sexta-feira, 31 de março de 2017

POEMA : MORTE E VIDA SEVERINA(FRAGMENTO) - JOÃO CABRAL DE MELO NETO - COM GABARITO

POEMA: MORTE E VIDA SEVERINA(FRAGMENTO) – ENEM (2011)
                            João Cabral de Melo Neto

TEXTO I
O meu nome é Severino,
Não tenho outro de pia.
Como há muitos Severinos,
Que é santo de romaria,
Deram então de me chamar
Severino de Maria;
Como há muitos Severinos
Com mães chamadas Maria,
Fiquei sendo o da Maria
Do finado Zacarias,
Mas isso ainda diz pouco:
Há muitos na freguesia,
Por causa de um coronel
Que se chamou Zacarias
E que foi o mais antigo
Senhor desta sesmaria.
Como então dizer quem fala
Ora a Vossas Senhorias?

    MELO NETO, João Cabral. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994.


TEXTO II
          João Cabral, que já emprestara sua voz ao rio, transfere-a, aqui, ao retirante Severino, que, como o Capibaribe, também segue no caminho do Recife. A auto apresentação da personagem, na fala inicial do texto, nos mostra um Severino que, quanto mais se define, menos se individualiza, pois seus traços biográficos são sempre partilhados por outros homens.
                              SECCHIN, Antônio Carlos. João Cabral: a poesia do menos.
                                                                            Rio de Janeiro: Topbooks, 1999.

          Com base no trecho de Morte e vida Severina (texto I) e na análise crítica (texto II), observa-se que a relação entre o texto poético e o contexto social a que ele faz referência aponta para um problema social expresso literariamente pela pergunta “Como então dizer quem fala/ora a Vossas Senhorias?”. A resposta à pergunta expressa no poema é dada por meio da:
a)     Descrição minuciosa dos traços biológicos da personagem narrador.
b)    Construção da figura do retirante nordestino como um homem resignado com a sua condição.
c)     Representação, na figura da personagem narrador, de outros Severinos que compartilham sua condição.
d)    Apresentação da personagem narrador como uma projeção do próprio poeta, em sua crise existencial.
e)     Descrição de Severino, que, apesar de humilde, orgulha-se de ser descendente do coronel Zacarias.


O CORTIÇO - FRAGMENTO - ALUÍSIO AZEVEDO - COM GABARITO

ENEM (2011)

      Abatidos pelo fadinho harmonioso e nostálgico dos desterrados, iam todos, até mesmo os brasileiros, se concentrando e caindo em tristeza; mas, de repente, o cavaquinho de Porfírio, acompanhado pelo violão do Firmo, romperam vibrantemente com um chorado baiano. Nada mais que os primeiros acordes da música crioula para que o sangue de toda aquela gente despertasse logo, como se alguém lhe fustigasse o corpo com urtigas bravas. E seguiram-se outras notas, e outras, cada vez mais ardentes e mais delirantes. Já não eram dois instrumentos que soavam, eram lúbricos gemidos e suspiros soltos em torrente, a correrem serpenteando, como cobras numa floresta incendiada; eram ais convulsos, chorados em frenesi de amor: música feita de beijos e soluços gostosos; carícia de fera, carícia de doer, fazendo estalar de gozo.

                 AZEVEDO, Aluísio. O cortiço. São Paulo: Ática, 1983. (Fragmento).

       No romance O cortiço (1890), de Aluízio Azevedo, as personagens são observadas como elementos coletivos caracterizados por condicionantes de origem social, sexo e etnia. Na passagem transcrita, o confronto entre brasileiros e portugueses revela prevalência do elemento brasileiro, pois:
a)     Destaca o nome de personagens brasileiras e omite o de personagens portuguesas.
b)    Exalta a força do cenário natural brasileiro e considera o do português inexpressivo
c)     Mostra o poder envolvente da música brasileira, que cala o fado português.
d)    Destaca o sentimentalismo brasileiro, contrário à tristeza dos portugueses.
e)     Atribui aos brasileiros uma habilidade maior com instrumentos musicais.


