Política de Privacidade

sexta-feira, 28 de agosto de 2015

Redação Enem : Aplicativos - WhatsApp/Netflix/Uber

 Redação Enem: Aplicativos VS Serviços

Desde o início deste ano, a sociedade brasileira tem sido telespectadora de pelo menos três guerras entre aplicativos de internet e serviços nas quais a concorrência, a preferência do consumidor, a qualidade do atendimento e da prestação de serviço e os impostos devidos estão no centro dos embates. Estamos nos referindo às brigas comerciais entre o Netflix® e as operadoras de TV a cabo, o Uber® e os taxistas e o WhatsApp® e as operadoras de telefonia móvel. Como o Enem já abordou em suas propostas de redação temas relacionados a internet, pensamos ser importante abordar esta questão na coluna de redação, até porque trata-se de uma discussão atual que envolve a grande maioria dos brasileiros, já que o uso da rede mundial de computadores e dos smartphones só cresce no Brasil.
De forma simplista, já que o Netflix utiliza um aplicativo para fornecer o seu serviço, os aplicativos chamam muito a atenção e atraem cada vez mais pessoas por serem gratuitos ou por cobrarem valores muito menores do que os praticados pelos concorrentes, além de oferecerem um serviço mais personalizado de acordo com o perfil e as necessidades de seu público alvo. Além disso, por terem sido criados pensando na internet em todos os sentidos, a divulgação dos mesmos é rápida e abrangente e, consequentemente, sua disseminação também.
Netflix®, por exemplo, oferece um serviço chamado streaming no qual você pode assistir – por meio de celulares,tablets, computadores, notebooks e televisões – filmes, séries, shows, novelas, documentários, dentre outros gêneros, por menos de R$20,00 mensais cobrados na fatura do cartão de crédito. O telespectador pode pausar o que está assistindo e voltar a assistir do ponto em que parou, pode classificar o que assistiu e, assim, gêneros e temas semelhantes aos que ele mais gostou serão mostrados e os que obtiveram as notas mais baixas não aparecerão mais e pode escolher entre assistir um filme dublado ou legendado (em várias línguas, inclusive). Ou seja, neste caso, o cliente escolhe o que quer assistir e não depende da grade de programação e dos horários do canal de televisão a cabo ou aberto.
Para as operadoras de TV a cabo, trata-se de uma concorrência desleal, já que, segundo elas, o Netflix® não paga os mesmos impostos, argumento rebatido pela empresa. As operadoras desejam regulamentar esse tipo de serviço no Brasil que já conta com quase três milhões de assinantes com apenas cinco anos presente no país.

Outra briga envolvendo um aplicativo e uma série de empresas é a entre o WhatsApp® e as operadoras de telefonia e internet móvel. Estas acusam o aplicativo, que foi comprado pelo Facebook®, de usarem o número de celular de cada cliente para criar um usuário e, por meio deste número, realizar chamadas de voz. Recentemente, o WhatsApp® lançou as chamadas de voz, pois até o momento era possível apenas enviar mensagens de voz e, mais uma vez, os impostos estão no cerne do embate, pois as operadoras alegam que pagam taxas por cada número de celular ativado no Brasil, o que não é feito pelo aplicativo. Para os órgãos de defesa do consumidor, não se trata de uma operadora pirata, mas sim de chamadas de voz realizadas através da internet e, portanto, diferentes de ligações entre dois celulares.
Apesar destas duas brigas de cachorros grandes, como se diz no Português popular, nenhuma causou tanta confusão e gerou manifestações e até agressões como a briga entre o Uber® e os taxistas. O Uber® é um aplicativo de celular pelo qual um carro pode ser chamado pelo cliente a fim de buscá-lo e levá-lo aonde quiser, isto é, trata-se de um serviço de transporte alternativo, semelhante aos táxis, porém com algumas diferenças que estão no centro dos debates.
O motorista Uber®, pelas regras do aplicativo, deve sempre estar vestindo roupas sociais e estar dirigindo um carro preto, de preferência de luxo, com ar-condicionado e bancos de couro, do qual arca com todos os custos, diferentemente dos taxistas que ganham descontos no momento da compra do carro, assim como obtém isenção de alguns impostos e não pagam IPVA, direitos não concedidos aos motoristas do aplicativo. No entanto, os taxistas devem pagar uma licença para trabalhar e a cada cinco ano devem passar por exames, algo que não precisa ser feito pelos motoristas do Uber®.

