. Segundo o texto, o fato de haver diferentes tipos de morte poderia ser explicado porque Deus recorre a diferentes “tradutores” para promover a passagem de um estado humano, finito, terreno, para outro, celestial, eterno.

04 – Releia:
        “Nenhum homem é uma ilha, completa em si mesma; todo homem é um pedaço do continente, uma parte da terra firme. Se um torrão for levado pelo mar, a Europa fica menor, como se tivesse perdido um promontório, ou perdido o solar de um teu amigo, ou o teu próprio.”
a)   Explique a nova metáfora utilizada pelo autor nessa passagem.
Quando utiliza a metáfora da ilha para afirmar que a morte de um indivíduo afeta a todos, o autor leva adiante a primeira afirmação feita no teto. Por trás da universalidade da Igreja, o que Donne pretende afirmar é a unidade de todos os seus membros a partir da figura central de Deus.

b)   De que modo ela expande a tese central do texto?
A tese defendida por Donne, nesta meditação, é a da irmandade dos seres humanos por meio de Deus. A ilha representa o isolamento, a solidão, a individualidade. Na passagem citada, o autor volta a falar sobre a morte de um indivíduo, recorrendo à imagem do torrão levado pelo mar, para explicitar que a perda é muito maior, porque o próprio continente seria afetado.

05 – Podemos identificar uma organização semelhante no quadro de El Greco e no texto de Jonh Donne no que diz respeito às ideias católicas. Explique essa semelhança.
      No quadro de El Greco, observamos um movimento que sugere o caminho dos fieis em direção a Deus. Soberano, Cristo preside o julgamento das almas que deixam a dimensão terrestre, garantindo-lhes vida eterna. Nesse sentido, ele é o fator de união de todos aqueles que se encontram sob sua proteção e misericórdia. Isso fica representado, na tela, pela posição superior e central que Cristo ocupa. Jonh Donne explora a mesma ideia, por meio de suas metáforas. A tese defendida por ele é a de que a humanidade constitui um único corpo e, na hora da morte, Deus se encarrega de “reencadernar” as folhas nos volumes que compõem a sua grande biblioteca. Mas uma vez, Deus está presente como elemento central em torno do qual se organizam os seres humanos.


TIRINHAS COM INTERPRETAÇÃO E GABARITO

TIRINHAS

1 – Níquel Náusea, Fernando Gonsales


a)   O que leva a mulher a observar que o papagaio “fala tudo errado”?
A mulher identifica, na fala do papagaio, diferenças entre a maneira de ele pronunciar certas palavras e a pronúncia socialmente aceita como “correta” das mesmas palavras.

b)   A que conclusão se espera que o leitor chegue, ao ler o segundo quadrinho, sobre o motivo que leva o papagaio a falar como fala?
Quando o leitor lê a fala da pessoa de quem a mulher supostamente comprou o papagaio, identifica o mesmo tipo de pronuncia observada no papagaio. O papagaio aprendeu a falar da mesma maneira como o dono que ensinou.

c)   O que a observação da mulher sugere a respeito da maneira como as pessoas costumam avaliar diferentes maneiras de falar?
A reação da mulher, ao classificar como “errada” a fala do papagaio, deixa implícita uma expectativa característica dos membros de qualquer comunidade linguística: a de que existe apenas uma forma “correta” de pronunciar as palavras.

2 – O melhor de Calvin, Bill Watterson

a)   A graça da tira está no uso que Calvin e sua mãe fazem da linguagem nos três primeiros quadrinhos. Explique essa afirmação.
A graça da tira está no estranhamento com relação à linguagem utilizada por Calvin e sua mãe nos três primeiros quadrinhos. Isso deve-se ao fato de que a língua falada por eles é extremamente formal em um contexto de informalidade.

b)   No último quadrinho, Calvin pergunta se não há nenhum seriado policial em que as pessoas falem como “gente de verdade”. Como seria a fala de “gente de verdade”?
Calvin faz uma crítica à linguagem utilizada em um “seriado de polícia” a que ele e sua mãe assiste. Para ele, essa linguagem não corresponderia à que ele conhece e que, de fato, deveria ser usada em programas de televisão.


3 – leia a tira e responda:

a)   Para entender a tira, é preciso identificar o contexto estabelecido em cada um dos quadrinhos. Quais são esses contextos?
No primeiro quadrinho, vemos uma dona de casa que faz uso de uma vassoura para limpar o chão.
No segundo, uma bruxa voa com o auxílio de uma vassoura.
No terceiro quadrinho, um homem utiliza uma vassoura para matar um rato.

b)   Embora a fala das personagens seja exatamente a mesma, ela traduz um sentido diferente para cada uma das situações em que ocorre. Quais são esses sentidos?
No primeiro quadrinho, o uso da vassoura provoca dor nas costas da mulher. Por isso ela afirma, “essa vassoura está me matando”.
No segundo quadrinho, observa-se que bruxa está em queda livre e, se não conseguir controlar sua vassoura voadora, vai se espatifar no chão.
No terceiro quadrinho, o desejo do homem é utilizar a vassoura para matar o rato. A fala dita pelo rato, deve ser entendida que se ele for atingido provavelmente morrerá.

c)   Explique por que a identificação do contexto é fundamental para a compreensão do sentido do enunciado “Essa vassoura está me matando”.
Somente vendo as imagens podemos traduzir que os sentidos são diferentes um do outro, embora a fala dos personagens são exatamente a mesma.
4 – Leia a tira abaixo:

a)   Para responder de modo adequado à primeira pergunta, o homem de terno verde deve interpretá-la de uma determinada maneira. Explique.
A primeira pergunta deve ser entendida como um questionamento sobre a capacidade do homem de terno para usar computadores em um contexto profissional.