TEXTO: PALAVRA INDÍGENA - COM GABARITO


 ENEM (2011)

         Palavra indígena

         A história da tribo Sapucaí, que traduziu para o idioma guarani os artefatos da era da computação que ganharam importância em sua vida, como mouse (que eles chamam de angojhá) e Windows (Oventã).
         Quando a internet chegou àquela comunidade, que abriga em torno de 400 guaranis, há quatro anos, por meio de um projeto do Comitê para Democratização da informática (CDI), em parceria com a ONG Rede Povos da Floresta e com antena cedida pela Star One (da Embratel), Potty e sua aldeia logo vislumbraram as possibilidades de comunicação que a web traz.
          Ele conta que usam a rede, por enquanto, somente para separação e envio de documentos, mas perceberam que ela pode ajudar na preservação da cultura indígena. A apropriação da internet se deu de forma gradual, mas os guaranis já incorporaram a novidade tecnológica ao seu estilo de vida. A importância da internet e da computação para eles está expressa num caso de rara incorporação: a do vocabulário.
          - Um dia, o cacique da aldeia Sapucaí me ligou. “A gente não está querendo chamar computador de computador”. Sugeri a eles que criassem uma palavra em guarani. E criaram aiú irú rive, “caixa pra acumular a língua”. Nós, brancos, usamos mouse, Windows e outros termos, que eles começaram a adaptar para o idioma deles, como angojhá (rato) e Oventã (janela) – conta Rodrigo Baggio, diretor do CDI.

                                                   Disponível em: www.revistalingua.uol.com.br.
                                                                                          Acesso em: 22 jul. 2010.

          O uso das novas tecnologias de informação e comunicação fez surgir uma série de novos termos que foram acolhidos na sociedade brasileira em sua forma original, como: mouse, Windows, download, site, homepage, entre outros. O texto trata da adaptação de termos da informática à língua indígena como uma reação da tribo Sapucaí, o que revela:
a)     A possibilidade que o índio Potty vislumbrou em relação à comunicação que a web pode trazer a seu povo e à facilidade no envio de documentos e na conversação em tempo real.
b)    O uso da internet para separação e envio de documentos, bem como a contribuição para as atividades relacionadas aos trabalhos da cultura indígena
c)     A preservação da identidade, demonstrada pela conservação do idioma, mesmo com a utilização de novas tecnologias características da cultura de outros grupos sociais.
d)    Adesão ao projeto do Comitê para Democratização da Informática (CDI), que, em parceria com a ONG Rede Povos da Floresta, possibilizou o acesso à web, mesmo em ambiente inóspito.
e)     A apropriação da nova tecnologia de forma gradual, evidente quando os guaranis incorporaram a novidade tecnológica a seu estilo de vida com a possibilidade de aceso à internet.

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CRÔNICA: PEIXE NA CAMA - LUIZ FERNANDO VERÍSSIMO - COM GABARITO

CRÔNICA: PEIXE NA CAMA – ENEM (2010)
                    Luiz Fernando Veríssimo

         O “politicamente correto” tem seus exageros, como chamar baixinho de “verticalmente prejudicado”, mas, no fundo, vem de uma louvável preocupação em não ofender os diferentes. É muito mais gentil chamar estrabismo de “idiossincrasia ótica” do que de vesguice.
         O linguajar brasileiro está cheio de expressões racistas e preconceituosas que precisam de uma correção, e até as várias denominações para bêbado (pinguço, bebo, pé de cana) poderiam ser substituídas por algo como “contumaz etílico”, para lhe poupar os sentimentos.
         O tratamento verbal dado aos negros é o melhor exemplo da condescendência que passa por tolerância racial no Brasil. Temos como “crioulo”, “negão”, etc. são até considerados carinhosos, do tipo de carinho que se dá a inferiores, e, felizmente, cada vez menos ouvidos. “Negro” também não é mais correto. Foi substituído por afrodescendente, por influência dos afro-americanas, num caso de colonialismo cultural positivo. Está certo. Enquanto o racismo que não quer dizer seu nome continua no Brasil, uma integração real pode começar pela linguagem.

          VERISSIMO, Luiz Fernando. Peixe na cama. Diário de Pernambuco.
Entendendo o texto                                                                                          10 jun. 2006 (adaptado).