Taxistas que são contra o aplicativo por considerarem que ele concorre deslealmente, realizaram manifestações em várias cidades brasileiras e alguns chegaram a agredir motoristas Uber® e a cometer atos de vandalismos contra seus carros.
Um dos contra-argumentos relacionados a estas três guerras comerciais diz respeito à qualidade do serviço: muitas pessoas afirmam que os taxistas e as operadoras de TV a cabo e de telefonia e internet móvel deveriam se preocupar em melhorar a qualidade de seus serviços e de seu atendimento ao invés de reclamarem de concorrência desleal e de pirataria. Ou seja, o direito de escolha e a opinião do consumidor estão no centro destes três debates, além de toda a questão da customização e da globalização e acessibilidade dos serviços por meio da internet, já que estamos falando, no caso das operadoras, de grandes marcas de grandes empresas.
Não podemos nos esquecer de que as operadoras de telefonia móvel lideram, há um bom tempo, a lista de reclamações de órgãos de defesa do consumidor pela má qualidade no atendimento e pela cobrança indevida de taxas extras.
E você, leitor, como se coloca nesta questão? De qual lado você está e por quê?

sexta-feira, 21 de agosto de 2015

REDAÇÃO ENEM: EDUCAÇÃO E POLÍCIA MILITAR

 Redação Enem: Educação e Polícia Militar

Um fenômeno na esfera escolar pública brasileira tem chamado a atenção da mídia e da sociedade como um todo ao longo deste ano: o número crescente de escolas municipais e/ou estaduais que passaram a ser dirigidas pela Polícia Militar. O tema gera debates acalorados entre as pessoas favoráveis e contrárias à medida, entre pais e policiais envolvidos e educadores que pensam se tratar de um retrocesso.

As gerações passadas, de nossos pais e parentes mais velhos, como tios, estudaram em escolas que estavam se abrindo à classe trabalhadora, já que desde o início da escolarização do Brasil até meados do século XX, a escola brasileira era destinada apenas para os meninos da elite. Com a democratização do ensino, os colégios abriram as portas para as meninas e para os filhos das camadas mais humildes da população, processo que se deu nem um acompanhamento reflexivo acerca do trabalho docente.
Ao longo do Ditadura Militar, as escolas serviam como incentivadoras do regime e no nacionalismo exacerbado que é característico de regimes militares e, assim, a disciplina Educação Moral e Cívica fazia parte do currículo e ensinava ética, moral e civismo de acordo com a ideologia militar. Meninas tinham suas meias ¾ e suas saias medidas na entrada da escola e maquiagens e adornos eram proibidos, além do cabelo sempre precisar estar preso; o penteado dos meninos também era fiscalizado, assim como o comportamento de todos.
Com o passar do tempo e com as conquistas feministas, as garotas tomaram mais espaço e as calças compridas foram permitidas, assim como adornos pequenos e um batom discreto. Hoje, em muitos colégios, o uniforme é, apenas, a camiseta da instituição e os alunos podem manifestar sua identidade de maneira mais livre.
Porém, há escolas que parecem estar andando na direção contrária, pois estão sendo dirigidas pela Polícia Militar com um rigor disciplinar que assusta alguns educadores. Os estudantes são obrigados a usarem uniformes que lembram fardas (e que devem ser compradas pelos alunos) e devem bater continência aos policiais, aos professores e aos colegas que possuem patentes dentro do colégio; além disso, manifestações de carinho são estritamente proibidas, assim como cortes de cabelo fora do padrão, maquiagens, adornos etc.
Somente no estado de Goiás, por exemplo, há 26 colégios que são dirigidos pela Polícia Militar e, segundo a instituição, o desempenho dos alunos nas avaliações externas aumentou muito, além da violência dentro e ao redor da escola ter diminuído. O argumento favorável considera que a vigilância e a disciplina militar afastam o crime, o tráfico de drogas e a indisciplina dessas escolas, já que grande parte delas está localizada em áreas violentas e pobres das cidades; é o caso da escola estadual Prof. Waldocke Fricke de Lyra, em Manaus, na qual havia muito vandalismo e medo de assaltos.
Alguns professores e alunos não se adequaram ao novo sistema e saíram do, agora, 3º Colégio Militar da PM Prof. Waldocke Fricke de Lyra, já que os docentes são subordinados à direção da Polícia Militar. Apesar das controvérsias, muitos pais apoiam a medida por pensarem que o desempenho de seus filhos melhorou e o índice de criminalidade caiu nos bairros nos quais as escolas estão localizadas.

O estado de Goiás libera o ranking como a unidade federativa que possui mais colégios militares (26), seguido por Minas Gerais (22) e Bahia (13). Para alguns especialistas em educação, a medida é um retrocesso, pois padroniza os alunos e impõe a eles um comportamento, além de inibir questionamentos e uma postura mais crítica, afinal os policiais, inclusive, permanecem armados dentro das escolas.
E você, leitor, o que pensa sobre o assunto?