b)   Como ela foi interpretada pelo homem de terno verde?
O homem de terno verde interpretou a pergunta como se referindo à sua capacidade de “provocar” ou “irritar” um computador.

c)   O que, na tira, indica que foi dada outra interpretação à pergunta inicial?
A atitude da personagem que, logo após a pergunta, passa a “ofender” o computador, chamando-o de “calculadora de bolso” e perguntando se ele tinha sido importado de Neanderthal.

d)   Que termo, na fala inicial, desencadeou a segunda interpretação? Por quê?
O termo que gerou essa interpretação foi o verbo mexer, que pode significar tanto “ter habilidade para uma determinada tarefa” quanto “provocar, irritar”.

e)   Considerando o contexto em que as duas personagens se encontram, essa segunda interpretação é possível? Explique.
Não. O contexto de uma entrevista de emprego, como o que está retratado, impede que se interprete o verbo mexer como sinônimo de “irritar”.

5 – Leia a tira abaixo:

a)   No último quadrinho da tira, o galo reage enfurecidamente a algo que foi dito no segundo quadrinho. Por que o galo tem essa reação?
Ele imagina que a galinha está pensando em algum outro galo e, por isso, se enfurece.

b)   Que trecho da fala da galinha, permitiu a interpretação equivocada do galo?
Trecho: “... estou com esse belo galo na cabeça!”.

c)   Que sentido tem, para a galinha, esse trecho da sua fala?
A galinha faz referência ao calombo que se formou após ela ter batido a cabeça.

d)   O duplo sentido foi um efeito desejado pelo autor da tira para produzir o humor. Como ele produziu esse efeito?
O autor produz esse efeito ao fazer com que o galo não ouça o início da conversa. O duplo sentido, nesse caso, é gerado porque galo e galinha associam a expressão “esse belo galo”.

6 -  Leia a tira abaixo:

a)   Na tira, o general Dureza diz à sua secretária, dona Tetê, que não consegue retirar a aliança de casamento do dedo. A observação feita por dona Tetê, no último quadrinho, sugere que ela considera isso um problema. Por quê?
Ela imagina que a aliança esteja muito apertada no dedo e possa, por esse motivo, prejudicar a circulação de sangue no local.

b)   A resposta dada pelo general deixa claro que ele deu uma interpretação inesperada à fala de sua secretária. Que interpretação é essa?
Pela resposta do general Dureza, fica evidente que ele está se referindo à sua liberdade para fazer o que bem entender e ir a qualquer lugar que deseje. Circulação, esse caso, significa deslocamento de uma pessoa e não fluxo de sangue, como na pergunta de dona Tetê.

c)   Que opinião sobre o casamento fica implícita na fala do general?
Como o general atribui sua impossibilidade de se deslocar livremente ao fato de ter se casado, podemos concluir que ele julga que o casamento cerceia a liberdade das pessoas.

d)   Explique por que o efeito de humor da tira depende da dupla interpretação da fala da secretária.
É justamente a dupla interpretação dada à observação de que a aliança pode prejudicar a circulação que desencadeia o efeito de humor, porque ela permite ao general revelar sua opinião sobre o casamento.

7 – Leia a tira abaixo:

a)   Considerando as falas das personagens no primeiro quadrinho, explique por que Hagar imagina que o homem com quem conversa seria “sentimental”.
O homem diz que sente saudades do vento salgado batendo em seus cabelos. Hagar provavelmente associa esse sentimento a uma postura mais sentimental, de alguém que relembra o passado com nostalgia.

b)   A resposta dada pelo homem à pergunta de Hagar é a esperada? Justifique.
Não. A primeira fala da personagem, aludindo à saudade do vento batendo em seus cabelos, sugere que Hagar tem bons motivos para considera-lo sentimental. Sua resposta é surpreendente, porque muda completamente o foco do diálogo para uma condição física.

c)   Qual pode ter sido a intenção do autor da tira ao mudar o foco do diálogo? Explique.
O autor da tira provavelmente pretende provocar o riso do leitor com a resposta inesperada do interlocutor de Hagar.


8 – Leia a tira abaixo:

a)   Na tira a mãe de Calvin procura convencê-lo a comer um prato de comida vegetariana. Como o menino reage à sugestão da mãe?
Calvin demonstra aversão à comida vegetariana. Alega que não é vegetariano.

b)   Elabore uma hipótese, a partir da análise da estrutura da palavra vegetariana, para explicar a reação de Calvin.
Calvin conclui, pela observação do prato de comida, e também pelo adjetivo que a qualifica, que os alimentos presentes são todos vegetais.

c)   No último quadrinho, Calvin cria uma palavra para explicar suas preferências alimentares. Que palavra é essa?
Sobremesiano.

d)   Explique qual foi o processo de formação de palavras utilizado pelo menino.
Calvin faz uso da derivação por sufixação e cria, por analogia a vegetariano, o adjetivo sobremesiano.

9 – Leia a tira abaixo:

a)   Qual a intenção de Mafalda ao dizer que é um presidente?
Mostrar-se como uma autoridade superior, que toma as decisões sobre a sua própria vida.

b)   Por que a resposta da mãe deixou Mafalda sem ação?
Porque a mãe de Mafalda mostra que existem organizações internacionais que têm mais poder que um presidente.

c)   Você já ouviu falar em algum dos organismos internacionais citados pela mãe de Mafalda?
Resposta pessoal do aluno.