01.Ao comparar a linguagem cotidiana utilizada no Brasil e as exigências do comportamento “politicamente correto”, o autor tem a intenção de:

a) Criticar o racismo declarado do brasileiro, que convive com a discriminação camuflada em certas expressões linguísticas.
b)    Defender o uso de termos que revelam a despreocupação do brasileiro quanto ao preconceito racial, que inexiste no Brasil.
c)     Mostrar que os problemas de intolerância racial, no Brasil, já estão superados, o que se evidencia na linguagem cotidiana.
d) Questionar a condenação de certas expressões consideradas “politicamente incorretas”, o que impede os falantes de usarem a linguagem espontaneamente.
e)     Sugerir que o país adote, além de uma postura linguística “politicamente correta”, uma política de convivência sem preconceito racial.




quinta-feira, 30 de março de 2017

SIMULADO SOBRE VERBOS PARA O ENSINO FUNDAMENTAL COM GABARITO

SIMULADO SOBRE VERBOS PARA O ENSINO FUNDAMENTAL COM GABARITO


POEMA : A POESIA É UMA PULGA
A poesia é uma pulga,                                              nas palavras se balançam
coça ,coça, me chateia,                                             fala, fala, não se cala,
entrou por dentro da meia,                                        a poesia é uma pulga,
saiu por fora da orelha,                                             de pular não tem receio,
faz zumbido de abelha,                                             adora pular na escola...
mexe, mexe, não se cansa,                                      Só na hora do recreio!

                                                                               Sylvia Orthof

1)     Todos os verbos sublinhados  no poema indicam:
a)     estado             b) ação               c) fenômeno da natureza

2)     No verso “A poesia é uma pulga”, o que o verbo  ser indica? Marque a resposta correta.
a)     estado             b) ação              c) fenômeno da natureza

     3) Assinale a alternativa onde o verbo destacado indica estado.
         a) O povo todo correu para lá, com enxadas, foices, pedaços de pau.
         b) Os amigos estavam preocupados.
         c) Comprei uma bicicleta linda.
         d) Achei um lápis azul.

     4) Assinale a frase com verbo que indica ação.
        a) Minha mãe parece muito feliz hoje.
       b) Esses alunos ganharam o campeonato de estudantes.
      c) Esse rio estava largo e fundo.
      d) Em Sorriso, chove todos os dias durante o verão.

    5) Marque a alternativa em que todos os verbos estão na 1ª conjugação.
     a) conhecer, sofrer, vender, torcer, viver
     b) andar, caminhar, imaginar, passear, cantar
     c) subir, cuspir, evoluir, entupir, transferir
    d) colocar, crescer, escorrer, descartar, servir

   6) Coloque (x) na única alternativa que a frase em que o verbo indica fenômeno da natureza.
    a) A mãe cantou para o filho dormir.
    b) Eu vendi minha bicicleta.
    c) O pintor quebrou o pincel quando terminava o quadro.
    d) Naquela noite escura, trovejou muito.

   7) Marque a alternativa em que todos os verbos estão na 2ª conjugação.
    a) escrever, vender, chover, sofrer, correr
    b) cantar, amar, sonhar, brincar, estar
    c) partir, sorrir, abrir, desistir, fingir
   d) amar, correr, partir, sorrir, brincar

  8) Assinale a única alternativa em que o verbo está no INFINITIVO.
   a) Tirei o sapato e bati fortemente com o salto no vidro.
   b) Eu abro a janela e o sol bate no meu rosto.
   c) Luan Santana vai cantar no Show em Sorriso.
   d) Os gatos abrem e fecham os olhos sonhando com pardais.

9) Marque a alternativa em que todos os verbos estão na 3ª conjugação.
   a) pular, cantar, avistar, sonhar, encontrar
   b) sentir, cumprir, partir, abrir, sorrir
   c) parecer, correr, chover, perceber, escrever
   d) amar, correr, partir, sorrir, brincar

10) Encontre nas frases abaixo os verbos e marque qual tempo verbal estão:
Marcelo sugeriu um passeio ao zoológico.
Ontem, eu fui ao cinema.
A gente amarrava o bilhete numa pedra.

a)    Presente
b)    Passado (Pretérito)
c)    Futuro


“Uma longa viagem começa com um único passo.” Bom Simulado! Profª Jaqueline

segunda-feira, 27 de março de 2017

MÚSICA(ATIVIDADES): A MÃO DA LIMPEZA - GILBERTO GIL- COM GABARITO

 MÚSICA: A mão da limpeza

                                                                        GILBERTO GIL
O branco inventou que o negro
Quando não suja na entrada
Vai sujar na saída, ê
Imagina só
Vai sujar na saída, ê
Imagina só
Que mentira danada, ê
Na verdade a mão escrava
Passava a vida limpando
O que o branco sujava, ê
Imagina só
O que o branco sujava, ê
Imagina só
O que o negro penava, ê
Mesmo depois de abolida a escravidão
Negra é a mão
De quem faz a limpeza
Lavando a roupa encardida, esfregando o chão
Negra é a mão
É a mão da pureza
Negra é a vida consumida ao pé do fogão
Negra é a mão
Nos preparando a mesa
Limpando as manchas do mundo com água e
Sabão.
Negra é a mão
De imaculada nobreza
Na verdade a mão escrava
Passava a vida limpando
O que o branco sujava, ê
Imagina só
O que o branco sujava, ê
Imagina só
Eta branco sujão.

                  Gilberto Gil. Raça humana. Gege Edições Musicais, 1984. Faixa 6.

1 – Na primeira estrofe da canção, é citada uma expressão popular bastante preconceituosa, que é contestada e negada na segunda estrofe.
a)     Identifique a expressão.
“O negro, quando não suja na entrada, vai sujar na saída”.

b)    De acordo com o texto, por que a expressão popular é equivocada?
Contrariamente à expressão, o negro limpava o que o branco sujava.

c)     Essa expressão preconceituosa ainda é ouvida nos dias de hoje?
Sim.

2 – Há um jogo de ideias em torno do verbo “sujar”, que é empregado no sentido denotativo (próprio, referencial) e conotativo (figurado).
a)     Indique em qual estrofe o verbo “sujar” é empregado no sentido denotativo e em qual estrofe é usado no sentido conotativo.
Na primeira estrofe, o verbo “sujar” é empregado em seu sentido conotativo.
Na segunda estrofe, é empregado em seu sentido denotativo.

b)    Explique o sentido do verbo “sujar” em cada uma das estrofes.
Na primeira, significando “fazer algo errado”.
Na segunda, significando tornar algo sujo, anti-higiênico.

3 – Escolha a alternativa que melhor explica a denúncia feita na terceira e quarta estrofes.
a)     Depois da abolição da escravatura, os negros passaram a ter as mesmas oportunidades de trabalho que os brancos.
b)    Mesmo depois da abolição da escravatura, as oportunidades de trabalho são diferentes entre brancos e negros, cuja maioria permanece executando o trabalho manual, desvalorizado socialmente.
c)     Depois da abolição da escravatura, os negros preferiram os trabalhos manuais, por considerarem a limpeza algo nobre.




ARTIGO DE OPINIÃO: HISTÓRIA: POR QUE E PARA QUÊ? CAIO BOSCHI - COM GABARITO

ARTIGO DE OPINIÃO: HISTÓRIA: POR QUE E PARA QUÊ?
                                         CAIO BOSCHI

         Várias são as evidências da atual avidez pelo conhecimento histórico. Em outras palavras, a História está na moda! Filmes, séries televisivas, revistas de ampla divulgação, obras de caráter biográfico e temático são  algumas das expressões que atestam a receptividade que a produção de cunho histórico vem obtendo no universo sócio cultural brasileiro.
         Tal panorama parece indicar que, entre nós, a História atinge sua maioridade, suas pesquisas ganham consistência e adquirem respeitabilidade.  Verdade é que tudo isso pode ser atribuído, em grande parte, ao fato de os historiadores, cada vez mais, ampliam seus diálogos com as demais ciências.
         Por isso, instigado pelo nome desta seção da nossa História, ponho-me a pensar sobre as responsabilidades daqueles que se deixam seduzir pelos encantos de Clio, a musa dos historiadores, fazendo dessa disciplina sua opção profissional.
         Afloram em mim leituras e ensinamentos, a começar pela recorrente profissão de fé legada por MarcBloch nas anotações que, publicadas postumamente, resultaram na sua Apologia pela História ou o ofício do historiador. Belo título! Incontornável leitura!
         De imediato, relembro o parágrafo inicial. Nele, uma criança, se dirigindo ao pai historiador, indaga-lhe: “Diga-me, para que ser a História?”. Pergunta desconcertante que (felizmente, a meu ver) inquieta e atormenta estudantes, estudiosos e diletantes de História. Capacitados ou não a respondê-la, importa registrar a permanência desse desafio ao longo de nossa trajetória profissional.
         Com efeito, perceber e introjetar o sentido e a função sociais da História, compromisso do profissional da área, é também dever de consciência, de cada um de nós, na condição de agentes da nossa História, pois nunca é demasiado salientar que esta só se justifica e se explica porque tem os homens vivos como sua razão de ser. Estudamos História para conhecer e transformar a vida. Nossas angústias e interrogações são a força-motriz que nos impulsiona a conhecer o passado e, daí, tentar identificar e analisar criticamente as condições de e para a compreensão do nosso presente. [...]
         O passado e os mortos se constituem no objeto de nossos estudos, mas é das indagações e das perplexidades do presente que a História vai sendo reescrita e compreendida. É a partir do contexto em que nos situamos e do qual somos partícipes que construímos a nossa História.
         Cuidado em não resvalarmos para a prática do anacronismo, é no questionamento do passado que buscamos detectar e delinear nossas identidades. Essas, por seu turno, obviamente, só se delineiam por contratação, por antinomia. Vale dizer: o estudo da História objetiva captar e exprimir, predominantemente, nossas diferenças e não nossas afinidades.
         Assim, o conhecimento do passado, não sendo em si mesmo a História, antes de iluminar o futuro, deve proporcionar aos homens viverem melhor o seu presente. Propiciar-nos referências para a constituição de uma almejada sociedade mais justa e solidária.
         Refletindo dessa maneira, tenho como horizonte primeiro as pessoas e o mundo que me cercam. Não faço abstração do que está longe de mim. Bem sei e reconheço que necessito aprender o todo. No entanto, como incita o poeta, é mister que eu conheça e (com) viva com o rio de minha aldeia para que alcance e dimensione a extensão e a profundidade do oceano. A evocação final, igualmente lição assimilada, busco-a em Josef Fontana, quando afirma: “Entender melhor o mundo em que vivemos e ajudar os outros a entende-lo, a fim de contribuir para melhorá-lo, (é) o que nos faz falta. Porque como disse Tom Payne há mais de 200 anos, e essas são palavras que cada um de nós deveria gravar na sua consciência: está em nossas mãos recomeçar o mundo outra vez”.
                                        BOSCHI, Caio. Revista Nossa História. Rio de Janeiro:
                                        Fundação Biblioteca Nacional/Ministério da Cultura,
                                                                                 Ano 1, n. 11, set. 2004, p. 98.

1 – A respeito do primeiro parágrafo, responda:
a)     Qual é a informação que, aparentemente, responde à pergunta que dá título ao texto?
“Em outras palavras, a História está na moda!”.

b)    Após a primeira leitura, você confirma que essa é a resposta do autor à questão que ele propõe no título? Por quê?
Sim, essa é apenas uma constatação afeita pelo autor, mas não é a posição que ele defende.

2 – No parágrafo 6, o autor revela seu posicionamento. A esse respeito, responda:
a)     Qual é a informação que pode ser indicada como resposta ao título?
“Estudamos História para conhecer e transformar a vida”.

b)    Que palavras, logo no início do parágrafo, dá (dão) pistas de que se trata da posição do autor?
A expressão “com efeito” indica uma provável conclusão do autor.

3 – No oitavo parágrafo, o autor retoma o argumento apresentado no parágrafo 6. Copie do texto o trecho em que essa retomada acontece.
      “... é no questionamento do passado que buscamos detectar e delinear nossas identidades.”

domingo, 26 de março de 2017

POEMAS: A NAMORADA - MANOEL DE BARROS E NAMORO DESMANCHADO - PEDRO BANDEIRA - COM GABARITO



1º POEMA  : A Namorada
                                                                                    Manoel de Barros

Havia um muro alto entre nossas casas.
Difícil de mandar recado para ela.
Não havia e-mail.
O pai era uma onça.
A gente amarrava o bilhete numa pedra presa por um cordão
E pinchava a pedra no quintal da casa dela.
Se a namorada respondesse pela mesma pedra
Era uma glória!
Mas por vezes o bilhete enganchava nos galhos da goiabeira
E então era agonia.
No tempo do onça era assim.



2º  POEMA :  Namoro Desmanchado

                                                                                      Pedro Bandeira

Já não tenho namorada
e nem ligo para isso.
É melhor ficar sozinho,
namorar só dá enguiço.

Eu conheço os meus colegas
sei que vão argumentar
que pra não ser mais criança
é preciso namorar.

Mas a outra só gostava
de conversa e de passeio
e queria que eu ficasse
de mãos dadas no recreio!

E eu ali, sentado e quieto,
no recreio lá na escola,
de mãos dadas feito um bobo,
vendo a turma jogar bola!



1.    Os dois textos pertencem ao mesmo gênero textual? Qual?
Sim. Poema

2.    Quantas estrofes possui o 1º texto? E o segundo?
O primeiro possui um.  O segundo possui quatro.

3.    Quantos versos possui o 1º texto ao todo? E o segundo?
O primeiro possui 15 versos. O segundo possui 16 versos.

4.    No 1º texto aparece(m) rima(s)? Em caso afirmativo, diga que palavras rimam.
Não aparecem rimas.

5.    No 2º texto aparece(m) rima(s)? Em caso afirmativo, diga que palavras rimam.
Sim. As palavras são: isso/enguiço; argumentar/namorar; passeio/recreio; escola/bola.

6.    O texto I difere do texto II:
a) na vontade do eu lírico namorar.
b) na forma de namorar no recreio.
c) na constatação que namorar dá enguiço.
d) no argumento dos colegas quanto ao namoro.


quinta-feira, 23 de março de 2017

ARTIGO DE OPINIÃO:NOSSA LÍNGUA PORTUGUESA? REVISTA VEJA - COM GABARITO

ARTIGO DE OPINIÃO: NOSSA LÍNGUA PORTUGUESA?

          Academia Brasileira de Letras recria a Torre de Babel no novo vocabulário.
          A Academia Brasileira de Letras, além dos tradicionais chás com pasteizinhos de carne de todas as quintas-feiras, usou seu tempo nos últimos meses para elaborar o novo Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa. Um trabalho malfeito, pouco rigoroso, repleto de vícios. Pretendia-se atualizar o vernáculo e o que se fez foi encher o português de expressões exóticas. Aos mais de 340.000 vocábulos da edição anterior, de 1981, foram acrescidos outros 6.000, entre eles palavras de origem alienígena, como network, pessach, inro, tzedaká, colt,off-line e output. O pecado capital dessas inserções é que elas foram feitas sem nenhum critério sério. “Nossa equipe analisava cada caso, procurando ficar com os termos mais usados em dicionários, livros e meios de comunicação”, explica Antônio José Chediak, coordenador da comissão de dez pessoas que elaborou o léxico. “Quando havia dúvida se a palavra era realmente frequente, conversávamos até chegar a um consenso.”, diz. Ou seja, não se realizou nenhuma pesquisa para quantificar a ocorrência dos novos verbetes nas fontes estudadas.
          O resultado é um arbítrio só. Deverá ser ignorado pelos dicionaristas sérios, que sabem que a língua, como o conjunto de vocábulos e expressões usados por um povo, exige representatividade. Ninguém pode opor-se ao aportuguesamento de palavras estrangeiras e à sua inclusão no léxico quando o uso desses vocábulos se generaliza. Foi assim sempre. O português tomou emprestado do árabe as palavras alcachofra, alface, alforria. Do Francês vieram abajur e garçom. Do quimbundo, língua dos escravos vindos de Angola, os vocábulos moleque e quibebe. Do inglês, mais recentemente, uma série de vocábulos vinculados à área de computação, como e-mail, internet, mouse, joystick, modem ou deletar.
          São palavras que se impuseram aos usos e costumes nacionais. Mas, no caso do trabalho da comissão criada pela Academia, grande parte de todos os estrangeirismos recém-incorporados à língua veio do hebraico, língua familiar e religiosa de aproximadamente 110.000 pessoas no Brasil. Seria compreensível que palavras hebraicas passassem a fazer parte de uma lista como a feita pela Academia se tivessem sido colhidas por meio de um critério razoavelmente rigoroso. Não foi isso que aconteceu. “Recebemos a colaboração de um rabino e não tivemos tempo de consultar especialistas de línguas como o japonês e o italiano.”, diz Chediak. Assim, palavras nipônicas de uso corrente no Brasil, como sushi e sashimi, devido à popularidade dos restaurantes japoneses espalhados pelo país, não foram incluídas na lista. Em vez destas, o rol da Academia incorporou vocábulos como inro, que quer dizer, pasmem, porta-remédio em japonês. Entre as palavras hebraicas introduzidas contam-se verbetes como chanuká (uma festa judaica), chalá (um tipo de pão), chazan (o cantor da sinagoga), gefiltefish (bolinho de peixe), tzedaká (uma boa ação) e shofar (chifre de cabra usado como berrante em cerimônias judaicas).
          Outro membro da comissão, o ex-ministro da educação Eduardo Portella, justifica os esquecimentos e as inclusões de vocábulos pouco usados com um argumento que tem mais afinidade com as relações internacionais do país do que com as questões vernáculas. “O hebraico vem fazendo um esforço muito grande para se consolidar, enquanto o inglês já nem precisa mais fazer esforço algum”, diz Portella. Se em vez de fazer o novo Vocabulário a Academia Brasileira de Letras tivesse brincado de falar a língua do pê, seria igualmente inútil, mas, pelo menos, mais divertido.
                                          VEJA, Abril, São Paulo, p. 113, 16 set. 1998. Idioma.

1 – Esse texto foi retirado de uma revista de informações gerais que circula semanalmente em todo o país. Em geral, essa revista informa sobre os mais diferentes assuntos e também possui espaços reservados para opiniões de articulistas que assinam os textos que escrevem. O texto que você leu é predominantemente informativo ou opinativo? Converse como o professor a esse respeito.
Apesar de o texto não estar assinado e trazer uma informação no tópico frasal do primeiro parágrafo, é predominantemente opinativo. O autor trata, em todo o texto, de desenvolver argumentos para provar que o novo vocabulário divulgado pela Academia é inútil. O título e o subtítulo também endossam essa ideia.

2 – Qual é o perfil provável do interlocutor desse texto?
Como o artigo foi publicado em sua revista de informação geral, de periodicidade semanal, conclui-se que o texto foi escrito para uma pessoa de certo nível cultural, que procura informações atualizadas.

3 – Releia a primeira frase do primeiro parágrafo. Observe que a informação é sarcástica.
a)     No que consiste o sarcasmo?
Em dizer, nas entrelinhas, que a Academia não produz nada além de “chás com pasteizinhos de carne” às quintas-feiras.

b)    Com que intenção foi utilizada?
Desmerecer o trabalho da Academia Brasileira de Letras.

4 – Observe que os organizadores do novo vocabulário também foram ouvidos. De que forma o articulista usou essas declarações para endossar sua opinião?
“Nossa equipe analisava cada caso, procurando ficar com os termos mais usados em dicionários, livros e meios de comunicação. Quando havia dúvida se a palavra era realmente frequente, conversávamos até chegar a um consenso.”
O articulista usa essa declaração para provar que o critério de seleção de palavras não foi sério e uma pesquisa quantitativa não foi realizada.

“Recebemos a colaboração de um rabino e não tivemos tempo de consultar especialistas de línguas como o japonês e o italiano.”
O articulista tenta provar a falta de um critério rigoroso para a incorporação de palavras estrangeiras.

“O hebraico vem fazendo um esforço muito grande para se consolidar, enquanto o inglês já nem precisa mais fazer esforço algum.”
A declaração pode constituir um argumento para a incorporação de tantas palavras hebraicas, o articulista rebate dizendo que o argumento é inválido, pois nada tem a ver com questões vernáculas.

5 – Releia:
“O resultado é um arbítrio só. Deverá ser ignorado pelos dicionaristas sérios, que sabem que a língua, como o conjunto de vocábulos e expressões usadas por um povo, exige representatividade.”
a)     O que é arbítrio? Por que essa palavra foi usada para caracterizar o novo vocabulário?
Decisão que depende unicamente da vontade. Foi usada para mostrar que o novo vocabulário não é resultado de uma pesquisa, mas uma lista de palavras “escolhidas” por dez pessoas.

b)    Qual o significado de representatividade nesse trecho?
Significa que as palavras, para serem incorporadas, devem estar sendo realmente usadas, e não depender unicamente da vontade de alguns.

6 – Releia a última frase do texto:
“Se em vez de fazer o novo Vocabulário a Academia Brasileira de Letras tivesse brincado de falar a língua do pê, seria igualmente inútil, mas, pelo menos, mais divertido.”
a)     Qual é a função dessa última frase do texto?
Reforçar a ideia de inutilidade do trabalho da Academia Brasileira de Letras.